1. Spirit Fanfics >
  2. A chegada do inferno >
  3. De encontro com o tempo

História A chegada do inferno - De encontro com o tempo


Escrita por: AndrewFerris

Notas do Autor


Continuação das memórias do Animus! Espero que curtam!!!

Capítulo 19 - De encontro com o tempo


Augustus toma a frente, me encarando com seu olhar bondoso e analítico de sempre enquanto encaro Ohero, cujo olhar está frio e repleto de ódio. Se um Templário entrasse ali para me matar seria mais provável ele defender o Templário.
— Wilkar Azhiph, cujo nome de família carrega uma pesada responsabilidade - Começa o mestre vindo ao meu encontro, com minhas mãos e pés soltos, como em todos os julgamentos da Irmandade, embora não fosse muito comum o julgamento de alguém na minha posição - Sua família é uma das mais antigas na Irmandade, sendo inclusive uma das responsáveis pela formação do Credo que você tão negligenciou na noite de ontem - Protestos e vaias vindos de todos os cantos, enquanto um ou outro mais novo se perguntava o que acontecia ali - Matou dois de seus irmãos, Hornan e Detrail e um de seus mestres, Ferrien Grambert - Os protestos de indignação e revolta continuaram, embora agora surgissem expressões aclamadas de alguns se perguntando como eu havia conseguido matar o Assassino das mil foices - Você confirma seus pecados?
— Eu não matei Hornan, ele era meu irmão, assim como Detrail - As palavras ficam entaladas na garganta - No entanto eu confesso ter matado o mestre Grambert.
— Porque não diz a verdade, Azhiph? - Pergunta Rabelac intrigado.
— Que importa? Ele matou um dos líderes dessa Irmandade durante uma batalha em nosso próprio lar. Isso se chama traição - Concluiu Ohero atropelando o interrogatório do irmão.
— Mas ainda não explica o restante dos fatos, meu irmão - Rabelac continua me olhando com seriedade, procurando algo que pudesse usar a meu favor. Pelo visto ele ainda queria saber de justiça, enquanto tudo que Ohero almejava era vingança - Você diz que não matou Detrail, então quem o matou? Hornan? - Não tinha como sair dessa situação sem parecer mais culpado ainda, então resolvi contar a verdade.
— Hornan não matou nosso irmão, quem o matou foi Grambert, pouco antes de o enfrentarmos. Descobrimos que o mestre queria tomar posse do Arco e decidiu torturar Detrail enquanto nossos irmãos se preparavam para a batalha.
— Você mente, Azhiph - Declarou Turin batendo forte em sua cadeira.
— Acalme-se, irmão - Pediu Augustus aos poucos perdendo a paciência com seu irmão - Prossiga.
— Mestre Grambert avisou os Templários sobre nosso ataque com antescedência, deixando a Ordem mais guarnecida para o caso de alguém tentar invadi-la.
— Com qual intuito ele faria isso, meu caro? - Questiona Rabelac inconformado - Porque se comunicar com nossos maiores adversários?
— Ele disse que nosso objetivo foi perdido com o passar dos anos. Que nossa causa não servia mais ao mesmo propósito e precisávamos de um novo rumo, ou pelo menos foi o que eu entendi - Expliquei sem me conter em momento algum. Se queriam me matar, que fosse por escutarem a verdade.
— Então ele pretendia roubar o Arco e fazer o que? - Indagou Ohero se levantando em um único movimento para vir em meu encontro.
— Com todo o respeito mestre, quem deveria responder isso são aqueles que conhecem as funções da arma que roubamos - Respondi com sabedoria. Wilkar parecia ter as respostas na ponta da língua.
— Não sou mais seu mestre, assim como Rabelac - Esclareceu Ohero com um tom disciplinar - Você traiu a Irmandade, matou seu antigo mestre e confessou seu crime, além de sua missão falha recentemente. Temos mais do que motivos para condená-lo, temos honra - Uma salva de palmas preenche o salão, com meneios de cabeça em sinal de concordância com tudo o que o mestre dizia. Aparentemente, aquele seria meu último momento de vida, mas então o que significavam aquelas imagens anteriores? E porque eu viera parar no dia posterior à morte de Grambert? Quais seriam os efeitos de usar meu próprio sangue para alimentar o Animus? Subitamente, tenho