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História A base de mentiras - Yuuichirou - Parte um



Notas do Autor


Olá galeraaaa! Como vão?!

Não tenho nada a falar, então vamos logo ao capítulo!

Boa leitura!

Capítulo 311 - Yuuichirou - Parte um


Fanfic / Fanfiction A base de mentiras - Yuuichirou - Parte um

Yuu

 

Recebemos alta incrivelmente rápido e embarcarmos em um jatinho mais rápido ainda, partindo em direção a França, acho que posso chamar aquele país de casa depois de viver tanto tempo no corpo de um garoto francês.

Olho pela janela e observo a vista sem graça do lado de fora, porém também não há nada para se fazer do lado de dentro. Poderia me retirar e deixar o Yukki assumir o corpo, mas também não estou a fim de deixá-lo no comando.

- Seu celular está tocando. – Aviso-a, pois o toque estava começando a me irritar.

- Obrigada Yuu. – Ela agradece e atende a droga do celular, me dando um pingo de paz. – O que você quer?

O tom rude que ela usa atrai minha atenção, porque sei que ela só trata uma pessoa nesse nível, sua misteriosa mãe a qual não sei nada, nem mesmo seu nome.

- O Yukki está bem, mas por que se importa? – Retruca, as unhas bem feitas e afiadas dela agarram o braço da poltrona, quase rasgando o estofado perfeito. – Vá chorar por suas outras filhas e esquece que eu e minha família existimos, faça o que você sempre fez mãe, desapareça e esqueça de mim!

Essa é a confirmação de que eu estava certo, ela está mesmo falando com a mãe, e acho que nunca vi alguém falar com tanto desprezo dirigido à própria mãe, nem eu falava assim com a minha... Bem, isso não é inteiramente verdade.

- Eu chamo você como eu quiser mãe, apesar de você não merecer ser chamada assim, já que você é a pior mãe da face da Terra. – Ela acusa, porém eu nego mentalmente, posso apostar minha alma que sua mãe não é pior do que a minha. – Acha que eu me importo com isso?! Eu queria te ver morta, eu só não abro a minha boca porque quero viver em um mundo sem você, e não morrer com você.

Existem inúmeras formas de se fazer isso, várias formas de matar sua mãe sem ser morto, mas eu definitivamente não sou a melhor pessoa para falar sobre isso, afinal eu estou morto.

- Eu não devo desejar a sua morte?! Devo lembrar que você e meu pai planejaram me abortar, e você só não levou isso adiante por covardia?! Você queria me matar, você me pôs no mundo, esqueceu que eu existo e quer que eu não deseje sua morte?! Foi mal mãe, mas você não está me ajudando a não odiá-la.

Ela desliga o celular e percebe que estou encarando-a intensamente, aproveito essa oportunidade.

- Quem era?

- Engraçadinho, desista, não vou contar quem ela é. – Ela responde, eu já esperava por isso, tentei de todas as formas descobrir quem é essa mulher e só acabava em becos sem saída. – Ela é somente a mulher que mais odeio na face da Terra e é infelizmente minha mãe.

- Podia ser pior. – Retruco e volto a observar o lado de fora, antigamente eu pensava que viagem de avião era interessante, hoje em dia eu sei o quão entediantes são. 

Do nada sinto braços me envolverem e me apertarem, viro rapidamente minha cabeça e me deparo com ela agora sentada ao meu lado, me abraçando. Reviro os olhos com tal ação e a empurro, até que eu consigo me soltar e levantar do assento.

- Eu não sou o Yukki. – Afirmo, me afastando dela e me sentando na outra fileira, do outro lado do jatinho. – Não me abrace.

É irritante, abraços são irritantes, principalmente porque ela pensa que eu sou o Yukki. Não sei quantas vezes mais precisarei afirmar que não sou o Yukki e que nós dois somos muito diferentes, somos o completo oposto um do outro. E se ela consegue nos diferenciar tão bem, deveria compreender isso.

Só que ela é pegajosa, muito pegajosa, com o filho dela. E eu acabo metido nos beijos, abraços e carinhos por estar no corpo dele, porém eu já deixei mais do que claro o quanto odeio tudo isso, o quanto odeio esse lado dela.

Apesar deu odiar esse lado dela, não posso negar que é uma mulher interessante, poderosa. O mesmo vale para o pai do Yukki, ambos tem pontos que me irritam, porém posso dizer que as qualidades deles são mais acentuadas que os defeitos.

- Eu te fiz alguma coisa? – Ela pergunta do nada, e isso não faz o mínimo sentido.

