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História 30 Dias - A Missão


Escrita por: trishakarin

Capítulo 2 - A Missão


Fanfic / Fanfiction 30 Dias - A Missão

A rua estava deserta, Gabriel estava de frente para a porta lateral, preparando o chute que a derrubaria. Eu estava logo ao lado, encostada na parede com a arma erguida. Os outros dois, João e Fernando, estavam um de cada lado, nos cobrindo. Era a hora de agir.

Com um chute certeiro, Gabriel botou a porta abaixo e Fernando entrou correndo, fazendo a vistoria prévia do local, ninguém apareceu ou deu sinal, entrei logo atrás, seguida de Gabriel. Checamos todos os cômodos, haviam apenas três portas e um Galpão enorme, não havia ninguém. Ficamos em silêncio, tentando ouvir o menor dos ruídos que entregassem uma posição. Não havia nada, sequer o vento entrava.

- Tudo… limpo - Gabriel disse ao rádio - Que merda. Devem ter descoberto a missão e abandonado o local antes mesmo de chegarmos.

- Impossível - retruquei - Impossível eles saberem disso, Gabriel. Eles estão aqui… tenho certeza - peguei o rádio - Iremos fazer uma nova vistoria, permaneçam em posição.

Caminhei pela enorme área. Em algum lugar deveria haver alguma saída, algum esconderijo. Eles não fabricariam drogas ali, correndo risco de descobrirem de forma tão fácil. Cercamos toda a área, procurávamos por alguma porta, por alguma estante que escondesse alguma porta. Não encontrávamos nada. Fernando jogou ao chão três estantes, Gabriel chutou duas portas que se tratavam de inocentes banheiros. João estava ficando impaciente, queria ir embora alegando que era perda de tempo.

Foi quando senti meu pé afundar suavemente, de forma quase imperceptível. Como se a madeira aos meus pés estivesse soltas. Olhei em volta, percebi que o traçado abaixo de mim tratava-se de uma porta, de uma entrada para qualquer outro local. Era ali, só podia ser ali. Chamei sem emitir som, Gabriel se aproximou curioso, com a arma baixa.

- Eu acho que encontramos - sussurrei em seu ouvido e apontei para o chão e o traçado em volta.

Ele olhou, arregalou os olhos, mostrou o dedão e foi em direção aos outros dois. Após alguns minutos, quando descobrimos por onde conseguiríamos abrir, foi que Gabriel, que era o mais forte entre os 4, abriu a enorme porta de madeira e nos deparamos com uma escada de ferro. Ouvimos gritos vindo lá de baixo e sem que esperasse por qualquer sinal, Fernando avançou e desceu. Foi quando ouvimos os disparos.

- NÃO DESCE, NÃO DESCE - Gabriel gritou.

João rapidamente se jogou no chão, eu sai de perto do vão da porta. Eles não teriam por onde sair. Se ainda estavam ali dentro, é porque o Galpão era o único local de entrada e saída. Dei sinal para que Gabriel ficasse em posição, uma hora ou outra eles teriam que sair.

Mas algo saiu errado. Eles lançaram uma bomba de fumaça e antes que nos déssemos conta, ela explodiu e senti meus olhos arderem. Ouvimos mais um disparo e um corpo cair pesado ao chão. Entrei em pânico acreditando se tratar de Gabriel. Foi quando senti um pancada muito forte na lateral do meu rosto, que pegou no nariz e senti-o sangrar intensamente. Olhei de volta, e vi um homem parar a minha frente, apontando uma arma em minha direção. Rapidamente ergui a minha e descarreguei o pente nele. Foi quando ouvi todos os outros correrem e deixarem o local, evitando a chacina que fariam com nossas cabeças.

Minha garganta ardia por conta da fumaça e tossia bastante. Engatinhei até um canto do Galpão, sentei com meu corpo inteiro tremendo e esperei que a fumaça parasse. Erramos e erramos feio.

Após alguns minutos, que pareceram uma eternidade, ouvi a voz de Gabriel gritando pelo meu nome. Eu mal conseguia respirar, a fumaça não permitia que o ar entrasse com facilidade. Sentia que perderia os sentidos em pouco tempo, quando Gabriel apareceu e me pegou em seus braços, erguendo-me do chão e correndo dali.

Haviam ambulâncias na parte externa, mais policiais e o delegado, chefe do nosso departamento. Gabriel me colocou na maca de uma das ambulâncias. Podia ver dois homens sendo algemados e levando uns tapas quando diziam qualquer coisa. O enfermeiro rapidamente colocou um respirador em mim. Senti um cheiro estranho, mas imaginei que seria para limpar o pulmão. Já havia passado por um atendimento semelhante àquele.

- Deu merda, Ellen - Gabriel disse nervoso - Eles fugiram por todos os lados, pegamos dois, mas Fernando e João foram mortos.

- Morreram? - arregalei os olhos assustada.

- Sim. O delegado foi chamado pra cá, não sei o que vai rolar.

