A mulher desconhecida olhou para Camila e por um segundo seu coração parou e, naquela pausa, um sentimento sinistro e desesperador pareceu envolvê-la como uma sombra. Passou depois de um segundo, mas ela continuava encarando-a. Os cantos de sua boca se ergueram em sorriso não muito amistoso, um sorriso que queria dizer confusão na certa. O capuz que cobria sua cabeça deixando uma sombra em seu rosto tornava tudo mais assustador. Ela vestia uma calça preta e um casaco, também preto.
Seu olhar era sombrio e Camila pôde notar que os mesmos eram verdes. Numa fração de segundos a mulher adentrou a casa, fugindo da vista de Camila e Dinah.
— Que esquisitona sua vizinha. — Dinah riu.
— Quem é essa mulher? — interpelou Camila aérea.
— Eu não sei, mas de uma coisa eu tenho certeza: ela não é normal. — suspirou. — Você acha que é seguro ficar sozinha em casa com uma pessoa que nem ela morando ao lado? Vai que ela tem algum problema mental, Camila? Se alguma coisa te acontecer…
— Dinah! — Camila a reprovou. — Você nem conhece a mulher e já tira conclusões precipitadas… Ela deve ser uma pessoa MUITO normal, só que não passou as tão famosas boas primeiras impressões que deveria para nós, vizinhas. Aliás, tem a Ally aqui.
— Não é grande coisa, literalmente. — retrucou.
— É… — pausou. — Eu nunca a vi por aqui antes, será que ela é nova na cidade?
— Quem chega em casa às 10pm com esse tipo de vestimento? Com certeza ela está se escondendo de alguém ou deve ter aprontado alguma. — riu. — Não faço a mínima ideia, também nunca a vi pelos arredores. No entanto, não vi nenhum caminhão de mudança por aqui e olha que eu cheguei nos últimos tempos.
— Muito estranho.
Camila sacudiu a cabeça tentando esquecer por um instante aquele momento e abriu a porta de sua casa, deparando-se com Ally em frente a mesma. Sem entender, ela e Dinah desviram da garota e adentraram a casa. Cabello colocou sua bolsa sobre a mesa e sentou-se na poltrona com seu celular na mão, enquanto Ally continuou parada encarando-as, com uma feição indecifrável.
— Eu ouvi você dizendo que não sou grande coisa, Dinah. Inclusive no sentido literal, o que, de certa forma refere-se a minha altura. Só porque você tem 1,73 cm não quer dizer que é a pessoa mais alta dessa casa. Quer dizer, você é, mas não mora aqui. — falou rápido.
— Por favor, né, Ally. — Dinah despencou no primeiro sofá que viu. — Tu entendestes muito bem o sentido da frase, menina esperta. — a mais baixa grunhiu como resposta.
— Você estava na rua? — questionou Camila enquanto leia alguma coisa em seu celular.
— Huh. Eu… Eu estava em um encontro com um garoto. — balbuciou.
— Não, você vai se encontrar com uma garota. — brincou a loira.
— E se fosse? Algum problema?
— Está muito afiadinha hoje. — disse Dinah meio a um suspiro.
— O John e a namorada foram assassinados. — interrompeu Cabello apontando a tela do celular em direção as garotas. — Não acredito, como isso é possível? Eles eram umas das melhores pessoas que já conheci em toda minha vida e, tenho certeza de que não tinham inimigos.
Ally pegou sua bolsa e deixou imediatamente a sala, ficando apenas Dinah e Camila na mesma. A morena levantou-se e sentou ao lado de Dinah, para que as duas pudessem ler a matéria tão espantadora por sinal. Para elas, era como uma novidade, pois desde que lembram-se, não haviam assassinatos naquela cidade… Não até a chegada da “nova”, misteriosa e enigmática vizinha.
