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História A Barca - "Obrigado Yurio"


Escrita por: Titina77

Notas do Autor


Oieeee
Lindinhas e lindões
Depois de trocentos anos, cá estamos novamente. Espero que curtam de montão e por favor comentem dizendo o que acharam. Bjokas.

Capítulo 10 - "Obrigado Yurio"


POV YURI

Não sei até quando ia continuar agüentando isso. Já era para ter ido embora no vôo das 13:00hs!

Como colocavam uma pessoa que não entendia nada de engenharia mecânica como supervisor de compra e venda do setor?

Havia me pedido para acompanhá-lo numa reunião com representantes e quando dei por mim, já estava embarcando para outro estado como seu consultor particular sobre aquisição de novas peças.

Não tive como dizer não.

Acabei de ser transferido e embora meu pai fosse um dos sócios majoritários, não queria usar sua influência em nada ali.

Queria crescer profissionalmente com minhas próprias condições, assim como ele fez um dia.

Disfarçadamente puxei o celular do bolso e olhei a tela. Nenhuma chamada.

Estava tentando falar com Victor desde que viajei na segunda a noite e seu celular sempre dava desligado. Isso quando aqui nesse local conseguia pegar sinal. Pela hora já devia ser quase noite lá. 

-...e com esta nova aquisição, garanto aos senhores que sua produtividade subirá para 130% em menos de dois meses. – concluiu finalmente o vendedor.

Já estava sentindo uma dor latente no pescoço de tanto tempo na mesma posição, escutando ele falar de slides, investimentos e lucro imediato.

- Isso me parece ótimo. – começou meu chefe – Só precisarei de alguns dias para analisar e logo em seguida lhe darei minha resposta. – meu chefe afastou a cadeira para trás se levantando.

-E por que não agora? – insistiu o representante - Tenho certeza de que conseguirei um desconto ainda maior se já fecharmos esse contrato. – lhe estendeu a cópia do contrato.

- O que me diz Yuri? – ele me perguntou em dúvida.

-  Sinceramente? – Não consigo ver todo esse lucro. Até mesmo porque ainda teremos que capacitar os demais empregados para que consigam usar o novo maquinário. Fora que sua empresa – encarei o representante – não está arcando com as despesas de envio para nossa matriz.

Meu chefe me encarou com aquela cara abismada tipo “Como eu não pensei nisso?”

- Sim...sim...Yuri tem toda a razão. Se não nos derem um desconto maior, não poderemos fechar negócio.

- Bem...- o vendedor me fuzilou com os olhos – Eu precisarei falar com meu superior. De quanto desconto estamos falando?

Novamente meu chefe me encarou.

“ Ah não...” – gemi internamente. “Eu juro que nunca mais caio nessa armadilha. Não era possível que ele não entendesse nada nem de valores.”

- Acho que com um desconto de 25% já é possível iniciar as negociações.

Massageei meu pescoço na tentativa de aliviar a dor.

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Duas horas depois

Aeroporto de Maryland

- Yuri, não sei como lhe agradecer. – tomávamos um café na lanchonete do aeroporto enquanto aguardávamos nosso vôo. – Juro você me tirou de uma enrascada.

- Não tem problema senhor. – sorri amarelo, na verdade puto da vida.

- Eu queria lhe propor uma coisa Yuri. – meu chefe se aproximou. Seus olhos em meu rosto como se me avaliasse.  – O que acha de ser gerente júnior de nossa matriz?

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Nova Iorque

- Cachorro quente!!!!  Olha o cachorro quente!!!

Yurio pagou o sanduíche e seguimos para o porto.

- Tem certeza que não quer um pedaço?- ele me ofereceu já abocanhando quase a metade do cachorro.

- Não. –olhei meu amigo guloso e com molho escorrendo no rosto. Yurio às vezes parecia uma criança. Agora grávido então, queria ver como Becka iria se virar quando o bebê nascesse. – Toma o guardanapo. – passei para ele.

- Olha o guaraná geladinho!- outro vendedor ambulante gritou ao meu lado.  Queria chegar logo na barca e me sentar. As pessoas sorridentes e felizes que passavam ao meu lado me deixavam ainda mais deprê. Eu queria logo chegar em casa e dormir, apagar ou ser abduzido por aliens.

