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História A Cidade no Quintal - Talvez não esteja distante


Escrita por: Salt-Novak

Notas do Autor


Olá, pessoinhas ❤️ Como estão? Eu me sinto como um telefone que desligou porque acabou a bateria e precisa dar uma carguinha pra conseguir ligar de novo 🥲 Mas vai ficar tudo bem. Sempre fica 💙

Parte desse capítulo eu tive a ideia por causa de uma fanart que eu vi kkkkk Talvez vocês tenham visto também algum dia.
Boa leitura ☺️

Capítulo 5 - Talvez não esteja distante


Fanfic / Fanfiction A Cidade no Quintal - Talvez não esteja distante

Pela manhã, o garoto loiro estava determinado a falar com Sasuke. Entretanto, não o viu na hora que saiu de casa, com a bicicleta, e em nenhum outro momento teve a chance de conversar com ele sozinho. Naruto não queria falar com o amigo de infância na frente das outras pessoas, porque os assuntos poderiam embarcar em coisas mais pessoais, como Kushina havia sugerido. Ele também não queria chamá-lo sem motivo para uma conversa, porque isso poderia ser simplesmente ignorado.

O momento oportuno viria, Naruto sabia disso. Porém, até que viesse, Sasuke continuava prontamente o ignorando. Na verdade, ele não parecia ser alguém fácil de se comunicar, porque as pessoas tentavam, mas recebiam respostas monossilábicas. Seja qual fosse o motivo para aquilo, fazia com que o garoto loiro ficasse mais ansioso para falar com ele.

— Ele precisa de um amigo — comentou Naruto, enquanto estava sentado no telhado do prédio da escola, com a Gangue. O loiro se apoiava sobre os braços, com o rosto voltado para o céu, observando as nuvens que manchavam o azul intenso.

— Quem? — Sakura ergueu as sobrancelhas, parando no meio do caminho de levar o conteúdo do seu Obentô à boca.

— Quem poderia ser? A única pessoa por quem o Naruto está obcecado, é óbvio! — resmungou Ino, mantendo os olhos na comida em suas mãos.

— Eu não estou obcecado por ele! Você também estaria… pensativa se estivesse no meu lugar — respondeu o garoto. Kiba, que mostrava um novo jogo de celular para Chouji, levantou os olhos, passando a prestar atenção à conversa. Shikamaru estava deitado no chão em modo vegetativo e Hinata estava atenta, como se assistisse uma partida de tênis.

— Pensativa sobre alguém que não dá a mínima para mim? Poupe-me disso, Naruto. Não tenho tempo, vontade e nem energia para uma bobagem dessas. — A garota loira sempre era direta nas palavras, com uma sinceridade ferrenha. Shikamaru também era sincero, mas, mesmo assim, conseguia ser mais ameno nas palavras.

— Estão falando do amigo de infância? — perguntou Chouji — Eu realmente não sei nada sobre esse cara além de ser amigo do Naruto.

— Bom, a Hinata sabe um pouco mais do que isso, Chouji… — A voz de Kiba era provocativa, o que se somava ao meio sorriso em seus lábios. Toda a Gangue olhou para a garota de cabelos longos e negros ao mesmo tempo, fazendo-a corar intensamente. Até Shikamaru abriu um dos olhos, curioso.

— Kiba! — exclamou. Claramente ela não queria falar sobre o assunto, muito menos ser o centro das atenções. — E-eu só sei o que me disseram.

— Então conta o que te disseram — pediu Ino, parecendo impaciente. Ela não era alguém muito compreensiva com pessoas tímidas, mas fazia algum esforço por Hinata. Os olhos azuis cor de quartzo da menina de cabelos negros desviaram-se para o obentô em seu colo, mas, enfim, ela decidiu falar.

— Quando eu trocava meus sapatos de manhã, perto dos armários, eu ouvi algumas pessoas falando sobre o seu amigo, Naruto. É Sasuke, certo? — Ela interrompeu a si mesma para confirmar, apesar de já saber.

— Certo.

— Bom, não é nada muito importante, na verdade. Só estou contando porque o Kiba pediu — reforçou a garota, fuzilando com os olhos o garoto de ar selvagem. Ela só era capaz de fazer isso com ele. — Estavam o chamando de "O garoto misterioso da classe 3-A". Comentaram que ele era bonito, mas que também não se importava com nenhuma das garotas que tentava se aproximar. Chegaram a dizer que a pessoa que o conquistasse teria o respeito eterno e coisas assim…

— Que coisa idiota — comentou Shikamaru, em um tom entediado — Ele é só um cara e as pessoas se classificam ou validam por meio dele? Isso é realmente idiota.

