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História A base de mentiras - Encapuzados



Notas do Autor


Oiiii galeraaaaaaaaaaaaa! Como vão?!

Já tá virando rotina postar tarde :')

Boa leitura!

Capítulo 395 - Encapuzados


Fanfic / Fanfiction A base de mentiras - Encapuzados

Shiro

 

Não tem muitos lugares bonitos nessa cidade, ou talvez sou eu que pense isso por conhecer muito bem cada canto dela, por já ter observado essa cidade dos piores ângulos possíveis. Acredito que um dos lugares mais belos dessa cidade é a praia, porém é perto demais da base dos serpentes, não é seguro levar duas pessoas que não são serpentes até lá.

- Reconhece algum lugar daqui? – Susu pergunta ao menino que novamente nega, é possível que tenhamos vindo pro lado errado, sua casa deve ficar do outro lado da cidade. – Tudo bem, uma hora encontraremos sua casa, não precisa se preocupar.

Que bom que ela consegue ser positiva porque, nesse momento, sorrir está sendo difícil. Ainda está doendo, uma dor muito pior do que a da minha hérnia de disco, não existe nem comparação. Mas, infelizmente, eu tenho que continuar vivendo como se estivesse tudo bem.

- Shiro!

Paro de andar quando escuto meu nome, poderia até mesmo não ser eu, mas eu reconheço essa voz. E não, infelizmente não é a Gina, é uma pessoa que apareceu no pior momento possível. Não posso ignorá-lo e sair andando, isso seria o cúmulo do desrespeito, eu não faria isso com ele.

Viro-me, está tudo bem, eu consigo lidar com isso. É só ser educado, sorrir e fingir que está tudo bem, eu tenho muita prática nessas coisas. É só agir como sempre que dará tudo certo, ele nunca desconfiou de mim.

- Padre Shaoran. – Cumprimento, curvando-me levemente diante do padre que se aproxima de mim. Eu nem me dei conta de que estávamos passando bem diante da igreja dele, mas ele não deixou de reparar em mim.

- Venha cá garoto! – Ele chama, eu não posso recusar o pedido do padre depois de ter ficado tanto tempo sem aparecer. É até estranho ele ainda não ter perguntado nada da minha ausência, geralmente ele pergunta e eu sempre tenho que inventar uma mentira.

Geralmente, minha mentira é sempre dizer que eu estava atolado com os estudos. Eu não gosto de usar essa mentira, mas é a primeira que sempre me vem a mente, é a mentira mais realista que eu posso inventar. Tecnicamente, era exatamente assim que um garoto da minha idade deveria estar, atolado de estudos e preocupado em passar para uma faculdade.

- Podemos parar ali rapidinho? – Indago, na verdade eu acho que eles irão gostar da igreja, ela é muito bonita por dentro. Também é bonita por fora, porém nada se compara ao seu interior.

- Vai lá, nós te esperamos aqui fora. – Ela responde, pensei que ela ia querer entrar, afinal não desgrudou de mim desde que apareceu lá em casa.

- Tem certeza? Lá dentro é muito bonito, vale a pena dar uma olhada.

- Eu não sou muito fã de igreja. – Ela diz de forma constrangida, mas não precisava ficar assim, não gostar de igrejas é um direito dela. – Mas pode ir.

Concordo e paro de insistir, seguindo o padre Shaoran para dentro da igreja a qual venho há anos. Não me considero uma pessoa religiosa, mesmo eu sabendo da existência de demônios e, através deles, ter tido a confirmação da existência de Deuses, anjos, espíritos e tudo que se possa imaginar.

Eu não acredito que os Deuses interfiram na nossa vida, acho que eles só vivem a vida deles em algum lugar e deixam as coisas seguirem seu curso natural. Porém, se eu estiver errado e os Deuses realmente interferem nas nossas vidas, isso significaria que a Deusa do Amor, no mínimo, me odeia. 

 

Hasi

 

Não me atrevo a olhar para trás, eu deveria estar sozinha, esse lugar estava vazio. Não tinha ninguém aqui e a porta não foi aberta, teria ouvido algum barulho caso alguém tivesse entrado depois de mim. Poderia ser um fantasma, pena que eu não acredito nessas coisas.

