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História A Colheita - Esperar e confiar


Escrita por: ArianeMunhoz

Notas do Autor


Se vocês abaixarem, o tiro ainda pega de raspão. Boa leitura!

Capítulo 17 - Esperar e confiar


Mais uma noite insone o arrastava madrugada adentro enquanto Gaara lembrava-se dos relatórios revisados na tarde anterior. Mil e duzentas mortes no último mês. Destas, trezentos shifters eram natimortos, seiscentos estavam na faixa entre dois e nove anos e apenas trezentos haviam passado da maioridade. O clima não vinha perdoando ninguém. Sem a camada de ozônio que antes os protegia, estavam jogados à própria sorte, fadados a morrer em uma terra árida e estéril por aquilo que seus antepassados haviam feito.

Gaara não havia nascido na época do projeto ABO, mas era fruto daquilo como todos os shifters que ainda viviam. Naquela época, não existiam mais humanos, pois eram incapazes de sobreviver nas condições precárias daquele planeta.

Os olhos esverdeados se focaram na torre que encontrava-se no centro da cidade central de Suna, imaginando como o Ômega estaria naquele momento, as palavras daquela Beta ecoando em sua mente, o desespero e a dor dela sendo sentidas em cada nuance por seu lado Alpha.

“Parem, por favor! Por favor! É o parceiro dele!”

Cerrou os punhos, sentindo a brisa morna levar os fios rubros para trás, sentindo-se desmerecedor da presença daquele Ômega que poderia... que poderia operar tantos milagres ali. E ainda assim...

−  Não pode se culpar por isso, Gaara. – A voz de Temari o atingiu, observando a irmã que, sentada sobre o leque, flutuava diante de si. Os olhos dela, tão verdes quanto os seus, evidenciavam a preocupação.

−  Como pode não se culpar, Temari? – Gaara sentou-se sobre a sacada, o olhar perdido na direção da torre onde o Ômega residia.

−  Porque temos milhares de pessoas que dependem de nós e esse único Ômega pode fazer a diferença para elas. – Foi incisiva em sua resposta antes de inclinar-se na direção dele, segurando-lhe o rosto com ambas as mãos. – Sei que isso não era o que queria, irmãozinho. Acha que era o que eu desejava? Raptar um inocente e retirá-lo de seu local de origem para trazê-lo para uma terra estranha? Mas você ouviu Neji. Sabe das lendas que rondam aquele Alpha! Até onde eu sei, fizemos um favor a esse garoto tirando-o de lá antes que verdadeira personalidade daquele ser despertasse.

Ainda assim, as palavras de Ino ecoavam na mente de Gaara repetidamente.

−  Toda história possui dois lados, Temari. E sabemos muito bem que Neji não é nenhum santo. – Gaara rebateu.

−  Tanto quanto sabemos que o território dele faz fronteira com o nosso. – Ela bufou, irritada por saber que o irmão mais novo tinha razão. – Estamos em um raro período de paz depois do governo esdruxulo que nosso pai fez, e dos acordos que quase nos custaram tudo, Gaara. Não podemos nos dar ao luxo de sentir pena de alguém só porque aquela Beta tocou seus sentimentos.

Gaara desviou o olhar por um momento, refletindo a respeito.

−  Não é sobre a Beta, mas sobre o que estamos lidando aqui. Acha que as coisas ficarão calmas para sempre, Temari? Que não haverão consequências para o que fizemos?

−  Ele não conseguirá atravessar os desertos. – disse ela, os braços cruzados fortemente sobre o peito. – Não ouviu o que Neji nos disse? Ele não pode pisar fora do próprio território. E confirmamos com nossos próprios olhos que não pode ter contato algum com a luz do sol.

−  Isso não significa que não lutarão por ele. – Gaara suspirou, sabendo que aquela era uma batalha perdida e que sua irmã encontraria quaisquer argumentos que fossem para refutá-lo. – Amanhã levaremos Kiba para conhecer o povo de Suna. E quem sabe curar alguns de nossos doentes. Em breve, migraremos para aquele território que Neji e Shikamaru nos cederam. E quem sabe assim eu pare de pensar nessas coisas e as coisas comecem a melhorar.

−  É assim que se fala, irmãozinho. – Temari sorriu, satisfeita e fez-lhe um afago na cabeça.

Gaara só esperava que aquilo não fosse o prelúdio para uma tempestade.

X

Foi o rosnado de Akamaru que a alertou que havia algo de errado. Ino não teve tempo de sacar a adaga que carregava na lateral da cintura, tampouco teve como reagir quando sentiu cada membro seu paralisado diante daquela presença esmagadora.

