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História A base de mentiras - Patins



Notas do Autor


Oiii galeraaaa! Como vão?!

Ontem quase teve um tornado aqui onde eu moro, foi assustador :')

Boa leitura!

Capítulo 391 - Patins


Fanfic / Fanfiction A base de mentiras - Patins

Ângelo

 

Acho que a menina não é uma bruxa, ela é bem legal, assim como o irmão. Eu estava com um pouco de medo quando me aproximei deles, fazia muito tempo que eu não me aproximava de desconhecidos, eu não tive uma experiência boa quando fiz isso ainda vivo. É por isso que eu não gosto de falar com outras pessoas, eu não sei como elas vão reagir.

Eles são pessoas tão legais que eu estou triste por estar enganando eles, eu menti só para poder ouvir a conversa deles. Eles me trataram muito bem quando disse que estava perdido, até me deixaram sentar com eles na mesa e ainda me deram um lanche. Acho que são as pessoas mais gentis que eu já conheci, com a exceção da minha família e do anjo que nos ajudou.

- Você não fala muito, né? – O loiro, que se chama Shiro, pergunta. Balanço a cabeça de cima para baixo, confirmando, geralmente eu nem faria isso dependendo da pessoa. – Se é por vergonha, não precisa ter.

É um pouquinho de medo, nervoso e receio. Acho que eu perdi a prática de conversar, eu até queria fazer isso com eles, mas nem sei como começar. Talvez dizer meu nome seja uma ideia, afinal eles já se apresentaram e eu fiquei calado. Ela se chama Susu e ele Shiro.

- Meu nome é Ângelo. – Revelo, esse é um bom começo, mas eu tenho que falar mais alguma coisa. Não posso contar que estou morto, isso seria estranho. – Eu tenho... Treze anos.

Quase disse quatrocentos anos, porque é algo em torno disso que eu tenho se contar quando eu nasci lá no século XVII. Mas isso também seria estranho, então optei por dizer treze, mais uma mentira que estou contando para eles. Não devia ter aberto minha boca, eu só estou piorando a situação, acho que eu nem deveria estar aqui. Eu julguei-a mal, assim como as pessoas que mataram minha família fizeram, ela não é uma bruxa.

- E você sabe onde fica sua casa? - Ele interroga e eu nego, acho que eu nem tenho uma casa. Espero que arranjemos uma casa, eu não gosto de ficar andando por aí sem rumo e sem ter um lugar para voltar.

- Não tem nada que possamos fazer para te ajudar a voltar pra casa? – A menina indaga, acho que tenho que mentir de novo. Isso parece uma bola de neve, toda hora eu tenho que mentir para encobrir a mentira anterior.

- Vocês podiam... Andar comigo pela cidade? Pra ver se eu acho minha casa? – Peço, dizendo mais uma mentira, não tem casa alguma para achar. Só que eu não conheço nada daqui, eu vivia na Inglaterra de quatro séculos atrás, é minha primeira experiência em solo japonês. Eu sei que meus pais não vão gostar se eu sair andando com esses dois, mas meus pais parecem estar ocupados demais e eu não quero atrapalhá-los para apenas mostrarem a cidade para mim.

- Claro e, enquanto procuramos por sua casa, ainda posso mostrar o resto da cidade para a minha irmã. – Ele concorda, não consigo evitar sorrir, eu estou realmente ansioso. – Quer ir agora ou vai terminar de comer?

Por mais que eu queira andar por aí e ver tudo, não vou simplesmente jogar fora essa torta. Eu sei que um deles gastou dinheiro pra comprar isso pra mim, além de ser a melhor coisa que eu como em séculos. Eu não sinto fome, então eu não comi nada desde que morri pela primeira vez, tinha me esquecido do quão gostoso pode ser comer.

Pego o garfo e termino de comer tudo o mais rápido possível, eu nem me lembrava mais de como se segurava um garfo depois de tanto tempo sem fazer isso, porém eu consegui me virar. Seria estranho um garoto de treze anos não saber usar um garfo, por isso me esforcei para que eles não notassem minha dificuldade.

- Acabei! – Exclamo alto sem nem perceber, a palavra simplesmente saiu da minha boca antes que eu tivesse a chance de pensar se ela deveria ser dita ou não.

- Então já podemos começar nosso passeio.

 

Naoto

 

Pode parecer inacreditável, mas ela não tirou a mão do meu cabelo. A garota parou até de comer pra ficar mexendo no meu cabelo, e eu tive que passar o almoço inteiro me esforçando a ignorar ela e minha vontade de perguntar diante de todo mundo o que aconteceu depois da Kohaku dizer que está esperando um bebê do Raiden e eles terem saído da sala.

Talvez por conta de todos esses fatores, mesmo eu estando com fome, a comida não me desce com facilidade. Chegou uma hora que eu já estava obrigando-me a comer, minha fome foi totalmente embora com o cenário daqui de casa. E também por conta dessa garota que não tira a mão do meu cabelo, é impossível mais ninguém estar achando isso bizarro.