-E então Victor. Vamos direto daqui. Não precisa nem ir em casa.

Não queria admitir para meu amigo, mas estava morrendo de saudades de Yuri. Mal nos falamos desde a segunda e hoje já era sexta. Ele disse através de uma mensagem que precisava ficar o resto da semana por assuntos do trabalho.

 Desde então não nos havíamos mais falado. E eu não conseguia disfarçar. Acho que por isso, que depois que Otabeck ligou para Yurio ele tentava me arrastar para que saísse com eles.

-De novo Yurio? Eu já falei que não. – respondi contrariado.

-  Ah qual é Victor. Vamos lá, o quê que custa?

- Horas de sono. – respondi azedo. Meu amigo havia cismado essa tarde que eu devia acompanhá-lo na reinauguração da boate perto da nossa casa.

Sentamos nos bancos da frente. Peguei meu fone para ouvir alguma música e relaxar e quem sabe meu amigo tagarela notasse e parasse de falar.

O problema é que eu não estava com cabeça, sem ânimo, chateado e humilhado. Estava me sentindo uma merda completa. Não...pior do que isso. Me sentia o cocô da mosca que fica em cima do cocô do cavalo.

Não adiantaram os fones. Yurio puxou um lado e colocou em seu ouvido.

- Vai ser rápido, eu prometo. – enlaçou meu braço no dele. – Só vamos ver como ficou a reforma e vamos embora, eu juro.

- Sei...e enquanto isso vou ficar segurando vela pra você e Otabeck.

- Não vai não Victor. Becka e eu vamos nos comportar. - até parece que ia acreditar que logo eles dois iam conseguir ficam sem se agarrar. - Acha que eu faria isso se eu sei que tá na fossa com saudade do Yuri? – só em ouvir o nome dele, me deu uma dor no estômago.

- Não Yurio, já falei. Eu não quero. – tirei o braço dele do meu e puxei o fone do ouvido dele.

- Ah seu grosso. – Yurio fez um bico falso. Eu que não ia cair nessa.

Quando ele viu que não me comovi, começou.

– Tudo eu sempre faço por você. – ficou em pé sem se importar com os outros passageiros que o olhavam - Sempre que você precisa de mim, eu estou ao seu lado, nunca lhe abandonei. - Pronto. Coloquei a mão na cabeça, tampando os ouvidos. Yurio ia começar a desfiar um rosário de reclamações. -Lembra daquela vez que me pediu um pouco de sabão em pó? E daquela vez que sua plantinha morreu por falta de água e você foi na minha casa chorando, quem foi que ficou com você regando a planta a noite toda pra ver se ela ressurgia das cinzas? E daquela vez...

- Meu Deus. Tá bom Yurio, chega! Pára! – puxei seu braço para ele se sentar - Eu vou. Tá bom? Tá satisfeito? – ele me abraçou, mas eu o empurrei emburrado.- Que saco você!– eu que fiz um bico, muito puto agora.

- Ah Vitya, - ele não ligou e me abraçou de lado. – Você vai ver que ainda vai me agradecer.– me deu um beijo estalado no rosto -Espera só pra ver.

- Humm- resmunguei. – Não vou lhe agradecer nunca. Seu enjoado.

4 HORAS DEPOIS

22:00 hs

Já era a quinta vez que Yurio afastava a mão de Otabeck por baixo da mesa.  Já tive que aguentar 12 beijos roubados, cinco afagos em sua barriga e varias declarações com: “ Eu te amo, Yura.”

Claro que eu poderia por a culpa no álcool, já que Otabeck era o único que estava bebendo ali, e diga-se de passagem, já era o sexto copo de tequila, mas poxa, eu tinha falado com Yurio que não queria ir e agora eu estava me sentindo um candelabro completo segurando vários castiçais não só para eles como para todos os outros casais dali.

- Mas o que há de errado com essa gente? – perguntei um pouco mais alto para que Yurio me ouvisse.

- Do que está falando?- perguntou ele, bebendo seu guaraná.