— É como se fosse o Bowser, ou outro chefão, sei lá — brincou Kiba, fazendo Chouji e Shikamaru rirem.

— Vocês estão girando demais no assunto, como baratas envenenadas, e o Naruto ainda não disse o porquê de achar que o Uchiha precisa de um amigo — relembrou Sakura. Naruto estava com a mente meio distante, sentindo uma certa irritação não expressa, pois seria chamado de infantil pelos amigos mais uma vez. Irritava-o que Sasuke chamasse tanta atenção, já que tinha o vencido como representante no dia anterior. Não era justo que também fosse bonito. — Naruto?

— Ahn? — Despertou e Sakura franziu o cenho.

— Por que acha que o Sasuke precisa de um amigo? — repetiu a pergunta, sendo mais paciente do que Ino poderia ser.

— Ah, esquece isso! Aparentemente ele já tem gente o suficiente no pé dele, querendo a aprovação do Bowser! — respondeu, por fim, fazendo os amigos rirem de novo, menos Sakura. A garota sabia que não era aquilo que Naruto queria dizer, mas dizia porque estava no meio da Gangue. Ela prometeu a si mesma que falaria com ele mais tarde.


No fim do horário de almoço, o grupo se separou novamente, cada um indo para suas respectivas salas. Os alunos da classe 3-A teriam aula de Educação Física e, apesar de gostar daquela aula em todos os outros anos, Naruto a amaldiçoava naquele momento. Ter que fazer qualquer esforço depois do almoço era uma tortura, a menos que fosse depois das cinco da tarde. Ele se sentia sonolento e inútil, enquanto se arrastava com as amigas em direção à quadra.

— Pare de reclamar, Naruto! Educação Física sempre foi um inferno e sempre será — proclamou Ino, enquanto desciam as escadas, emburrados.

— Só é infernal quando eu estou com sono — argumentou o garoto. Naquele momento ele entendia como Shikamaru se sentia.

— Eu acho que a educação física deveria ser cancelada quando está calor — disse Sakura, suspirando.

— Devia ser cancelada da face da Terra! — A garota loira liberou suas últimas energias naquela categórica afirmação, a qual Naruto também se sentia cansado demais para contra argumentar.

A maior parte da turma já estava de pé no ginásio quando os três amigos chegaram, arrastando os pés. Assim como eles, ninguém parecia muito animado. Com um movimento, que Naruto pensou ser involuntário, seus olhos procuraram Sasuke rapidamente, identificando-o com facilidade, visto que estava na frente do grupo. Ele usava o uniforme branco e laranja de educação física da escola, o qual todos odiavam, mas eram obrigados a vestir. Nem mesmo o garoto Bowser combinava com aquelas roupas e esse pensamento fez o loiro sorrir malignamente.

O trio ficou em uma das pontas do grupo, mas as reclamações sobre o calor e sobre as roupas chegavam em seus ouvidos. Ino engatou em uma conversa sobre como a cor laranja costumava valorizá-la, mas que até isso o uniforme destruía. Enquanto isso, Naruto ouviu Sakura contar sobre um livro que andava lendo sobre lendas japonesas.

De repente, a garota de cabelos cor-de-rosa interrompeu-se abruptamente, olhando de soslaio para a amiga loira. Naruto franziu o cenho, mas não perguntou nada frente aos olhos verdes determinados.

— Eu preciso falar com você — sussurrou — Não mudou de opinião sobre o Uchiha precisar de um amigo, não é?

— Sakura, por que está falando disso do nada? — tentou desconversar, mas a garota segurou o seu braço com as pontas dos dedos, fazendo Naruto morder o lábio inferior por causa da dor. Ela era mais forte do que pensava. — Não precisa agredir!

— Se você tiver mudado seus pensamentos só porque ficou com raiva de as pessoas puxarem o saco dele, eu realmente vou ficar irritada — murmurou, ameaçadora. Quando Sakura ficava daquele jeito, fazia Naruto se lembrar da mãe no mesmo instante. Não sabia o que tinha feito para merecer uma Kushina em casa e uma na escola.

