Terminei de me arrumar e dei uma ultima olhada no espelho. Sinceramente, pior do que ter que pensar em uma roupa para um encontro, é ter que pensar em uma roupa para um encontro com o ex.
Marquei com o Pietro perto de uma loja que eu adorava... Ele, como bom “cavalheiro” que é, estava atrasado.
- Eu vou matar o Rafael por me fazer tomar um bolo do irmão dele! – disse baixinho, mas eu estava irritada.
- Karol? – uma voz familiar me chamou.
A voz é familiar, mas cadê o rosto?
- Pietro? – disse encarando o enorme urso de pelúcia a minha frente...
- Oi... – a voz soou tímida. – Pode... pode me ajudar?
- Claro... –eu acabei rindo. Peguei o uso imenso. – Isso é pra mim?
- É... – ele colocou a mão na nuca, parecendo nervoso. Enquanto a outra mão, ele colocou no bolso. – Eu sei que você adora ursinhos de pelúcia e o Rafa me contou que você deixou a maioria no Brasil... Eu resolvi te dar um... Eu sei que é exagerado, mas...
- Obrigada. – respondi o interrompendo. Ele simplesmente sorriu... Ai! Por que um sorriso tão perfeito?
- Olha... Eu só quero que saiba que não estou tentando comprar seu perdão, eu... só não queria chegar de mãos vazias... – ele ainda falava nervoso.
- Primeiro, se acalma e, segundo, como faço para andar pelo shopping com esse urso? – pode ter parecido um pouco grosseiro da minha parte, mas não foi minha intenção. Só queria saber como andar com aquilo na mão.
- Olha mãe! – Uma menininha passou do nosso lado. Ela apontava para o urso e puxava a mãe. – Eu queria um desses...
- Filha, esse urso é maior que você...
- Mas eu queria... – A pequena disse olhando para o bichinho de pelúcia em minhas mãos. – Moço, o senhor que deu para ela?
- é... Fui eu. - Pietro respondeu a menina.
- Você deve ser muito apaixonado por essa menina, em rapaz?! – A mãe da criança disse sorrindo para Pietro e depois me olhou. – Você tem muita sorte, espero que minha filha, quando crescer, arrume um namorado tão carinhoso e romântico quanto o seu...
A senhora pegou a filha no colo e continuou andando. Enquanto a pequena, acenava para nós.
- bom... Já vi que isso vai chamar muita atenção pelo shopping. Quer deixar no meu carro, depois eu te entrego de novo? – Pietro sugeriu e eu aceitei.
~*~
- E então doutor, quando meu irmão vai sair daqui? – eu estava bastante ansioso.
- O senhor Bourgeois está se recuperando bem rápido, daqui a uns dois dias, ele já deve ser liberado... – fiquei tão feliz com a notícia que poderia beijar aquele homem... Mas pegaria mal.
Voltei para o quarto em que o Lau estava. Ele estava tão ansioso quanto eu...
- E então?! Quando saio daqui? – perguntou quase pulando da cama.
- Daqui a uns dois dias!
Foi o suficiente para ele começar a comemorar com uma dancinha e eu, claro, segui a comemoração.
- Com... – a enfermeira entrou no quarto e nos olhou como se fossemos loucos. – licença...
- Toda... – Lau respondeu sorrindo.
- Vim trazer seu almoço...
- Ah... – Lau acabou de perder o sorriso.
A mulher deixou a bandeja no colo dele e saiu.
- Por que tem que ser tão ruim? – ele comia e reclamava.
- Num deve ser ruim... – disse pegando uma colher do que parecia se um mingau. Ah se arrependimento matasse. – Porra! Isso é muito ruim!
- Eu disse... – Lau respondeu parecendo uma bicha indignada.
- Pareceu a Karol, falando “eu avisei!” – falei debochando e me joguei na poltrona ao lado da cama.
- Pois é... – Ele respondeu desanimado. – será que ela ainda vai querer trabalhar com a gente depois disso tudo?
- Sinceramente, acho que sim... – falei um pouco incerto – acho que ela gosta de trabalhar com a gente.
