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História A colecionadora de segredos - Eu sei que vou me arrepender!


Escrita por: Corujaa

Capítulo 11 - Eu sei que vou me arrepender!


O dia estava quente e Angelina estava na ponta de sua cama observando pela janela enquanto uma garota que ela não reconhecia chegou em seu quarto batendo na porta e pedindo licença, Angelina fez sinal para que ela entrasse e Ananda que vestia um short jeans e um top cropped branco com estampa floral entrou na sala.

-Bom dia! –Ananda disse e Angelina sorriu.

-Bom dia, mocinha! –Angelina respondeu e Ananda sorriu. As duas foram para o jardim onde Richard estava sentado num banco branco e lia um livro grosso de capa dura. Quando ele viu Ananda se aproximando fechou o livro e sorriu para ela.

-Pronto para sua revanche, velhinho? –Ele deu uma gargalhada.

-Bom dia para você também Any! –Ela sorriu e ajudou Angelina e se sentar ao lado de Richard que se apoiou na bengala e se levantou com a ajuda de Ananda, os dois andaram mais ou menos dois metros até a mesa de xadrez e lá ficaram jogando por mais ou menos 15 minutos enquanto Angelina lia.

-Quando o senhor era jovem como eram seus relacionamentos? –Ela perguntou como quem não quer nada e ele deu um riso abafado trocando sua torre com o cavalo dela e fazendo a menina estreitar os olhos.

-Acho  que a palavra certa é “namoro” –Ananda sorriu sem graça –E eu não sei dizer, eu era o tipo despreocupado que não ligava muito para essa história de amor até que conheci a mulher da minha vida... –O olhar dele pareceu distante e Ananda sorriu.

-Como ela era? –Richard a olhou e sorriu parando um instante para pensar em sua amada esposa que havia partido já fazia alguns anos. Ananda o olhou, sua pele morena, os cabelos brancos e os traços bem definidos faziam com que olhar para ele lembrasse o ator Morgan Freeman.

-Ela era linda e encantadora... –Ele disse revivendo as memórias em sua cabeça –Mas por que a pergunta? –Ananda suspirou voltando a jogar.

-É que minha vida tá uma zona, Richard! –Ele riu –Eu não sei com quem ficar e minha mãe e a Kathy querem me empurrar para o Josh mas eu não quero mais sabe? Fora que eu estou começando a gostar desse outro cara e eu acho que elas duas estão tentando estragar tudo! –Ele fez uma careta.

-Lembro quando trouxe aquele garoto aqui! Não gosto dele, é muito metido! –Ananda deu uma risadinha.

-Ele tava bravo comigo aquele dia porque queria ter ido no cinema mas eu preferi vir ver minha avó... –Ananda fez um movimento para o lado com a torre tomando o lugar do bispo de Richard que a olhou surpreso.

-Muito bem... Então me fale mais sobre esse cara! –Ela mordeu o lábio.

-Bom, o Peter é incrivelmente difícil de lidar –Ela disse começando a olhar para as árvores e pensar em Peter –Ele sempre me desafia e tenta se mostrar melhor que eu mas ao mesmo tempo ele é calmo e engraçado e ele é diferente dos outros, ele se preocupa com os outros sem falar que tem irmãos muito fofinhos... –Richard começou a rir e ela parou de falar –Que foi?

-Está apaixonada por esse garoto! –Ela sentiu as bochechas esquentarem –Vai negar?

-É claro! –Ele riu –Eu não estou apaixonada só quero conhece-lo melhor ok? –Richard revirou os olhos –O que acha que eu devo fazer?

-Só você sabe qual deles é o melhor para você, sabe eu sugiro que no momento se preocupe mais com sua rainha do que com esse tal Peter! –Ele disse e Ananda olhou para a rainha na mira do bispo de Richard, ela fez um movimento se livrando da ameaça de perder a segunda peça mais importante do jogo e Richard sorriu –Xeque! –Ela arregalou os olhos e então notou que agora seu rei estava totalmente desprotegido.

-Ah, para, o senhor me enganou!

