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História A base de mentiras - Pequena



Notas do Autor


Olá galeraaa! Como vão?!

Aqui tá frio e chuvoso... Clima perfeito pra ficar em casa :)

Boa leitura!

Capítulo 270 - Pequena


Fanfic / Fanfiction A base de mentiras - Pequena

Raiden

 

O helicóptero pousa na CCHI, em uma das áreas reservadas especialmente para isso, afinal os compradores vem para cá nos mais diversos veículos de locomoção. Confesso que não vim muitas vezes aqui, apenas algumas com meu pai, mas foi o suficiente para conhecer bem esse lugar e gravá-lo na minha memória.

- Nossa parada é aqui, todo mundo para fora. – Ordeno, sendo o primeiro a descer, logo me deparo com um homem.

- Arai Raiden? – Ele indaga e eu confirmo, o mesmo me estende a mão. – Prazer em conhecê-lo pessoalmente, foi comigo que você falou pelo telefone.

Aperto sua mão, estranhando-o ali. Demorava um século para encontrarmos alguém que pudesse nos atender, nunca saímos do helicóptero e demos de cara com um funcionário que parece ter todo o tempo do mundo.

- Qual dos dois? – Pergunto, só para ver descubro mais sobre aquela briga, claro que eu sei que ele é o que ligou para o Naoto, e não o outro que se intrometeu repentinamente na conversa.

- Você ouviu? Sinto muito por aquela confusão, aquilo não vai se repetir. – Ele garante, sem me explicar muita coisa, ou melhor, não explicando nada. – Onde ela está?

- Aqu... – Digo, mas paro quando olho para trás e não a encontro, nem ela e nem o Naoto. – Espere um segundo.

Estou prestes a entrar no helicóptero quando eles descem devagar, literalmente grudados um no outro. Depois de quase uma eternidade eles chegam ao solo e nós dois vamos na direção deles, já que o contrário iria levar uma vida inteira.

- Desculpe perguntar, mas tem certeza que é ela? No registro diz que ela estaria com quase treze anos.

- É pequena, mas é ela mesma, não houve nenhum erro. – Respondo, às vezes é realmente inacreditável comparar sua idade com a aparência. – Por que vocês dois estão tão agarrados?

- Essa pergunta é séria Raiden? – Ele retruca, o tom de voz que usa me irrita. – Estou ajudando-a a andar porque, graças a sua surra, ela não consegue se manter de pé sozinha. É por isso que estamos tão agarrados.

- Aqui, para facilitar as coisas. – O homem chama nossa atenção, trazendo com ele uma cadeira de rodas, realmente o comportamento dele conosco está sendo muito diferente do habitual que eu conheço.

- Uma cadeira de rodas. – Ela sussurra, pensei que não sabia o que era, talvez tenha aprendido com alguém do hospital.

- Acho que é uma boa ideia. – O Naoto comenta, andando devagar com ela até a cadeira de rodas, mas sua cabeça olha para todos os lados, claramente tentando reconhecer o lugar.

- Quem vai sentar? – Ela pergunta, se soltando dele e segurando na cadeira de rodas, como se fosse empurrá-la. O que é uma cena engraçada, considerando suas pernas que tremem tanto que parecem que vão ceder a qualquer momento, ela não tem a mínima condição de empurrar alguém na cadeira de rodas.

- Você não vai empurrar, eu que vou. E é você que vai se sentar. – Ele explica, ajudando-a a dar a volta na cadeira e pondo-a sentada. – Agora, que lugar é esse?

- CCHI.

- Você foi o cara que me ligou? – Ele interroga, olhando pro homem que respondeu sua pergunta.

- Sim, fui eu mesmo, e é um prazer conhecê-los. – Afirma, dando um sorriso amarelo e se dirigindo até ela. – Principalmente você pequena.

- Dá pra alguém me explicar o que é CCHI?

- Centro de comercialização humana internacional ou, para melhor entendimento, o local onde seu pai comprou-a. – Ele explica ao Naoto, que o encara de forma um pouco cética. – Bom, vamos entrando que temos muitas coisas para fazer.

