História 360 - Capitulo 4

Depois que Sakura saiu da biblioteca, Sasuke se puniu mentalmente. Ele se sentia tão idiota, por ter feito um convite tão tosco a uma garota que provavelmente nem frequentava esses lugares, e que ainda estava chorando.

Além de parecer um idiota convidando, se sentia um aproveitador do momento de fraqueza dos outros.

Mas na hora ele não pensou, ele só queria fazer aquela menina se sentir melhor, ele queria ter as palavras certas, o consolo certo, e até o abraço aconchegante que ela precisava, mas se expressar assim não era com ele. E a forma que Sasuke tinha de fazer tais coisas era com a música.

Se sentia livre quando tocava sua guitarra, e algumas letras até faziam sentido para ele, mas era a melodia de sua guitarra e alguns de seus solos é que falavam bastante de si.

Parecia uma boa ideia, imaginar que a música poderia levar os problemas daquela moça embora. Mas ao verbalizar a proposta, pareceu bem idiota.

Depois de se punir com tais pensamentos, Sasuke resolveu fazer logo o trabalho, ainda tinha que tocar no Kuchyose Caffe, e pela frustração que sentia, faria alguns solos bem carregados e longos.

Pegou do chão o livro que Sakura havia entregado, sentou-se em um dos computadores disponíveis para os alunos na biblioteca, abriu a página indicada por Sakura e, realmente encontrou a resposta do trabalho que deveria fazer.

Mas quando Sasuke, começou a digitar a primeira linha, seu celular vibrou. Era uma mensagem de Karin.

“Onde você está? O show começa em 30 minutos”

- Droga!

Sasuke foi advertido pela bibliotecária que sinceramente, ele nem havia percebido que estava ali de tão silenciosa e absorta em seu próprio livro.

Sasuke olhou o relógio e confirmou o que já era óbvio. Estava muito atrasado.

Ele ficou tão preso a conversa com Sakura que não notou o tempo passar, e agora não tinha mais jeito. O trabalho era muito importante, e ele precisava de nota, mas não poderia deixar seus amigos na mão, quando finalmente a banda tinha conseguido um lugar mais expressivo para tocar.

Sasuke devolveu o livro para a estante, pegou suas coisas e partiu para o café.

Não demorou muito para chegar ao Kuchyose Caffe com sua moto um pouco acima da velocidade, costurando aqui e ali. Ele sabia que levaria bronca se seu tio soubesse, mas era necessário naquele momento.

Sasuke adentrou o local já bem cheio, dez minutos antes da hora do show, e foi recebido por um Naruto histérico e uma Karin fazendo bico e de braços cruzados.

- Sasuke-kun, onde você estava? – gritou ela.

- Porra Sasuke! A gente tinha que repassar algumas músicas e testar os instrumentos. Eu tive que fazer tudo sozinho. – disse Naruto bufando.

- Eu estava ocupado. Ficar brigando aqui só vai atrasar mais. – Sasuke saiu tentando ligar sua guitarra o mais rápido possível, seguido pelos outros dois integrantes da banda.

- Isso é verdade. Vamos do jeito que dá. Atraso é um mal começo galera. – completou Naruto.

- Não pense que eu esquecerei. – Karin saiu pisando fundo, ainda de braços cruzados e expressão fechada.

Sasuke revirou os olhos. Detestava isso nela.

Constantemente, Karin exigia explicações do que ele fazia com a vida dele. Tudo bem, hoje ele havia pisado na bola mas, ainda achava a reação dela sempre exagerada demais. Sempre pensava em falar isso com ela, mas acabava sempre deixando passar.

Mas, ele não tinha tempo para pensar nisso agora, o show ia começar.

- Boa noite, Kuchyose Caffe! Meu nome é Karin Uzumaki, nós somos a banda Taka e vamos tocar para vocês!

Alguns gritos na plateia, e Naruto deu três batidas em suas baquetas enquanto Sasuke tocou sua guitarra. O show havia começado, e Sasuke podia se sentir vivo de novo.

Os três eram ótimos juntos, apesar de ser só mais uma banda de garagem, havia uma certa singularidade e harmonia.

E isso tirava Sasuke da realidade. Ele seguia sim uma ordem de músicas, ensaios, ritmo dos outros e pedidos da plateia, mas entre ele e a guitarra, havia um mundo particular.

Ele dedilhava de olhos fechados, mas percebeu que a música chegava ao fim, o que indicava que iniciariam uma pausa. Abriu os olhos e viu Sakura caminhando para perto do palco.

Ela estava linda.

Era incrível como o simples em Sakura, ainda era incrível. Era só um short, e uma blusa de botão larga e amarrada na cintura, deixando parte da barriga amostra, mas era perceptível o destaque dela entre todos ao redor.

Sasuke errou a nota.