- Mas a colocamos em risco... – Nisso ele tinha total razão. – Ela nos avisou e não acreditamos...
- Acho que a pior parte, é saber que depois de tudo, a polícia suspeita dela... – Nos entreolhamos e, assim como eu, Laurent também sentia por isso.
- Vai ficar tudo bem... – Lau disse para mim, mas acho que servia para ele mesmo também. – Onde ela está?
- Ela disse que ia sair, mas avisou que viria para cá correndo se precisássemos...
- Ela é demais! – ele sorriu.
- Você tem razão... – Sorri junto.
~*~
Depois de deixar o meu gigante bichinho de pelúcia, voltamos para o shopping.
- E então, como anda a vida por aqui? – ele puxou assunto depois de uns minutos de silencio constrangedor.
- Bom... fui demitida, contratada, fiz uns amigos, estou na lista de um delegado... Nada de mais... – falei irônica.
- Uau! Sua vida está bem agitada aqui! – Pietro tentava processar toda a informação. – Que história é essa de delegado?
- Nada de mais... – sorri. – é quase um problema resolvido...
- Ah... que ótimo, eu não quero te ver metida em problemas... – ele falou passando a mão no meu rosto.
OK! Problema detectado!
- Então, vamos? – cortei o assunto me afastando dele.
- Quer ir ao cinema? – ele perguntou e eu fiquei na duvida, mas assenti com a cabeça.
Escolhi um filme de ação. Afinal, ver romance com o ex é meio complicado e terror também não seria boa ideia já que eu me assusto fácil.
Durante o filme, me peguei olhando para ele algumas vezes. Tivemos um bom passado juntos, mesmo com todas as brigas e problemas. Pietro era um amor de menino, mas se sentisse ciúmes, adeus homem carinhoso e olá senhor agressivo. Mas até agora, ele simplesmente está sendo um fofo... O urso, a timidez, a preocupação, o cinema...
- O que foi? – ele me pegou olhando para ele.
- N-nada... – a pior coisa que se pode fazer quando se mente e gaguejar... Merda!
- Você mente mal... – ele sorriu, dessa vez não foi um sorriso tímido, estava mais para um sorriso sexy...
Ele se aproximou e colocou a mão no meu rosto. Olhava para meus olhos e minha boca... e eu? Bom... tentava focar nos olhos e em pensar em como fugir daquilo...
Por sorte, as luzes se acenderam. Ele riu e me soltou.
- Acho que resolvi beijar a mocinha tarde de mais... – debochado...
Revirei os olhos e levantei. Fomos comer algo e ele agiu como se nada tivesse acontecido...
Durante nosso lanche, meu celular vibrou.
Rafa: Como andam as coisas por ai?
Como resposta, mandei uma foto minha e do Pietro fazendo careta.
Rafa: Pelo visto, estão se dando bem...
Eu: Pois é... Isso era o que eu temia...
Rafa: AAAAH PARA! Ele mudou, eu disse... Ou vai dizer que ele deu algum surto de ciúme ai?
Eu: Ainda não, mas sendo o Pietro, tudo é possível. Ainda não confio que ele tenha mudado, prefiro esperar mais para descobrir.
Rafa: Ok! Você que sabe... Só queria avisar que eu chego amanhã, avisa ao meu irmão, por favor ;)
Quase pulei de alegria.
- O que foi? – Pietro me perguntou assustado, mas rindo.
- Rafa já está vido! – disse ainda muito animada.
~*~
Eu finalmente estava indo para Los Angeles. O avião já estava prestes a pousar e finalmente eu ia rever meu irmão e a Karol... Eu e Pietro viemos para cá por causa do nosso pai, ele resolveu abrir uma nova boate. Temos mais uma irmã que ficou no Brasil, para cuidar da que existe lá e nós dois, viemos para expandir os negócios. Pietro é o mais velho e eu, o caçula dos três. Sinceramente, gostei muito de me mudar, melhor ainda que é com meu irmão e também vou ficar perto da minha melhor amiga...
Até que enfim, cheguei!
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