uma lembrança na qual alguém me ordena abaixar, então o faço, e instantes depois uma flecha flamejante voa por cima de minha cabeça para ir de encontro à parede de madeira ao nosso lado, fazendo com que meus irmãos ficassem vigilantes. De repente, cerca de cinquenta Assassinos entram no salão e começam a atacar seus irmãos, sem desejo de matar, apenas mantê-los afastados, uma distração para o que eu presumi ser uma chance de fuga. Sem olhar nos olhos de meus mestres, saí em debandada para longe do salão, escorregando em uma esquina para seguir por um amplo corredor, passando por jardins a céu aberto e fontes com esculturas majestosas de sábios antigos e de míticos mestres Assassinos do passado. Alguns irmãos surgem em minha defesa para impedir o avanço de guardas que vinham em meu encalço, então me deparo com um jovem Assassino que Hornan vinha treinando.
— Benedict, acertei?
— Isso mestre.
— Não sou mais um mestre. Agora sou um criminoso. Todos vocês são pelo que fizeram hoje, por mais nobres que tenham sido suas intenções.
— Tudo bem, mestre. Vamos dar conta do recado graças aos dons recebidos pelos poderes antigos.
— Você também possui esse dom? - Questionei incrédulo.
— Muitos Assassinos nascem com ele, mas o mantém escondido da Ordem, que sempre abominou esse tipo de talento sobrenatural. Quando o senhor alcançar nossos sentinelas encontrará alguém que poderá explicar melhor. Agora vá - Benedict diminui sua velocidade até finalmente parar no meio do corredor, liberando os mecanismos dos pulsos para se valer de suas lâminas ocultas. Continuei correndo, mas não em direção à saída do santuário e sim à câmara onde Detrail havia escondido o Arco. Correndo no interior de uma passagem que dava acesso ao dito lugar, acabei tropeçando em algo que não tenho conhecimento à primeira vista, rolando no chão e me levantando no mesmo instante com minhas lâminas apostas para encarar meu adversário.
— Mestre Ohero. Meu antigo mestre Ohero, como o senhor mesmo disse - Corrigi depressa ao lembrar de suas palavras.
— Eu te criei depois da morte do seu pai. Tornei você o Assassino que é, além das defesas maestrais de Rabelac e das táticas de combate de Grambert. Quem abriu a mente dos irmãos Assassinos? Lhes deu mais do que garras e habilidade para usá-las? Sabe como derrotei Isaac Bardenorus?
— Enfiou uma lâmina envenenada em seu braço - Respondi receoso.
— Sim, enfiei, mas isso depois de uma semana aprisionado no interior de um labirinto mejestoso construído pelo infeliz. Ele me jogou ali, pois queria me trazer a morte mais agonizante possível, na qual não somente meu corpo decairia como também minha mente. Assim ele esperou por uma semana. Depois de uma semana, presumindo que estivesse morto, Bardenorus entrou no labirinto para buscar meu corpo pessoalmente. Ele conhecia bem seu labirinto, e essa foi sua queda. Nos sete dias que fiquei encarcerado, tive tempo de decorar todos os túneis e de mudá-los com um detalhe a mais ou a menos com o objetivo de confundir seu criador. Ao final do prazo, eu havia reconstruído um labirinto onde apenas eu sabia andar. Bastou dois dias para Bardenorus enlouquecer de fome e calor, quando finalmente o encontrei e enfiei uma lâmina envenenada em seu braço. Eu aproveitei sua agonia que duraria muitos dias enquanto seus discípulos o procuravam, tempo suficiente para eu fugir do labirinto e daquelas terras para retornar ao santuário da Irmandade.
— O senhor de fato é um homem sábio. Provavelmente o mais ábio dentre os Assassinos - Afirmei sentindo meus batimentos como se fossem escapar pelo peito. A história não era uma lição e sim uma tentativa de intimidação. Ohero não usava a força para derrotar seus adversários, mas sim sua inteligência. Se eu ousasse enfrentá-lo acabaria morrendo por descuido - Mestre, não quero enfrentá-lo.
— Então volte ao salão e enfrente seu julgamento -Respondeu Turin com seriedade tanto no ohar quanto na fala.
— Não posso. Isso não é justo. Eu matei o mestre mas tive meus motivos. Ele matou um de nossos irmãos visando objetivos próprios e quase trouxe desgraça ao nosso lar trazendo os Templários aqui.
