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História A barraca do beijo- noany - 11


Escrita por: noanyfic

Capítulo 11 - 11


Eu odiava segundas-feiras. Eram um saco. Não havia nada de positivo nas manhãs de segunda-feira. Sempre programava o despertador para tocar vinte minutos antes do necessário, porque detestava ter que sair da cama.

Finalmente consegui me levantar e tirei a calça preta do guarda- roupa.

Nossa escola foi construída por volta de mil novecentos e pouco, e, por algum motivo idiota, ainda mantinha a tradição do uniforme. Não era o pior uniforme do mundo, mas eu gostaria que não fôssemos obrigados a usar isso.

 

 

E, como se as segundas-feiras já não fossem suficientemente ruins, a minha estava prestes a ficar bem pior.

Raaaaasg!

Fiquei paralisada, com o pé chegando até a metade da perna da calça.

Rapidamente tirei-a e dei uma olhada no estrago. Na semana passada, havia somente um buraquinho na costura da parte interna da perna direita. Agora havia um rasgo imenso.

Ah, merda — resmunguei, jogando-a no chão. Eu não era muito boa com costura, mesmo que estivesse em um dia bom, e meu pai jamais iria conseguir consertá-la. Teria que comprar uma calça nova pela internet, que deveria chegar lá pela quinta-feira, pelos meus cálculos. Mas, até que isso acontecesse, teria que usar a minha velha saia.

Detestava a saia do uniforme da escola. Era um modelo pregueado, feito com um tecido xadrez azul e preto. Era preciso usar meias com ela. Não podia usar uma legging, nem ir com as pernas à mostra. Meias até a altura do joelho. A combinação ficava bem em algumas pessoas, e eu havia aceitado aquilo e usado a saia durante algum tempo no ano passado antes de decidir que jamais iria encostar a mão naquela peça de novo.

Mas eu não tinha escolha.

E o pior: agora, aquela saia estava meio curta para mim.

Suspirei outra vez. Não havia outro jeito. Não era como se eu tivesse outra opção. Revirei uma gaveta até conseguir encontrar um par de meias que havia comprado para usar com a saia no ano passado. Encarei meu reflexo no espelho com uma careta antes de descer para tomar o café da manhã.

 

Belinha engasgou com o seu cereal quando entrei na cozinha. Riu com tanta força que cuspiu seus Cheerios por todo lugar. — Mas que diabo é isso?

Bellinha, cuidado com essa boca suja — ralhou o meu pai. Em seguida, virou-se para olhar para mim e ergueu as sobrancelhas. — Isso não é meio...

inadequado para usar na escola,Gaby?

Bufei, fechando a cara. — Minha calça rasgou.

Como você conseguiu fazer isso?
Esqueci de consertar o buraco nela e... não sei. Ela simplesmente rasgou.

Meu pai suspirou. — Você vai ter que comprar outra. Não estou com tempo de correr até o shopping para lhe comprar uma calça nova.

Sim, eu sei.

Eu mal havia terminado de comer meu cereal quando ouvi Josh buzinar impacientemente do lado de fora. Coloquei minha tigela na pia e me despedi da minha família. Corri até o carro, entrando antes que alguém pudesse me ver de saia.

Você está de saia — comentou Josh.
Parabéns, Sherlock — murmurei. — Vamos logo.
O que acabou com o seu humor logo cedo? — provocou ele.
Minha calça rasgou.
Achei que você ia consertá-la.
Esqueci.

 

Está ótima, Elly, não se preocupe. Você realmente devia usar saias mais vezes.

Dei um tapa em seu braço; Josh sorriu e ligou o rádio. Não demorou muito até chegarmos à escola. Disse a mim mesma para engolir o orgulho e, depois de respirar fundo, saí do carro. Chegamos um pouco mais tarde do que o habitual, e a maioria das pessoas já estava por ali.

Bati a porta do carro e fui até o outro lado para sentar sobre o capô com Josh quando um grupo de rapazes veio nos cumprimentar.

Ei, você está uma gata — disse Lakota com um aceno de cabeça, piscando um olho para mim.

Fechei a cara, cruzando os braços. — Cale a boca.

O que foi? — ele protestou, fazendo-se de inocente. Eu sabia que ele só estava brincando, mas meu humor não estava bom para aguentar aquilo.

Decidi sair dali e conversar com algumas das garotas, quando vi Hina e Daniella, com quem faço aula de química, alguns carros mais adiante. Alguém deu um tapa na minha bunda quando passei, e virei para trás, furiosa.

Era um dos jogadores do time de futebol, Johnson, que me encarava com um sorriso torto.

Por acaso você deu um tapa na minha bunda? — perguntei, apertando os dentes.
Talvez.
Ei, perdi a festa do sábado — dissePedro, seu amigo. Eu não o conhecia muito bem, mas, pelo que já havia visto, era um panaca arrogante. E, como se quisesse comprovar que realmente era, ele emendou: — Será que vai ter uma reprise da sua performance?