-Nada. Só que parece que hoje é a noite do acasalamento. – apontei para uma mesa com três casais quase transando ali mesmo. – Pra mim já deu. Eu vou embora. – me levantei e Yurio segurou meu braço.

- Espera. Precisa saber de uma coisa antes. – olhei para ele sem entender - Conta pra ele Becka. – falou com o marido.

Otabeck mordeu os lábios e se encostou na cadeira.

- Yuri me ligou hoje de manhã. – quando ouvi isso minhas pernas fraquejaram e voltei a me sentar. – Ele queria te fazer uma surpresa, mas acho que pela hora, o vôo deve ter atrasado.

Um sorriso bobo foi tomando conta do meu rosto. Yurio aproximou sua cadeira da minha e apertou meu nariz.

- Tá vendo Vitya? O cara tá na sua.

Sorri com a bobeira do meu amigo.

- Quando que ele te ligou? – perguntei pra Otabeck e me senti tão animado de repente que não consegui mais ficar quieto só imaginando quando ele finalmente chegaria. Comecei a fazer perguntas aleatórias para Otabeck sobre Yuri, em como estava a voz dele. Que horas haviam marcado, qual a empresa aérea que viria. Com que freqüência eles tinham se falado e nem me importei mais com os amassos discretos que ele dava em Yurio.

Eu estava muito empolgado. Eu me sentia vivo de novo depois de uma semana como um completo zumbi.

Eu estava feliz!!!

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Pov Yuri

23:00hs

Cheguei na boate por volta das 23hs, uma batida agradável e suave tocava alto. Passei por algumas mesas onde alguns casais estavam já bem empolgados.

Continuei andando, procurando por um rosto conhecido. Dei não sei quantas voltas naquele salão e quando não consegui achá-los, um medo incoerente me atingiu.

Ele não estava lá. Ele devia me achar um moleque, só que tudo parecia estar contra. Primeiro seu celular não atendia, depois onde eu estava quase nunca pegava sinal. E agora isso. Marquei com Otabeck para nos encontrarmos aqui, queria lhe fazer uma surpresa, mas meu chefe tinha que ter trocado as passagens.

O que Victor estaria pensando de mim? Peguei meu celular para ligar pra ele.

Descarregado.

- Puta que pariu. – xinguei sem me importar em ser ouvido ali no meio daquele som alto.

Segui até o bar. Pedi uma dose de whisky. Puro. Não gostava de beber, só que hoje eu era um covarde e precisaria de toda a ajuda para encarar o meu Victor.

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POV VICTOR

01:39 DA MADRUGADA

- Tenta de novo. – Yurio insistia para eu ligar.

- Já tentei. – mostrei para ele a tela do celular que indicava que o número de Yuri estava desligado ou fora de área.- Acho melhor irmos.- disse e olhamos para Otabeck. Ele estava para lá de bêbado, falando sozinho com o vigésimo copo de tequila. - Vamos ter que pegar um taxi.- disse me levantando.

- Eu sinto muito Victor. – puxou Otabeck para se levantar - Com certeza o avião deve ter atrasado.

- Tudo bem. – sorri amargurado. Não estava nada bem. Acho que me sentia ainda pior do que antes de saber que ele queria me fazer uma surpresa.

- Bom...bom...bom...- Otabeck disse e parecia concentrado em uma batalha interna - abriu o cinto e olhamos espantados para ele. – Eu preciso mijar. – disse como se fosse um grande comunicado.

- Então vai pro banheiro, sua besta. – Yurio puxou o braço do marido .- Era só o que me faltava...eu já volto Victor.

Olhei meus amigos se afastando e me encostei no bar para dar passagem para outras pessoas. A música mudara e a que tocava agora era mais animada, bem dançante e entortei a boca. Tive que aturar a noite toda musicas melosas e agora era batidão.

- Só porque estou indo embora agora. – murmurei sozinho.

Não demorou muito e vi meu casal de amigos voltando. Otabeck andava meio trôpego e quase caiu. Yurio o segurou antes que desse de cara no chão. Corri para ajudá-los.

- Que merda! Por que teve que beber tanto? – Yurio bateu na cabeça de Becka que nem sentiu de tão bêbado que estava.