— Tá bom, tá bom, calma! — Quando seu braço foi solto, o garoto fez um bico irritado e a amiga retribuiu seu olhar, exatamente como a mãe ruiva fazia. — Eu não tinha mudado de ideia, tá legal? Precisa confiar mais em mim!

— Ok então — resmungou, cruzando os braços sobre o peito e desviando os olhos. — Eu só quero que você fique bem, sem essa cara preocupada.

— Eu sabia que você me amava! — Naruto abraçou seus ombros, colocando o queixo sobre a sua cabeça. O rosto da garota ficou muito vermelho de repente. Não era porque sentia algo romântico pelo amigo, mas porque as pessoas já inferiam coisas sobre eles e aquilo não contribuía para desmentir os boatos.

— Valido a sua afirmativa, mas está calor demais pra isso — reclamou, contorcendo-se. Enquanto tentava se livrar de Naruto, Sakura viu o amigo de infância, o Uchiha, encarando-os. Era a primeira vez que o via olhando para eles, então se surpreendeu com a intensidade dos olhos negros. Ela era bastante perceptiva, mas não soube interpretar o que aquele garoto pensava.

Naquele momento, o professor de Educação Física chegou e Naruto soltou Sakura no mesmo instante, com medo de levar um sermão. Se as roupas de uniforme já não eram muito agradáveis, as que o professor usava eram ainda piores. Era um macacão verde e colado e tênis alaranjados, além de um corte de cabelo retilíneo. A maior parte dos alunos fez uma careta instantânea, mas Naruto nutria afeição o suficiente pelo professor Gai para julgá-lo.

Mesmo após o almoço, o professor parecia absolutamente animado e suas tentativas de animar os alunos a se alongarem eram tristes. Enquanto o homem saltava e dizia frases motivacionais meio coach, a classe resmungava e parava de fazer assim que ele virava as costas. Naruto tentou se esforçar verdadeiramente e acabou se animando no fim, junto com um único garoto de olhos redondos. Até quando Naruto desistiu de fazer as flexões propostas, deitando-se no chão em derrota, o menino com olhos que pareciam de inseto permaneceu, fazendo Gai saltitar.

Os outros aproveitaram que o professor estava animado com o garoto e ficaram conversando, torcendo para que a hora passasse rápido. Contudo, aquilo não durou para sempre, porque Gai acabou voltando suas atenções para sua turma desanimada. Para a felicidade geral, ele decidiu terminar com os alongamentos e aquecimentos e propôs que jogassem handball. Não era melhor do que tirar um cochilo depois do almoço, mas era menos pior do que flexões.

Com isso, o professor dividiu a turma em três times que revesariam, como um mini campeonato. Sakura cruzou os dedos para que o time dela, de Naruto e de Ino perdesse logo no primeiro jogo, mas não foi isso que aconteceu. Para a infelicidade da garota, o amigo se esforçou de verdade e era bom em esportes. O loiro jogou praticamente sozinho, competindo com o garoto de olhos redondos e sobrancelhas grossas do outro time. No fim, Sakura queria esganá-lo por fazê-los vencer e jogar mais uma vez.

Contudo, o último jogo era contra o time o qual o Uchiha fazia parte. O espírito competitivo de Naruto já havia sido ativado e, mesmo que Sasuke parecesse meio indiferente, sentiu que com certeza queria vencê-lo. A expressão do garoto de cabelos negros era indiferente, mas havia algo em seus olhos, algo que parecia um misto de raiva e superioridade. Naruto notou aquilo no último instante, quando o professor já apitava para o início da partida.

A primeira coisa que o garoto loiro percebeu, foi que Sasuke realmente estava jogando sério. A segunda, foi como seu amigo de infância se movia com elegância. Enquanto Naruto usava sua velocidade e coragem ao seu favor, o outro garoto se desviava dos adversários com facilidade, como se fosse o vento. Era silencioso e roubava as bolas em pleno ar, deixando a todos boquiabertos. Ele tinha técnica.

No fim, a partida quase empatou, mas o time de Sasuke acabou vencendo. De início ele pareceu indiferente, mas, quando notou que Naruto o encarava, não desviou o olhar como vinha fazendo: sorriu com um ar vitorioso, malévolo e presunçoso. O garoto loiro teve vontade de enforcá-lo, mas não faria isso com o professor ali… e nem com ele longe, convenhamos.

