História A amada do tigre - Bônus - Kelsey

Kelsey POV

Fiz as contas na minha cabeça e no papel várias e várias vezes. Três semanas. Eu estava atrasada! Sem que o Ren soubesse fui até a primeira farmácia que encontrei e comprei dez testes de gravidez, a recepcionista me olhou com pena, mas quando eu entreguei o dinheiro deixando a minha aliança a mostra, ela sorriu. Ao que parece só sou sortuda se estiver grávida e casada. Fiquei alguns minutos dentro do carro tentando normalizar a respiração, várias hipóteses passaram pela minha cabeça.

Não! Isso não vai acontecer de novo. Eu vou fazer os testes e se eu estiver grávida...

Meus olhos se enchem de lágrimas e eu mordo o lábio tentando conte-las. Porcaria de hormônios. Ultimamente qualquer coisa me deixa irritada ou emotiva.

Sai com o carro do estacionamento e dirijo até o flet. Mais cedo a Amelia tinha chegado para ver o Kishan/tigre e não veio conversar comigo em casa como fazia antigamente. Agora passando por isso sem uma amiga do meu lado, vejo que deveria não ter me metido na relação dos dois. Se eu não tivesse brigado com ela, talvez agora ela poderia estar do meu lado. No entanto, o Kishan provavelmente escutaria a conversa. Porcaria de ouvido de tigre.

Quando cheguei em casa o Ren estava ao pé do fogão e tentava cozinhar alguma coisa – tentava pois eu estava sentindo o cheiro de queimado – tentei passar despercebida, mas como um imã, seu olhar foi atraído até o meu antes que eu pudesse chegar até as escadas.

-Bom dia hridaya patni – Ren sussurrou no meu ouvido, quando enlaçou seus braços ao redor da minha cintura. Ele puxou uma mecha do meu cabelo e a beijou, depois passou o seu nariz pelo meu pescoço respirando o meu perfume e dando um beijo ali. Seus olhos azul cobalto me analisaram de cima a baixo e um sorriso malicioso foi crescendo no seu rosto, no entanto, ele ficou sério quando olhou para o meu rosto – Aconteceu alguma coisa, Iadala? Você está branca.

-Não... – tentei dar um sorriso, mas acho que saiu algo como uma careta, porque o Ren me olhou ceticamente e estreitou os olhos pra mim – Estou bem, Ren. Só preciso ir no banheiro.

Dei um selinho rápido nos seus lábios e sai correndo antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, entrei no quarto sem folego, no entanto não parei até ter entrado dentro do banheiro e trancado a porta.

Me encostei na porta e as lágrimas desceram pelo meu rosto. E se eu estiver grávida? E se o meu filho nascer... com a maldição? Eu não sei se consigo passar por tudo aquilo de novo, dessa vez com o meu filho. Respira.

Tentei controlar a minha respiração e me olhei no espelho, uma mulher assustada me encarava de volta. Meus cabelos estavam trançados com fita branca e o meu rosto estava pálido, apenas a minha boca estava rosada, por causa do gloss que tinha passado mais cedo.

Respira Kelsey Rajaram.

Estava tão nervosa que nem pensei em pegar algo para beber. Olho para a torneira da pia e penso se aquilo é necessário. Beber pelo menos uma vez água da pia não vai me fazer mal não é? Eu já tinha enfrentado coisas piores. Água da pia não vai me derrubar.

Tirei todos os testes das caixinhas e li as instruções, peguei a marca mais cara, pensando se aquela não seria a melhor. Uma linha eu não estava grávida, duas linhas eu estava grávida. Coloquei a cabeça debaixo da torneira e tomei a maior quantidade de água que eu consegui, quando terminei, eu estava tão cheia que não poderia engolir uma balinha – supondo que eu tentasse engolir uma. Dei pulos pelo banheiro tentando ver se aquilo faria a minha bexiga funcionar e acho que o nervosismo me ajudou. Logo eu estava sentada e colocando todos os testes para “funcionar” em tempo recorde. Graças a Deus – ou aos Deuses – tinha conseguido deixar todos os testes dentro dos seus copinhos sem nenhum risco. Agora era só esperar cinco minutos. Andei pelo banheiro olhando para os testes vez ou outra olhando para o meu relógio de pulso e tentando acalmar a minha respiração.

-Kells? – ouvi a voz do Ren ao mesmo tempo que o meu relógio marcava cinco minutos. Tempo ótimo Sr. Rajaram.