Na teoria, eu sei como fazer essa cadeira andar sem a ajuda de alguém. Decido tentar pôr essa teoria em prática, eu quero sair dessa mesa e, para isso, tenho que fazer a cadeira de rodas se mover. Consigo andar pra trás com a cadeira, me afastando da mesa, mas virar será um problema.

Tomo um susto quando minha cadeira começa a se mover, sem que eu forçasse as rodas. Olho pra trás e fico surpreso ao ver o Raiden, ele estava sentado do outro lado da mesa, nem o vi se aproximar. E, novamente, somos o foco da atenção de todos, o que me faz querer sumir. Fico completamente aliviado quando o Raiden me leva pra longe de todos, nos embrenhando pelos corredores da nossa enorme casa.

- Você sabia, não sabia? – Ele pergunta de repente e, mesmo assim, eu sei ao que o Raiden está se referindo. – Era por isso que você e a Kohaku andaram se falando tanto.

- Eu só sabia que ela estava grávida, descobri apenas hoje que o bebê é seu. – Respondo de forma sincera, não tenho ideia sobre o que exatamente Kohaku contou para ele, então é melhor eu falar o mínimo possível sobre esse assunto.

- O bebê não é meu, até você acredita que eu dormi com ela? – Ele interroga, porém não sei de onde ele tirou isso, claro que a Kohaku nunca dormiria com o Raiden e acho que o mesmo vale para o Raiden. – Isso é insano, a única pessoa grávida de mim é...

Ele se cala, me fazendo lembrar dela, eu não sei o que aconteceu com ela. Aquelas coisas, seja lá o que elas são, estavam com ela, talvez até mesmo estivessem atrás dela. Eu desmaiei naquela noite e não faço ideia do que aconteceu depois, o que houve com ela.

- Onde ela está?! – Questiono, talvez me exaltando um pouco demais, não gostei do fato do Raiden ter parado repentinamente de falar quando iria contar sobre ela.

- Droga, eu esqueci completamente dela, eu não peguei o remédio no hospital. – Ele diz, parece falar mais consigo mesmo do que comigo. Isso é preocupante, eu não sei de que tipo de remédio ele está falando, ela pode ter se machucado tanto quanto eu.

Não reclamo quando ele vira com certa brutalidade a cadeira de rodas, acelerando o passo e alterando nosso caminho. Não reclamo porque sei pra onde ele está indo, e eu quero vê-la, por isso resolvo ficar quieto e esperar.

Logo ele se aproxima de um quarto com a porta aberta, porém, quando paramos na frente do quarto, eu percebo que a porta não está aberta. A porta está no chão, literalmente no chão, derrubaram a porta e o quarto está vazio.

- Miya... – O Raiden praticamente rosna, acho que era para ela estar no quarto. Eu realmente não sei quem faria isso, mas não acho que tenha sido a pessoa que o Raiden acabou de acusar, ela não arrombaria a porta. – Ela está me provocando.

 

Tomiko

 

Volto pra lanchonete, fico algum tempo parada do lado de fora, perdida em pensamentos sobre as mais variadas coisas. Eu não sei como irei entrar lá dentro e não dizer nada, porque eu quero dizer, mas não posso. Ainda não sei como o dia que deveria ser o mais feliz da minha vida se transformou nisso, um tormento eterno com o peso de algo que nunca poderei contar.

- Ficamos preocupados com você, sabia?

Não esperava que meu pai estivesse aqui fora, muito menos que me veria logo de cara. Ele está sozinho, não tem sinal de mais ninguém além de nós dois. Tenho certeza que meu rosto ainda está vermelho, acho que nunca chorei tanto na minha vida quanto hoje, eu nunca tive o costume de chorar. Eu podia estar no fundo do poço, mas eu não chorava.

- Cadê os outros?

- O Ângelo saiu com o irmão da Gina e a menina, então eles me entregaram as alianças para não serem vistos e foram segui-los. Fiquei para te esperar já que não tínhamos a mínima ideia de para onde você foi. – Ele conta, sacudindo o terço que está pendurado na ponta do seu dedo, o meu terço. – Você estava chorando?

- Não importa, você não pode me ajudar. – Falo, as palavras deixam um sabor amargo na minha boca por serem a mais pura verdade. Ele não pode fazer nada, não pode me ajudar a acabar com a agonia da minha melhor amiga.

- Seu milk-shake está na mesa. – Ele informa e, imediatamente, encaro-o com a expressão mais debochada que tenho. Ele me pergunta se eu estava chorando, ele sabe que eu estava chorando, e me oferece um milk-shake. Eu quero que esse milk-shake vá pro inferno, uma bebida doce não vai resolver meus problemas, nem me fazer esquecer ou tirar essa dor do meu peito. – Tudo bem, esquece o milk-shake, mas toma o terço.

