Nagisa
- Se esconde debaixo da cama dos pequenos. – Falo para a Akiko, sem ter a mínima ideia do que eu vou fazer.
- Eles vão me encontrar! – Ela diz, completamente desesperada.
- Akiko, eu sei o que estou fazendo. Confia em mim. – Minto descaradamente para ela, mas é por uma boa causa.
- Tudo bem. – Ela diz e sai da cozinha. Vou para a sala.
- ESPEREM SÓ UM MOMENTO! – Grito, tentando ganhar tempo. Um plano maluco surge na minha cabeça, e como é o único, vou usar ele mesmo. Entro no banheiro e tiro toda a roupa. Pego duas toalhas e abro a torneira, para poder molhar um pouco as duas toalhas. Solto o meu cabelo, em seguida o enrolo numa das toalhas. Com a outra toalha eu enrolo o meu corpo. Pego as minhas roupas e jogo na cama do Karma, fechando a porta logo em seguida. Corro até a sala, tomando todo o cuidado do mundo para a toalha não cair, e destranco a porta.
- Desculpe a demora, é que eu estava no banho. – Falo para a mulher e os dois policiais que estão na minha frente.
- A senhora conhece Akabane Akiko? – A Assistente social pergunta, digo a primeira coisa que penso.
- Sim. Sou amiga do irmão dela. – Falo, colocando um sorriso cordial no rosto.
- Pode nos trazer a menina? – Pede a assistente social, faço a minha melhor cara de confuso.
- Vocês estão atrás dela? – Pergunto, a mulher assente. – Por que estão procurando ela aqui?
- Porque essa é a casa dela! – Exclama a mulher, como se eu fosse burro.
- Deve haver algum engano, essa casa é minha. Os dois me pediram para morar um tempo aqui e, como eles são meus amigos, eu aceitei. Ontem eu sai cedo, e só voltei a noite. Quando cheguei aqui em casa não encontrei nenhum dos dois, estava até pensando em ligar para a polícia. – Digo, fingindo preocupação no final.
- Então não tem problema se vasculharmos a casa?
- Fiquem a vontade. – Falo, escondendo todo o meu medo atrás de um sorriso. – Vocês se importam se for me vestir primeiro?
Eles negam com a cabeça, corro pelo corredor e entro no quarto do Karma, trancando a porta em seguida. Solto um grande suspiro, e então começo a vestir a mesma roupa de antes. Assim que me visto saio do quarto, rezando para que não achem a Akiko. Entro na sala, na mesma hora os policiais começam a vasculhar a casa.
- Que quarto é esse? – Pergunta um policial, eu e a assistente social vamos até ele. Paro em frente ao quarto da Akiko.
- Esse é o quarto da filha do meu marido! – Exclamo, só depois percebo que as idades não bateriam. Como esperado o policial e a assistente social me olharam de cima a baixo.
- Você não é muito nova para ser casada? – A assistente social pergunta, ela está com uma das sobrancelhas arqueada.
- Quantos anos você acha que eu tenho?
- Uns catorze.
- Eu tenho 25 anos. – Falo, apesar de saber que vai ser difícil dela acreditar.
- E cadê a menina e o seu marido?
- Saiu para passear com o pai. – Respondo na mesma hora.
- Quem são esses? – Pergunta o outro policial, que está parado na porta do quarto verde, que é onde os pequenos estão dormindo, e também onde a Aki está escondida.
- Fale baixo! – Exclamo, fingindo irritação. – Não vê que eles estão dormindo?
- Quem são eles? – Pergunta a assistente social.
- São... Os meus filhos. – Respondo a primeira coisa que me vem na cabeça.
- E por que eles não tem um quarto? – Ela pergunta, claramente notando que a decoração do quarto não é infantil.
- Porque eles moram com o pai, é muito raro eles virem aqui pra casa. – Explico, torço para eles acreditarem.
- Terminem de vasculhar a casa. – Ordena a assistente social aos policiais, assim que o policial fecha a porta do quarto suspiro aliviado.
- Se você vir a menina, ligue para esse número. – A mulher diz, me entregando um cartão. Pego ele e os guio até a porta. Quando termino de trancar a porta corro para o quarto verde.
- Eles já foram! – Exclamo, fazendo a Akiko sair debaixo da cama e, acidentalmente, acordando os pequenos.
# Quebra de tempo #
Nove horas da noite eu pego a minha mochila e vou à cobertura.
- Espera! – A Akiko me chama, me viro para vê-la. – Leve a minha arma.
- Não, eu já tenho uma faca, e você pode precisar da arma. – Eu falo, ela assente com a cabeça e volta para dentro do apartamento.
# Quebra de tempo #
Já devo estar esperando há quase meia hora, resolvo ligar para a Kayano. O celular chama, mas ninguém atende. Desligo a ligação e levanto da espreguiçadeira, estou prestes a entrar na casa quando vejo algo na escuridão. Me aproximo do objeto, fico espantado ao constatar que é uma corda. Olho para cima, mas por causa da escuridão não sei para onde ela me levará. Começo a subir pela corda, é muito provável que isso seja coisa da Kayano.
# Quebra de tempo #
Essa corda não parece ter fim, começo a me perguntar se ela não daria no céu. Escuto um barulho alto, olho para cima e vejo o vago contorno de um... Helicóptero?!
- Onde a Kayano estava com a cabeça quando teve essa ideia maluca? – Pergunto para mim mesmo e continuo subindo, apesar das minhas mãos estarem doendo pelo contato, sem proteção, com a corda.
# Quebra de tempo #
Muito tempo depois eu chego num helicóptero, o barulho é ensurdecedor.
- KAYANO! – Grito o mais alto que consigo, para tentar fazer a Kay me escutar.
- COLOCA ISSO! – Ela grita mais alto ainda, me dando um protetor de ouvido igual ao dela. Coloco nas orelhas, o que faz o barulho diminuir bastante. Recolho a corda para dentro do helicóptero e me sento ao seu lado.
- KAYANO! VOCÊ SABE PILOTAR UM HELICÓPITERO? – Pergunto, com um pouco de medo.
- SEI! APRENDI COM DOZE ANOS! – Ela grita e começa a dirigir o helicóptero. Olho as minhas mãos, que estão com vários cortes, e alguns estão sangrando.
- AQUI TEM ALGUM TIPO DE CURATIVOS? – Pergunto, a Kayano nega com a cabeça, e olha para mim pelo canto do olho.
- QUANDO POUSARMOS EU FAÇO UM CURATIVO!
- AONDE VAMOS POUSAR? – Pergunto, imagino que não seja qualquer lugar que tenha um heliponto.
- NA MINHA CASA!
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