“Hoje venho com uma matéria pouco – talvez – assustadora, se é que posso usar essa palavra para descrevê-la entre tantas outras possíveis. Mas, tenho 80% de certeza que posso, já os assassinatos em Johnsonville foram praticamente extintos há anos, principalmente pelo baixo índice de população – que agora diminuiu para 1453 (número estimado em 2006 de 1455, então, fonte não confirmada. De lá até cá, com certeza, nasceram mais “bebês”) habitantes.
Quando recebi a notícia de que John Smith e sua namorada, Gabriela Willians foram ESQUARTEJADOS fiquei em choque. Há mais de 6 anos não ocorrem assassinatos por aqui, muito menos esquartejamento, umas das mais brutais formas. Inclusive, meus pêsames para os familiares de ambos.
Por volta das 08pm recebi a essa péssima notícia e, uma hora e meia depois outra. Taylor Smith, irmão de John, fora assassinado.
Agora pergunto eu, por que uma cidade tão pacata virou refém de três assassinatos em série do dia para a noite? Será que teremos segurança, mesmo estando dentro de nossas casas com nossas famílias? Será que poderemos sair à noite sem ter que comparecer a um enterro no dia seguinte (ou pessoas terem que comparecer ao seu enterro)? Isso me assusta.
Por via das dúvidas, faça aulas de defesa pessoal em cidades mais próximas e peça autorização para ter uma arma ou levem consigo qualquer equipamento, material que posso ajudar na sua defesa, não sabemos o dia de amanhã. Hoje foram eles, amanhã poderá ser qualquer um de nós.
Fiquem atentos! Não deixem suas crianças na rua sem alguém as supervisionando – Gabriela Willians estava grávida de 6 meses e o bebê foi encontrado seu lado, com o pescoço enrolado ao cordão umbilical, morto, tornando agora 4 assassinatos, pois o feto já era considerado um bebê. –, não saia de casa à noite, tranquem suas portas e fecham suas janelas, tudo para a SUA proteção.
Uma cidade antes pacata, agora cenário de estranhos assassinatos”
— Camila, agora está explicado. A sua vizinha, ela estava estranha, ela vestia estranho… Isso não foi um acaso, não pode ter sido apenas um acaso, uma coincidência. – averiguou. – Espera, o John era professor de química, certo? – Camila movimentou a cabeça suavemente. – Merda! O Jones vai querer dar aula de química também.
— Dinah! Dinah! Isso é sério. Você já pensou se alguém da sua família é o próximo? Ou até mesmo você, eu, a Ally… E eu pensando que morar em uma cidade praticamente fantasma seria menos apavorante do que na metrópole.
— Quem usa a palavra metrópole hoje em dia?
— O professor de história. – sua frase soou como uma pergunta. – Liga para o Harry e fala pra ele não vir pra cá a essa hora, depois disso não quero nem sair de casa depois das 10pm, tenho muita coisa para viver.
Dinah não pensou duas vezes e pegou o celular, digitando o número do amigo que logo em seguida atendeu. Ela avisou para que ele não saísse de casa e repassou a informação, sendo que o mesmo já sabia. A notícia havia se espalhado pela cidade drasticamente e já passara no telejornal para todo o estado.
Camila resolveu que a amiga dormiria com ela essa noite, por questões de segurança e, pela manhã, ela voltaria para casa. A mesma avisou para os pais que concordaram imediatamente. Mas, seria coincidência a descoberta dessa nova vizinha ao mesmo tempo que acontecem 4 assassinatos em série? Ou esses fatos apenas ligariam um caso policial?
Elas se depararam com um caso improvável e que poderia tirar a vida de uma delas se resolvessem se envolver ainda mais nisso.
(…)
A campainha da casa soava desesperadamente, assustando as garotas que ali estavam. Ally e Dinah recusaram-se a abrir a porta, sobrando apenas Camila. Ela encheu seus pulmões de ar e cautelosamente segurou a maçaneta fria, causando-lhe um arrepio na espinha, enquanto a campainha da casa ainda tocava. O fato da porta ser de uma cor sólida e não tem uma janela ao lado as assustava mais do que o necessário.