— A sua sorte é que não tem mais aulas agora à tarde, ou você teria que tomar banho na escola — disse Sakura, fazendo uma careta para o amigo suado. O terror geral de todos os garotos de Gakko Nikko era ter que tomar banho no banheiro masculino do ginásio, porque ele era mal assombrado a décadas. A maior parte deles só tentava não suar muito e trocar de roupas no banheiro do prédio da escola depois da aula.

— Eu me sinto nojento — reclamou Naruto, sentindo os fios de cabelo loiro grudados na testa, enquanto esperavam ser liberados pelo professor.

Todos pareciam ansiosos para ir embora, com os braços cruzados sobre o peito e caras emburradas. A maior parte deles tinham se divertido minimamente vendo os três garotos aplicados quase se matando no handball, mas se divertiriam mais indo para casa. Naruto viu Sasuke do outro lado da fila de pessoas, com a mesma expressão esnobe e entediada. Porém, ele também parecia cansado e suado, o que pelo menos demonstrava que também precisou se esforçar para vencer.

— As partidas de hoje foram impressionantes! — exclamou o professor, exageradamente animado. Ele andava de um lado para o outro na frente dos alunos. — Contudo, gosto de ressaltar que nem só de vitórias vive o homem! Por isso, vou pedir que o vencedor de hoje fique depois da aula para limpar o piso do ginásio. — Ele apontou para Sasuke, teatralmente.

— O quê? — Foi a primeira coisa que Naruto o ouvia dizer no dia. Seu olhar parecia confuso.

— A cada semana, como é de costume, alguém ficará depois da aula para a limpeza. Acho digno que comecemos com você, mas todos terão a sua vez — explicou Gai. Exclamações e resmungos de indignação se espalharam por entre os alunos.

— Ele se ferrou — murmurou Naruto para Sakura, referindo-se a Sasuke. Porém, ao contrário do que imaginou, o garoto não parecia muito consternado, apenas resignado. Aquela indiferença com certeza era irritante.

— Deveria usar essa chance para tentar falar com ele, lembra? — sussurrou Sakura de volta, mas sem olhar para o amigo.

Naruto franziu o cenho e voltou a olhar para Sasuke, parado na outra ponta da meia-lua que os alunos formavam. Seus olhos estavam baixos, impassíveis. Ele não sabia o que o garoto poderia estar sentindo, mas lembrou-se do que Kushina havia dito no dia anterior, sobre solidão. Quando Sasuke terminasse de limpar o ginásio, sairia da escola no fim da tarde e caminharia para casa sozinho. Lá, estaria sozinho em meio à estranha névoa cinzenta da qual Naruto se lembrava, com o quintal meio morto nos fundos. Aquilo doeu em seu coração imediatamente.

Então, o garoto loiro ergueu a mão, atraindo alguns olhares para si, até que Gai o olhou também. Com um sorriso, o professor o pediu que falasse.

— Eu quero ficar aqui para ajudar a limpar o ginásio. — Naruto mal acreditava nas próprias palavras e não teve coragem de olhar para Sasuke enquanto as dizia.

— Mas que linda representação de honra e compaixão da juventude! — Gai parecia prestes a chorar, com os olhos brilhantes. — Estou orgulhoso de você, garoto. — Aproximou-se, dando tapinhas em seu ombro.

— Eu também quero! — exclamou o garoto de sobrancelhas grossas.

— Que ótimo, Lee! Assim vocês três poderão terminar tudo bastante rápido. São extremamente generosos. — O professor também foi até Lee e tocou o seu ombro, deixando o garoto radiante. — Muito bem, mais alguém se habilita?!

Obviamente ninguém mais ergueu a mão, mas Naruto estava torcendo para que não. Mesmo que Lee fosse ficar ali também, só estando os três seria fácil para o garoto loiro falar com Sasuke.

Enquanto as pessoas se retiravam do ginásio, deixando só os três para trás, Naruto viu um olhar orgulhoso nos olhos de Sakura, o que o fez ter certeza de que estava fazendo a coisa certa. À medida que o lugar esvaziava, a distância que Sasuke estava ficava mais clara. Então, no fim, só restaram eles e o professor. Gai os explicou como deveriam fazer e mostrou onde estava os produtos de limpeza da escola, perigosamente próximos ao banheiro amaldiçoado. 