- Que raios está falando?

- Você nunca me chama de mãe, não deixa eu lhe fazer carinhos... Eu fiz alguma coisa a você? De algum modo eu lhe magoei, por isso você é assim?

Compreendo o que fala e isso me irrita, ela está me perguntando se fez algo para o Yukki ter magoa dela e se essa magoa me criou. Novamente, ela está me comparando com o Yukki, ela está incomodada com o fato de achar que fez algo a ele.

- Você não é minha mãe. – Falo o que nunca havia dito por... Não sei, talvez para não levantar suspeitas sobre eu ser um espírito fugitivo do inferno. E eu falo isso agora para ela ver que não deve me tratar como se eu fosse o Yukki, somos completamente diferentes, somos pessoas diferentes. – Se você está preocupada com o que o Yukki pensa de você, pergunte diretamente para ele, e não para mim.

Ela fica em silêncio e eu também, não tenho mais nada para falar e, pela primeira vez em muito tempo, estou avaliando minhas palavras. Ela não é mesmo minha mãe, mas eu nunca havia dito isso em voz alta, em doze anos de convivência eu nunca disse que ela não era minha mãe.

Minha mãe, graças a mim, está queimando no inferno. Elas são pessoas diferentes, completamente distintas em todos os sentidos, a única semelhança entre elas é o fato de que o final de ambas será no inferno.

Eu e o Yukki também somos ainda mais distintos, não apenas na personalidade, mas também em nossas vidas. Entre a vida dele e a minha existe um abismo, um abismo que fica ainda mais óbvio quando estou no comando, é assim que percebo o quão sortudo esse garoto maldito e irritante é.

E eu tento usar isso ao meu favor, tento me aproveitar da sua droga de vida perfeita para esquecer da minha, posso dizer que após doze anos isso está quase dando certo. As partes que eu quero esquecer realmente estão se apagando lentamente da minha mente e sendo substituídas por tudo que vivi em seu corpo, porém certas coisas são mais complicadas de desaparecerem do que outras.

 

Flashback on:

 

Eu juro que tentei dormir, mas a animação e ansiedade misturada com as dores pelo meu corpo me impediram de pegar no sono, a única coisa que fiz foi ficar encarando o teto e a janela, esperando ver os raios de sol invadindo logo o meu quarto.

Levantei assim que um mínimo de luz entrou e me arrumei o mais rápido que consegui, vestindo o uniforme um pouco grande em mim e calçando o tênis. Paro na frente do espelho e fico me encarando, me forço a sorrir ao observar o reflexo de um garoto nada atraente, repleto de machucados visíveis em cada canto do corpo e com uma bengala.

Desmancho o sorriso, porque isso definitivamente não está me ajudando, parece que só estou me sentindo pior ainda. Largo a bengala, deixando-a apoiada na minha cama, e me dou um abraço, sem exagerar no aperto para não fazer os machucados doerem.

- Isso foi útil. – Penso em voz alta, parando de abraçar meus braços e descendo para minha cintura, abraçando nesse ponto. – É, isso é muito útil.

Fico desse jeito com meus olhos fechados, apenas sentindo, nem mesmo pensar penso. Não lembro quando comecei a fazer esse ritual, de parar na frente do espelho e me abraçar, mas foi uma boa ideia.

Escuto um barulho na tranca da porta, por isso paro de me abraçar e abaixo os braços, não sei como minha audição continua boa depois de tantas surras.

- Yuuichirou, você tem esc... – Minha mãe começa a falar, mas para, deve perceber que já estou arrumado para ir à escola. Sem falar mais nada, ela bate a porta do quarto e me deixa sozinho novamente.

Eu sei que meu nome é Yuuichirou, mas eu não gosto dele, acho ele muito grande e feio. Então eu me dei um apelido do qual eu gosto mais do que meu próprio nome, Yuu, mas quase ninguém me chama de Yuu. Eu pedi tantas vezes pros meus pais me chamarem de Yuu que eu até já desisti, eles só usam Yuuichirou, pelo menos alguns dos meus professores na hora da chamada me chamam de Yuu.

E também tem mais uma pessoa que me chama de Yuu... Uma pessoa especial, que me faz sorrir, faz meu coração bater forte, faz eu me sentir vivo... E eu vou vê-lo hoje, depois de no mínimo uma semana, eu vou revê-lo. Olho novamente pro espelho e, dessa vez, meu reflexo apresenta um sorriso verdadeiro, esse é o efeito que ele tem sobre mim.  