Também não é um assassino, nunca que um assassino tentaria evitar o suicídio de seu alvo, seria um favor pra ele caso eu me matasse. Talvez seja um sequestrador, mas não consigo imaginar quem possa querer me raptar viva, faz menos sentido que um assassino salvando minha vida.

- Se você pular dessa altura, você não irá morrer. – Ele nega, me inclino pra frente e observo lá embaixo. Discordo dele, acho que essa altura é o suficiente para matar alguém. – Você só vai quebrar todos os ossos do seu corpo e vai agonizar até morrer, então não se joga.

Não é um assassino, não é um sequestrador e muito menos um japonês. Deve ser um turista que, possivelmente, está hospedado nesse hotel. Isso ainda não explica como ele chegou aqui sem eu perceber, porém já o torna um pouco menos suspeito.

- E quem disse que eu vou me jogar? – Indago, esperando por alguma reação sua, alguma contra resposta, mas não escuto nada. Viro levemente minha cabeça para tentar ver a pessoa, só que viro bem pouco para não correr o risco dele ver, de alguma forma, o meu rosto. Acontece que não é o suficiente, o capuz cobre meu rosto e diminui meu campo de visão, eu não consigo enxergá-lo. – É isso que dá ouvir o pensamento de garotas alheias pela metade.

- Você falou em se jogar.

- Não, eu não falei, eu pensei em voz alta. Pensar e falar são duas coisas completamente diferentes. – Retruco, pousando minha mão sobre a bolsa caída ao meu lado, só para o caso de alguma coisa acontecer e eu precisar pegar a faca. Mas não acho que isso vá acontecer, é só uma medida de precaução mesmo. – Para se falar, você precisa estar com alguém. Como eu não sabia da sua presença, eu não estava falando, eu estava pensando em voz alta. Agora, por exemplo, agora eu estou falando porque estou me dirigindo diretamente a você. Portanto, você invadiu a minha privacidade ao ouvir os meus pensamentos.

E, de uma conversa, isso passou para um monologo, já que eu espero e ele não diz nada. Queria que ele me respondesse por que eu sinto falta de conversar, é horrível se ter tanto a dizer, mas ninguém para escutar. Estou tão desesperada em busca de falar que estou aceitando até conversar com um estranho que acabou de estragar minha noite, terei que sair daqui antes que ele chame os seguranças.

Não sei pra onde vou depois que sair daqui, meu plano era ficar nesse terraço até o dia raiar. Aqui também é um lugar bonito para ver o sol nascendo, é algo indescritível que eu não posso ver sempre, mas parece que vou ter que adiar meus planos. Eu realmente queria ficar aqui, talvez eu deva pedir que ele não diga nada sobre mim, mais tarde vou me arrepender se não tentar.

- Pode não contar pra ninguém que eu estou aqui? Eu não vou pular, só quero apreciar a vista. – Afirmo e espero por sua resposta, porém é só o silêncio que recebo de volta. Mas dessa vez é diferente, dessa vez eu fiz uma pergunta e ele não me respondeu. – Poderia me responder?! Eu te fiz uma pergunta! Primeiro você presta atenção nos meus pensamentos e agora não quer falar comigo?!

- Você fez alguma coisa com a porta? – Ele questiona e, definitivamente, não era isso que eu queria ou esperava ouvir da boca dele. Diante disso, tomei a decisão de me virar, quero ver quem é esse ser tão peculiar e calado que está comigo.

Para a minha surpresa, descubro praticamente nada sobre esse garoto porque ele também está encapuzado, assim como eu. E a distância também não ajuda, ele está diante da porta do terraço e eu estou do lado oposto, um terreno escuro nos separa.

- Eu não fiz nada com a porta, só a fechei com cuidado para não fazer eco. – Retruco, pelo modo como falou, ele já estava aqui quando eu entrei. E ainda está me acusando de ter feito algo que eu nem sei o que é. – O que aconteceu com a porta? Não consegue abrir?