Naruto olhou pra ele, e em um entendimento que só se vê entre melhores amigos, fez um solo de bateria, finalizando a música e arrancando gritos acalorados da plateia.

Karin seguiu os olhos de Sasuke, encontrando o que o havia feito errar, e não conseguia esconder a raiva. Ela saiu do palco sem dizer nada a plateia, sobrando mais uma vez para Naruto contornar a situação.

- Obrigada Kuchyose Caffe! Nós vamos dar uma pausa agora, mas voltaremos daqui a pouco. Vocês são demais! – ele gritou arrancando gritos da multidão.

Enquanto isso, Sasuke estava em uma luta consigo mesmo, se obrigando a descer do palco e ir conversar com sua convidada, seguido por Naruto, que tentava entender o que estava acontecendo. Mas, ele tinha que ir.

- Você veio. – disse Sasuke, colocando as mãos nos bolsos.

- Claro que eu viria, eu tinha que fiscalizar se você realmente sabe tocar, ou só estava tirando onda de rockstar – respondeu Sakura sorrindo e batendo no braço dele.

- Agora eu entendi por que o Sasuke errou na finalização da nota – era Naruto batendo no braço de Sasuke e sendo fuzilado com os olhos por ele – Prazer, eu sou o Naruto.

- Muito prazer, Naruto, eu sou Haruno Sakura – respondeu ela abrindo um largo sorriso e apertando a mão dele.

- Haruno Sakura, a da revista?

- Também. Mas, eu prefiro só Sakura, a da faculdade.

Os dois riram, enquanto Sasuke se segurava para não chutar Naruto dali.

- Sakura-san, eu consegui estacionar a 2 quadras daqui, e... – Hinata havia finalmente conseguido chegar ao lugar que Sakura a convidou.

- Uau! Só está ficando melhor. – se adiantou Naruto sorrindo e esticando a mão para a recém-chegada – Prazer, meu nome é Naruto.

- Naruto! – finalmente Sasuke perdeu a paciência com aquele idiota.

Sakura começou a gargalhar, se divertindo com toda a situação.

- Poxa Naruto, assim você me ofende. Me trocou em 10 segundos – brincou ela.

- Me desculpe Sakura-chan, mas, eu não pude resistir a beleza da... como é mesmo seu nome, meu girassol?

- Hi-Hinata. – respondeu ela extremamente corada.

- Hinata. – disse ele sorrindo com um leve brilho nos olhos, e virando-se para eles continuou – sabe, quando a gente é fisgado, só se tem olhos para uma. Não é mesmo Sasuke?

Mas antes que Sasuke pudesse responder a provocação de Naruto, Karin apareceu, ainda com a cara emburrada.

- A nossa pausa acabou, vamos. E obrigada, Sakura e Hinata, por terem descido ao gueto para dar um oi, até amanhã na faculdade.

- Na verdade, Karin, o Sasuke me convidou mais cedo para assistir ao show de vocês. Inclusive eu ouvi a última música, e sua voz é linda. Vocês parecem ser muito bons.

- Obrigada – Karin respondeu desconsertada. Ela sabia que Sakura era esperta e havia pegado a deixa do que ela disse, mas responder educadamente, a lembrou de que ela poderia estar exagerando. Sasuke havia dito que ela era legal. Talvez não houvesse perigo, afinal ela namorava um homem bonito, rico e entre os mais desejáveis, Sasuke não era páreo.

- Vamos lá então galera, a gente não pode atrasar. – chamou Naruto – Eu vou tocar uma música para você, Hinata.

Hinata se segurava em Sakura, já quase desmaiando, com aquele moço loiro tão elétrico e atrevido, mas ao mesmo tempo, envolvente.

- Eu vou levar a Hinata para se sentar. Você vai tocar uma música para mim também Sasuke? – perguntou Sakura rindo de novo.

Sasuke pensou um pouco e respondeu:

- Escolha uma, e ela será sua.

Sakura apenas sorriu, mordendo os lábios, enquanto acompanhava Sasuke voltar ao palco, e continuar o show.

Ela conseguia ver o quanto ele estava entregue em sua música, dedilhando aquela guitarra, combinadas com a bateria de Naruto e a voz marcante de Karin. Eles eram muito bons, mas apesar disso, Sakura só conseguia se concentrar na guitarra, nos dedos que a tocavam, nos lábios firmes, e os olhos fechados demonstrando estarem concentrados. Seria difícil escolher só uma música.

Enquanto ela se perdia em melodias, dedilhadas e olhares, num canto ao lado um homem, pegava seu telefone.

- Senhor, pode não ser nada demais, mas acho que há algo estranho acontecendo, devo continuar monitorando? – ele aguardou a resposta – Sim, Sasori-sama, ficarei de olhos abertos.