Pego a bengala e manco com ela pelo quarto, cada passo que dou sinto como se estivesse levando um soco no quadril, andar nunca foi uma tarefa tão difícil e doída. Eu consegui pegar um analgésico escondido, mas só tem um e eu estou guardando-o para tomar na escola, onde eu não posso ficar gemendo de dor.

Consigo dar a volta na minha cama para pegar algo, uma coisa muito importante que eu escondo debaixo do travesseiro. Tiro de debaixo do travesseiro a foto, uma das duas únicas fotos que possuem um valor real para mim, a única coisa que não posso deixar que meus pais joguem fora.

- Você vai continuar gostando de mim com a bengala? – Pergunto para a foto, me sentando na beirada da cama por conta da dor no meu quadril. – Desculpa, eu sou um idiota, é claro que você vai... Mas as vezes eu não entendo o que você viu em mim, eu não tenho nada de especial e ainda assim você... Você...

Não consigo terminar a frase, porque eu fico envergonhado com a lembrança, completamente vermelho. Coloco a foto de nós dois debaixo do travesseiro novamente e cubro o rosto, sentindo-o quente devido ao meu rubor com a lembrança.

Com o rosto ainda coberto por minhas mãos, começo a rir de leve com a lembrança da última vez que vi ele. A noite maravilhosa que passamos juntos valeu a pena, não me importo de ter levado uma surra quando meus pais descobriram que eu dormi com um garoto nem com o fato deu estar permanentemente manco por conta disso, eu tive a primeira vez dos meus sonhos com a pessoa que me faz sorrir e eu não me importo com nenhuma consequência ou punição, nada fará eu me arrepender daquela noite.

- VEM LOGO YUUICHIROU! – Papai berra, me tirando das lembranças fantásticas daquela noite. Ando o mais rápido possível até meu armário e pego o casaco da escola, para cobrir uma parte dos machucados, em seguida pego minha mochila e saio do quarto.

O peso da mochila só acentua a dor no meu quadril, e eu só não perco meu equilibro com ela por conta da bengala. Mal ando do meu quarto até a sala e já estou quase arfando de dor, não pensei que eu fosse sentir tanta dor assim.

Me dirigi direto até a porta, ignorando a mesa posta com o café da manhã, há muito tempo que eu não me sento mais a mesa com meus pais. Iria sair sozinho como sempre faço, mas assim que piso fora de casa percebo que estou sendo seguido, seguido pelo meu pai.

Andamos lado a lado, sem falar nada um com o outro, eu nem me atrevo a olhar em sua direção. Porém, em certo momento, a dor se torna tão intensa que meus passos ficam ainda mais lentos, fazendo com que ele me ultrapasse.

- Mais rápido. – Meu pai manda, impaciente, muito mais a minha frente. É impossível eu conseguir andar mais rápido, eu nem sei como estou andando, os médicos não falaram que eu sentiria tanta dor quando me deram alta.

- Está doendo. – Sussurro, baixo o suficiente para ele não me ouvir. Nesse momento eu só queria que meu pai tirasse a mochila das minhas costas e a carregasse pra mim até a escola, igual fazia quando eu era pequeno, eu nunca precisei tanto que ele carregasse a mochila por mim.

Mas ele não vai fazer isso, nem por iniciativa própria nem se eu pedir, meu pai não faz nada por mim além de me dar surras. Eu sinto falta daquele pai que cuidava de mim, o pai gentil e carinhoso, o meu super-herói. Também sinto falta da minha mãe, da antiga mulher que ela era, e não essa de agora.

Fico pensando o caminho inteiro no porquê meu pai estar vindo comigo, chego a conclusão que a única razão para isso é evitar que eu falte a aula novamente e vá me encontrar com ele, mal sabem meus pais que eu não preciso faltar a escola para vê-lo.

Ele vai embora depois que eu entro na escola, e confesso que me sinto um pouco melhor sem sua presença, é como se os machucados doessem um pouco menos sem ele por perto.

Eu nunca fui o popular, o mais inteligente, o gótico, o jogador do time nem um líder de torcida. Acho que nunca tive amigos e também nunca pertenci a uma panelinha, mas eu sempre gostei de vir a escola. Tirando algumas provocações, aqui eu podia ter um pouco de paz e ficar longe de casa, longe das agressões dos meus pais e seguro.