Ele sai andando, deixando-nos para trás. Começo a andar para poder alcançá-lo e, quando passo por eles dois, o Naoto segura meu braço, detendo-me.

- O que está acontecendo para estarmos aqui?

- Sei tanto quanto você. – Respondo, me desvencilhando rapidamente dele. – Agora vamos que eu quero saber o motivo de terem te ligado e estarem agindo tão estranhamente.

- Não gosto desse cara. – Ele murmura e, acho que pela primeira vez na minha vida, concordo plenamente com o Naoto. – Ele não tirou os olhos dela.

- Por que estamos indo por esse caminho? – Questiono, esse não é o caminho que fiz das outras vezes. – Não estamos indo pela principal, senão alguém já teria cruzado nosso caminho.

- Bem observador da sua parte. – Ele comenta, mas não é observação, é desconfiança mesmo. – Estamos passando por alguns... Problemas internos. Esse caminho é mais longo, porém a chance de encontrarmos alguém é bem menor, e isso é o melhor no momento.

Fazemos uma curva e viramos, tomo um susto com o que encontro. O corredor está bloqueado, em sua maioria, por crianças, com exceção de alguns adultos.

- Merda. – O homem que nos guia sussurra, agora que eu tenho certeza que tem algo muito errado acontecendo aqui – O que vocês pensam que estão fazendo?! Saiam da frente!

- É melhor você soltar ele. – Uma mulher de seus trinta e poucos anos manda, se referindo a alguém que não faço a mínima ideia de quem seja. – Nós não vamos parar até que ele esteja livre.

- Acha que eu tenho medo de um bando de crianças? – Ele retruca, talvez ele não tenha medo, mas eu já penso diferente. Começo a andar discretamente para trás, a situação é tão alarmante que até o Naoto me segue, puxando-a para trás também.

- Você que sabe. – Ela diz, dando um sorriso de lado e indo embora com os outros adultos, restando apenas as crianças. – FAÇAM O QUE QUISEREM COM ELE E NÓS PROMETEMOS QUE IREMOS PROTEGÊ-LOS DE QUALQUER CASTIGO QUE QUEIRAM APLICAR EM VOCÊS POSTERIORMENTE!

Uma das crianças vem a frente, mas ainda fica bastante afastada de nós. Ele não é a criança mais velha, porém acredito que seja o mais corajoso. Todas as crianças estão na mesma posição, eretos com uma mão atrás das costas, e esse menino é o primeiro a retirar as mãos das costas.

- Pela liberdade do tio! – Ele exclama, erguendo a mão que segura uma pedra.

- PELO TIO! – Todas as outras crianças o acompanham, revelando pedras nas mãos escondidas atrás das costas, definitivamente precisamos sair daqui.

- Corram! – O homem manda, disparando pela direção que viemos. Acompanhamos ele sem hesitar, afinal é seguir o cara estranho ou ser engolido pela multidão de crianças furiosas. Enquanto corremos e desviamos de algumas pedras que são tacadas, ele pega um comunicador. – EU ESTOU SENDO PERSEGUIDO POR UM GRUPO DE CRIANÇAS ARMADAS COM PEDRAS! ONDE ESTÃO OS MALDITOS SEGURANÇAS DESSE LUGAR QUE DEVERIAM MANTER A ORDEM?!

Não consigo entender a resposta mecânica que vem do aparelho, mas ele parece conseguir compreender.

- NÓS NÃO PODEMOS CEDER! NÃO VAMOS SOLTÁ-LO DE JEITO NENHUM! – Ele berra, mais furioso que antes, seu rosto está até mesmo assumindo tons avermelhados. – AQUELE CARA JÁ COMETEU DUAS INFRAÇÕES GRAVES, ELE VAI FICAR PRESO ATÉ QUE A CORTE O JULGUE!

Eu acho que esse cara que ele tanto fala é o tal tio, e eu acho que esse tio também é o cara que discutiu com ele durante nossa ligação.

