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História 30 Dias - Dia 28


Escrita por: trishakarin

Notas do Autor


Desculpem a demora, minha cadela maravilhosa DETONOU o cabo do meu celular. Já é o segundo 😪 então tava azeda aqui! Mas ta aí
Lembrando wue estamos chegando perto do fim :(

Capítulo 108 - Dia 28


Eu segurava a arma com a mão trêmula, ainda encarava o comandante. Meu coração disparava e mesmo encarando-o, tentava inconscientemente sentir qualquer sinal de dor em meu corpo. Ele ainda mirava em minha direção, seus olhos abertos, sua boca entreaberta. Foi quando procurei em mim, qualquer sinal de sangue. Eu não havia disparado o tiro, joguei a arma no chão, ainda travada, e me arrastei para trás, jogada ao chão, tentando entender o que estava acontecendo. Meu ouvido ainda zumbia com o estrondo, olhei mais uma vez em sua direção e foi quando o homem, lentamente caiu de joelhos no chão e seu braço, lentamente foi caindo, deixando a arma despencar no piso. Eu gritei. Não porque queria salvá-lo, mas porque toda aquela adrenalina, aquele medo de que ele pudesse realmente atirar em mim.

Atrás dele, na porta do apartamento, estava Gabriel, com os braços erguidos, apontando em direção ao homem, com a respiração ofegante. Ele relaxou os braços e levou uma das mãos ao cabelo, assustado, com os olhos arregalados. Ele encostou-se na madeira da porta e deixou seu corpo escorregar até o chão. Eu respirei fundo antes de engatinhar apressada até o comandante, que parecia estar falando algo. O virei e olhei em seus olhos, ele sorriu, aquele sorriso cínico, de quem ainda tinha forças para ser cruel.

- Minha... – ele esboçou – Minha filha. Não... chegue... perto... – ele tossiu e um jato de sangue foi lançado em minha direção – da... minha... filha. 

- Sua filha? Sarah é a sua filha?

Ele sorriu e fechou os olhos. Ainda tossia, o sangue agora escorria pela sua boca e sua mão, que apertava o peito com força, agora afrouxava e escorregava pelo corpo.

- Sarah – ele disse antes de todo seu corpo sofrer um espasmo.

Segurei-o, para que não batesse em mais nada e foi quando ele parou e sua cabeça lentamente virou para o lado. Ouvi os passos de Gabriel, logo agachou-se ao meu lado, segurando meu ombro. Eu deixei meu corpo cair sentado no chão e levei as mãos ao rosto. Por isso toda essa super proteção em Sarah. Por isso essa agonia e desespero em vê-la ser algo que ele queria e não que teria orgulho que ela fosse. Ele era o pai de Sarah. Ele simplesmente era o pai de Sarah.

- Ellen... você está bem? – Gabriel perguntou preocupado.

- Ele... – olhei-o com os olhos arregalados – Ele é o pai de Sarah – disse com uma lágrima escorrendo – Mas como ele pode ser o pai de Sarah? Ela nunca disse nada.

- Talvez nem ela mesmo saiba, Ellen. Sarah comentou algumas vezes que o pai dela havia morrido. 

- Gabriel... 

- Por que você voltou pra cá, Ellen? Não sabia o perigo que estava correndo? Vocês não poderiam ter se separado, droga.

- Ela me mandou embora – disse sem forças – Ela...

Senti meu coração falhar, a respiração lenta. Um sono forte tomou conta do meu corpo a ponto de me permitir cair nos braços de Gabriel e ser tomada por uma névoa escura, que foi tomando conta de tudo e me puxando para dentro. Foi quando ouvi outro estrondo. Senti o corpo de Gabriel mover-se como se empurrado, mas não existiam forças para abrir os olhos e sequer me mover. Fui completamente tomada pela escuridão e meus ouvidos agora se fechavam para qualquer ruído. 

*****

Abri os olhos assustada, como se despertando de um sonho ruim. Olhei em volta e estava em um quarto vazio, deitada no canto. O quarto estava claro, paredes levemente amareladas pelo tempo, janelas gradeadas. Uma porta branca do outro lado parecia ter sido arranhada por uma espécie de animal. Corri em direção a ela, e avancei como se estivesse trancada, me surpreendendo ao vê-la aberta. Girei a maçaneta e abri a porta. O corredor estava vazio, diversas portas estavam abertas. Atravessei encostada na parede olhando para os lados. Algo estava errado.

Estanquei o passo ao ver um braço no chão, com os dedos delicados, dei mais um passo lento, silencioso e então avistei os cabelos castanhos, mais um passo e o rosto de Sarah, desacordado, ficou completamente visível, fazendo meu coração acelerar desesperadamente pensando que algo de muito ruim lhe aconteceu. Corri ao seu encontro, me jogando de joelhos no chão, agarrando seu corpo e apoiando em meu colo enquanto acariciava seus cabelos tentando acordá-la. 