- Sim.

- Tudo bem, isso é normal. – Digo, apesar de estar um pouco surpresa. Ou eu cheguei aqui muito tarde ou eles fizeram isso mais cedo, realmente não esperava que fizessem isso logo agora. – Os funcionários do hotel bloqueiam a porta pelo lado de dentro, para evitar que alguém invada o prédio por aqui. E não adianta empurrar, agora só vamos conseguir sair quando eles liberarem a porta, geralmente eles fazem isso por volta das nove da manhã.  

 

Yuu

 

- NÓS JÁ CONVERSAMOS SOBRE ESSE ASSUNTO E MINHA RESPOSTA É NÃO. – Desperto com esse grito, confuso demais e sem conseguir lembrar-me direito do que aconteceu. E, definitivamente, ouvir uma pessoa gritando não irá me ajudar.

- Por que está gritando?!

- PORQUE EU JÁ DISSE QUE ELE NÃO VAI E VOCÊ ESTÁ INSISTINDO NISSO COM NOSSO FILHO INTERNADO DEPOIS DELE TER CORTADO OS PULSOS! ACHA QUE AGORA É A HORA DE DISCUTIRMOS SOBRE ISSO?! – Ela grita, Jazmin grita, reconheço-a mesmo ainda estando de olhos fechados. E eu pretendo continuar de olhos fechados porque, possivelmente, eles acreditam que eu tentei cometer suicídio. Não tem como eu explicar que cortei meus pulsos para um ritual satânico feito por uma bruxa para invocar espíritos, eu seria mandado pro hospício. – NÃO TEMOS QUE DISCUTIR MAIS NADA SOBRE ISSO!

-OLHA SÓ, ISSO É IMPORTANTE E NÃO DÁ MAIS PRA VOCÊ FICAR ADIANDO ESSA NOSSA CONVERSA! – Ele começa a gritar também, não acredito que vou ter que aturar esses dois discutindo. Acho melhor deixar o Yukki assumir o controle, odeio ficar em seu corpo quando ele está fraco.

- IMPORTANTE?! POR QUE ESSA HERANÇA É IMPORTANTE?! SOMOS RICOS, EU POSSO TE DAR TUDO QUE VOCÊ QUISER, VOCÊ NÃO PRECISA DESSE DINHEIRO! MAS FAÇA O QUE QUISER, VÁ PEGAR ESSE DINHEIRO E DÊ DE CARA COM SUA EX-MULHER, A VIDA É SUA! – Jazmin retruca, meus pulsos estão doendo, assim como uma parte de um braço meu. Deve ser alguma coisa enfiada em mim para transfusão de sangue, não tenho ideia do quanto eu perdi, mas minha vontade é arrancar isso do braço. Na verdade, minha vontade é dar um berro e fazê-los pararem de gritar coisas completamente desconexas. – SE VOCÊ FOR, VOCÊ VAI SOZINHO, PORQUE EU NÃO IREI E NÃO VOU DEIXAR NOSSO FILHO CHEGAR PERTO DA MALUCA DA SUA EX!

- NÃO É SÓ POR CAUSA DA HERANÇA JAZMIN! EU FUI NO ENTERRO DO SEU PAI E EU QUERIA QUE VOCÊ FOSSE COMIGO NO ENTERRO DA MINHA MÃE! ELA PODE NÃO TER SIDO A MELHOR MÃE DO MUNDO, MAS ELA NÃO FOI UMA MÃE DE MERDA COMO A SUA!

A gritaria cessa com um estalo, claramente um tapa, fico impressionado por escutar isso. Claro que, como eu vivo no corpo do filho deles, eu já havia presenciado brigas bem acaloradas e ouvido alguns barulhos estranhos, porém nunca tive certeza. Agora eu tenho, Jazmin bateu no Hiroshi.

O estopim, sem dúvidas, foi a menção da mãe dela, a mulher misteriosa que eu não conheço. Jazmin não fala da mãe comigo, acho que o Yukki nunca conheceu a avó materna e, até onde eu sei, a avó paterna também não.

