Dentro de uma semana, a tão sonhada viagem de formatura para a Ilha Inamorata mexerá com os ânimos de trinta e quatro estudantes e dois professores.
Segundo o folheto publicitário que Clarke carrega na mochila, o lugar é simplesmente paradisíaco. Mar e céu que se fundem num azul profundo. Cachoeiras e grutas de tirar o fôlego. Areia branquinha, daquelas que afundam até o calcanhar. Um hotel cinco estrelas repleto de atividades ao ar livre.
Quadras de tênis, vôlei de praia, campo de futebol gramado e muita, muita natureza ao redor.
Para as meninas do Polis essa é uma oportunidade única, talvez a última chance de engatarem um romance com algum dos garotos do colégio. Para os meninos, esse também é um momento ímpar, desesperadamente aguardado. Garotas de biquíni dando o maior mole? Juro para vocês que apesar da Ilha Inamorata ser um local onde a natureza é preservada, a mente poluída dessa molecada, fatalmente, poderá gerar um desastre ambiental. E dos grandes.
Clarke não cogita a possibilidade de desistir da viagem, mesmo sabendo sobre a aposta que está rolando. E se por acaso ela pensasse em desistir, suas melhores amigas, Raven e Octavia, não permitiriam.
— Jura mesmo que não vai desistir? – Raven anda em círculos em volta de Clarke. Seus longos cabelos castanhos estão presos por um rabo de cavalo que chacoalha para lá e para cá.
— Está me deixando tonta, Rae. – Clarke está dispersa.
— Sério mesmo, Clarke, você não pode desistir. – Octavia muda a mochila de ombro, o troço está pesando toneladas. – Promete? Por favor?
— Prometo, já falei! – Clarke estressa e dispara, um tanto ríspida.
As três estão no estacionamento do Colégio Polis. Clarke, agora com dezoito anos, já possui a tão sonhada habilitação e uma moto novinha em folha. Ela optou por uma Kawasaki Concours 14, preta e prata, com 1.352 cilindradas, 4 tempos, 4 cilindros em linha com refrigeração líquida, 16 válvulas VVT, 155 cavalos de potência, com sistema de ignição digital, injeção eletrônica e partida elétrica. Não que eu saiba o que isso quer dizer, mas Clarke sabe. Antes que Rae e Octavia retomem o assunto “viagem de formatura”, eis que surgem Lexa e Lincoln, caminhando descompromissadamente rumo ao bicicletário.
A garota lança um olhar fulminante na direção de Lexa. Ela estremece de raiva só de se lembrar da tal aposta e dos sorrisinhos abafados nos corredores do colégio. Se a garota se aproximar, é morte certa.
— Bela motoca. – Lincoln assobia e Lexa lhe dá uma cotovelada nas costelas.
— Obrigada, Lincoln. – Clarke sorri, presunçosamente. – E suas bicicletas também são bem bonitinhas… tiraram até as rodinhas laterais, que gracinha.
— Rá, rá. – Lexa negligencia a própria vida.
— Ei, não pode falar comigo, lembra-se? – Clarke brada, agressivamente.
— Estamos fora do colégio, aqui é local neutro. – Lexa retruca, numa frieza
congelante.
— Não abuse, Alexandra. – Clarke monta sobre a moto e dá a partida. – Meninas, até mais tarde. – baixando o visor do capacete e acelerando ao máximo, ela deixa apenas poeira para trás.
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