−  Eu não faria isso se fosse você. – O alerta veio na voz calma e comedida, fria como a lâmina que agora tocava seu pescoço. Akamaru rosnava, os olhos injetados rubros como a pelagem de seu corpo. – E também pediria para que ele se acalmasse.

Ino sentiu que se engolisse em seco, sua garganta seria cortada. Mal havia pisado no território dos Alphas e as coisas já começavam a sair de seu controle.

X

A luz do sol atingiu a janela da torre trazendo consigo o raiar de um novo dia. Mais um dia em que era prisioneiro, pensou Kiba enquanto se levantava da cama, sabendo que logo trariam seu desjejum. Aproveitou para lavar-se, coisa que não havia feito até então por não querer retirar as pinturas do clã de seu rosto. Suspirou pesadamente, sentindo-se nu sem elas, até que sentiu uma presença diferente ali, mais silenciosa e apaziguadora, embora um tanto diferente daquela que Shino carregava consigo. Mas era uma aura que também carregava melancolia e tristeza, ativando o Ômega que havia dentro dele.

−  Kankuro me disse que você acorda cedo. – Gaara permaneceu próximo à janela, dando a privacidade que o Ômega poderia desejar enquanto terminava de lavar os cabelos, usando o sabão em barra feito com ervas que havia sido trazido por Temari na noite anterior.

−  Sou acostumado a isso desde sempre. – respondeu, estendendo a mão para pegar o balde e virou-o sobre a cabeça para tirar o excesso de espuma, sem incomodar-se com a presença do Alpha ali. – Minha mãe sempre foi exigente quanto a horários. E me chamava de preguiçoso se eu não me levantasse a tempo. Da última vez que perdi a hora, jogou água gelada em mim em pleno inverno.

A lembrança aqueceu-o por dentro e o fez rir. Tsume era uma Beta cheia de personalidade, que certamente colocaria muitos Alphas para correr. Kiba ainda se lembrava da expressão dura da mãe se esmorecendo quando seu nome havia sido sorteado para a colheita. Tanto quanto se lembrava do aperto em sua mão, e de como a mãe arquitetou a fuga que Kiba recusou-se em fazer, pois sabia que se prosseguisse com aquele plano, outro Ômega seria levado em seu lugar.

Para tudo há um motivo, dissera a ela. E embora tivesse recebido um cascudo diante de sua própria teimosia, sabia que Tsume se orgulhava por não ter fugido da batalha. Só gostaria de dizer a ela que estava bem e vivo, mesmo que aquela não fosse a melhor das condições. Como ela e Hana estariam agora com o inverno rigoroso? Teriam comida o bastante? Pelo menos, teriam mais já que ele não estava em casa... ou talvez menos, já que receberiam apenas o bastante para duas pessoas?

Foi surpreendido pelo aperto no ombro vindo de Gaara, que até então permanecera em silêncio. Estendendo-lhe a toalha que havia caído no chão. O rosto estava molhado, mas não somente pela água.

−  Você deixou cair. – Se Gaara o viu chorar, foi gentil o bastante para não tocar no assunto. – Notei que possui pinturas tribais em seu rosto. Pedirei para que providenciem a tinta que for de sua escolha para isso.

−  São as marcas do clã Inuzuka. – respondeu com orgulho, estufando o peito. – Somos um clã de caçadores.

Gaara acenou com a cabeça, imaginando que Kiba se incluía no cenário já que carregava a pele de loba nas costas e as presas em seu pescoço no formato de colar.

−  Kankuro conversou conosco a respeito do seu pedido. – Resolveu ser direto. – Permitirei que conheça o povo de Suna, Inuzuka Kiba do clã de caçadores. Todavia, se tentar me enganar e fugir... será a última coisa que fará.

Algo naquelas palavras soou como uma ameaça velada, fria como uma lâmina em contato com a pele. Kiba não sabia se queria por à prova aquele olhar. O olhar de um soberano que seria capaz de fazer tudo pelo seu povo.

−  Leve-me até eles. – Sustentou o olhar de Gaara sem demonstrar o terror que na verdade sentia, enrolando a cauda sobre a cintura. – Sei que estão sofrendo. E se eu puder ajudar, será melhor do que ficar aqui parado sem fazer nada o dia inteiro. Isso me mata.

Gaara inclinou a cabeça, encarando-o.

−  Posso entender o que aquele Alpha ancião viu em você. – disse simplesmente, enquanto um tapete de areia se formava no chão. – Suba.

Kiba pareceu relutante por um momento, mas aceitou e subiu ao lado de Gaara, recusando a mão que ele lhe estendia para ajudá-lo.

−  Sabe... o Shino não é tão ruim assim. Acho que as coisas poderiam ter sido diferentes se tivessem acontecido de outra forma. – Um sorriso triste tomou conta de sua face.