- O que deu errado? Não era para ter dado errado, Gabriel - disse nervosa.

Havíamos planejado o seguimento daquela missão há semanas. Sabíamos das possibilidades deles saírem por todos os lados, estávamos preparados para o pior. Mas talvez não imaginássemos que eles jogariam uma bomba de fumaça. Não estávamos com as máscaras.

O delegado, que até aquele momento conversava com toda a equipe, se aproxima de nós. Ele não tinha uma boa expressão. Sentei na maca, me irritando com a dor nos pulmões que me davam agonia. Gabriel se preparou para ele, respirou fundo, me olhou um pouco nervoso.

O delegado era José Lopez, ele foi policial há muitos anos e após um acidente, onde quebrou a perna de tal forma que perdeu toda agilidade, com isso deve de se afastar do pelotão. Ele nunca se conformou com aquilo. Era um homem de quase cinqüenta anos, com um físico de jovem. Tinha um bigode grosso e amarelado por causa da nicotina, os olhos castanhos claros que contrastavam com o cabelo já grisalho, a pele mais escurecida, danos causados pelo sol.

- E então? - ele murmurou - O que aconteceu?

- Senhor - Gabriel cumprimentou, mas não foi muito bem recebido pelo delegado - Eles utilizaram bomba de fumaça, senhor. Fomos pegos de surpresa.

- Sabe muito bem que nunca podemos ser pegos de surpresa, não sabe?

Gabriel ficou mudo. Ele não estava errado.

- O que houve com as máscaras? - ele perguntou sério - Acho que não ouvi o que disse, garoto.

- Nós não estávamos com as máscaras... senhor - Gabriel disse timidamente - Nós não estávamos.

- Ah não? Uma missão como essa e vocês deixaram as máscaras em casa - ele apontou para os dois como se fôssemos crianças - Toda a corporação acreditou no meu erro em escalar vocês dois para comandarem essa missão. Eu preferi acreditar que vocês dois tinham algum potencial e não imaginam a decepção no qual me encontro aqui ao ver erros que nem meu filho de sete anos cometeria.

- Senhor...

Gabriel tentou interromper, mas com um movimento autoritário, o delegado ergueu o dedo calando-o.

- Não existe nenhuma justificativa para o que aconteceu aqui, garoto - ele estava sendo bastante rígido - Vocês não poderiam ter cometido erros. Em missões pelas quais somos responsáveis, temos que pensar em tudo antes de chegar a ir ao local. Qualquer erro resulta na morte dos nossos companheiros e seremos culpados por elas. Entenderam? Dois homens morreram aqui e vocês foram responsáveis por eles. Não morreram de forma heróica, mas de maneira ridícula e irresponsável. Deram suas vidas para nada, em uma missão completamente absurda e mal elaborada. Hoje vocês vão deitar a cabeça no travesseiro e pensar em tudo o que aconteceu por aqui e amanhã quero os dois em meu escritório. Teremos uma reunião para tratarmos sobre o ocorrido hoje.

Ele sequer se despediu, foi se afastando enquanto finalizava sua última frase. Quando ele se afastou, Gabriel socou o ar. Estava nervoso, o rosto avermelhado e seus olhos brilhavam como se inundados pelas lágrimas. Ele havia assumido o controle desde o inicio. Ele queria realmente que tudo desse certo e ter acontecido daquela forma, não foi algo planejado.

- Calma, Gabriel.

- Calma? Calma, Ellen? Olhe bem pra minha cara e me diga se posso ter CALMA! - ele gritou - Duas pessoas morreram hoje. DUAS! E a culpa é minha.

- Nossa.

- Ellen, você me alertou a muitas coisas e eu simplesmente ignorei. Você avisou no caso deles estarem nos esperando, você me avisou sobre rebote. Tudo! E eu simplesmente me achei bom o suficiente para com dois tiros matar todos. Isso não é a merda de um jogo e duas pessoas morreram porque eu tratei como tal. Agora veja a realidade... não apareceu um título “Game Over” e vamos começar de novo. ELES ESTÃO MORTOS.

- E você vai fazer o que agora? Chorar a vida inteira? - gritei com ele.

Não gritei por raiva dele, mas por raiva da reação dele. Todos erramos algum dia e aprendemos com nossos erros. Nós não fomos espertos com as máscaras, mas quem pode dizer que eles estariam vivos com o sem elas?

- Fernando não esperou nosso sinal, entrou como um louco. O que teria feito? Se jogado e morrido por ele?

- Olha...

- Olha não, Gabriel. A única coisa que erramos foi no planejamento da máscara. Eu realmente nunca imaginaria que eles tivessem uma bomba daquelas, por que nós mesmos não a temos. Agora se acalme!

Gabriel me olhou fixadamente, ele sabia que eu tinha razão e eu não queria fazer pose de inocente. Eu sabia que erramos, isso estava claro, mas ao mesmo tempo não foi um erro absurdo. Mas agora teríamos problemas.


Notas Finais


Vish!!


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