História 50 tons de TaeHope. - Eu espero o tempo que for para poder te abraçar.

~JIMIN ON~

         “Sinto-me estranho. Sinto-me sufocado, como se estivesse afundando em um mar negro. Um mar repleto de dor, desespero, angustia e amor não correspondido... Isso poderia com certeza matar uma pessoa. Mas porque ainda não estou morto? Será que esse é o meu próprio inferno? Reconheço que fiz muitas coisas más. Coisas de que não me orgulho nem um pouco. Porém ainda estou tentando adivinhar porque diabos vim parar aqui. Em um lugar sem vida e sem cor. Porque escuto pessoas falando comigo, porém quando falo algo ninguém me escuta? Não sou forte o suficiente para abrir minha boca para falar algo útil? Isso realmente parece ser o meu próprio inferno. Um lugar feito somente para mim. Um lugar para eu sofrer a eternidade toda.”

~KOOK ON~

         O dia amanheceu, e tive a sensação de ter sido espancado à noite toda. Meu corpo todo doía, o sol me incomodava. Levantei a cabeça, tirando meus cabelos dos olhos. Levantei-me da pequena cadeira esticando minhas pernas e sentindo a dor por ter dormido ali, ao lado de Jimin, naquela cadeira de plástico totalmente desconfortável.

         Fui até a lanchonete do hospital e acabei comprando alguns salgadinhos e alguns refrigerantes. Voltei para o quarto, e me deparei com a Dra. Hyo Jin. Ela estava com uma enfermeira auxiliar ao seu lado, anotando tudo o que ela falava.

- Bom dia, doutora. Como ele está? – pergunto deixando minhas coisas em cima da cadeira, e me aproximando dela com os olhos inchados e cheios de olheiras.

- Ele está respondendo aos tratamentos e seus batimentos estão se normalizando. Não temos muito que fazer só sentar e esperar que ele acorde. – Aquilo era um alivio. Ouvir que Jimin estava vem era realmente reconfortante. Soltei um suspiro e então me despedi dela ao ver que estava saindo ao lado da enfermeira.

         Sentei-me novamente na cadeira, abri o salgadinho e olhei para Jimin. Ele ainda dormia, o que me deixava um tanto preocupado. Muitas pessoas morrem enquanto dormem... tenho medo de por um segundo sequer fechar meus olhos e acabar acordando no susto ao ouvir o barulho incrivelmente alto da maquina.

         Olhei para Jimin e passei a mão por sua face. Ela soava um pouco. Tirei o lençol que estava em cima de seu corpo, o deixando ser arejado pelo ar fresco que entrava pelas janelas. Tirei seus cabelos da testa pálida, passando os meus dedos por suas bochechas, parando em seus lábios.

- Jiminnie, fico feliz que esteja melhorando... Isso... isso realmente me deixa muito feliz. – sorri um pouco, recuperei o fôlego e então voltei a falar. – Se você abrir os olhos, eles com certeza irão parar de te furar. Não?? Então que tal uma troca? Você acorda e eu prometo te levar todo fim de semana naquela churrascaria que você ama. – dei uma pausa, perdendo o sorriso. – Ainda não??

~JIMIN ON~

         “Estou novamente aqui, neste lugar estranho. Só que dessa vez não está tudo totalmente preto. Eu enxergo uma luz. Nessa luz parece ter o que eu estou exatamente procurando, uma forma de viver livremente. Mas a luz está longe. Parece que irei ter que batalhar muito para conseguir me livrar daqui.

         O campo que antes era chamado de “a escuridão” ficou iluminado, estava com a estranha sensação de que estava sonhando. Um sonho acordado. Parei onde estava e comecei a observar atentamente as imagens que apareciam ao meu redor.

         Eu estava feliz, sorria para alguém como uma criança inocente. Meus olhos carregavam um brilho inexplicável, coisa que nunca deixei acontecer. Ainda não sabia para quem sorria ou onde estava, mas então chegou o incrível momento de descobrir quem era a pessoa que estava me deixando completamente fora de mim mesmo. Levei um choque ao ver que na verdade a tal pessoa não era Tae, mas sim Junkook. Ele estava incrivelmente adorável. Provavelmente estávamos em um encontro, pois tinha flores em suas mãos. Ele olhava ora pra baixo ora pra mim, com vergonha do que estava fazendo. Ele estava......

- Ah meu deus.... Kook.... – cochichei para mim mesmo, ficando paralisado com aquele sonho.

         Ele está... se... declarando para mim?”

~KOOK ON~

         Estava quase pegando no sono quando ouço Jimin falar algo. Levantei a cabeça rapidamente e arregalei os olhos para conferir se tudo tinha sido coisa da minha imaginação. Fiquei em silencio por um bom tempo, até ele repetir aquela palavra. Meu coração gelou, senti várias coisas ao mesmo tempo. Não sabia o que estava sentindo exatamente... Mas aquilo era bom. Jimin tinha acabado de sussurrar meu nome. Eu estava tão confuso, que não sabia se ficava feliz ou se ficava incrivelmente assustado com aquilo. Talvez fosse minha mente pregando peças em mim.... ou talvez aquilo realmente estivesse acontecendo.

- Não se preocupe, mesmo estando quebrado por causa desta cadeira, eu vou continuar aqui. Amanha se você quiser acordar, eu vou estar aqui. E assim serão todos os dias. Não irei sair daqui até que você acorde, ok? – peguei em sua mão, e então dormi. O dia ainda estava claro, era final de tarde. Meus olhos estavam pesados, não tive outra escolha. O sono sugou minha energia.

         Mal comecei a sonhar quando fui acordado por uma das enfermeiras. Ela era um pouco mais velha do que as outras; tinha os cabelos pretos, um rosto repleto de rugas e manchas. Usava óculos na ponta do nariz e sorria, sem jeito.

- Desculpa acordá-lo, mas nós da equipe de enfermagem trouxemos uma maca ao senhor a pedido da Dra. Hyo Jin. Ela falou que era pro senhor passar a dormir ali, pois dormir nesta cadeira iria deixá-lo com muita dor.

- Obrigado, se você não se importar irei colocá-la um pouco mais perto da maca dele. – Apontei para Jimin enquanto falava. Ela olhou com um olhar estranho, talvez duvidasse sobre a nossa relação. Deveria estar se perguntando o que um amigo estaria fazendo ali, dormindo em uma cadeira dura de plástico, e mal tomando banho. Mas mesmo tento várias perguntas em sua cabeça, ela concordou e acabou me ajudando a empurrar para onde eu queria.

         Deitei-me na cama, virado para ele. Segurei sua mão macia, e acabei pegando no sono novamente. Dormindo até o dia amanhecer.

         Nos dias seguintes, continuei dormindo ali. Dia após dia, ia à mesma lanchonete e comprava as mesmas coisas, sempre em dobro, no caso de Jimin acordar e estar com fome. Dormia sempre do mesmo jeito; continuava rezando e conversando com ele. Conversava calmamente. Muitas vezes chorei... Pensei em desistir. Pensei em simplesmente sair daquele hospital e não voltar mais. Nem para saber se ele acordou ou não. Mas exatamente nesses momentos de angustia, duvida e desespero... Ele falava o meu nome. Ele falava tão suavemente, que me sentia totalmente obrigado a ficar ali. Não importa quanto tempo eu tenha que ficar aqui, esperando ele acordar... Não me importo se demorar um dia, um mês ou um ano... Eu quero esperar. Eu vou esperar.