1. Spirit Fanfics >
  2. 30 Dias >
  3. Dia 14

História 30 Dias - Dia 14


Escrita por: trishakarin

Capítulo 43 - Dia 14


Fanfic / Fanfiction 30 Dias - Dia 14

Acordei em um sobressalto ouvindo o toque estridente do telefone soar dentro do meu apartamento. Corri em direção ao aparelho e o atendi imediatamente, sabendo que poderia se tratar de Sarah. Mas para a minha angústia, era apenas o delegado.

- Ellen, espero que o treinamento tenha te ajudado bastante. Te espero aqui no meu escritório para tratarmos sobre o seu cargo.

- Sim, senhor.

Desliguei o aparelho e voltei a minha lentidão sem saber o que fazer, antes mesmo que eu alcançasse o sofá, o telefone tocou novamente. Sabendo ser o delegado esquecendo de dizer algo, atendi com a voz embargada e meio baixa.

- Ellen?

- Sim.

- Me desculpe te ligar, eu me chamo Gustavo, eu acho que deve lembrar de mim, estive na missão da floresta com você.

- Sim, lembro. Aconteceu alguma coisa?

- Sim, senhorita. A tenente Sarah acordou.

- O que? E por que ninguém me ligou?

- Eu estou aqui no hospital, pois me feri naquele último acontecimento. Ouvi rumores de que ela perdeu a memória e não lembra de nada da missão. Não sei exatamente do que ela lembra, mas quando o médico que acompanha ela perguntou de te informar, o marido negou e não autorizou seu envolvimento.

- Ah, filho da...

- Eu estou te ligando porque fiz besteira com a senhorita. Eu não devia ter aceitado o que o soldado Kevin disse e abortado a missão de resgate. Mas todos sabemos do que a tenente foi capaz para lhe salvar e não é qualquer sentimento que faria isso.

- Aquele desgraçado vai negar a minha entrada – disse furiosa.

- Talvez... mas ficaria muito feliz com sua visita, policial Ellen.

Fiquei surpresa com o comentário e o som do telefone sendo desligado me fez ter certeza de que entendi certo. Ele me chamou para visita-lo, assim eu teria alguma chance, ainda que pequena, de ver Sarah. Corri para me preparar e foi só o tempo de tomar um banho, rápido, mas com tempo suficiente para ser bem tomado. Coloquei uma camiseta clara e um jeans qualquer, um tênis mesmo porque não queria me dar o trabalho de me vestir para uma ocasião especial.

Agarrei as chaves, ainda no mesmo lugar e alcancei o elevador quando o mesmo já estava próximo. Segui até o estacionamento com o coração palpitando. Imaginei até se não seria mais adequado, me vendo naquela euforia toda, pegar um táxi. Mas eu não suportaria esperar por ele, eu precisava chegar o mais rápido possível ao hospital.

Viva e apressada, estacionei na vaga de visitantes e entrei correndo. Claro que quando apareci na recepção caminhei lentamente, atravessando a sala de espera e encontrei, na porta do quarto de Sarah, o comandante, conversando com o médico, Hugo. Eles me olharam surpresos, e o próprio comandante veio em minha direção, estendendo as mãos como se me impedisse de continuar caminhando.

- Ellen, me desculpe, mas não posso...

- O que? – perguntei inquieta – Não poderia me impedir de visitar a tenente que me treinou, senhor. Ainda que quisesse.

- Sabe que não preciso fazer isso, policial.

- Claro que sei. Demonstrava um amor enorme por Sarah e no primeiro instante passou por cima das vontades dela. O senhor estava lá, comandante. Eu estava lá quando ela se abriu para o senhor. Você ouviu quando ela disse estar apaixonada por mim, ela se abriu pro senhor por confiar e não porque você é superior dela.

- Sempre fui respeitoso com Sarah, policial. Mas você deve entender a minha atitude!

- Pelo que entendi os dois estavam separados. Você o colocou aqui de volta...

- Ela nem lembra de você, Ellen – ele disse elevando a voz.

Eu parei, estática, olhando para ele. De repente me veio a mente o que o soldado havia dito ao telefone, quanto Sarah ter perdido a memória. No fundo eu não queria escutar aquilo ou não levei a sério. O que sentia por ela não vinham de memórias, não era na cabeça, era onde mais batia em meu corpo, no coração. Eu acreditava que poderia ser igual com ela.

- Do que está falando?

- Ela acordou, policial... e está com o marido dela, assim como estava antes de separarem. Ela não lembra de nada do que aconteceu na floresta, ela acha que está aqui por conta de um acidente de carro que aconteceu há três anos atrás. Ela apagou da memória tudo o que viveu com você. Entenda!

Não, não, não. Ela não poderia ter esquecido de mim. Claro que não esqueceu, jamais poderia. O que vivemos foi tão intenso que não podia ser esquecido assim, como algo aleatório. Eu precisava vê-la de alguma forma. Eu teria que vê-la.

- Eu não estou aqui para visita-la, comandante. Eu recebi uma ligação de um dos soldados, que gostaria de se desculpar pelo ocorrido com Kevin. Então, se me dá licença, quanto a esta visita, o senhor não poderá me impedir.

Ele me olhou desconfiado, não acreditando no que disse, mas abriu a passagem e eu atravessei o corredor, esticando os olhos no quarto dela. A porta estava entreaberta e pude vê-la, sorridente, segurando a mão do seu marido. Fiquei parada ali, distante, quase invisível. Meu coração doeu, doeu fisicamente e não somente sentimentalmente. Ela estava acordada, ela estava bem, apesar de ainda deitada e sem grandes movimentos. Ela estava ali com seus lindos olhos abertos. Respirei fundo e foi quando ela, por alguma razão, virou-se em minha direção.

Seus olhos encararam os meus fixamente, o sorriso em seus lábios desapareceram e não por maldade ou algum sentimento ruim, mas me olhou com certa surpresa, com curiosidade. Sua boca entreabriu, meu coração parecia pronto para saltar da boca de tanto que acelerou. Eu continuei estática, olhando-a fundo em seus olhos, minha boca secou e foi quando avistei Rafael, seu marido, esticar-se e me avistar. Com uma expressão bem fechada e furiosa, ele foi em direção a porta e a fechou violentamente, fazendo o som abusivo de um baque.

Não controlei uma fina lagrima que teimou em escorrer dos meus olhos. Não suportei aquele abandono repentino, mas algo me dizia que no fundo ela lembrava. A forma que ela me olhou, claramente não lembrava de mim, mas duvidava não ser possível o sentimento ainda estar dentro dela. Eu teria que arrumar uma maneira de ficar a sós com ela.

Após inspirar a maior quantidade de ar que podia, e expirar sem grande ânimo, caminhei em direção ao quarto onde o soldado Gustavo estava. Bati suavemente na madeira. Eu não sabia quantos soldados haviam sido feridos, tinha conhecimento apenas de um, que estava em uma situação até mais grave que Sarah. Ele estava relativamente bem, mas haviam uma quantidade grande de hematomas em seu rosto. Ele sorriu, meio sem jeito, mas foi o suficiente para eu fechar a porta atrás de mim. 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...