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História 90's Love - norenmin - Pressão


Escrita por: SafiraOpaca e SafiraZen

Notas do Autor


Oi pessoinhas ><

Boa leitura, perdoem os errinhos e até as NF!

Capítulo 18 - Pressão


Donghyuck saiu esbaforido depois do ensaio no colégio de Doyngyoon, a mochila caindo de um dos ombros enquanto ele tentava puxá-la de volta para o lugar, sem perder o ritmo dos pés apressados na direção da própria escola. Sabia que mesmo assim chegaria atrasado ao treino do time, mas contava com a compreensão de seus colegas. Sentia que estava lidando com tantas responsabilidades ao mesmo tempo que se parasse para respirar, elas o afogariam.

Quando finalmente alcançou o vestiário, deixou seu rastro numa bagunça de roupas arrancadas às pressas, armário aberto e mochila caída no chão. Pensou que a corrida contaria como um ótimo aquecimento e no mesmo fôlego que usou para correr até ali, seguiu para o gramado de onde vinham os sons estridentes do apito. Lançou seu melhor olhar de desculpas ao treinador e agradeceu quando ele parou os exercícios para reunir o time, usaria de bom grado alguns segundos para recuperar o fôlego.

– Não quero saber dos seus motivos, capitão. Vai pagar esse atraso com cem voltas ao redor do campo quando o treino acabar – um time inteiro ofegante e suado engoliu em seco ou desviou o olhar para as próprias garrafas, mas Donghyuck não retrucou. Conhecia bem o lema do treinador: um capitão era o exemplo do time e quando Donghyuck cometia algum erro, era punido com o dobro da rigidez. Sabia disso quando aceitou o cargo então apenas assentiu – Ótimo. Agora que estão todos aqui, vamos conversar sobre a estratégia contra os Patos.

Espalhados pela grama, os olhos atentos se prendiam semicerrados ao quadro compacto que mimetizava um campo de futebol, carregado até o campo pelo treinador. Linhas, círculos e X marcavam ataques e defesas contra a primeira escola contra a qual eles jogariam dali a alguns dias, intimamente apelidados de Patos por ser esse seu mascote. Donghyuck, cujos fios grudavam como cola contra a testa, passou os dedos por eles até que limpasse a visão, podendo enxergar muito além do quadro branco.

Esperando-o na arquibancada, Mark secava a própria garrafa d'água, atento ao time reunido metros à frente. Com um suspiro, Donghyuck fechou os olhos ao se lembrar de ter combinado de sair com ele. Onde estava com a cabeça de marcar tantas coisas no mesmo dia? Se sentia exausto, a mera decisão de ficar de pé parecendo liquidar toda a energia que sobrava em seu interior. Como conseguiria acompanhar Mark num passeio pela cidade?

Deixou essa decisão para o Donghyuck do futuro e se concentrou no treino direcionado, saindo algumas vezes de campo para comentar algo com o treinador, sentindo o peito arder pelo mero esforço de respirar. Quando a tarde começou a gradativamente mudar a cor do céu, Donghyuck se apoiou nos joelhos e arfou, tonto e aliviado pelo findar do treino.

– Não se esqueça do seu castigo, Lee – a voz do treinador o fez se erguer lentamente, olhando-o derrotado antes de assentir e começar a correr.

Ficou um tanto feliz pelos olhares solidários dos companheiros de time e recebeu alguns tapinhas no ombro quando passou por eles, uma corrida lenta era o máximo que suas pernas aguentariam. Sentia os joelhos moles e as panturrilhas queimando, mas ignorou por mais um tempo.

Na vigésima volta, o treinador e Mark eram os últimos o observando, o namorado descendo lentamente a arquibancada para esperá-lo mais de perto. Donghyuck sentiu a visão embaçar, mas não cedeu ao cansaço. Com um suspiro, o treinador apanhou a prancheta com as anotações do dia e deu uma batida amigável no ombro de Mark antes de sair de campo. Era um sinal sutil para que Donhgyuck parasse antes do combinado já que não teria ninguém olhando. Mark estranhou quando ele passou direto e acabou deixando a própria mochila no chão antes de correr atrás dele.

– Hyuck? – chamou e viu que ele se sobressaltou com sua presença – O treinador já foi embora. Acho que você já pode parar.

Parecendo só então se dar conta disso, Donghyuck olhou sobre o ombro para confirmar a notícia e logo desmanchou contra o chão. O céu rodava e seu estômago embrulhava pelo exercício excessivo, mas só de estar parado sentindo o ar entrar e sair, ele já se sentia relaxar.