 Não podia deixar meu amigo grávido fazer um esforço daquele tamanho.

-Vou te ajudar a levá-lo pra casa. – segurei do outro lado para sairmos.

Nessa hora alguém caiu bem na nossa frente. O homem parecia tão bêbado quanto Otabeck.

- Me desculpe. – ele disse tentando se sentar e quando nos olhou senti que meu mundo parou, literalmente.

Otabeck gargalhou quando o viu.

- Olha ele aí. Eu não disse que ele viria?

- Sim. – Yurio virou os olhos com um braço ao redor do marido o apoiando - Você disse Becka. Você disse.

Eu o encarava boquiaberto e não conseguia me mover. Quando nossos olhos se encontraram, os dele pareceram se iluminar em reconhecimento. Um sorriso se formou em seus lábios.

- Victor...Victor...- se ajoelhou beijando minha mão – é você...é você mesmo, você está aqui. – sua voz saiu alta e estava arrastada, assim como a de Otabeck - Me perdoe...me perdoe...meu lindo...eu tentei, mas não estava te achando..e então... –olhou pro bar...

Eu não estava respirando, prestando atenção em cada palavra que ele dizia. Quando se calou e me encarava com os olhos de cachorro abandonado, parecendo envergonhado por estar daquele jeito e suspirando, eu tentei encontrar minha voz.

- Não tem problema. – eu disse me ajoelhando a sua frente. Seus olhos me encontraram e ele sorriu. Um sorriso lindo. – Não tem problema. – voltei a afirmar.  

Yuri estava claramente alcoolizado e imaginei como ele faria para ficar de pé. Segurei sua mão para apoiá-lo, mas me enganei. Ele apoiou sua outra mão no banco e logo já estava de pé a minha frente, me levantando.  Alto, forte, com os cabelos bagunçados e aqueles óculos enormes.

Fui então surpreendido por um abraço, e então a próxima coisa da qual estava ciente era o rosto de Yuri enfiado em meu pescoço enquanto seus braços me prendiam perto do seu corpo, cruzados em minhas costas e não me permitindo sair dali.

- Você não faz idéia de quanta falta eu senti de você. – ele disse ainda com o rosto enterrado em mim.

Retribuí o abraço, sentindo sua respiração pesada no meu pescoço.  Meus olhos começaram a nublar com lágrimas.

- Sim. Eu faço. – respondi baixinho, retribuindo o abraço e sentindo ondas de eletricidade entre meu corpo e o dele.

Ficamos daquela forma por algum tempo, até que meu amigo berrou ao meu lado.

- Não tem de quê Victor!!!- gritou no meu ouvido.

Me afastei sentindo vontade de beliscá-lo. Seu olhar dizia que ele se sentia triunfante.

Yuri passou o braço na minha cintura me puxando para mais perto. Sorriu para meus amigos.

E eu deitei minha cabeça em seu ombro.

Agora sim me sentia completo.

- Obrigado Yurio. – disse baixo, ciente que ele tinha ouvido já que me encarava tipo:  “Eu não te disse, Vitya.” 


Notas Finais


Victor e Yuri estavam sofrendo horrores com a distância, principalmente Victor, que aposto ainda não conseguiu dar faxina em seu apartamento, mas agora está todo pimpão com a volta de Yuri. Quero só ver como nossos gatinhos vão levar os gatões bêbados para casa, acho que vai dá merda e das grandes rsrsrsrsr.
E pobre Yurio gente, como sofre. Juro gente, fico com pena desse menino com essa barriguinha linda de grávido. Se pudesse eu trazia aqui pra casa para paparicá-lo e deixar ele comer todo chocolate.
Obrigada a todos que favoritaram e comentaram a barca. Principalmente das mensagens privadas perguntando quando voltaria. Estou finalizando duas fics em outro site e por isso ainda não tinha postado aqui. Mas como o carinho de vocês foi enorme com a Barca, fiz um esforcinho e postei aqui. Estava com muitas saudades de vocês. Agradeço a todos os comentários me estimulando a continuar as postagens. Vocês são o nosso gás para não desistir das fics.
Beijinhos e até o próximo.


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