Aqui eu sou só mais um estudante, talvez um estudante esquisito, porém apenas mais um. Quer dizer, isso mudou um pouco desde que ele chegou, ele... Ele deve estar em algum lugar por aqui, e eu quero procurá-lo, mas andar sem rumo por uma longa distância não parece algo que me fará bem.

Infelizmente nós não estudamos na mesma sala, porque ele repetiu um ano e eu repeti dois, tecnicamente deveríamos estar na mesma sala se não fosse por isso. Ele entrou esse ano na escola, ele e a família se mudaram então ele pediu transferência para cá.

Quando eu ouvi cochicharem sobre o garoto transferido, eu nunca pensei que ele trocaria uma palavra sequer comigo, não com a descrição real dele. Pensei que um garoto tão legal, descolado, popular e bonito nunca daria a mínima atenção para alguém como eu.

Cabelos puramente brancos e olhos dourados, cintilantes como as estrelas, perfeito em cada detalhe. É tão perfeito, ele deve ser algum tipo de ser celestial para ser tão perfeito, um anjo caído. E, por algum motivo que eu não entendo, esse anjo caído se aproximou de mim, gostou de mim, amou-me.

Perdido na lembrança do dono do meu coração, esbarro por acidente numa garota, ou talvez seja ela que esbarra em mim. Dói menos que o esperado, ainda bem, não preciso de ainda mais dor.

- Desculpa. – Peço, mesmo sem saber quem foi que esbarrou, provavelmente fui eu, eu estava completamente distraído.

- Tá. – Ela retruca de forma meio rude, se abaixando para pegar seus livros que eu nem percebi que haviam caído, eu me abaixaria para ajudá-la se ao menos estivesse conseguindo andar sem ir até a lua e voltar.

Ela deve ser uma aluna nova, pois não me lembro dela, e sua aparência é chamativa demais para esquecer. O cabelo dela vai até os ombros e está um pouco bagunçado, mas isso só deixa sua cabeleira ainda mais parecida com uma chama, fogo queimando forte. Acho que ela sente meu olhar sobre ela e levanta o rosto, revelando o par incomum de olhos cinzas, desvio rapidamente meu rosto porque não gosto de fazer contato visual por muito tempo com pessoas que não conheço.

A ruiva termina de recolher os livros e fica em pé bem na minha frente, então se torna um pouco impossível eu não encará-la. Ela faz o mesmo, só que ela me analisa por inteiro e, por fim, seus lábios borrados de batom se abrem em um discreto sorriso assustador, só um pouco assustador.

Sem falar nada, ela prossegue o seu caminho, porém, dessa vez, bate com o ombro propositalmente em mim. Fico um tempo parado, chego a conclusão que algo nela me incomoda, espero que nós nunca mais nos esbarremos.

- Há quanto tempo. – Escuto a voz dele e logo o vejo não muito distante de mim, cortando a multidão para me alcançar. – Pensei que estivesse fugindo de mim.

Meu coração dispara e vai parar na minha boca, impedindo-me de falar qualquer coisa, formular uma frase parece impossível. Só fico encarando-o, nem mesmo negar eu consigo, eu não estava fugindo dele. Na verdade, desde que acordei no hospital, a única coisa que eu queria fazer era vê-lo, mas agora que estou cara a cara com ele as lembranças da nossa noite voltam a minha mente, e eu fico envergonhado demais.

- Já que você não vai falar, então escute. – Ele manda, ao final da frase, parado ao meu lado com seus lábios em meu ouvido, cochichando. – Depois das aulas, me espere no vestiário masculino. Talvez eu me atrase um pouco e eu sei que você tem hora para chegar em casa, então me espere apenas de cueca para agilizarmos as coisas.

Eu mal consigo processar suas palavras antes dele se distanciar de mim, indo até a sua sala. Quando entendo o que disse, sinto minhas bochechas esquentarem ao nível de parecerem brasas e meu coração dispara. Ele quer fazer de novo, significa que ele gostou tanto quanto eu gostei.

Fico tão feliz que mal sinto a dor enquanto ando até minha sala, é como se todo meu corpo estivesse entorpecido com a droga da felicidade cujo fornecedor é o amor. Porém, eu caio de volta na realidade quando me vejo parado na frente da escada que leva ao andar da minha sala, eu nunca tinha percebido o quão grande era essa escada.

Respiro fundo e dou o primeiro passo, tentando suportar a dor triplicada devido ao esforço necessário para subir essa escada. Eu consigo, é só eu subir isso rápido e tomar o analgésico no bebedouro, eu preciso sentir a dor logo de uma vez só e depois não irei mais a sentir.