Percebeu a sombra que Mark fez ao se aproximar de sua cabeça, inclinando-se para olhá-lo nos olhos. Donghyuck quis rir porque parecia que ele estava de ponta cabeça, mas não tinha forças nem para isso.

– Você está bem?

Ele respirava de boca aberta e Mark analisou preocupado as manchas vermelhas nas bochechas naturalmente bronzeadas, marcas do esforço de um dia inteiro de tarefas.

– Estou – falou numa lufada de ar – Só preciso de um tempo.

Mark assentiu, mas coçou a cabeça quando se afastou. Franzindo o cenho, Donghyuck se obrigou a sentar, precisando de um segundo quando a vista escureceu.

– O que foi?

Mark negou, virando-se novamente para ele enquanto caminhava de volta com um sorriso sem calor.

– Nada. Mas acho que vamos perder o filme – Donghyuck fechou os olhos, lembrando-se que parte da programação era ir ao cinema com ele – Está tudo bem. Disseram que um novo parque chegou na cidade, nós podemos ir lá ao invés de ir ao cinema.

Donghyuck quis chorar. Parque significava filas longas, empurrões e gritaria. Um esforço mental e físico que ele não tinha condições de atender. Com um olhar pesado, ergueu o rosto na direção de Mark.

– O quão chateado você ficaria se a gente não fosse ao parque hoje?

O semblante de Mark se fechou e ele pareceu confuso. Donghyuck engoliu seco e se preparou mentalmente para aquela conversa.

– Está falando sério? – ante o pressionar de lábios do namorado, Mark riu incrédulo e passou os dedos nervosos pelos cabelos – Nós combinamos isso desde semana passada, Donghyuck.

– Eu sei – ele falou, já se levantando para tentar alcançar as mãos de Mark, que apenas as afastou do namorado, o ouvindo suspirar – Mas eu estou tão cansado hoje, seria a pior das companhias para você e não conseguiria aproveitar nada. Você me entende?

Mark umedeceu os lábios e se afastou na direção da mochila. Donghyuck sentiu um peso desconfortável na boca do estômago antes de seguir atrás dele.

– Vai parar de falar comigo?

Mark suspirou pesado quando a voz dele soou mais próxima. Se virou e o olhou de cima a baixo, dos cabelos atrapalhados pelos próprios dedos e o suor às chuteiras gastas pelos anos de uso. Desviou o olhar.

– Vai tomar uma ducha. Vou te esperar no estacionamento.

Não era exatamente o que queria ouvir, mas se deu por satisfeito por aquele momento. Já sentindo as dores que o sangue frio levaria à tona, Donghyuck seguiu sem pressa até o vestiário e se banhou sozinho, juntando a bagunça que havia deixado espalhada antes de sair ao encontro de Mark.

O dia tinha se tornado mais escuro, cedendo lentamente espaço à noite, e Mark o esperava como prometido perto das bicicletas do estacionamento, recostado na árvore que provia sombra àquele pedaço durante o dia. De braços cruzados, o olhar parecia vagar longe em pensamentos que Donghyuck não saberia decifrar e foi com cautela que se aproximou dele, parcialmente protegidos pela árvore robusta.

– Mark? – chamou e viu ele umedecer os lábios mais uma vez, descruzando os braços. Pensou que ele se enfureceria, mas os olhos de Mark encontraram o chão antes que sua voz seguisse baixa ao falar.

– Você cansou de mim? – Donghyuck arqueou as sobrancelhas, não imaginava aquela reação. Os olhos de Mark subiram sem pressa aos seus e havia confusão e raiva neles, mas a maior parcela era de medo – Seja sincero comigo.

Donghyuck não soube como reagir. De tudo o que se passara em sua mente enquanto tomava banho e pensava em se encontrar com ele, não havia nem cogitado encarar um questionamento como aquele.

– Como é?! – falou enfim e Mark bufou – O que você quer dizer?

– Quero dizer que parece que você não quer passar mais tempo comigo – foi direto ao ponto e se incomodou quando viu o queixo de Donghyuck cair. Estava sendo razoável ali, não gostava da ideia que ele o estivesse vendo como irracional – Eu sinto que sou o único me esforçando, então... Não tenho mais certeza se para você vale a pena.