Gaara odiava admitir que talvez aquele Ômega estivesse certo. As coisas poderiam sim ter sido muito diferentes. E como podiam.

X

−  Eu não sabia que você costumava vir pessoalmente receber as pessoas que chegavam ao seu território, Shikamaru. – Ino permaneceu parada como estava, ainda de costas. O que sentia, sabia agora, não era uma lâmina, mas uma das garras afiadas do shifter pantera.

−  E nem eu sabia que shifters vindos de outras fronteiras se aventurariam em meu território sem uma carta de aviso que estão a caminho. – Devolveu junto com um ronronar sem desfazer a postura ofensiva que deixava Akamaru irado. – Sabe que eu poderia considerar uma ofensa, não sabe? Ter trazido um lobo ao meu território, Ino. Dispense-o.

−  Sinto muito, mas não posso. – disse ela. – É a minha carona de volta, corre mais rápido que qualquer um dos seus cavalos.

−  Mais rápido do que eu? – A pergunta soou como um desafio enquanto encarava o lobo gigante.

−  Podemos apostar uma corrida se quiser. – brincou, muito embora soubesse que não deveria abaixar a guarda diante de um Alpha.

−  Feh. Isso seria problemático demais depois do almoço. – Shikamaru relaxou, mas não o bastante para que Akamaru decidisse se o atacaria ou não. – Estou falando sério, Ino, tire seu lobo de perto de mim.

Um assobio bastou para que Akamaru se afastasse, obedecendo o som de comando de sua dona, embora quisesse dilacerar a carne macia daquela pantera. Eram ambos predadores, mas era natural para Akamaru caçar sua espécie na fauna selvagem.

−  Melhor assim? – perguntou, e finalmente viu Shikamaru relaxar a postura recolhendo as garras.

−  Menos problemático, eu diria. – Ele encolheu os ombros, circundando Ino até ficar de frente para a Beta. – É tão urgente assim que não me avisou de sua chegada?

Ela anuiu com a cabeça. Não precisou dizer nada para que Shikamaru soubesse que Shino estava com problemas. Mas permaneceu em silêncio, como se temesse que outros olhos a observassem.

−   Não se preocupe. Ele não está aqui. – Shikamaru adiantou. – Tinha negócios a resolver. Vamos. Vamos para a minha residência. Lá você poderá descansar e me contar o que houve. Pode trazer seu lobo também, mas ele ficará nos arredores e será bem alimentado pelos meus servos, mas não com eles. – Foi enfático.

−  Eu adoraria aceitar a sua hospitalidade em outra ocasião, Shika, mas o que tenho para dizer precisa ser dito logo.

Shikamaru trocou o peso das pernas, observando Ino. Conhecia-a desde que Shino a havia adotado como membro de sua família e a treinado. Ela não estaria ali se não fosse realmente sério, pois não costumava sair do lado do mestre que a havia criado.

−  Conte-me então.

X

Se seu mestre não ia até os servos, os servos iam até lá. Em menos de uma hora, tinham uma tenda montada que oferecia água fresca e comida para a visitante do Alpha e para seu lobo gigante. Não foram tolos, é claro, de aproximar-se o bastante para serem devorados, pois Akamaru possuía uma aura selvagem e furiosa ao redor de si que não permitia a aproximação de estranhos. Optaram apenas por seguir as ordens de Shikamaru, deixando a comida e a água onde o lobo pudesse alcançar para reestabelecer as próprias forças após essa longa viagem pelo deserto. Ino fazia o mesmo enquanto relatava cada detalhe da história para Shikamaru, fazendo breves pausas quando os servos se aproximavam até que o Alpha os dispensou.

Quando Ino concluiu a história com o rapto de Kiba pelos irmãos da areia, sua expressão era de uma seriedade impenetrável. Como se um muro tivesse se erguido ao redor de Shikamaru enquanto ele pensava, sentado na posição de lótus com os olhos fechados e as mãos unidas.

Ino já havia visto ele assim algumas vezes, sobretudo quando ele e Shino jogavam partidas de Shogi. Em raras ocasiões viu Aburame vencer Nara em seu jogo favorito. Costumava perder antes mesmo de dar-se conta do que havia acontecido.

Ele permaneceu assim por algum tempo, e a Beta sabia que não adiantaria falar com ele até que saísse do estado de concentração total no qual havia entrado. Enquanto isso, aproveitou para descansar, mesmo sabendo que o tempo corria contra eles. Havia ido até ali para pedir a ajuda de Shikamaru, pois aquela era a sua única esperança de conseguir resgatar Kiba.

Quando o Alpha finalmente abriu os olhos, tinha uma expressão séria, o corpo tenso indicando como aquilo havia exigido de si. Havia também algo mais, algo que escapou-lhe da percepção.