Quando o professor também foi embora, Naruto percebeu que não sabia o que dizer para Sasuke. Ele sabia que precisava dizer algo, mas não fazia ideia de como começar. O garoto de cabelos negros, como se percebesse alguma tensão no ar, pegou o seu balde de água, com produtos de limpeza, seu rodo e seu pano e foi para o outro lado do ginásio.

Naruto resmungou e colocou o pano no próprio rodo, irritado. O que diria? Como se aproximaria? Começou a esfregar o chão com a fúria da frustração. Lee, em outra extremidade do ginásio, viu que o loiro parecia animado e também colocou toda a sua paixão no que fazia, andando rapidamente esfregando o pano no chão. A visão daquele garoto estranhamente animado fez uma lâmpada se acender sobre a cabeça de Naruto.

— Ei, Lee! — gritou, fazendo a voz ecoar pelo amplo ginásio vazio. De soslaio, viu Sasuke levantar a cabeça, olhando em sua direção também. Com isso, Naruto deu um sorriso faceiro e começou a correr com o rodo e o pano no chão. Aquilo definitivamente era algo idiota, mas era a única forma que o garoto loiro sabia agir. Ele era infantil, no fim das contas, como Sakura vivia dizendo.

Como esperava, Lee também começou a correr pelas bordas do ginásio, incansável. Naruto ia diretamente para onde Sasuke estava, o qual os encarava com estranheza. Mesmo que quisesse parar, não havia mais jeito, porque ele estava muito rápido e muito próximo do outro garoto. O rodo de Naruto se chocou com o de Sasuke, que quase saiu voando de sua mão.

— O que você está fazendo, idiota?! — exclamou, encarando Naruto com raiva e confusão. O garoto loiro sorriu faceiro, como costumava fazer quando era criança, e empurrou um pouco o rodo de Sasuke novamente.

— Você precisa lutar pelo espaço! O objetivo é limpar o máximo de chão possível e tirar o adversário dos limites da quadra, como eu fiz com o seu rodo. — Apontou para o rodo do outro garoto, o qual estava a poucos centímetros fora da linha de demarcação da quadra. Sasuke ergueu as sobrancelhas.

— Que tipo de esporte é esse? — perguntou retoricamente. Naruto não podia acreditar que de fato estava falando com ele sem ser em uma briga, ou de forma unilateral.

— Eu acabei de inventar — respondeu, colocando a mão livre na cintura. Naquele momento, o garoto loiro foi atingido com força e caiu estatelado no chão, junto com Lee, que havia se chocado contra ele. — Porra, sobrancelhudo!

— Foi você quem parou no caminho! — Lee argumentou, tentando se levantar. Ele se sentia dolorido por ter trombado com Naruto, mas tentava fingir que estava tudo bem.

— Belo esporte — zombou Sasuke, olhando para o garoto que resmungava enquanto levantava do chão, apertando a lateral do braço com uma careta. Um sorrisinho tinha aparecido nos lábios do de cabelos pretos, que quase poderia ser considerado sádico. Porém, Naruto só notou que os dentes de Sasuke eram pequenos e retilíneos, com os lábios finos se esticando sobre eles. Era como ele se lembrava.

— Zomba porque não seria capaz de me vencer — disse o loiro, dando de ombros.

— E nem a mim! Só não te venci no handball porque o meu time não teve a oportunidade de jogar contra o seu! — É claro que Lee não ficaria de fora daquilo. Além de competir, uma das coisas que ele mais gostava era provocar o oponente antes da competição.

— Eu não vou jogar essa besteira — rebateu Sasuke, seriamente. Contudo, de repente ele começou a correr com o rodo na mão e Naruto e Lee se entreolharam, surpresos. Pegaram os seus rodos no chão.

A batalha para não ser empurrado para fora da quadra foi acirrada. Em certo momento, Lee, que corria mais rápido que os outros, começou a limpar a área central e estava fora de alcance para ser empurrado. Contudo, Naruto e Sasuke ficaram ombro a ombro, ambos tentando medindo forças nos limites da quadra. O corpo esguio do garoto de cabelos negros não parecia tão forte quanto realmente era, então foi uma batalha complexa para o loiro, que tentava jogá-lo para fora da linha lateral. 