– Mark! – Donghyuck, de alguma forma, se sentia ofendido pelo o que acabava de ouvir – Você está se ouvindo? Valer a pena? Como se nosso relacionamento fosse algum tipo de convênio ou sociedade? Como se tivéssemos feito um acordo que não é mais benéfico para alguém?

Mark engoliu seco.

– Responde a pergunta, Donghyuck.

Ele viu o capitão do time passar ambas as mãos pelos cabelos ainda úmidos e pressionar os lábios tão bonitos de um jeito que o fez pensar que ele estava prestes a explodir e se controlava ao máximo para não respingar em Mark.

– É claro que eu não me cansei de você, Mark.

– Então por que você nem tenta?

– Por que você é tão incompreensivo?! – rebateu. Sua mente e seu corpo pesavam, exaustos. A última coisa que queria era começar uma briga, mas lá estava Mark, acionando todos os botões errados e na hora errada, quase o empurrando à discussão. E Donghyuck estava simplesmente cansado demais para conseguir continuar se contendo – Você me prometeu, Mark. Prometeu que me apoiaria e que entendia que eu estava ocupado.

– E eu entendo, Donghyuck. Porra, você acha que eu não fico super orgulhoso por todas as coisas que você está conquistando? – os olhos dele estavam injetados, a palma aberta estendida entre eles e Donghyuck, mais uma vez, não soube o que falar. Mark parecia à beira das lágrimas, desesperado – Eu só não consigo entender por que ficou tão difícil me incluir na sua agenda. Sinto muito se isso me faz egoísta, mas eu também quero ser importante para você.

Donghyuck sentiu o peito queimar quando notou estar prendendo a respiração por tempo demais. Escondeu o rosto nas mãos e o esfregou até senti-lo queimar. Às vezes se perguntava o quanto mais aguentaria. Mark era seu porto seguro, mas também era mais uma fonte de dor de cabeça e se odiava por pensar nele desse jeito. Porque via sinceridade quando ele falava de amor, quando falava que se orgulhava dele, e isso o fazia se culpar por em algum momento ter desejado colocar um fim em pelo menos um dos seus problemas. Não queria vê-lo desse jeito, Mark não merecia.

– Tudo bem – disse por fim, o sangue quente da briga se dispersava e ambos notaram o quão exaustos estavam. Daquela dinâmica, dos desentendimentos – Eu admito que tenho falhado como namorado ultimamente. Você me perdoa?

Mark o olhou por segundos inteiros antes de soltar o ar num som alto, levando a mão à nuca para esfregá-la de um lado para o outro. Ainda olhando para baixo, ele caminhou até ter puxado Donghyuck para perto o suficiente para que seu rosto se afundasse no pescoço dele. Inspirou o cheiro e o calor, tremeu quando as mãos dele subiram por suas costas.

– É claro que eu perdoo – murmurou, beijando a pele quente do encontro entre o pescoço e o ombro, se afastando para olhá-lo nos olhos, subindo uma das mãos à bochecha macia – Me desculpa ter perdido a cabeça de novo. Eu juro que estou tentando melhorar.

Donghyuck sentiu as lágrimas inundarem seus olhos, mesmo que nenhuma ousasse cair. Estava cansado e isso o deixava mais sensível também. Acabou negando enquanto fungava e Mark riu quando, daquela vez, foi ele que afundou o nariz em seu cheiro.

– Eu sei – ele falou, abafado contra seu ombro – E sempre vai ter espaço na minha agenda para você, Mark Lee.

Mark o beijou na bochecha, então no canto dos lábios e o olhou nos olhos.

– Eu te amo – falou e Donghyuck sentiu no acelerar de seu coração e na forma como seus dedos automaticamente o apertaram pela cintura que ainda o amava como no dia que deram seu primeiro beijo.

– Eu também te amo, Mark.

Ele sorriu ante a confissão e beijou Donghyuck com doçura, coincidentemente também lembrando do primeiro beijo entre os dois. Foi calmo, como tudo era quando se resolviam depois de um desentendimento. Quando se afastaram, Donghyuck não conferiu se estavam sozinhos antes de entrelaçar os dedos aos de Mark.

– Vem. Vamos para a sua casa.

Mesmo surpreso, Mark se deixou guiar por ele.

– Você não estava cansado?

Donghyuck o olhou sobre o ombro com um sorriso e Mark perdeu o fôlego, hipnotizado pelo gesto.

– Para ir no parque, sim. Para ficar de bobeira e agarrado com você no sofá, não.

Rindo bobo, logo andavam lado a lado, sem nem ideia dos olhos maliciosos que haviam capturado toda a cena vivida no estacionamento.