−  Uma semana. – disse por fim. – O tempo entre sua recuperação e chegada até aqui desde que o Ômega foi levado. – Ino concordou com a cabeça. – Acha que ele ainda está vivo?

A pergunta foi um choque para Ino. Não havia sequer cogitado a possibilidade de que o matariam.

−  Não pensou nisso, não é? – Shikamaru a encarou com os olhos felinos. – Também não pensou que eles poderiam ser meus aliados e que eu poderia estar envolvido em todo esse esquema.

O coração da Beta pesou no peito de tal maneira que pareceu afundar até o estômago. Em poucos segundos, Akamaru apareceu atrás da dona, sentindo a mudança em seu cheiro. Mas dessa vez, Shikamaru sequer deu atenção ao lobo.

−  O que quero dizer, Ino, é que foi impulsiva ao vir aqui sem ter traçado nenhum plano. É o que o desespero faz com as pessoas. – A calma dele era de dar raiva. – Sei que ele é o vinculo de Shino, e sei o quanto é importante que o recuperemos. Mas estamos falando de Suna e dos irmãos da areia, e por mais poderoso que eu seja, não conseguirei lidar com eles sozinho. Têm um exército treinado de shifters que fariam qualquer coisa por alguém que tem dado o próprio sangue para tentar combater a corrupção e as mortes. Senti na pele o que significava lutar com eles e por isso te adianto que uma investida direta só nos trará morte. Minha, sua e do Ômega que tanto quer bem.

Foi como se Shikamaru tivesse destruído todas as esperanças que havia reunido, jogando um balde de água fria em seus ideais. Ino sentiu as pernas tão fracas que precisou sentar-se, recebendo uma lambida de Akamaru na mão.

−  E-eu não posso desistir. – gaguejou. – Não só pelo Shino, mas... mas o Kiba, ele... ele faz parte do nosso pack. Ele... ele é família, Shika... e eu não posso... não posso...

Foi como se o chão tivesse ruído. Akamaru sentia-se nervoso pela preocupação e temor que sentia emanar de Ino.

−  Há um jeito. – disse ele, a expressão séria e pensativa. – Mas é arriscado. Porque sozinho não posso fazer isso e Neji não ajudará.

−  Por que não? É o irmão dele também! – Ino exclamou em todo seu desespero.

−  Você sabe o porquê. – Shikamaru foi incisivo. – Se eu atacar diretamente, ou Neji, estaremos rompendo a aliança entre nossos países e isso significará guerra, Ino. Uma guerra que infelizmente Shino não pode lutar por nós. Não enquanto estiver confinado.

−  Acha que não sei disso?!

−  E mesmo assim pede minha ajuda. Arriscando a vida do meu povo. Do meu pack, Ino. – rebateu. – Shino é meu irmão e eu não vou abandoná-lo. Não quando sei o quanto isso significa para ele. Mas não vou me jogar de cabeça em uma causa perdida. Se quer minha ajuda, faremos isso do meu jeito. Terá que ter paciência e terá que confiar em mim. Pode fazer isso?

Ino cerrou os punhos, sabendo que não tinha outra esperança além daquela. Não poderia desistir, tampouco fazer aquilo sozinha. Concordou.

−  Então vamos para a minha casa. – disse ele. – Descansaremos por hoje e partiremos na madrugada, antes que o sol escaldante tire parte das nossas forças. E não adianta argumentar comigo, isso não está aberto para negociações.

−  E para onde vamos?

−  Te direi no momento oportuno. – Foi tudo o que disse. – Vamos, traga o seu lobo sarnento com você. Amanhã descobriremos... quem de nós corre mais rápido no deserto.

Ino não podia afirmar, mas imaginou ver a sombra de um sorriso preguiçoso nos lábios do shifter que encarava Akamaru em pé de igualdade, sem incomodar-se com o fato de que eram inimigos naturais.

X

Shino olhou para o céu noturno, contando cada lua que subia no céu. Não costumava sair, tampouco observar o céu ou as estrelas desde que havia sido confinado por aquela maldição. Mas agora observava o horizonte, desejando ardentemente que Ino retornasse com notícias. Ela não sabia, mas um de seus insetos a acompanhava em sua gola, mantendo-o informado acerca da situação. Não podia ouvir àquela distância ou saber o que se passava. Sabia apenas que ela estava na presença de Shikamaru e que Neji não estava por perto ou seu kikaichuu já estaria destruído. Suspirou pesadamente, cansado de esperar, mas sabendo que no momento aquilo era tudo o que podia fazer. Esperar e confiar.

 


Notas Finais


Vocês acharam que a parte difícil ia ser entrar no casarão do Alpha Vampiro? HOHOHO. Nos vemos na próxima quarta!


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