— Não há provas contra ele, por mais que tenha sido tolice agir daquela forma - Um turbilhão de incertezas invade minha cabeça enquanto me afasto do mestre - Vou responder sua maior dúvida antes de matá-lo, sim, eu sabia e estava de acordo com tudo o que Grambert e Rabelac planejam - Nesse instante percebi o quão perdido estava quanto a meu propósito.
— Mestre, eu - As palavras escapam da minha boca. Poderia implorar o perdão que nunca teria ou poderia enfrentá-lo com meu dom desconhecido para ele, o que poderia me dar uma chance de vitória. Sendo assim, avançei me concentrando com toda minha força, então uma onda de luzes alaranjadas percorre o ambiente e os movimentos de Ohero se tornam mais lentos, no entanto um novo clarão irradia do chão, enbranquecendo tudo até eu não poder ver mais nada. De repente, estou de volta ao palácio persa prestes a enfrentar meu novo oponente que invadiu a câmara onde estava o olho de Hórus.
— Mestre Rabelac - Exclamei sentindo um leve arrepio na espinha, dando três passos de precaução para trás enquanto meu mestre sorri amigavelmente como um velho amigo.
— Wilkar, quanto tempo desde nosso acordo - Encaro meu antigo mestre sem perder a postura. Ele usava um longo manto branco tradicional e um capuz que se desfaz em um cachecol fino, que cobre algo reluzente em volta de seu pescoço.
— Acordo que você descumpriu quando os Templários vieram no encalço dos meus discípulos.
— Renegados, é isso que vocês são. Um bando de traidores que sequer conseguem cumprir seu papel antes da morte. Falharam antes e falham neste instante - Ele sorri com frieza - Até mesmo Hornan naquela cadeira... pensei que sentiria pena dele, mas tudo que senti foi a necessidade de eliminá-lo antes que ele tivesse a oportunidade de revelar meus planos - Ele queria me tirar do sério, e embora a experiência tivesse me ensinado a não perder as rédeas, não pude conter meu dedo indicador, que desprende o mecanismo em meu pulso para liberar a lâmina oculta enquanto saco minha espada com mais vigor com a mão restante.
— Você não terá o Olho, mestre - Afirmei com seriedade.
— Demorei para encontrar o Arco naquele esconderijo de Detrail. Foi preciso um ano de escavação - Ele ergue o braço com uma expressão vitoriosa revelando a arma em sua mão fora da minha vista a princípio. Despojado nas alturas estava o Arco egípcio, a arma que segundo os antigos poderia trazer o inferno se estivesse acompanhada  do único vestígio divino na Terra. Um tremor assombra meu espírito, afinal de contas, por mais habilidoso que eu fosse, independentemente das minhas habilidades, não teria chance alguma contra o mestre Rabelac armado com o Arco de Armon.
– Mestre, isso é muito perigoso - Alertei dando mais um passo para trás.
– Se usado pela pessoa errada. Tive tempo de estudar o que os doutores Templários obtiveram estudando esse objeto e testei seus efeitos naquele grupo de degenerados - Ele sorri com orgulho de si mesmo.
– Você os matou - Afirmei revoltado, controlando a ânsia de atacá-lo enquanto pensava em todos que tinham morrido em nome da nossa causa - Eles já foram seus discípulos.
– Há séculos a Irmandade descobriu os desafortunados descendentes de Assassinos que nascem com a Maldição da visão eterna. Nunca aprovamos esse tipo de coisa e decidimos eliminar todo aquele que nascesse com esse infortúnio.
– Mas não é uma Maldição, é um dom - Expliquei indignado.
– Hórus amaldiçoou um grupo de homens que passavam no deserto, prisioneiros, guerreiros, políticos... Todo tipo de homem existente. Eles estavsm juntos e foi decretado que deveriam combater o inferno que um dia o mundo se tornaria por conta dos erros do passado. Acontece que essa Maldição serviu apenas como lembrança da verdadeira missão da Irmandade, expurgar essa praga que a humanidade criou, e o único meio de fazê-lo é trazendo a purificação dos deuses.