Renjun olhava pela décima vez o endereço anotado na caligrafia única de Donghyuck para confirmar que seguiam na direção certa. Haviam descido das bicicletas quando entraram na rua indicada pelo capitão do time e atentamente procuravam o número da casa indicada.

– Será que estamos no lugar certo? Essa rua não termina nunca e a casa não chega.

Ao seu lado, Jaemin riu. Renjun era lindo de todas as formas, até mesmo todo preocupado daquele jeito. Os fios platinados chamavam sua atenção toda vez que se rebelavam contra o vento, fazendo Renjun precisar tirar da frente dos olhos algumas madeixas incômodas. Jaemin umedeceu os lábios e olhou para frente, sabendo que nunca deixaria de achá-lo inumanamente belo.

– Não confia no meu senso de direção?

Renjun revirou os olhos para ele e abaixou o papel já amassado pelas várias vezes que o havia desdobrado para confirmar rua, bairro e número. Já havia, na verdade, decorado o endereço, mas preferia conferir mais uma vez. Era a primeira tarefa que havia recebido como membro oficial do Conselho Estudantil. Não queria fazer besteira.

– Confio, mas vai que você se distraiu e virou numa rua que não deveria? – deu de ombros – Somos todos fadados ao erro, meu caro.

Jaemin gargalhou.

– É, andando ao seu lado eu tenho sérias chances de me distrair o suficiente para errar o caminho – Renjun o olhou com as bochechas coradas e as sobrancelhas arqueadas, Jaemin já o conhecendo o suficiente para notar um sorriso que ele tentava esconder – Relaxa, amor. A gente já deve estar chegando.

Suspirando, Renjun decidiu confiar. Era um bairro simples de casas pequenas, mas familiares. Um dos alunos que fazia parte do time de futebol tinha adoecido e era sua função levar algumas tarefas para ele realizar em casa – tarefa essa que ele ao menos sabia ser parte das atribuições do conselho.

Quando o calor pareceu incomodar mais do que deveria, Renjun voltou a falar para que se distraíssem até chegar ao objetivo definido na folha de caderno arrancada e disponibilizada por Donghyuk.

– O que acha que a mãe de Jeno queria falar com ele?

Jaemin suspirou. O maior motivo para serem dois ao invés de três naquela tarde que deveria ser sua folga era uma conversa de última hora que a senhora Lee precisava ter com Jeno. Tinham combinado de se encontrar de noite antes de deixarem a casa dele, mas a intuição de ambos sugeria que algo sério nasceria daquela convocação de Minjee.

– Não faço ideia. Você a conhece a mais tempo, o que acha?

Renjun suspirou e franziu o cenho.

– Ela é meio casca grossa, mas ama Jeno. Até quando é rigorosa com ele, é por querer o melhor – suspirou – Mas não sei até onde esse rigor consegue ir, é por isso que fico preocupado.

Jaemin mordiscou a pele na parte interna da boca e apertou um pouco mais do guidão dentro das mãos. Era uma descrição delicada para uma mãe. Era óbvio que ela sempre lutaria pelo o que era melhor para seu filho, mas Jaemin temia que isso, de alguma forma, começasse a convergir com os interesses de Jeno. Pelos poucos comentários que ele soltava às vezes, Lee Minjee era inflexível quanto a muitas coisas.

– Acho que chegamos – a voz de Renjun o despertou e eles pararam no caminho de cimento que levava até uma porta de madeira caramelo. Deixando as bicicletas apoiadas no meio-fio, caminharam juntos até tocarem a campainha, um bloco de folhas preso nos braços de Renjun.

– Como você disse que ele se chama mesmo?

A pergunta de Jaemin foi ignorada quando a porta se abriu e três pares de olhos se encararam com surpresa.

– Sungchan?

– Renjun? – ele pousou os olhos em Jaemin e apesar de contente, ainda parecia confuso – O que vocês fazem aqui?

Jaemin riu.

– Duvido muito que ele seja o dono dessas folhas – comentou com Renjun, que ainda o encarava embasbacado. Sungchan não estudava na mesma escola que eles e um sino fraco despertou em sua cabeça, lentamente juntando alguns pontos.

– Você mora aqui? – Renjun perguntou e o viu assentir, um sorriso bonito e fechado– Com o Shotaro?

Dessa vez, Jaemin e Sungchan foram os que demonstraram surpresa, com o dono da casa assumindo lentamente uma coloração rosácea nas bochechas.

