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História A Colheita - O laço entre Alpha e Ômega


Escrita por: ArianeMunhoz

Capítulo 4 - O laço entre Alpha e Ômega


Era uma sensação engraçada aquela: aprazível, quente, e ao mesmo tempo causava-lhe um choque térmico e uma coisa engraçada na boca do estômago que Kiba não sabia explicar.

Seu lado Ômega ainda gritava insanamente para que saísse de perto daquele Alpha perigoso, mas de alguma forma, quando ele o olhou tão profundamente, sentiu como se pudesse ver através de seus olhos, diretamente em sua alma. Nunca antes na vida alguém o havia feito sentir-se dessa maneira.

Estava assustado com a gama de sensações, mas ao mesmo tempo sentia-se excitado − não o tipo de excitação sexual que sentia apenas nos momentos de cio, mas o tipo de excitação por uma descoberta nova, muito embora a primeira opção, bem… ele não poderia descartá-la totalmente, poderia? − com tudo o que se passava por sua mente.

Era, ainda, um Ômega jovem, escolhido para aplacar a fúria daquele Alpha justamente por isso, mas não esperava ter sucesso em sua missão quando ninguém, em todos aqueles anos, havia tido. Era como se, ao entrar naquele castelo de arquitetura gótica, todos eles fossem sugados para uma outra dimensão da qual jamais poderiam retornar, e os rumores que rondavam eram os piores possíveis.

Todavia agora, olhando-o tão de perto, Kiba sentiu algo diferente: como se sua presença fluísse através de um laço invisível que o tocava tão profundamente quanto aquele toque em sua pele. O Ômega tinha a noção da sensação fria que a mão do Alpha lhe trazia, como se encostasse o rosto na neve e o deixasse ali por tempo demais; então vinha a queimação, aquela ardência que só se explica sentindo pela primeira vez.

Afastou-se, um tanto confuso e aturdido pela gama de sensações que o invadiam naquele exato momento. Já havia escutado falar do impacto da presença de um Alpha antes, sua própria irmã descreveu o terror in vivo ao encontrar-se com um, mas… era um tanto diferente agora que aquele terror inicial passava. Será que isso era normal? Durante toda sua vida, havia sido ensinado a respeito do pavor que os shifters daquela espécie causavam, em como deveriam temê-los e buscar nunca aborrecê-los, e, por mais que Inuzuka jamais tivesse se deparado com um Alpha tão próximo para compreender com o próprio senso, por que as coisas não pareciam tão ruins quanto nas histórias?

Mesmo que ele tivesse dado-lhe um comando do qual não pudera desobedecer, sentindo os próprios pés ainda fixos no chão, era como se… toda a aura agressiva de outrora tivesse desaparecido e ele lhe mostrasse por aquela linha invisível que não o machucaria, ao menos não agora.

Ainda assim, sentia a garganta seca e os sentidos alertas. As orelhas lupinas inclinavam-se para trás, mas o olfato testava sentir o odor forte do Alpha, algo que lhe remetia às madeiras antigas e ao cheiro verdejante da natureza que tanto amava.

Shino não se moveu, dando-lhe espaço, ainda que sua vontade fosse outra. Permaneceu inerte e taciturno enquanto o Ômega o circulava, já livre da ordem remetida outrora, sentindo seu cheiro e tentando familiarizar-se. O único movimento que fez foi o de estender as palmas para cima, flexionando as pernas até ajoelhar-se − ato este que pegou Kiba desprevenido − em uma posição que muitos Alphas considerariam desonrosa, visto que ele estava com a guarda completamente aberta.

Por um breve instante, enquanto observava a jugular que pulsava lentamente no pescoço do Alpha, pensamentos malignos se apossaram de Kiba: poderia atingi-lo ali, fazendo-o sangrar até a morte e fugir. Fugiria de seu refúgio, iria embora daquele território e… E? Cairia nas graças de outro Alpha? Um que talvez não lhe oferecesse aquela colher de chá que Shino estava oferecendo naquele momento? Havia escutado histórias terríveis sobre Ômegas que eram violentamente estuprados em seu período de cio apenas por serem quem eram, e por Alphas se acharem no completo direito de dominá-los como se fossem um pedaço de carne ou pior.

Como se lesse seus pensamentos, Aburame ergueu o rosto apenas o suficiente para que o encarasse, olhos nos olhos. Kiba sentiu-se novamente desnudado pela força daquele olhar, mesmo que não pudesse vê-lo por trás das lentes escuras dos óculos que o Alpha usava.

Respirou fundo, parando de frente para ele novamente, como se desse permissão para que se levantasse − mesmo que ele fosse o Ômega ali − e foi o que Shino fez. Encararam-se de frente e, somente naquele instante, Kiba notou como o outro homem era muito mais alto que ele: dez centímetros de diferença ou mais, e isso fez com que um biquinho adorável se formasse em seus lábios, ao mesmo tempo que arrancava de Shino uma expressão divertida por compreender seus pensamentos, ainda que tivessem acabado de se conhecer. Era esse o poder do laço entre um Alpha e um Ômega, mesmo que ainda não estivesse formado?

− Achei que me mataria assim que entrasse aqui. – Kiba soltou, junto de uma gargalhada nervosa, como se finalmente pudesse respirar.

− Pensei que te mataria também. - Shino respondeu com uma sinceridade que fez com que os olhos do Ômega se arregalassem. Poderia ter mentido? Com certeza. Mas algo naquele garoto fazia com que quisesse dizer a verdade. – Não se preocupe, não penso mais nisso. Matar os meus hóspedes não encabeça a lista de coisas que costumo fazer assim que eles chegam.

Kiba engoliu em seco, um tantinho assustado com a naturalidade com a qual Shino havia dito aquilo.

− Sou Aburame Shino, senhor destas terras e o Alpha responsável por esse território. - Apresentou-se, dispensando-lhe um breve menear de cabeça como cumprimento.

− Sou Inuzuka Kiba, e… acho que sou o Ômega que você requisitou. - Suas bochechas coraram tanto que as marcas que tinha no rosto quase desapareceram. Kiba brincou com as garrinhas no casaco de pele que usava, desfiando um pouco a pelagem. O Alpha anotou cada um daqueles detalhes em sua mente, achando-o especialmente divertido, diferente dos outros Ômegas com quem já havia lidado.

− Imagino que tenha muitas perguntas para fazer. - Disse, dando-lhe as costas sem demonstrar receio nenhum ao fazê-lo. Será que o achava tão desprezível assim que não esperaria um ataque traiçoeiro? – Não penso isso, que seja desprezível. Apenas acho que você não atacaria alguém desta forma, não é do seu feitio. Por favor, me acompanhe. O jantar nos espera.

Sem saber o que dizer diante daquela leitura tão fácil de seus pensamentos, Kiba apenas prendeu a respiração, seguindo-o com passos um tanto hesitantes. Podia sim estar com medo, e até com certo receio daquela sensação engraçada que ainda estava na boca de seu estômago, mas estava faminto! E tinha certeza de que pensaria melhor sobre toda sua situação quando estivesse com a barriga cheia.


Notas Finais


E aí, o que acharam desse jantar? Estão curtindo a fic, pessoal? Eu sei que os capítulos aqui são curtos, mas cada um tem uma cadência pra ir caminhando pra história, não desistam de mim! E o comentário de vocês é muito importante pra eu saber se estão curtindo o andamento da história e o que esperam dela! Então nos vemos lá! Até o próximo!


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