- OS SUPERIORES QUEREM SOLTÁ-LO?! DE JEITO NENHUM, EU VOU FAZÊ-LOS MUDAREM DE IDEIA! – Grita, estou preocupado com o fato das crianças estarem se aproximando cada vez mais. – NÃO ME IMPORTO SE NÃO SÃO APENAS AS CRIANÇAS ENVOLVIDAS NESSE LEVANTE, POR MIM MATAVA TODOS OS ENVOLVIDOS, TANTO AS CRIANÇAS QUANTOS OS AMIGOS DELE QUE ESTÃO FAZENDO ESSA REVOLTA! E EU COMEÇARIA MATANDO-O LOGO, AQUELE CARA SÓ NOS TRÁS PROBLEMAS!

- Desculpa interromper sua conversa, mas estamos com problemas maiores do que o que fazer com um cara preso. – Aviso, ele estava tão absorvido na conversa que parece nem se lembrar que estamos sendo perseguidos.

- Fecha agora o portão 345-B! –Ele manda pelo comunicador, e logo escuto um forte baque. Olho para trás e não venho mais as crianças, apenas uma porta de ferro fechada. – Feche todas as portas que deem passagem para o corredor 3-B, deixe aberta apenas as necessárias para que alcancemos o centro médico, feche todas as portas desnecessárias para nossa locomoção.

- O que acabou de acontecer?! – O Naoto exclama, visivelmente sem ar, acho que ela é a única de nós quatro que não está com falta de ar, afinal não precisou correr, mas suas mãos seguram com muita força os braços da cadeira, acho que não é uma experiência muito boa andar em alta velocidade em uma cadeira de rodas.

- Acho melhor irmos embora e voltarmos outro dia, claramente não é um bom momento. – Afirmo, já foram emoções demais para um dia só, minha curiosidade até já foi embora.

- Não, por favor, fiquem. – Ele pede, ou melhor, quase implora, só faltou ficar de joelhos. – Se o problema for a segurança, eu arrumo uma escolta armada até o centro médico, chegando lá vocês estarão completamente seguros.

- Nem pens...

- Tudo bem. – Aceito, interrompendo a negação do Naoto. – Mas eu não dou um passo sem a escolta armada.

- Claro, já vou providenciar. – Ele garante, pegando novamente o comunicador. – Preciso de uma escolta armada pra ontem, no mínimo uns dez e com armas letais, a próxima criança ou companheiro dele que entrar no meu caminho será executado.

A situação daqui deve estar caótica, porque aquelas crianças, sem dúvidas, estão aqui para serem vendidas, e matá-las significa perder dinheiro, coisa que só se atrevem a fazer no último caso.

- Eu não me importo se todos os seguranças estão ocupados tentando dar um jeito neles, isso é mais importante. – Ele argumenta, acho que não vai conseguir arranjar os seguranças, eles não vão simplesmente parar de combater uma revolta para fazer uma simples escolta. – Para de arranjar desculpas e presta atenção seu idiota. Eu estou com ela, e eles vão embora se não arranjar seguranças para nos protegerem até o centro médico. Entendeu agora? Ela é a prioridade máxima, nossa primeira obrigação é levá-la em segurança até o centro médico e depois cuidar da rebelião.

Ele fica mais um tempo no comunicador, dessa vez só ouvindo sem falar nada, enquanto isso processo a meia conversa que ouvi, eles estão realmente muito interessados nela.

- Os seguranças vão chegar aqui o mais rápido possível. – Revela, ficarmos parados aqui só aumenta o perigo, mas nos mover também não parece uma boa ideia. – Sinto muitíssimo pela confusão, geralmente esse lugar não é assim.

- Por que todo esse esforço para levá-la até o centro médico? O que vocês querem com ela?

- Desconfiamos de uma coisa, e precisamos urgentemente que nossa desconfiança seja uma certeza. Mas só poderemos confirmar com alguns, vários, exames médicos. Não quero contar agora para não dar falsas esperanças, mas garanto que valerá muito a pena. – Ele responde, não sei como alguns exames médicos possam machucar, então eu acho que não tem nada demais eu permitir que façam, visto o esforço tremendo que estão fazendo. – Um segundo por favor, alguém está me contatando.

Ele torna a pegar o comunicador, em pouco tempo sua calma vai se embora novamente, dando lugar aos gritos.