– Como você sabe? – questionou, os dedos pressionando a porta por estar meio sem jeito.

– Vim trazer as atividades dele e é aqui o endereço que a escola tem – acabou rindo, incrédulo – Que mundo pequeno.

Sungchan acabou por liberar uma risada também.

– Então ele é o seu Pluto.

Coçando um dos cotovelos, Sungchan assentiu para Jaemin enquanto sorria e os dois visitantes reconheceram naquele sorriso o que viam um no outro todos os dias. Era amor e amor era sempre lindo de se ver.

– Ele é – comentou e deu espaço para que os outros entrassem – Fiquem a vontade, vou falar que vocês estão aqui.

A casa, como conseguiam deduzir pelo lado de fora, era simples e pequena, mas na mesma medida, organizada. Tudo era limpo, mesmo que o tudo deles fosse tão pouco. Ainda assim sentiram a essência de um lar e Jaemin se alegrou por ver que eles tinham conseguido depois de tudo.

Mais uma surpresa chegou na forma de muletas enquanto Sungchan ajudava Shotaro a chegar na sala, a perna direita engessada e um visível esforço para conseguir chegar até eles.

– Oi, gente – cumprimentou, corado pelo esforço e com um sorriso sem graça por não terem tanta intimidade. Trocavam pouco mais que olhares gentis e cumprimentos educados pelos corredores da escola, Donghyuck era o mais próximo dele por estarem no mesmo time. Mas havia gratidão quando ele olhou para Jaemin – O Chan me contou o que você fez por ele naquela época. Obrigado, Jaemin.

Corando e sem jeito, Jaemin negou e logo eles abriram espaço para que Shotaro sentasse no pequeno sofá de dois lugares.

– O que houve com sua perna? – foi Renjun que perguntou, curioso.

– Ah – Shotaro sorriu curto – Tenho feito uns bicos no meu tempo livre, a maioria com entregas. Acho que tentei passar por cima de um carro quando estava voltando de uma delas.

Os visitantes arregalaram os olhos e Sungchan cruzou os braços, visivelmente irritado.

– Ele acha porque não se lembra de nada do que aconteceu. Estava pedalando tão rápido que nem viu quando entrou na frente de um táxi – eles viram Shotaro se encolher ante o sermão e acabaram prendendo o sorriso – Agora não consegue nem limpar o rabo sozinho.

– Sungchan! – a repreensão incrédula foi seguida de seus olhos dobrando de tamanho e Jaemin não conteve a risada. Aquele era um Sungchan muito diferente do que já tinha visto até então.

– É para você aprender a ser menos imprudente – se encolhendo mais uma vez, Shotaro apenas assentiu e Sungchan suspirou, deixando um carinho sem qualquer ressalva de estarem sendo observados nos fios castanhos claros do namorado – Renjun veio trazer as atividades da escola para você.

Ele ergueu os olhos, curioso.

– Sério? Obrigado – agradeceu, estendendo as mãos quando Renjun esticou as folhas em sua direção.

– Não é nada. Sou parte do Conselho Estudantil agora, parece que essa é uma das tarefas – deu de ombros, mas Shotaro ainda sorriu agradecido.

– Obrigado por virem – Sungchan reforçou – Querem alguma coisa? Tenho quase certeza que o suco de maracujá ainda não venceu.

Rindo, eles aceitaram, e logo Sungchan usava a ajuda de Renjun para levar os copos para sala enquanto Jaemin e Shotaro conversavam melhor. Não prolongaram a visita para além do copo de suco e quando se despediram, havia algo quente borbulhando em ambos os peitos, algo despertado pelo amor nítido em cada sermão, cada implicância e cada sorriso que tinham presenciado entre as paredes simples da casinha que eles dividiam.

– Isso me faz pensar – Jaemin comentou, pouco depois de deixarem a casa, ainda andando com as bicicletas ao lado do corpo, conseguindo atenção de Renjun – Se o nosso futuro vai ser assim.

Renjun não conseguiu conter o sorriso ladino mesmo que os olhos estivessem surpresos.

– Morando juntos? – Jaemin assentiu, o mesmo sorriso bobo antes que Renjun desviasse o olhar – Eu ficaria feliz em dividir uma cabana com vocês – Jaemin riu curto – Mas Jeno... Jeno com certeza vai querer um palácio.

Jaemin gargalhou e Renjun nem se assustava mais por aquele som provocar a revoada das borboletas que habitavam seu estômago.