– Se fizer isso mestre, todos estaremos perdidos - Argumentei sem ideia do que fazer a seguir, exceto atacá-lo sem que esperasse. Meus ataques rápidos não surtiram efeito contra meu mestre, pois sua defesa era lendária nas fileiras Assassinas, o que me leva a cansar muito rápido. Sabendo que não teria chances, resolvi ativar meu poder, assistindo Augustus perder sua velocidade enquanto a minha se multiplica para que eu pudesse acertá-lo com uma golpe da lâmina oculta, não fosse o Arco na frente. Sem recuar, a arma reflete seu poder e sinto como se tudo voltasse a segundos antes, com Rabelac me encarando com diversão.
– Viu isso?
– Como pode?
– Voltamos no tempo Wilkar, não é tão difícil de entender.
– Mas isso é fora do normal. Não é certo - Rabelac ergue o braço, mirando o Arco para os céus.
– Hora de mostrar-lhe o verdadeiro poder do Arco - Cobrindo meu rosto da luz que surge no alto do palácio, sinto tudo cessar e uma voz ecoar dentro de mim, como se viesse ao mesmo tempo de dentro e de fora.
– Derek - Ao distinguir meu nome do restante, passei a procurar quem havia dito tal palavra, quando me deparo em profunda escuridão no meio de um punhado de luzes laranjas que dançavam livremente pelo escuro. Sem mais nem menos, algumas luzes se unem formando um corpo iluminado que aos poucos toma forma e volume, até se assemelhar comigo, embora eu tivesse certeza de quem se tratava.
– Wilkar - Afirmei incrédulo, contendo o impulso de me aproximar do meu ancestral morto há tanto tempo.
– É bom finalmente poder conhecê-lo e saber que minha linhagem sobreviveu apesar de tudo.
– Como isso é possível? - Perguntei incapaz de acreditar no que se desenrolava.
– Eu senti sua presença junto ao meu poder. Nosso dom percebe ele próprio provindo de outra pessoa. Involuntariamente, esse poder permitiu que nossas consciências se unissem por um curto período.
– Mas parece que estamos aqui há muito tempo - Observei intrigado.
– O tempo é relativo, Derek - Depois de sua afirmação, Wilkar dá um passo à frente - Sabe porque estamos aqui.
– Como posso destruir o Olho de Hórus?
– Ele não pode ser destruído, ao menos não por meios conhecidos.
– Então como conseguiram parti-lo?
– Um príncipe da Pérsia chegou perto de conseguir tal façanha, mas desistiu ao saber que a mesma ferramenta que traria o inferno poderia impedi-lo, e como ele não sabia manipulá-la, decidiu espalhar os pedaços até que alguém soubesse como impedir o inferno.
– E você não sabe? - Perguntei revoltado.
– Infelizmente não, mas sei que deve ir ao Egito. A resposta que procura está lá. Mantenha seu foco no Olho, pois o Arco está perdido para vocês.
– O que quer dizer com isso?
– Em breve você entenderá - Afirmou sem dar mais detalhes - Por hora, tudo que tenho a dizer é que espero que nossa Irmandade não morra com o tempo. Espero que como um Renegado de Venerale, faça seu trabalho trazendo à tona aos Assassinos nossa missão e valores. Eu sei que a Irmandade não morreu com Grambert, Ohero e Rabelac, pois tive visões mostrando o quanto nos recuperamos com o passar dos anos. Continue com nosso legado, Derek, não deixe que nossas palavras se percam.
– Quais palavras? - Pergunto sem muito interesse.
– Você ainda não entende o que significam, assim como eu não entendi quando me contaram pela primeira vez, mas me tornar um Renegado me mostrou o quão verdadeiro é seu significado. O juramento dos Assassinos.
– Juramento - Repeti para que ficasse claro em minha mente.
– Nada é verdade, tudo é permitido - As luzes preenchem meu corpo enquanto uma série de memórias da Irmandade me atingem instantaneamente - Andaremos nas sombras em nome da luz - Wilkar se aproxima de modo que nossos rostos se toquem, então sinto meu dedo anular queimando ao toque de meu ancestral, o cheiro de carne viva sendo arrancada trazendo um tenebroso grito antes de suas palavras finais - Nós somos Assassinos.


Notas Finais


Derek teve o encontro mais inesperado de todos e agora seu rumo se torna claro, no entanto há obstáculos no caminho que ainda podem afetá-lo, seria uma preocupação?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...