História A boca de Kim Wonshik - Capítulo único

Taekwoon não conseguia desviar os olhos da boca dele por um segundo sequer.

Ele estava sentado exatamente a sua frente à mesa após o jantar, mas o simples fato de estar tomando um sorvete fazia-o ter pensamentos cada vez mais impuros. Observava os lábios rosados dele se fecharem ao redor da colher, enquanto saboreava lentamente a sobremesa gelada. Fechava as mãos em punhos sobre as coxas ao ver a língua dele deslizar pelo lábio inferior, atitude que deixava visível o piercing que ele havia colocado ali há poucos dias. Estava sendo completamente seduzido pelo rapaz que sequer tinha consciência disso.

Kim Wonshik era o seu maior pecado.

Taekwoon deslizou a mão pelos cabelos tingidos de vermelho, forçando a si mesmo a desviar o olhar para a própria taça de sorvete. Já não o queria mais. Cutucou a coxa de Hyuk, que estava sentado a seu lado, e empurrou a taça na direção dele. Estava prestes a se levantar, quando seu olhar caiu sobre Wonshik novamente. Ele estava lambendo a colher.

Deixou o cômodo às pressas, sentindo certo desconforto em suas calças. Sentia-se culpado por estar desejando tão impudicamente um de seus dongsaengs a ponto de ter uma ereção por vê-lo fazer algo tão comum quanto tomar um sorvete. Entrou em seu quarto e bateu a porta, sequer se preocupando em acender as luzes.

Sentou-se à beirada da cama e suspirou, imaginando o que faria para se acalmar. Involuntariamente levou a mão direita até o próprio membro coberto pela calça jeans que trajava, notando-o completamente duro. Aquilo não passaria tão rapidamente.

Seus pensamentos estavam inteiramente em Wonshik. Nos cabelos negros dele onde adoraria enroscar os dedos, no corpo definido por tantas horas de dança, nos lábios que adoraria ter colados aos seus. Imaginava como seria a voz dele gemendo seu nome, aquela voz tão forte e única que queria apenas para si. O desejava como nunca havia desejado alguém, mesmo ciente de que não era somente atração. Estava completamente apaixonado por ele.

Sequer notou quando abriu a própria calça e a abaixou ligeiramente junto com a cueca, começando a acariciar o membro pedinte por atenção. Segurou-o entre o polegar e o indicador, movimentando-os para cima e para baixo enquanto deixava a imaginação voar acerca do alvo de seu desejo.

Imaginava como seria poder tocar o corpo nu de Wonshik, apertar cada centímetro de pele dele. Como seria beijar o pescoço dele, marcar aquela pele enquanto o fazia seu. Como seria estar dentro dele, ao passo em que beijaria aquela boca terrivelmente apetitosa para sentir o piercing na própria língua.

Pequenos gemidos começaram a escapar por entre seus lábios, conforme aumentava o ritmo de suas carícias. Jogou a cabeça para trás, aproveitando o escuro do cômodo para imaginar que poderia ser a mão de seu dongsaeng ali. Deslizou o polegar sobre a glande, sentindo o viscoso líquido lubrificante que escapava dali.

Ansiava pelos toques dele, prestes a chamar por ele da forma que mais adorava. Kim Ravi. Aquele nome que parecia música ao escapar por entre seus lábios, aquele nome que adoraria gemer enquanto ele gemeria o seu próprio. As palavras estavam na ponta de sua língua.

Até que ouviu o som de sua porta sendo aberta.

Esticou o braço para pegar um dos ursos de pelúcia na cabeceira de sua cama e cobrir sua intimidade, ao passo em que a pessoa acendia a luz e adentrava o ambiente. Preparou-se para expulsar a pessoa enquanto tentava disfarçar o que estava fazendo, quando notou que era justamente quem desejava que estava ali.

Wonshik dos lábios perfeitos estava bem a sua frente, o que fez seu membro pulsar ainda mais desejoso pelas carícias.

- Leo-hyung, nós vamos assistir um filme na sala e... – o rapaz dos cabelos negros começou a dizer, quando notou que Taekwoon mexeu as pernas de uma forma um tanto suspeita. Franziu as sobrancelhas ao tentar entender o que estava acontecendo ali, correndo os olhos desde o rosto até as coxas do mais velho. Por que diabos estaria ele segurando aquele urso no escuro?