Tenho a certeza de que vou chegar atrasado quando percebo que ainda estou na metade da escada e ainda por cima sozinho, todos os outros alunos já devem ter entrado. Por mais que eu tente me manter firme, minhas pernas e braços tremem com a dor, eu estava errado quando pensei que ela não podia piorar.

Quando chego no topo da escada quase que me sento ali mesmo, porém eu não conseguiria me levantar se sentasse, tenho certeza disso. Então, pego o analgésico na minha mochila e sigo até o bebedouro que, por sorte, fica bem ao lado da minha sala.

Depois de tomar o comprimido e torcer para que pelo menos alivie parte da dor, eu entro na sala. Todos os olhares se voltam para mim, afinal eu estou interrompendo a aula e fiquei vários dias sem aparecer, não sei quantos foram.

Tento bater a bengala de leve no chão, para produzir o mínimo de barulho possível enquanto ando até o professor, que não me mandou sair por conta do atraso. Chego bem perto dele, porque não quero que ninguém escute o que vou dizer.

- Professor, eu... – Penso no que falar, qual desculpa usarei dessa vez. – Eu me envolvi numa briga e não estou enxergando muito bem por conta disso, eu sei que eu cheguei atrasado e todas as cadeiras da frente estão ocupadas, mas... Teria como o senhor me ajudar? Eu não vou conseguir enxergar lá atrás.

Fico em pé, esperando por sua resposta, esperando que parem de me encarar, esperando que o analgésico faça efeito e a dor passe. Espero muito que o professor me ajude, senão não irei enxergar nada no quadro, nem sei se sentando na frente eu vou conseguir enxergar alguma coisa.

- Kasai, poderia ceder seu lugar para o Yuuichirou? – O professor pede, e eu estranho esse nome, não me lembro de ninguém com o nome Kasai na minha turma.

Olho na mesma direção que o professor, me deparando com a garota com quem esbarrei no corredor, a menina cabelo de fogo. Ela também me encara e, sem falar nada, junta suas coisas e sai da cadeira.

Me sento no seu lugar, mas juro que preferia me sentar em qualquer outro lugar, menos no lugar dela. Não sei porque, mas algo dentro de mim diz que eu não devo mexer com ela. Só que, no momento, a única coisa que eu posso fazer é ajeitar meu material e prestar atenção na aula.

Eu não quero reprovar novamente, isso já aconteceu duas vezes, mas a dor não deixa eu me concentrar, e isso é frustrante. É sempre assim, eu nunca consigo me concentrar nas aulas por conta de alguma dor e eu acabo reprovando exatamente por isso. Quando não é por isso, é por faltas.

Abaixo a cabeça em sinal de desistência, mas não apenas desistência, também em sinal de um pouco de respeito ao meu corpo. Eu tomei a pior surra da minha vida, não posso ficar me martirizando por não conseguir me concentrar no primeiro dia, amanhã eu tento com mais vontade.

Abro o caderno e pego o lápis, começo a escrever algo aleatório apenas para parecer que estou copiando, não quero que meus pais sejam chamados para vir a escola, isso me renderiam mais machucados e mais dias sem conseguir me concentrar na aula.

Presto atenção no que estou fazendo quando traço um coração, ao redor de algumas palavras. Leio-as em silêncio, fico em dúvida se devo sorrir ou me chamar de idiota, por isso faço as duas coisas.

Eu escrevi nossos nomes, o meu mais o dele, dentro do coração. Mas com uma diferença, ao invés de usar meu sobrenome, eu pus o dele. É uma idiotice, eu sei, afinal só estamos juntos há seis meses, eu nem sei se somos namorados ou não e já estou pensando em algo tão sério quanto um casamento.

Mas eu gostei, ficou bonito, eu poderia até gostar do meu nome se ele viesse acompanhado desse sobrenome. Até que os dizeres dentro do coração, apesar de tolos, ficaram lindos aos meus olhos. Akabane Yuuichirou e Akabane Chion fica melhor que Shiota Yuuichirou e Akabane Chion.

 

Flashback off:

 

CONTINUA...


Notas Finais


Trechos do próximo capítulo:

- É, mas não cai e ainda ganhei.
- Eu perdi.
- Olha ali Izumi! Uma borboleta!

- Ei Yuu...Você está lidando bem com isso?
- Já fazem anos, eu acabei me acostumando... Foi o melhor pra ela, não foi?
- Sempre fico irritada com meus pais quando lembro o que eles fizeram.

A palavra de hoje é "Yuquacaka"
Kissus


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