Se a loucura fosse algo... eu diria que seria um labirinto sem saída, ou alguém tão profundo que se você caisse nele, iria chegar a um lugar, mas nesse lugar não haveria nenhum tipo de humanidade. Haveria apenas dor; sofrimento; e risadas;
Jungkook.
Esse homem simplesmente havia me deixado louca.
- eu poderia ter acesso aos documentos de Jeon Jungkook? - perguntei tentando parecer indiferente.
A enfermeira me olhou por um tempo, mas ao ver meu crachá, deu de ombros e me guiou até uma sala com organizadores de metal e muitas fichas.
Procurei até achar Jungkook. A ficha estava desgastada, e sua foto estava suja com algo vermelho.
O que eu vim procurar realmente era alguma informação, mais precisamente alguma "Kristal".
Ele me viu nela, ele lembrou dela. Algo em mim o lembrou dela.
Mas quem era ela? O que ela foi pra ele?
Infelizmente não achei essas respostas em sua ficha. A única coisa que havia era um número, na linha "Em Caso de Emergências".
Anotei rapidamente em minhas mãos o número, e saí dali.
Passei pela secretaria, e meu olhar foi para um vaso de rosas brancas. Peguei uma, a colocando dentro de meu casaco, em um bolso interno, e fui até o corredor, até meu paciente.
Entrei naquela sala empoeirada, que estava estranhamente mais clara.
Jungkook não estava lá, mas eu sabia que viria, ele nunca falta.
Arrumei os gravadores e a caneta, e eu estava a me sentar quando ouvi as portas se abrirem.
Um guarda trouxe Jungkook, que mantinha a cabeça abaixada.
Observei quieta ele prender Jungkook. Mas então, vi Jungkook murmurar algo, o que fez com que o guarda desse um soco nele. Jungkook pendeu a cabeça para o lado rindo.
O guarda parecia lutar uma briga interna sobre matar o moreno ali mesmo ou não.
Acho que minha presença salvou Jungkook.
Assim que me vi sozinha com Jungkook, o olhei, e ele sorria largo, com um filete de sangue escorrendo pela boca, mas ele parecia não ligar.
- o que disse a ele? - perguntei baixo.
- conheço muitas coisas, querida - ele falou baixo - muitas pessoas... muitos segredos. - ele riu sozinho.
Assenti devagar, e então peguei a rosa em meu casaco, colocando no meio da mesa. Ele a encarou por um tempo, e então sorriu ladino, se esticando para pega-la. Me olhou levantando uma sobrancelha.
Apenas dei de ombros:
- eu... queria falar sobre seu passado - algo me incomodava nisso.
- vamos então - ele alargou o sorriso.
- algum momento marcante? - perguntei baixo - alguma... pessoa?
Ele pareceu pensar, estranhamente colaborativo hoje. Negou com a cabeça, mas insisti:
- nenhuma... garota?
Ele negou denovo, e assenti. Eu ia para a próxima pergunta, mas não aguentei:
- quem é Kristal?
Sua expressão alegre morreu, dando espaço para uma perdida, indecifrável. Permaneceu me fitando por um tempo, até negar sozinho, desviando o olhar:
- não sei do que está falando.
- ela tem algo haver com seus crimes?
- já falei que não sei quem é ela - ele insistiu frio.
- mas você falou dela na última consulta.
- já disse que não sei! - ele me olhou, mas então sorriu macabro - cuidado, querida, posso intuir coisas precipitadas caso continue com essas perguntas pessoais.
- o que... - franzi a testa - está dizendo que Kristal é algo pessoal?
- não disse isso.
- deu a entender.
- quem decide o que dá a entender sou eu.
Fiquei sem como rebater. Bufei e ele riu, talvez feliz por ganhar denovo de mim.
Fiquei um tempo quieta, pensando.
Ele matou mesmo aquelas pessoas?
Quem era Kristal?
Uma vítima? O motivo do crime?
- a loucura, querida - sua voz irrompeu meus pensamentos - é um mágico com cartas na manga.
- o que quer dizer?
- o que você acha que eu quis dizer? Não vou te dizer o que quis dizer, querida.
Pensei um pouco, e então desisti, arrumando meu cabelo em um coque.
- vai ligar para esse número? - ele perguntou, só então percebi que ele viu o número anotado em minha mão.
Assenti, testando suas reações. Seu olhar se perdeu, e seus lábios saíram em um sussurro:
- não vão atender.
- quem?
- ele - seu olhar foi para mim - ele não quer saber mais disso.
- seu pai?
- ELE! - ele riu - ELE NÃO QUER SABER!
Eu ia insistir, quando a consulta acabou. Ele acenou para mim, sempre com a flor em mãos. Dei as costas saindo.
~ quebra de tempo ~
- alô?
"Quem é?"
- sou a psiquiatra do Jeon Jungkook, você o conhece?
Houve um silêncio, e então a voz masculina voltou a linha:
"Sou o irmão dele"
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