-Você que não prestou atenção! –Ela riu e ele a olhou –Quer uma dica? Nada de conversa durante um jogo de xadrez! –Ananda sorriu. Richard ganhou o jogo e ela suspirou –Mas sabe, eu acho que você devia ir para a um shopping com suas amigas, assistir a um filme ou coisa assim, esfria a cabeça e deixa para pensar em rapazes só quando eles estiverem por perto! –Ela sorriu mas depois murchou ao lembrar que Peter iria leva-la no cinema no dia anterior.

Ananda contou para Richard que estava precisando de algum dinheiro extra e ele lhe disse que o pet shop/canil da esquina da rua estava precisando de funcionários para cuidar dos cachorros, disse também que o dono do lugar tinha deixado anúncios do trabalho na recepção do asilo na esperança de que algum neto visse e se interessasse, Ananda agradeceu a ideia e depois de levar Angelina para o quarto foi até a recepção e pegou um panfleto.

(...)

-Pode trabalhar nos sábados já que tem a agenda cheia nos dias de semana –Disse Laura, a mulher do dono –O salário é pelas horas de trabalho então como só irá trabalhar nos fins de semana não se anime muito, vai ganhar pouco! –Ananda assentiu.

-Qualquer coisa é melhor que nada! –Laura sorriu e foi para a parte de trás do balcão, pegou um papel e uma caneta e deu para Ananda, era uma ficha com espaço para dados pessoais e coisas do tipo.

-Preencha isso, assine e você começa semana que vem! –Ananda sorriu empolgada e começou a preencher. Depois de responder a todas as perguntas na ficha Ananda acompanhou Laura em uma volta pelo lugar.

Logo na entrada era uma loja de artigos para animais com vários tipos de rações enfileiradas em algumas prateleiras grudadas na parede esquerda, no meio da loja ficavam dois corredores com roupas e coleiras de tipos e cores variados, no canto direito se encontravam coisas como potinhos de comida e caminhas ou casinhas. Na lateral direita uma porta levava para o consultório veterinário onde dois veterinários trabalhavam alternando os turnos e as vezes juntos. Seguindo o corredor da lateral direita ficava o lugar onde os cachorros tomavam banho e eram tosados.

Na lateral esquerda um grande corredor levava para um canil onde os cachorros para a adoção ficavam em gaiolas com comida e água, os grandes no chão sozinhos em gaiolas grandes e os filhotes ou cachorros pequenos ficavam em gaiolas apoiadas em prateleiras grandes na parede o que fazia com que mais cachorros coubessem no canil.

-Eles são muito fofos! –A garota disse colocando a mão em uma gaiola com três filhotes de beagle –Foram todos resgatados?

-Não! Alguns são dados para o canil por pessoas que as cadelas tiveram filhotes mas os donos não tem como cuidar então dão para adoção! –Ananda assentiu –Todos os filhotes são dóceis então pode alimentar e brincar sem medo, na verdade nenhum dos cachorros são ariscos só tome cuidado com o dálmata porque ele é brincalhão mas esquece do tamanho que tem então se não se cuidar ele pode te derrubar! –Ananda assentiu.

(...)

-Mãe, eu arrumei um emprego! –Ananda gritou quando chegou em casa –Vou trabalhar com cachorrinhos, olha que legal! –Marie sorriu enquanto arrumava a mesa para o almoço.

Ananda começou a contar a novidade totalmente animada e depois do almoço voltou ao asilo para contar a novidade a Richard que ficou muito feliz.

O sábado passou rápido depois disso e o domingo também já que nada de muito interessante aconteceu. Quando a segunda feira chegou Ananda encontrou Peter de frente ao armário dele mexendo em algumas coisas, ela foi até ele, parou do seu lado e pigarreou chamando atenção. Peter olhou para ela e sem dizer nada voltou a organizar os livros no armário.

-Não me ignora, por favor! –Ela disse fazendo cara de cachorrinho que caiu da mudança, ele não a olhou –Não foi culpa minha ok, eu passei mal e... –Ele a olhou perplexo “como ela tem coragem que ser tão mentirosa?”, ele pensou.

-Passou tão mal que foi ficar com o Josh né? –Ela não entendeu.