Eu não queria pegar, porém ele taca o objeto na minha direção e, por instinto, o agarro. Fico um tempo parada com o terço entre as minhas mãos, repetindo a mesma pergunta que tenho feito o tempo inteiro, o que eu irei fazer agora.

- Vamos dar uma volta. – Meu pai proclama, cruzando nossos braços e me puxando em uma direção completamente aleatória. Resolvo não dizer nada, se eu abrir a boca, acabarei descontando nele tudo que eu estou sentindo, e meu pai não tem culpa alguma nessa história.

Eu não tenho quem culpar, dessa vez, não posso jogar a culpa pra cima de ninguém. Akari estava certa, fui eu que tomei essa decisão, eu decidi abandoná-la para preservar a mim mesma. Eu quebrei a promessa de melhores amigas, de ficar ao lado e apoiar a outra até mesmo nos piores momentos, eu simplesmente fui embora. E, mesmo assim, ela ainda me vê como uma amiga, ela ainda se lembra de mim, ela me reconheceu mesmo eu estando diferente.

- Escolha algo, qualquer coisa. – Sua fala me tira dos meus pensamentos, fazendo-me observar ao redor e perceber que não faço a mínima ideia de como vim parar aqui. Estávamos na rua, mas, agora, estamos numa loja de brinquedos.

Não sei se meu pai está ciente disso, mas eu tenho a aparência de uma menina de treze anos e a mentalidade de uma adolescente de dezesseis. Então, mesmo que eu goste de preservar um comportamento mais infantil e esquecer que, como Konishi Tomiko, eu tenho 16 anos, isso não significa que eu goste de brinquedo. Longe disso, eu não brinco mais.

- Eu não sou um bebê. – Retruco, tudo bem que como Lamartine Tomiko eu realmente sou um bebê de alguns meses de vida, só que esse bebê desapareceu no dia que morri no acidente de carro. – Eu não quero um brinquedinho pra ficar feliz.

Dou as costas pro meu pai e saio andando, disposta a sair dessa loja com ou sem ele. Porém, algo capta minha atenção pelo canto dos meus olhos, e essa coisa faz eu parar. Viro meu corpo na direção de uma das inúmeras prateleiras desse lugar, deixando-me diante da caixa que me chamou a atenção.

É um patins, um patins azul escuro com detalhes pretos e, na lateral, o número 63. Sei que sou suspeita em dizer isso, mas esses patins são lindos, uma obra de arte. A última vez que estive com um patins em meus pés foi há anos, quando eu ainda era viva, quando eu era Konishi Tomiko.

Patins sempre foi algo marcante em minha vida. Os patins se tornaram a única coisa boa em minha vida quando eu era pequena, eles me deram um reconhecimento que eu nunca tive dentro da minha própria família, os patins me deram um propósito. Os patins estavam comigo quando fui sequestrada e vendida como escrava, porém apareceram de novo, aquela não foi a última vez que estive de patins.

Ela, a melhor amiga de todo o mundo, me deu o melhor presente que eu podia desejar estando naquela situação. Um dia, um dia inteirinho, andando de patins. Ela sabia através das histórias que eu contava o quão importante são os patins pra mim e como eles me faziam falta, a Sessenta e três arranjou aquele dia por mim e eu sei que provavelmente ela apanhou pra conseguir aquilo.

Apesar de ser um patins, e eu amar patins, não é por isso que estou tão encantada por esse par em especifico. A cor, esse azul escuro, me lembra dos olhos e do cabelo dela. E, como se tivesse sido baseado na minha amiga, os patins ainda exibem o número 63.

Claro que um patins não irá substitui-la, nunca será ela, mas me trás uma sensação de conforto, é como se eu me sentisse mais próxima dela. Posso afirmar que, nesse momento, eu quero agarrar essa caixa e sair correndo da loja. Quero me esconder em algum lugar, abri-la e calçar esses patins. Quero sair deslizando pelas ruas, quero exibir o número da garota mais maravilhosa desse mundo.

- Então, a não bebezinha do papai que não gosta de brinquedos quer esses patins, certo? – Meu pai aparece ao meu lado, com um sorriso vitorioso no rosto. Dessa vez, não posso negar que ele ganhou, eu não irei recusar ganhar esses patins. Depois eu terei minha revanche, mas, agora, eu vou ceder para poder colocar isso em meus pés depois de tantos anos.


Notas Finais


Notas finais por Fudanshi_Capri:

Kayano: 🎶 Com quem será? Com quem será? 🎶

Akiko: 🎶 Com quem será que a Gina vai transar? 🎶

Kayano & akiko: 🎶 Vai depender, vai depender, vai depender se... 🎶

Nagisa que apareceu do nada: 🎶 SE O SHIRO, O HIBIKI, A KAMIKO, O NAO, OS DEUSES E O MUNDO VÃO QUERER! 🎶

A palavra de hoje é "Memapohapo"
Kissus!


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