História A Cabana (AonuNete) - Uma proposta

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Capítulo 03

[...] - Precisa ser... Necessariamente... Uma garota? - ele perguntou, fazendo pausas para respirar. 

Tonowari e Ronan arregalaram os olhos diante da pergunta, se entreolhando logo em seguida. 

Era nítido que nenhum dos dois esperava por uma notícia daquelas; foi um choque, sem sombra de dúvidas, mas pareciam dispostos em seguir com o plano de escolher alguém que Ao'nung gostasse. 

- Quem é? - Ronan perguntou, tornando seus olhos à Tsireya. 

- É o Neteyam. - Tsireya revelou sem cerimônia, fazendo Ronan arregalar ainda mais os olhos. 

- Um Omaticaya?! - ela falou como se fosse cair de uma cadeira, isto é, se estivesse sentada em uma. Tonowari tocou os ombros de sua esposa, tentando ampará-la e tranquilizá-la na mesma medida. 

- Tudo bem, meu amor... Tudo bem. - ele sussurrou para Ronan, que ainda estava tentando digerir a ideia. Tsireya não gostou muito da reação, até porque, secretamente, também tinha sentimentos românticos por um certo Omaticaya... Tonowari levou seus olhos à sua filha e lhe dirigiu a palavra: - Tem certeza disso? 

- Certeza absoluta. - ela reafirmou, convicta do que falava. Tonowari levou alguns segundos para assimilar a ideia. 

- Não precisa, necessariamente, ser uma garota... - ele deu o braço a torcer. - Contanto que seu irmão esteja feliz, e contanto que Neteyam ainda não tenha feito a ligação, não vejo nenhum grande problema. - ele falou. 

- Mas eu não sei se o Neteyam já fez a ligação antes... - Tsireya começou a se preocupar. 

- Então acho que vai precisar de mais uma dispensa 'pra descobrir. 

- M-Mas pai, eu não posso perguntar isso 'pro Neteyam!! - ela se viu envergonhada. - Nós não temos tanta intimidade assim, o que ele vai pensar? 

- Tenho certeza que vai achar um jeito. - Tonowari falou, já dirigindo sua filha novamente até a porta, tendo em vista que ainda teria de acalmar sua mulher. 

- Mas... 

- Nada de "mas". Boa sorte, Reya. - ele disse com um sorriso sutil antes de dar as costas e voltar 'pra dentro. 

Tsireya suspirou. Havia passado o dia todo seguindo seu irmão e agora ainda tinha de descobrir se Neteyam já havia feito a ligação ou não. A garota desceu até a beirada da praia, caminhando junto ao mar enquanto a noite caía, tentando pensar em algum plano ou maneira de começar aquela conversa com Neteyam. Estava tão concentrada em seus pensamentos que nem percebeu quando um na'vi azulado se aproximou. 

Sentiu duas mãos segurarem seus ombros por trás, e tomou um pequeno susto em função da surpresa, mas se acalmou ao olhar para trás e ver que se tratava apenas de Lo'ak. 

- Que saudade da minha princesinha... - ele a chamou pelo apelido, se aproximando enquanto estampava um sorriso discreto. - Não te vi hoje o dia todo... Onde você se meteu? - ele perguntou, parecendo ter sentido uma boa dose de saudades. 

- Lo'ak... - Tsireya disse em um suspiro relaxado antes de abraçá-lo. Envolveu o pescoço do mais alto e se sentiu um pouco menos estressada pela primeira vez naquele dia. Lo'ak a abraçou de volta, envolvendo sua cintura com carinho. Ao final, a garota se afastou e começou a responder a pergunta que Lo'ak lhe fizera. - Ah, eu passei o dia ocupada, tentando resolver uma coisa 'pro do aniversário do meu irmão, mas agora eu acho que... - ela se interrompeu no instante em que uma grande ideia passou sobre sua cabeça. Tsireya arregalou os olhos e mirou Lo'ak com um grande entusiasmo, vendo a solução para seus problemas bem diante de seus olhos. - Lo'ak!! É isso! - ela elevou o tom de voz em função da euforia. - Você vai me ajudar!! Eu... Eu preciso de um grande favor seu... - ela pediu com mais calma. 

- Claro, minha princesa. - Lo'ak flertou, se aproximando um pouco mais da Metkayina. - Pode pedir o que quiser. 

- Lo'ak, você sabe se... - ela se cortou, percebendo que estava falando um pouco alto. Baixou o tom de voz e se aproximou de Lo'ak mais um pouco; não queria que outros na'vi escutassem a conversa. Tornando a falar, quase em sussurro, Tsireya perguntou: - Você sabe se o Neteyam já fez a ligação? 

Aparentemente, aquela pergunta foi suficiente para deixar Lo'ak extremamente sem jeito. O Omaticaya arregalou os olhos e se afastou, como se tivesse ouvido a coisa mais absurda e horripilante que já ouvira em toda a vida. 

- O-O que?! Que pergunta é essa, Reya?? - ele sentia seu rosto esquentar igual brasa. - Por que você quer saber disso?!? 

- Por favor, Lo'ak... - ela se aproximou novamente, mesmo o azulado tendo recuado mais um pouco. - É importante, eu preciso saber... - ela insistiu, lhe observou fixamente de maneira a fazer Lo'ak ficar sem jeito. O Omaticaya desviou os olhos. 

- Bom, eu não sei… Nunca falei sobre isso com ele antes. Mas por que você quer saber?! Não 'tô gostando muito dessa conversa... - ele cruzou os braços,  morto de ciúmes. 

- Você pode descobrir 'pra mim? - ela pediu com um sorriso meigo. 

- O que?? Por que eu?! - Lo'ak se via cada vez menos à vontade com aquela conversa. 

- Porque você é irmão dele, deve ser mais fácil ele te contar... 

- Reya, eu não sei... Não gosto de falar sobre essas coisas com o meu irmão... - ele coçou a própria nuca, tentando evitar a todo o custo o contato visual. 

- Por favor, Lo'ak... Por mim... - ela apelou, chegando ainda mais perto e tocando o peito alheio com sutileza. Lo'ak seguia um pouco irritado e com ciúmes, tentando disfarçar a cara feia, mas era difícil se manter firme quando ela lhe olhava daquela forma. A fim de facilitar a decisão, Tsireya fez uma proposta: - Se descobrir isso 'pra mim, eu te dou um beijo. 

Ao ouvir a proposta, as orelhas de Lo'ak logo se ergueram. Já havia beijado Tsireya antes, mas não era muito recorrente, já que a garota não gostava de beijar em público, e quando o sol escondia e tinham oportunidades de se encontrar atrás das palmeiras, os pais de Tsireya não a deixavam sair de casa. 

Lo'ak gastou alguns segundos para analisar a proposta... Parecia bastante tentadora, mas, ao mesmo tempo, Lo'ak não queria ter de ter aquela conversa com seu irmão. Após avaliar o custo-benefício da proposta, o azulado desviou os olhos e respondeu baixo: 

- 'Tá bom, eu pergunto. - ele se deu por vencido. Tsireya colocou um grande sorriso no rosto e o abraçou uma segunda vez, sem cerimônia. 

- Obrigada, Lo'ak... - ela disse próximo ao pescoço do azulado. - Não sei o que eu faria sem você... 

O garoto se viu meio sem jeito, mas tratou de retribuir o abraço, se deliciando com o cheiro de sua princesa. Um sorriso bobo nasceu em seu rosto e os dois deixaram aquele abraço durar o máximo possível. 

[continua...]