Wonshik fechou a porta as suas costas, decidindo deixar de lado o comportamento estranho do hyung. Fora até aquele quarto com a desculpa de chama-lo para ver um filme com os demais rapazes, mas como sabia que ele não aceitaria inventaria algum motivo para ficar ali com ele. Não media esforços para tentar se aproximar do tão calado e reservado Taekwoon, assim como já não mais conseguia medir tamanha paixão sentia por ele.

Deu alguns passos na direção da cama, onde ele ainda permanecia sentado fitando-o sem dizer uma palavra sequer. Suspirou ao olhar ao redor, adorava o quarto dele. As paredes em tom camurça deixavam o ambiente muito aconchegante, embora aquelas pilhas de roupas sempre estivessem pelos cantos. Voltou a atenção para ele, quando notou algo muito peculiar acontecendo: as calças dele estavam ligeiramente abaixadas e ele permanecia com o urso exatamente em frente á pélvis.

- Leo-hyung... – começou a dizer, sentindo as bochechas queimarem em rubor pelas palavras que diria a seguir – Você estava batendo uma?

- Não! – Taekwoon exclamou, tão vermelho quanto o mais novo. Abaixou a cabeça para tentar esconder o quanto estava envergonhado – Você pode sair, por favor?

- Está tudo bem. Eu também faço isso às vezes – ouviu a voz dele dizer num tom que transbordava calma, embora constrangido. Imaginou que ele faria um escândalo diante de uma situação como aquela, até lembrar-se que ele era bem compreensivo com os amigos do grupo.

O mais velho sentiu a cama afundar ao seu lado, notando que ele havia se sentado ali. Quase gemeu em frustração, cogitando seriamente a ideia de expulsá-lo dali. Já o desejava o suficiente para se masturbar pensando nele, e ele ainda fazia o favor de colocar mais imagens em sua mente.

- Isso não é hora de conversar – disse, em seu costumeiro tom de voz baixo, ao fitar intensamente as íris escuras dele. Tentou passar através de seu olhar que realmente não queria conversar e muito menos ter uma companhia naquele momento, não quando estava se sentindo mais excitado.

- Eu quero ajudar você, hyung – Wonshik disse, num tom de voz calmo que parecia acompanhar o do mais velho. Sorriu para ele, inclinando-se um pouco em sua direção. Não entendia como estava sendo tão corajoso para fazer tais coisas, sentindo-se incapaz de se afastar ao presenciar uma situação tão inusitada.

Não sabia no que ele pensava enquanto se tocava, e preferia não saber. Sentiria seu coração partir se soubesse que ele pensava em alguma garota, ainda pior se fosse em algum garoto, porém decidiu aproveitar a oportunidade que tinha. Talvez nunca na vida fosse ver aquilo novamente, e se deleitaria por pelo menos mais alguns minutos da visão do rosto corado dele e de parte daquela pele pálida da coxa a mostra.

- Se quer me ajudar então termine isso pra mim – a frase de Taekwoon o deixou tão surpreso que ficou cerca de 10 segundos encarando-o de olhos arregalados. Estava claro que ele não queria dizer aquilo, apenas escapou por entre os lábios, a julgar pela reação dele que foi esconder o rosto em uma das mãos e pedir para que saísse do quarto mais uma vez.

No entanto, Wonshik não atendeu ao pedido.

Arrancou o urso das mãos dele e atirou-o longe com rapidez, sabendo que se demorasse muito perderia a coragem. Perdeu o fôlego ao ver aquele membro completamente ereto, logo fechando a mão esquerda ao redor dele e sentindo todo o calor proveniente dali.

Começou a movimentar a mão lentamente, sem desviar o olhar do local por um segundo sequer. Fitava atentamente a glande já avermelhada brilhar por conta do líquido lubrificante, imaginando o quanto aquilo deveria ser saboroso. Sentiu seu rosto se tornar ainda mais vermelho por conta do rumo que seus pensamentos tomavam, ao passo em que a boca começava a salivar e prendia o lábio inferior entre os dentes para se conter.

Ouviu um baixo suspiro vindo de Taekwoon e desviou o olhar para o rosto dele, notando que ele também o olhava. Lhe lançou um rápido sorriso, para então ser surpreendido mais uma vez com a mão dele agarrando sua nuca e puxando-o para um beijo repleto de desejo.