– Ele merece um palácio.

Renjun não podia discordar.

– E nós vamos ter um – disse com tanta certeza que Jaemin sentiu o corpo inteiro energizado, como se estivesse pronto para correr uma maratona em direção àquele objetivo – Nós três ainda vamos morar na porra de um palácio.

Jaemin riu ainda mais quando ouviu o palavrão propositalmente usado para dar ênfase à frase. Subiram nas bicicletas antes que o final da rua chegasse e pedalaram com o mesmo objetivo em mente. Tudo ainda era sobre aquela sensação quente e feliz até chegarem à casa dele. Descendo das bicicletas, ambos estranharam que Jeno já estivesse do lado de fora, a mochila ao lado do corpo encolhido, sentado no degrau da varanda. Ele caminhou em silêncio até eles, nada do sorriso doce, da energia cheia de vida, apenas um semblante impassível que tentava esconder o que a ponta do nariz vermelho denunciava: Jeno queria chorar.

– Anjo? – a voz de Jaemin fez seus lábios tremerem e Jeno desviou o olhar.

– Podemos conversar na casa de vocês?

Eles se entreolharam, preocupados, mas concordaram. Jeno subiu na garupa de Renjun e foi todo o caminho até a casa dele com a bochecha grudada em suas costas, não percebendo os olhares que Jaemin roubava em sua direção vez ou outra para conferir se estava tudo bem.

Apesar da Fortaleza ser o destino que lhes dava mais liberdade, aquela noite seria na casa de Renjun. Não só pelos colchões serem mais confortáveis e sua mãe estar no turno noturno mais uma vez, mas porque ela tinha feito uma nova receita de sorvete de morango que ele queria muito que os dois experimentassem.

E Jeno parecia precisar de muito sorvete de morango.

Entraram em silêncio e seguiram assim enquanto tiravam os sapatos e as mochilas. Jeno sentou no chão e abraçou as próprias pernas, fazendo Renjun e Jaemin se entreolharem mais uma vez. Doía vê-lo tão abatido.

– Vou buscar o sorvete, lavem as mãos no banheiro – Renjun anunciou e sumiu na direção da cozinha.

Jaemin esperou Jeno se levantar e foi com ele até o banheiro, mas não parecia que ele reparava em sua presença. Quando se sentaram de novo, o puxou até que a cabeça dele tombasse em seu ombro, passando um dos braços pelas costas dele num carinho singelo. O pote de sorvete foi colocado entre eles e Renjun distribuiu uma colher para cada. Sua mãe sempre acertava nas receitas e Jeno suspirou ao sentir o sabor doce sendo quebrado pelos pedaços de fruta escondidos no meio. Se sentia um pouquinho melhor quando enfim ergueu a cabeça.

– Quer nos contar o que aconteceu? – a mão de Renjun fazia carinho em sua coxa enquanto ele perguntava, a de Jaemin o tocava nos cabelos e Jeno fechou os olhos, respirando fundo como se pudesse tomar mais consciência da presença dos dois porque só eles deixavam o que era ruim um pouquinho melhor.

– Minha mãe veio falar sobre as aplicações para a universidade no final do ano – começou, vendo ambos assentirem para que continuasse. Instantaneamente, Jeno quis chorar. A palma da mão se fechou ao redor da colher, mas ele queria que fosse de um lápis, queria desenhar toda aquela frustração para fora de seu peito para aliviar nem que fosse um pouco daquela pressão – Ela não quer conversa. Minhas opções são medicina ou direito. E ponto final.

Foi o tempo de Jaemin e Renjun se olharem, chocados, para que Jeno enfim cedesse ao primeiro soluço. Em silêncio, eles o acomodaram entre seus corpos e deixaram que ele esvaziasse parte da frustração daquela forma tão dolorosamente triste. No final da noite, eles tinham acabado com o pote de sorvete e Jeno foi intimado a dormir entre os dois, sentindo a proteção dos corpos quentes que rodeavam o seu.

Agradeceu por eles não terem tecido quase nenhum comentário, estava chateado demais para ouvir. Mas os conhecia o suficiente para saber que o assunto não morreria daquele jeito.


Notas Finais


É isso, galeris!
E aí, tão curtindo os conteúdos dos nossos meninos?
E o cap, curtiram tb? Não deixem de comentar oq tão achando!

Obrigada por lerem até aqui e até o próximo ~
XOXO
#Squad96NRM
tt: @ zensafira


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