Quando percebeu que Naruto conseguiria fazer o que queria, Sasuke parou de correr bruscamente. A inércia foi inimiga do loiro naquele momento, porque sua tendência de movimento o fez rolar pelo chão pela segunda vez naquele dia, com o rodo voando para bem além da linha da quadra.

— Merda… — resmungou Naruto, sentando-se onde estava. O seu joelho sangrava e o seu ombro estava dolorido, porque foi a primeira parte a se chocar contra o chão.

— Você está bem? — Sasuke se aproximou, fazendo uma careta para o machucado. Naruto levantou o rosto, olhando diretamente para o amigo de infância. Ele conseguia ter um vislumbre, nos olhos negros, do que era o garotinho que morava ao lado de sua casa. Não poderia odiá-lo, não quando seu olhar parecia preocupado e nostálgico.

— Como eu poderia estar bem sabendo que fui derrotado por você de novo?! — reclamou e, pela primeira vez, viu um sorriso verdadeiro naquele novo Sasuke. Se ele andava sempre carrancudo e era o Bowser, Naruto não poderia imaginar o que aconteceria se andasse sorrindo.

Sasuke ergueu a mão pálida para o garoto caído. Seus dedos eram longos e angulosos e Naruto os segurou para se levantar, apesar da dor no joelho. Se estivesse com a calça da escola e não de bermuda, talvez não estivesse sangrando.

— Um ferimento de batalha! — Foi a primeira coisa que Lee disse quando se aproximou, impressionado. — Meu caro concorrente, devo dizer que a sua queda foi épica.

— Uma queda não traz a minha vitória — resmungou Naruto e, de soslaio, viu os cantos dos lábios de Sasuke se curvarem para cima. Talvez estivesse tudo bem entre eles agora e o loiro sentia como se uma pedra tivesse sido retirada de si.

— Mas você não tinha mais chance, porque eu já limpei toda a quadra — gabou-se. De fato todo o chão da quadra estava brilhante e lustroso, coisa que demorariam horas para conseguir. Sem perceber, Lee tinha feito quase o trabalho todo sozinho.

— Meus parabéns — parabenizou Naruto, apertando a mão do colega de classe. Internamente ele sabia que Lee não precisava limpar a maior parte sozinho, mas o garoto parecia feliz o bastante para que o loiro não dissesse nada.

— Vamos guardar logo essas coisas, porque quero ir embora hoje — resmungou Sasuke, indo atrás do seu balde e rodo perdidos. Os outros dois garotos não tinham ressalvas quanto àquilo.

Depois que terminaram de colocar tudo no lugar, saíram do ginásio e o loiro pegou sua bicicleta no pátio, sentindo todo o cansaço cair sobre seu corpo. Enquanto corriam naquela brincadeira infantil, não sentia nada além da adrenalina, mas agora Naruto se sentia realmente sonolento. Mesmo assim, ficou conversando com Lee, sendo que nunca tinham sido da mesma sala antes, ou trocado muitas palavras naqueles dois primeiros dias de aula. Sasuke, por sua vez, andava silenciosamente ao lado dele em direção ao portão da escola. Ele nunca tinha sido de falar muito e o loiro atribuiu aquele comportamento a esse motivo.

— Eu moro do outro lado do rio — disse Naruto, quando Lee perguntou para qual lado da rua ele iria, quando chegavam à porta da escola. Ele iria pelo caminho oposto, enquanto os dois garotos iam na mesma direção, já que moravam lado a lado. E Naruto não sabia sobre que falaria com Sasuke quando estivessem sozinhos.

Porém, havia uma garota de cabelos cor-de-rosa, próxima ao portão. Seu rosto estava virado para o alto, lendo um cartaz que estava pregado na parede.

— Sakura! — chamou o loiro, vendo a amiga olhar para o trio que se aproximava no mesmo instante. Quando viu que Sasuke estava junto deles, uma sensação de alívio se apossou dela. Aquilo significava que as coisas tinham dado certo. — O que está fazendo aqui ainda?

— Eu estava devolvendo uns livros para a biblioteca e fiquei conversando com a bibliotecária. — Ela sorriu, sem graça. — Mas não pensei que fossem acabar tão rápido com aquela quadra. — Olhou de soslaio para Sasuke e, para a sua surpresa, a expressão dele era tão fria quanto um iceberg. Tinha de fato voltado a se dar bem com Naruto?