Ia o responder quando vi os resultados. Todos positivos. Algo parecido como adrenalina correu por todo o meu corpo ao mesmo tempo que meus olhos se enchiam de lágrimas. Eu queria abrir a porta e gritar de felicidade com o Ren e dizer que nós teríamos um filho, mas algo me parou. Uma ideia me parou. Se o Kishan ainda era um tigre... isso significava que o meu filho? ...

-Kells? Kelsey abre a porta.

Eu sabia que o Ren devia estar preocupado, mas eu estava em choque. Meu corpo estava paralisado no meio do banheiro e eu me tremia todo. As lágrimas começaram a descer pelo meu rosto e eu entrei em desespero. Se o meu filho tivesse a maldição... e se nós tivéssemos que fazer outro sacrifício? O que aconteceria dessa vez? Quem nós seriamos obrigados a dar adeus?

-Iadala, abre a porta.

Quando me sentei na borda da banheira, Ren ainda batia freneticamente na porta e tentava me chamar. O parei de escutar quando meus pensamentos foram levados até o Kishan. Ele estava feliz. Em muito tempo, ele estava realmente sorrindo e os seus olhos tinham um brilho lindo, que eu ainda não conhecia no seu rosto. E se por causa do meu filho, ele tivesse que fazer algum tipo de sacrifício? Por algum motivo eu sabia que ele e o Ren fariam o que seria necessário se isso acontecesse.

-Kells? Abre a porta, por favor.

Fui despertada dos meus pensamentos pela voz da Amelia, andei pelo banheiro e abri a porta, ela me olhou preocupada e eu encarei os dois homens atrás dela, me olhando como se eu fosse desabar a qualquer momento. E foi o que eu fiz, não sei se cai na direção da Amelia, ou a abracei, só sei que no segundo seguinte ela estava me abraçando e tentando me acalmar. Ren me segurou pela mão e me levou até a cama, me sentei nela e Ren segurou a minha mão com a aliança, Kishan se sentou do meu lado e passou as mãos pela minha costa, tentando me deixar calma.

-O que aconteceu Iadala? Fala comigo.

Amelia olha na direção do banheiro e em seguida olha pra mim procurando confirmação. Dou um aceno discreto com a cabeça e ela sorri, mas olha pra mim confusa quando vê a minha expressão, se ela soubesse.

-Bilauta?

Escuto o apelido carinhoso do Kishan e sinto um aperto no meu coração. Eles merecem saber. Só assim eu vou conseguir ficar bem, eles vão me ajudar independentemente do que aconteça.

-Eu tô gravida.

Exclamo em um só folego e Ren exclama algo em hindi e beija o meu rosto repetidas vezes, Kishan sorri e bate nas costas do irmão, vendo a animação dos dois, meus olhos passam a se encher de lagrimas de novo e imediatamente eles param de comemorar.

-Você está sentindo alguma coisa Iadala? Por favor, conversa comigo. – Ren beija meu rosto várias vezes enquanto diz isso e eu tento respirar fundo para dizer o que me preocupa.

-Eu... Ren e se... o bebe...

Os dois irmãos ficam subitamente tensos e Kishan olha pra Amelia – Amelia, você pode sair do quarto por alguns minutos?

Vejo como a Amelia fica quando ele diz isso, mas no momento eu não consigo dizer nada para que a faça se sentir melhor. O Kishan a ama. Isso vai bastar para ela. No momento ela ainda não pode saber tudo sobre a nossa história, não até o Kishan resolver contar toda a verdade.

-Kelsey você acha que por causa de mim o seu filho pode ter a maldição também? – Kishan segura a minha mão livre e olha para os meus olhos tentando me acalmar.

-Não é só isso Kishan. E se... e se ele nascer assim e nós tivermos que tentar quebrar de novo a maldição? Quem nós vamos ter que deixar pra trás dessa vez?

-Iadala. – Ren me dá um selinho nos lábios e senta ao meu lado me puxando para os seus braços, encosto o rosto no seu peito e respiro o seu perfume, ele me deixa chorar por alguns segundos até que eu me acalma – Tudo vai ficar bem. Nosso filho vai nascer sem a maldição. E eu te prometo que se qualquer coisa acontecer a ele, eu vou protege-lo. Nós vamos conseguir protege-lo, todos nós.

Ren olha para Kishan que está em pé na nossa frente e ele sorri para mim – A Amelia vai quebrar a maldição, Kelsey. Eu sei disso. Você não vai precisar se preocupar com o bebê.

Confirmo com um aceno e Kishan beija a minha testa antes de sair do quarto.

Ren me deita em cima do seu peito e brinca carinhosamente com os meus cabelos, desfazendo a traça e os penteando com os dedos, depois de um minuto já estou calma.

-Nós vamos fica bem, não vamos?

-Te prometo que vamos, Iadala.