- ALÉM DE SOLTÁ-LO AINDA ESTÃO NEGOCIANDO COM ELES?! – Grita, tenho certeza que é o tio, o cara que as crianças queriam ver solto, parece que conseguiram. – SERÁ QUE OS CHEFES JÁ OUVIRAM DIZER QUE NÃO SE NEGOCIA COM ESCRAVOS NEM TRAIDORES?! O QUE ESSE BANDO DE REVOLUCIONÁRIOS DE MEIA TIGELA ESTÃO PEDINDO ALÉM DA SOLTURA DELE?! ELES JÁ CONSEGUIRAM O QUE QUERIAM, PELO QUE AINDA ESTÃO BRIGANDO?!

- Que cara escandaloso, gritar só vai nos deixar surdos e curiosos. - O Naoto resmunga, mas não concordo, gritar é uma ótima forma de descontrair a raiva.

- Agora já é demais, eles não podem estar cogitando isso. – Ele fala em um tom normal, que é pior que os gritos, dá pra ouvir com clareza o quão chocado está, o que só aumenta a curiosidade que voltou. – Não vai dar certo eles se encontrarem, não mesmo. Existem soluções muito mais simples e menos arriscadas de tratar dessa situação! Fuzila vinte crianças, apenas vinte, que toda essa comoção para que ele possa vê-la acaba! E o prejuízo que temos com a morte de vinte crianças é menos da metade do prejuízo que teríamos caso acontecesse alguma coisa com ela! Eles têm que levar isso em consideração antes que permitam que ele tenha contato com ela!

Logo em seguida desliga, parecendo contrariado, e é bem nessa hora que chega um grupo de seguranças.

- Vamos logo fazer esses malditos exames. – Ele manda, sem tentar ser gentil conosco e disfarçar sua raiva. – E, depois, ele vai falar com ela. Aquele filho da puta conseguiu quebrar todas as leis, sair impune e ainda conseguiu o que queria!

- Espera, com ela? – Repito, apontando pra azulada e ele confirma. – Não, nem pensar, eu nem sei quem esse cara é.

- Na situação atual, não vão deixar vocês saírem com ela sem eles se encontrarem. – Informa, eu pensei que a nossa situação não podia piorar. – E você pode não conhecê-lo Arai, mas seu pai conhece.

- Como assim?

- Ele causou uma confusão tremenda há quase doze anos atrás, foi o maior drama que eu já vi alguém fazer, e seu pai estava aqui no dia. – Responde, eu devia ser pequeno na época, por isso não me lembro de nada disso, não devo ter vindo com ele.

- Quem é ele? – Ela pergunta baixinho, mesmo assim todos nós escutamos e a encaramos, porém logo tiro meu olhar dela e olho para ele, esperando a resposta para essa pergunta que eu também queria fazer.

- É provável que você não se lembre dele, era muito pequena na época. – Ele afirma, com a voz mais calma que antes, o autocontrole, aparentemente, retomado. – Estamos falando do cara que te trouxe para cá.

- O sequestrador?! – O Naoto exclama, tão chocado quanto eu.

- Para ele ter sido o sequestrador, precisaria ter existido um sequestro, o que não foi o caso dela. Foi ele que a trouxe do hospital para cá depois que o pai a vendeu.


Notas Finais


Trechos do próximo capítulo:

- Saíram os resultados do exame de sangue, ela está grávida! Por que ninguém me avisou sobre isso?!
- E importa alguma coisa ela estar grávida? Não interfere em nada no que queremos.
- A médica aqui sou eu ou é você? Era importante terem me contado sobre a gravidez dela, mulheres grávidas já passam mal se pularem uma refeição, imagina uma criança que não comeu nada durante o dia inteiro. Preciso aferir a pressão dela. Pequena, preciso que se sente para isso.

- O que? Claro que eu não estou apaixonada por você. Quer dizer, eu acho que não.
- Você acha?
- Eu amo uma garota, mas eu venho pensando, e nesse pensar eu poderia... Começar a gostar de você? Não precisa responder, até porque nem eu mesma sei a resposta, eu só... Eu gosto de te beijar.

A palavra de hoje é "Beijo"
Kissus


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