-Mas eu não estava com o... –Ananda franziu o cenho e o olhou –Aquele idiota estava com outra! –Peter riu.

-Ótima cena Ananda, quase acreditei! –Ele disse fechou o armário começando a andar em direção a sala de aula, Ananda o seguiu.

-Eu dormi, Peter! Não estava com o Josh, eu dormi depois que a Kathy me deu um chá para me acalmar! –Ele parou e a olhou. 

-Que chá poderoso esse hein! -Ele disse irônico -Acha que ela pode ter sabotado o nosso encontro? –Ananda abriu a boca para responder mas o olhou por um instante.

-Então era um encontro? –Ele sorriu sem jeito. "O que deu em você Peter?" ele disse a si mesmo "você não é um cara legal, você é um cara do mal".

-Fosse ou não, você me deixou plantado na frente da sua casa como um idiota, então não me importa se sua amiguinha não quer te ver feliz, só o que me importa é que esse assunto tá encerrado–Ela disse grosso e voltou a caminhar pelo corredor com a mochila nas costas.

-Hey, espera! -Ela disse parando na frente dele - Ainda podemos sair qualquer dia! –Ele parou e a encarou com  seus lindos olhos azuis.

-Tá falando sério? –Ela  fez que sim. Ele ergueu a sobrancelha "Não cai nessa cara" ele pensava "Toda garota é igual, elas te enganam!"

–Hoje? –Peter estranhou já que era segunda.

-Eu não sei não... -Ele disse tentando não se render ao sorriso encantador que ela tinha nos lábios, Peter desviou dela continuando a andar.

-Ah por favor vai... -Ela o segurou pelo braço e ele olhou para a mão dela fazendo Ananda o soltar e corar -Me dá uma segunda chance? -Peter bufou "Ainda vou me arrepender"

-Pode ser! –Ela sorriu.

-Ótimo, te espero as 19:00! –Ele concordou e os dois foram cada um para sua sala em direções diferentes.

(...)

Peter já tinha terminado de se arrumar, pegou o perfume e borrifou no pescoço sentindo o cheiro fresco e amadeirado do perfume. “Espero que ela goste", pensou. Ele pegou a chave da moto em cima da mesa e desceu até a garagem pegando a moto e indo até a casa de Ananda.

Ela estava olhando no espelho e arrumando o cabelo, a temperatura não estava tão quente então ela colocou uma calça jeans preta e uma blusinha transparente verde-água por baixo de uma jaqueta de camurça azul marinho. Usava seu coturno preto nos pés e no ombro uma bolsa preta com uma alça comprida que fazia a bolsa alcançar seu quadril. Quando ouviu a buzina da moto foi até a janela e acenou, Peter acenou de volta e ela sorriu. Ela saiu do quarto descendo as escadas e disse:

-Mãe, eu já vou! –Foi até a porta mas a mãe pulou do sofá e barrou a passagem da filha.

-Tanta coisa que você podia estar fazendo e você pensando em sair com esse garoto problema! Acho melhor pensar bem se esse cara te merece! –Ananda revirou os olhos.

-Em outras palavras: Pense bem no quanto eu prefiro o Josh a esse garoto!

-Ananda!

-Menti? –Marie cruzou os braços e Ananda suspirou –Ele é legal, Mãe! Confia em mim! –Marie se rendeu.

-Tá... Mas se ele beijar mal não diga que eu não avisei! –Ananda corou e saiu da casa rindo. Fechou a porta e foi até Peter que segurava um capacete em cada mão.

-Oi... –Ela disse um pouco sem graça, ele estendeu um capacete para ela que pegou o mesmo.

-Você está incrível! –Ele disse e enquanto ela arrumava o cabelo contra o vento para por o capacete –Quer dizer, não que não esteja bonita todos os dias mas... –Ela sorriu.

-Obrigada! –Ele suspirou aliviado por ela sempre dizer algo quando ele começava a estragar a situação. Ananda colocou o capacete e subiu na garupa da moto meio sem jeito colocando as mãos em volta da cintura de Peter, ele disse para ela onde colocar os pés e sorriu quando sentiu suas mãos tocarem sua cintura.

-Vamos? –Ela assentiu e ele acelerou.

 



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