O mais velho não queria que fosse assim. Em seus devaneios de um rapaz apaixonado imaginava que seu primeiro beijo com Wonshik deveria ser perfeito, como naquelas cenas de doramas que suas irmãs tanto adoravam. Deveria beijá-lo num lugar bonito, lentamente, depois de declarar todos seus sentimentos da forma mais doce possível, e não beijá-lo com tanta voluptuosidade enquanto era masturbado por ele.

Entretanto, necessitava da boca dele. Precisava daqueles lábios colados aos seus, da sensação de explorar a boca dele e, principalmente, de finalmente sentir o piercing. Jamais se esqueceria da sensação daquele adorno metálico brincando entre suas línguas, ao passo em que registrava na memória o quão saboroso aquele beijo era. Sequer havia pensado que ele retribuiria.

Assim que o primeiro beijo se encerrou, buscou por um novo. E depois por mais um. E depois por outro. Não era capaz de parar de beijá-lo, ainda que já estivesse gemendo contra os lábios dele pela sensação da masturbação estar ainda mais prazerosa.

- Kim Ravi... – chamou-o da forma que mais gostava quando separaram os lábios longos minutos depois, fitando os olhos dele com intensidade. O rubor não deixava sua face, embora já tivesse decidido deixar-se ser ousado por completo – Eu quero a sua boca.

- Está bem – ouviu a resposta do mais novo e viu que ele se aproximava para beijá-lo mais uma vez, só que não era isso que queria. Virou o rosto fazendo com que os lábios dele tocassem sua bochecha, decidido a se fazer entender de forma mais clara.

- Eu quero a sua boca lá – sussurrou.

Aquela sentença foi o suficiente para que Wonshik perdesse o restante de sanidade que ainda o sobrava. Estava adorando o fato de estar proporcionando tanto prazer a seu hyung, e agora teria o que tanto ansiava fazer. Ajoelhou-se no chão em frente a ele, tratando de tirar a calça e a boxer por completo. Aproveitou também para tirar a camisa azul que ele trajava, então tendo a visão dele completamente nu somente para si. Nem em seus melhores sonhos havia visto alguém tão belo.

Voltou a atenção para o pênis, que se tornava ainda mais atrativo ante a seus olhos. Segurou a base com a destra, antes de deslizar a língua por toda a extensão ao erguer os olhos na direção do rosto dele. Os olhos transbordavam desejo, tamanho que o fez abocanhá-lo por inteiro de uma vez.

Sentia a glande tocar sua garganta, mas não estava nem um pouco desconfortável, queria muito mais. Sugou-o com certa força, fazendo com que gemesse alto. Em seguida retirou-o da boca, para provoca-lo ao deslizar a língua pela pequena fenda da glande. Nunca havia feito aquilo antes, sendo assim tentava imitar as cenas que via nos filmes pornôs que assistia ou nas fantasias que tinha com o próprio Taekwoon.

Voltava a inseri-lo na boca, o mais fundo que podia, deleitando-se com o sabor dele e com a sensação das veias em sua língua. Sugava-o mais vezes, notando que era sempre isso que o fazia gemer mais e chama-lo de “Kim Ravi”. Estava tão excitado por estar fazendo aquilo que logo colocou a mão dentro das próprias calças e começou a se tocar.

O mais velho já não estava mais conseguindo se conter, tudo aquilo era muito prazeroso. O calor da boca dele, a sensação do piercing tocando seu falo, ainda que ele fosse um tanto desajeitado pela inexperiência. Estava chegando cada vez mais perto de seu limite, a ponto de agarrar os fios negros do cabelo dele e começar a movimentar a própria pélvis de encontro àquela boca deliciosa.

Quase enlouqueceu quando notou que ele se tocava. Jogou a cabeça para o lado, para assim poder ver com clareza tudo que ele fazia. Via os movimentos da mão dentro da calça, o membro tão ereto que vez ou outra podia enxergar a glande escapando pelo cós da cueca. Sentiu um desejo imenso de tocá-lo ali, mas a simples ideia fez com que um estranho calor se espalhasse por seu corpo, uma sensação que nunca havia sentido antes.

Wonshik não se surpreendeu ao ver sentir o membro de seu hyung pulsar e logo sentir o gosto peculiar do líquido dele em sua boca. Engoliu o máximo que pôde, para continuar chupando-o enquanto apreciava o som da voz sempre tão doce gemer ainda mais alto. Provavelmente os outros rapazes conseguiriam ouvir aquilo, não que se importasse.