Eles voltam a falar, mas as vozes estão baixas, não estão mais aos berros. Sussurros ameaçadores, tenho certeza disso quando escuto um som muito mais alto que um tapa, ele deve ter revidado. Não quero ver isso, eles não são problema meu, então apenas deixo me levar pela inconsciência e, da próxima vez, quem acordará será o Yukki.

 

Yukki

 

Abro os olhos, não me lembro de ter ido dormir, mas isso é normal. Espero que o Yuu tenha anotado no nosso diário virtual o que ele fez nesse tempo, não tenho ideia se passaram-se apenas horas ou dias. No pior dos casos, podem ter se passado semanas ou até meses, eu odeio quando isso acontece.

- Filho, está me escutando? Está me vendo? – Mamãe questiona, viro a cabeça na direção de sua voz. Estranho ela estar no meu quarto perguntando isso, espero que isso não signifique que o Yuu fez algo grave. – Oi bebê, como está se sentindo?

Não respondo-a, eu que deveria fazer essa pergunta para ela, porque minha mãe não parece bem. Ela parece ter chorado, os olhos estão vermelhos e o rosto inchado, também vermelho e... Roxo? Por que o rosto da minha mãe está roxo?

- Mãe... – Começo a falar e ergo o braço para tocar no roxo em seu rosto, é nesse momento que noto fios ligados no meu braço, o que aumenta meu pânico diante dessa situação completamente estranha. – O-O que é tudo i-isso?!

Enfim, dou-me conta de que não estou no meu quarto, estamos no hospital. Não é por culpa do meu coração, eu recebi um transplante, não tem como ser algum problema cardíaco novamente.

- Você passou por um... Acidente. – Ela responde, é estranho a forma como demora para terminar a frase, e ela parece calma demais para a visão que tenho do seu exterior. – Mas não vamos falar disso agora, mais tarde conversarmos, tudo bem?

- Seu rosto está machucado? – Indago, também notando que a vermelhidão em seus olhos não é apenas por lágrimas, eles estão muito mais inchados do que um simples choro deixaria. Tem também um corte na sua testa, eu não gosto de ver minha mãe machucada. – O que aconteceu?! Vo-Você está bem?!

- Claro que estou bem Yukki, isso não é nada. – Ela nega, dando um leve e rápido sorriso, para reafirmar suas palavras. – Foi só uma briga normal de casal entre mim e seu pai, nada de anormal.

- Esses machucados... O papai bateu em você? – Pergunto, extremamente assustado com a possibilidade de uma resposta positiva, eu não consigo e não quero imaginar isso. Meu pai nunca bateu em mim, nem na minha mãe, ele não faria uma coisa dessas.

Claro que meus pais brigam de vez em quando, é normal casais brigarem, mas não desse jeito. Ele não pode bater na minha mãe, isso é errado, é... É crime.

- Sim, mas não se preocupe com isso, ele virá te ver em breve. Hiroshi só foi lá em casa juntar umas coisas dele e logo irá voltar. – Ela informa, mesmo com sua voz calma tentando me passar tranquilidade, eu fico cada vez mais assustado, preocupado e confuso.

- Você... Expulsou ele de casa? Vocês vão se separar? – Interrogo, não sei como me sentir em relação a isso. Não, eu não quero que meus pais se separem, eu quero que as coisas continuem do jeito que sempre foram. Mas eu também entendo minha mãe, ele bateu nela.

- O que?! Claro que não Yukki, eu nunca vou me separar do seu pai, eu o amo. – Ela nega veemente, enfim demostrando surpresa ao invés de calma. – É exatamente porque eu o amo que ele irá dormir uns dias lá no escritório dele... Você sabe filho que eu não aceito que nenhum homem levante a mão pra mim, mas seu pai é o amor da minha vida, é por isso que eu peguei leve com ele e não mandei o matarem. Tenho certeza que seu pai vai aprender a lição e, quando entender que sou eu quem manda, ele pode voltar pra casa.


Notas Finais


A palavra de hoje é "Hubusicono"
Kissus!


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