 

 

Alguns dos garotos riram e aplaudiram, e Pedro começou a rebolar como uma garota e a tirar a camisa de dentro da barra da calça como se fosse ficar nu. Até que a cena seria engraçada, mas eu estava muito irritada com ele e sua cara de superior.

Apertei os dentes. — Ah, vê se cresce.

Pedro segurou no meu pulso e me puxou em sua direção. Provavelmente estava achando tudo aquilo uma brincadeira, mas eu tinha uma ideia bem diferente. Puxei o braço para trás e o encarei com uma expressão irritada.

Ei, pare com isso — esbravejou Josh, chegando mais perto.
Me obrigue — rebateu Pedro, abrindo os braços para desafiá-lo. E assim eu o soquei.

Bem,  tentei  —  alguém  segurou  o  meu  punho  antes  que  eu  o acertasse no queixo.

Puxei a mão para me desvencilhar daquela pegada, mas não antes que um punho diferente acertasse a cara de Pedro. Então, ele foi empurrado contra a velha caminhonete que estava ao nosso lado, finalmente me largando.

Olhei ao redor. É claro. Tinha que ser Noah. Foi ele que interferiu.

Briga! Briga! Briga!

De repente, havia uma aglomeração enorme no meio do estacionamento, todos gritando Briga! Briga! , ou reagindo adequadamente com frases como Ahhh, ou Ai, isso deve ter doído, conforme apropriado. E eu estava presa bem ali, no olho do furacão, paralisada, incapaz de me mover.

Levou uns dois segundos até que a realidade me fizesse acordar novamente.

 

 

Avancei correndo, tentando afastar Noah de Pedro, que estava com o lábio partido e sangrando. Não poderia estar mais lívido, mesmo se quisesse.

Noah! — gritei várias vezes, mas ele não me ouvia. Os rapazes estavam todos gritando e batendo boca, agora, para completar, havia também um professor tentando controlar a situação, mas o meu cérebro não percebeu nada daquilo.
Josh! — tentei pedir, sentindo-me impotente, puxando seu braço. — Faça alguma coisa!
O que você acha que estou fazendo? — respondeu ele, ríspido. — Ninguém trata a minha melhor amiga assim e sai impune.
Josh... — suspirei, derrotada, quando ele voltou a gritar e empurrar a massa de rapazes.
Cara, se você gosta dela, não tem problema — esbravejou Johnson com Noah. — Mas tenho certeza de que sobra para mais gente.

Ele se esquivou de outro soco e encarou Noah, desafiando-o a continuar a briga.

Mas eu fiquei ali, olhando feio para ele. — O que você disse?

Você me ouviu — disse ele, piscando o olho. Fiz uma careta.
Já chega! — rosnou Noah.
Urrea! — gritou o professor, aproximando-se por entre a multidão que se dispersava rapidamente.

As outras brigas pararam naquele momento, e Noah só parou porque fiquei bem diante dele, com as mãos em seu peito, empurrando-o

 

para trás.

O que significa isso? — quis saber o professor. Reconheci a voz da vice-diretora Yonta.
É só um enorme mal-entendido — disse a ele. — Sério.
Todos vocês. Uma semana de detenção. Noah Urrea, Sampaio, quero vocês dois na minha sala agora. Você também,Any Gabrielly.

Fiquei boquiaberta. — O que foi que eu fiz?

Nada. Mas eu gostaria de dar uma palavrinha com você. Suspirei, decepcionada e, de repente, senti um braço ao meu redor. Era Josh.
Obrigada — balbuciei. — Mas você não devia ter se envolvido.
É claro que devia. Ninguém pode tratar você assim, Elly.
Você faz isso o tempo todo.
Mas eu posso. Somos amigos. Esses idiotas... eles não podem falar assim com você e sair impunes.
Bem, obrigada — disse, dando-lhe um abraço de lado bem desajeitado.

Ele retribuiu o abraço. — Sabe de uma coisa? — murmurou na minha orelha. — Estou começando a pensar que o meu irmão gosta de você, Elly.

Bufei. — É isso ou então ele estava procurando briga.

Ah, provavelmente é a segunda opção, então.
Definitivamente — corrigi, fazendo-o rir. O sinal tocou quando

 

chegamos à sala do vice-diretor, e Josh suspirou.

Tenho que ir para a minha aula.
Certo. Bem, conversamos mais tarde, então.
Está bem. Boa sorte — ele acrescentou com uma expressão grave. Ri, acenando quando ele ia embora, e sentei em uma das cadeiras. Alguém sentou na cadeira ao lado da minha — Noah. A vice-diretora e Pedro entraram direto no gabinete. A porta se fechou por trás deles com um estalido sinistro.



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