Continuou se tocando, começando a dar ligeiros gemidos ainda com o membro dele na boca. Não tirava os olhos do rosto dele, notando que possuía o rosto muito avermelhado, só não sabia se era por vergonha ou uma consequência do orgasmo. Sentia-se extremamente contente por ter proporcionado prazer à ele.

- Kim Ravi – ouviu a voz dele em seguida, aquela voz sempre tão baixa que naquele momento soou terrivelmente desejosa – Vem aqui.

Deixou-se ser puxado para cima do colo dele, sendo obrigado a parar a carícia no próprio membro. Sentou-se sobre as coxas dele, com o coração acelerado ao ter a cintura segurada pelas mãos firmes. Os lábios do mais velho pousaram sobre os seus, conforme um beijo ainda mais lascivo se iniciava.

Taekwoon sentia o gosto do próprio prazer na boca dele, não se contendo ao brincar com o piercing. No entanto, queria muito mais dele, principalmente por sentir o volume dele contra seu abdome ao puxá-lo para ainda mais perto. Estava tomado por um desconhecido frenesi, implorando por tê-lo por completo para si.

Com muito custo afastou os lábios dos dele, mas começou a explorar o pescoço enquanto suas mãos brincavam com a barra da camiseta dele. Achava injusto estar completamente nu enquanto ele permanecia vestido. Beijava e mordia o pescoço ocasionalmente, contendo-se para não marca-lo.

- Eu sou apaixonado pela sua boca – sussurrou contra a pele quente, deixando que suas mãos se aventurassem por baixo da camiseta dele para sentir ainda mais daquele corpo escultural – Pela sua pele. Por você inteiro.

- Você não tem noção do quanto eu desejo isso, Daeguni – Wonshik sussurrou de volta, chamando-o pelo apelido carinhoso que costumavam usar. Estava completamente constrangido por finalmente estar dizendo para ele tudo que sentia, mas se já havia até mesmo feito um oral nele que mal havia em admitir seus sentimentos? – Estou apaixonado por você há muito tempo.

- Mesmo? – o mais velho questionou, com um ligeiro sorriso nos lábios. Aproximou os lábios do ouvido dele para dizer as palavras seguintes no tom mais sugestivo que pôde – Porque eu estava pensando em você enquanto me tocava.

Suspirou ao sentir ele dar uma ligeira rebolada sobre seu colo, sentindo-o ainda mais duro contra seu ventre. Desceu as mãos para apertar as coxas dele com certa força, fazendo-o gemer seu nome e jogar a cabeça para trás, como se quisesse ainda mais carícias naquele local. Continuou apertando-o e explorando o pescoço com os lábios.

- O que acha de trancarmos a porta e demonstrarmos toda essa paixão, Kim Ravi? – sugeriu, ao deslizar as mãos até as nádegas dele e apertá-las com gosto – Eu quero muito mais da sua boca.

Wonshik sequer respondeu. Apressou-se ao levantar-se e ir até a porta com passos rápidos para trancá-las, sequer considerando a ideia de declinar a proposta. Não se importava se estavam indo rápido demais, havia contido seus sentimentos por muito tempo para hesitar.

Em seguida virou-se na direção dele e começou a se despir, com uma calma que não compreendia de onde veio. Talvez fosse a vontade de provoca-lo ainda mais, sentir os olhos desejosos fitando-o atentamente enquanto expunha seu corpo.

Sorriu quando viu ele se levantar e ir em sua direção, logo tomando-o em mais um beijo caloroso. Beijo este que iniciou uma sequência de outros sempre longos e prazerosos, ao passo em que se entregavam às sensações de estarem unidos por completo.

Se amaram sobre a cama, com as bocas unidas durante a maior parte do tempo. Apenas paravam quando não conseguiam conter os gemidos e exclamações de deleite, chamando sempre pelo nome um do outro com tons de voz completamente enamorados.

Taekwoon não conseguia explicar, mas cada vez mais sentia que havia alguma magia nos lábios do mais novo. Alguma coisa que o atraía de forma irrefreável, e que não mais precisava resistir. Sentia em seu coração e corpo que ele era seu, também por ter se entregado a ele.

Repetia para si mesmo em pensamentos que deveria dizer essas coisas a ele todos os dias, ainda que sentisse muito constrangimento. Deveria falar a ele o quanto era apaixonado, o quanto amava aqueles lábios saborosos, o quanto queria ouvi-lo como o ouviu naquela noite.

E beijá-lo. Jamais deixaria de beijá-lo.