- Sarah, meu amor, acorde. 

Ela não acordava, seus olhos não abriam. Suas mãos estavam frias, ela ainda respirava, podia sentir, mas seus olhos não abriam, não havia menor sinal de que ela pudesse acordar. Ouvi alguns passos pelo corredor e puxei o corpo de Sarah junto a mim, para um canto onde quem passasse não nos veria. De repente uma música começou a tocar. Incialmente baixo, de repente alto, cada vez mais alto. Era uma musica clássica, pessoas com voz fina cantavam ao fundo, como em um coral gospel. Como se fosse a música Mirror, mas sem a voz de Ellie Golding, apenas as vozes e o piano. 

Apesar da paz que aquela musica trazia, me assustava a forma com que a ouvia naquele momento. Os passos voltaram a soar pelo corredor, uma porta se fechou suavemente, foi quando uma mulher surgiu na porta e meu coração acelerou violentamente. Aquela mulher, em pé, com um sorriso nos lábios e o olhar fulminante. Era a mãe de Sarah, vestida em um blazer negro, os cabelos presos em um coque, uma maquiagem delicada, mas contrastada com o batom vermelho. Ela estava vestida de uma forma que jamais imaginei que estaria.

- Acordou... – ela disse sem mover-se.

- A senhora...

- Você foi contra tudo o que esperava que fosse. Você foi muito mais além do que esperamos que fosse com esse relacionamento estranho. 

Ela deu um passo para dentro e seguiu em direção a janela, de onde olhou atentamente, antes de mais uma vez, voltar seus olhos em minha direção.

- Como eu vim parar aqui?

- Achei que seria mais difícil trazê-la, mas para minha surpresa, você já estava desmaiada no chão – ela riu – Se não me engano, nem mesmo seu corpo suportou tudo.

- Que lugar é esse?

- Foi aqui que tudo começou – ela disse com um olhar pesado e distante – Foi bem aqui, nessa casa, que Sarah nasceu – eu a encarei surpresa, ainda agarrada a Sarah – A minha única filha – ela sorriu tristemente – Além de ter vindo da pior maneira possível, Sarah destruiu qualquer chance que houvesse de ter outro filho.

- Do que está falando?

- Eu tinha um casamento maravilhoso – ela riu – Sabe? Maravilhoso. Até que aquele homem vir com sua conversa. Eu errei tanto... foi o maior erro da minha vida. E Sarah... ela... ela é fruto desse erro. Meu marido nunca me perdoou, apesar de aceitar Sarah e trata-la como uma princesa. Mas a mim... sempre que olhava para minha filha e para mim, via o meu erro... ele fazia questão de lembrar-me todos os dias, até o seu ultimo. 

- Você... foi você o tempo todo?

- Sarah realmente se apaixonou por você. Da mesma forma que eu era apaixonada pelo meu marido. Ela não merecia o que tirou de mim. Ela não merecia a felicidade.

- Você está falando da sua filha...

- Da minha filha? Esse projeto nunca foi a minha filha.

- Então o comandante... foi ele.

- ELLEN – um grito distante e sofrido soou distante – ME SOLTE SEU FILHO DA PUTA... ELLEN, ONDE VOCÊ ESTÁ?

- Gabriel...

A mãe de Sarah rapidamente foi em direção a porta e a fechou. Do blazer que vestia tirou uma arma e apontou em minha direção. 

- Você não poderia ter aparecido.

- Sarah terminou comigo... ela aceitou não estar com a pessoa que ela ama...

- Mas não é suficiente, garota – disse grunhindo de ódio – Claro que ela voltaria para você. Sabe o que o amor faz? Ninguém pensa em nada, ninguém perde nada, quando nada faz sentido sem o amor. Essa mulher te ama como nunca a vi amar ninguém. 

- Pelo amor de Deus... você não precisa fazer isso. O que vai adiantar dar infelicidade a sua filha? Não vai lhe trazer a felicidade de volta.

- Você jamais entenderia o que passei. Jamais. Sarah teve tudo... tudo o que eu deveria ter tido. 

- Você não pode culpa-la pelos seus erros. Não pode interferir em sua vida dessa maneira, por um erro que você cometeu.

- Ele teria me perdoado se não fosse ela. Ele teria continuado comigo da mesma forma, se não olhasse para esse rosto todos os dias.

- ABRE ESSA MERDA!

O grito de Gabriel soou do lado de fora e um baque estremeceu as paredes, tamanha força que ele depositou em seu corpo. A porta balançou, mas não abriu. A mulher continuava mirando sua arma em minha direção, as lagrimas enchiam seus olhos. 



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