— Vai ter um festival de inverno?! — Lee tirou a garota de seus pensamentos, com os olhos fixos no cartaz, o qual antes ela lia.

— Aparentemente sim e o grêmio estudantil parece bem animado para ele, já que estão anunciando em pleno verão. — Ela deu de ombros.

— É para levar um par? Se for, você vai comigo? — perguntou Lee, apressadamente.

— Se for de par é claro que ela vai comigo! — exclamou Naruto. Sakura era a garota mais próxima a ele e duvidava que Ino ou qualquer outra iria querer ser seu par.

— O grêmio não faria isso. É tortura — concluiu ela, revirando os olhos. Naruto e Lee pareceram aliviados, porque realmente ir atrás de um par era uma tortura psicólogica e ambos levaram a palavra de Sakura como uma verdade absoluta.

Sasuke apenas ficou em silêncio e permaneceu assim quando Lee se despediu e foi embora, para uma rua lateral à escola. Sakura também morava naquele lado do rio, então iria se separar dos garotos. Contudo, Naruto ainda não sabia o que dizer para o amigo de infância. Ele simplesmente não saberia como começar a conversar com ele sobre qualquer coisa, mesmo sendo um exímio comunicador. E aquele era exatamente o problema: Havia muito a se falar.

— Sakura — começou, quando a garota fez menção de se despedir também — Não quer uma carona para casa?

— Mas eu moro… — Ela ia recusar, mas viu o olhar no rosto de Naruto, a mensagem implícita em seus olhos desesperados, enquanto Sasuke olhava para outra direção. A garota suspirou. — Claro, por que não?

— Bom, então até mais, Sasuke. — O loiro tinha se virado para o outro garoto, acenando. Sasuke, por sua vez, tinha um olhar indiferente no rosto. Era como se já esperasse.

— Até — disse, simplista, antes de começar a caminhar na direção em que ficava a ponte do rio Kagayaku. Naruto apenas o observou se afastar, sentindo um aperto no coração no mesmo instante.

Então, montou na bicicleta.


— Por que fez isso? — perguntou Sakura, enquanto era levada na garupa da bicicleta do amigo. Ela não podia ver o rosto dele, mas podia apostar que Naruto estava se sentindo culpado.

— Eu não sabia o que dizer a ele! Não sabia o que fazer, porque o Sasuke está muito diferente… Não sei conversar com esse Sasuke. — A voz dele parecia meio chorosa.

— Mas que desculpa esfarrapada! — Ela disse o que Naruto imaginou que diria. — Você? Logo você não sabendo o que falar?! Naruto, você fala até mais do que precisa. — Seu tom de voz era alto, para ser ouvida através do vendo que os golpeava na bicicleta.

— Então porque acha que eu não quis ir embora com ele? Se souber me fala, porque nem eu sei! — Sakura sentia que ele estava sendo sincero, então sua expressão se suavizou e pensou seriamente sobre os motivos que nem o amigo entendia. Os carros passavam rápidos por eles, dando um frio na barriga, tomando aquele lado do rio rapidamente, em uma mudança abrupta nos últimos tempos. Ela encarou as costas de Naruto e seus cabelos loiros balançando, pensando sobre como ele sempre tinha sido o mesmo, desde que o conhecera. 

— Acho que você tem medo de descobrir que o seu amigo de infância não é mais o mesmo de que você se lembra. Tem medo de se frustrar e ter suas memórias corrompidas — falou, como se pensasse em voz alta. Naruto freou subitamente, fazendo a garota bater o nariz em suas costas. — Ei!

— Acho que você tem razão — disse ele, olhando para Sakura por cima do ombro. As orelhas dele estavam avermelhadas, revelando seu constrangimento. Ela sorriu de leve, pensando que Naruto era muito bobo às vezes.

— Eu sempre tenho razão. 


Notas Finais


Sim, eu sei, eles são dramáticos. Eu sou uma INFP melancólica e isso acaba passando para os personagens 🥲 (Me contem o MBTI de vcs, se souberem. Eu adoro saber)
Beijinhos 😚

Ah, essa é uma das minhas histórias favoritas, com a minha vibe favorita para histórias: A suavidade, o silêncio, cheirinho de casa, amizade... Por isso vou recomendar ✨
https://www.spiritfanfiction.com/historia/a-ultima-casa-da-colina-20118970
Espero que gostem.


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