— Anda logo, Camila. — sussurrou Dinah.
— Já pensou se é alguém perigoso? — respondeu no mesmo tom da amiga.
— Só abre essa porta.
Camila a ignorou e girou a chave, abrindo a porta lentamente. Ela olhou pela brecha que havia aberto e encontrou dois garotos parados em frente a mesma, enquanto outro tocava a campainha. Por um momento seu coração havia parado. Ela abriu a porta dando passagem aos garotos que correram para dentro da mesma, devido ao frio que estava na cidade, principalmente pelo horário.
Louis e Niall sentaram em frente à lareira, enquanto Harry cumprimentava as meninas.
— Garotas, desculpa incomodar a essa hora. — disse Harry sentando no sofá ao lado de Dinah e Ally. — Eu queria ter um motivo para estar na casa de vocês as 04am, mas eu não faço a mínima ideia do que dizer.
— Nós, especificadamente eu e Niall, estávamos lendo aquela matéria que o Jonathan postou sobre o assassinato, esquartejamento ou sei lá do John, a namorada e o irmão pela décima vez. — disse Louis. — É muito estranho, não acham?
— Depois de anos sem coisas desse tipo por aqui, sim, é muito estranho. — Ally suspirou e sentou-se ao lado do loiro. — Niall, você falou com o Liam? Ele disse que estava saindo de New York há 7 horas e não falou mais comigo.
— Não tenho notícias dele desde que saí de casa. — suspirou. — O Liam estava estranho comigo essa manhã, ele faltou o colégio e não me ligou mais.
— Ele me enviou uma mensagem há pouco tempo falando que teve um problema com os pais e vai vir amanhã cedo, já que é final de semana. — disse Harry. — Camz, eles podem arrumar alguns colchões para dormimos no quarto de hóspedes? — a garota assentiu, e Louis e Niall levantaram, direcionando-se ao quarto de hóspedes que ficava perto da sala. — A rua não está segura, eu vi os corpos em frente a porta da minha casa, não foi uma experiência nada legal e interessante.
— Eu vou ajudar eles a arrumarem, não devem saber onde estão os colchões. — disse Ally logo saindo da sala, restando apenas Harry, Camila e Dinah ali.
— Harry, a nova vizinha da Camila é superestranha. — sussurrou Dinah. — Quando chegamos ela estava encapuzada e nos olhou com uma cara nada amigável. Aí eu pensei: nossa, essa mulher tem o perfil físico e, provavelmente mental de uma psicopata vulgo serial killer. Até perguntei pra ela — apontou para Camila — se era seguro ficar aqui com aquela mulher ao lado. Eu, tenho 99% de certeza que foi ela quem matou o John e família.
— Como assim?
— Só porque a moça estava encapuzada, ou seja, toda de preto e não ter passado boas impressões, a Dinah acha que ela é uma assassina qualificada. — explicou Camila. — Não acho que tenha sido ela, apesar de parecer. Uma mulher não teria força suficiente para esquartejar alguém… Ou teria?
— AH! Eu já sei de quem vocês estão falando, quando nós chegamos aqui encontramos essa mulher aqui ao lado. — pausou. — Ela estava com essa mesma roupa e com uma BMW 2015, fiquei com um pouco de inveja. Não foi muito educada, ela nos ignorou e entrou correndo na casa. Preciso concordar com a Dinah, ela é muito estranha.
A conversa dos três é interrompida quando ouve-se um forte estrondo e os três – Niall, Ally e Louis – aparecem na sala falando que não havia sido na casa, mas sim na casa ao lado. Eles correram até a janela mais próxima e, na casa onde a sombria e enigmática vizinha morava possuía as luzes do primeiro andar ligadas. Algum líquido vermelho foi jogado à parede, assustando-os mais ainda.
— Chame a polícia, agora. — exclamou Camila.
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