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História A Consciência Além do Tempo - (Reescrevendo) - O vento também tem segredos


Escrita por: Melousa

Notas do Autor


Yoooo pessoinhas, estou de volta. Mais um capítulo lançado kkkk

Bom, um pequeno aviso: Eu escrevi ele em dois lugares diferentes (pq o Cel ficou sem bateria) e eu não consegui corrigir a "forma" (margem, recuo, espaçamento) em um momento... Enfim, vcs vão ver. Sorry...

Sem mais delongas, vamo que vamos 💗💗

Capítulo 55 - O vento também tem segredos


Vários dias se passaram, um pouco mais de uma semana, desde que Hermione  voltou pra casa depois de examinar Christopher. Ela escreveu em um pergaminho a receita de uma poção pra dor e outra para cicatrização antes de sair e entregou ao jovem Potter. Não retornou, o que significava que no futuro ainda não tinham se completado 24 horas desde sua saída do corpo de Draco.

A tensão era quase palpável quando ela saiu. Seja lá o que Tom Riddle estava sentindo com a revelação de Harry, não poderia ser boa coisa. Mesmo que o rapaz não dissesse nada.

Aquilo incomodava o Potter. Tom não se manifestou em momento nenhum depois de descobrir que tinham muito menos tempo no passado. O máximo que fez foi piscar algumas vezes e dar de ombros. E Harry sabia, pela ousadia de Riddle em esconder as folhas de Merlin, que com toda certeza ele não poderia estar levando aquilo na boa.

Era nisso que pensava o garoto de óculos quando Tom apareceu na ala hospitalar. Em meio ao som da chuva do lado de fora do castelo, Riddle entrou no local vestindo seu uniforme impecável, o que significava que tinha voltado às aulas. E finalmente sua magia havia voltado. Estava com sua varinha e sem nenhuma tipóia. Potter reparou que alguns alunos ainda olhavam o moreno com desprezo, contudo, nos últimos dias, parecia que Riddle voltou a adquirir respeito. Harry queria entender o porquê.

Tom se sentou próximo à cama de Lestrange que, pra variar, dormia. Abriu um livro em seu colo, acenando cordialmente para Harry, que estava sentado do outro lado da cama. Uma parte sua ficou contente em ver que Avery não estava por ali, lembrava-se de ouvi-lo dizer que arrastaria Draco até Hogsmeade para comprar os ingredientes das poções que Hermione deixou por escrito.

– E então, como foi as aulas? – perguntou Harry.

- Normal. - respondeu o mais velho sem retirar os olhos do livro que lia. 

- E era sobre o quê?

Tom virou uma página antes de responder:

- Transfiguração.

Harry esperou que Riddle dissesse mais alguma coisa, porém o amigo só cruzou as pernas sobre a poltrona em silêncio. O jovem Potter engoliu em seco antes de continuar:

 - E o que Dumbledore ensinou hoje? - O maior deu de ombros e apoiou mais as costas na poltrona. - Deve ter sido uma boa aula...

- Ele fez uma revisão geral apenas. De resto nos pediu para nos mantermos alerta. O que aconteceu com o Chris pode se repetir.

Harry piscou algumas vezes esperando que Tom explicasse o que aquilo queria dizer. Entretanto, o amigo apenas virou outra página do livro. Potter suspirou chateado antes de perguntar por si mesmo:

- Por que pensam isso?

- Os professores acham que a situação é obra de Grindelwald.

Harry ficou confuso. Não entendia o motivo de acreditarem naquilo. Se o homem só atacava nascidos-trouxas e mestiços, Christopher nunca poderia ter sido um alvo. 

Mas talvez o ex-grifinório devesse lembrar de que o buraco era bem mais embaixo. Ele havia escutado, pela boca de Dórea, depois dos alunos ficarem sabendo oficialmente de sua volta, que achavam que Pettigrew havia sido sequestrado. Órion o lembrou de que Grindelwald causou uma maior preocupação no ministério depois da história de Harry. Com tantas mentiras confundindo os professores, era quase compreensível que tratassem o detalhe do sangue de Christopher como irrelevante. Harry e Tom fizeram Grindelwald parecer não ter limites quando o menor inventou sua história.

- Isso pode ser perigoso...

- É, talvez. - Respondeu com irrelevância se concentrando no que lia.

Potter já estava irritado com aquela distância que o maior estava impondo entre eles. Aquelas respostas secas e pouco aprofundadas não pareciam em nada com o Tom que conhecia.

Sem contar que aquele era um péssimo momento para se ignorarem.

- Por que você está agindo desse jeito estúpido? - Perguntou Harry com agressividade, se levantando de sua poltrona. Tom arqueou uma sobrancelha.

- Que jeito? - Respondeu fingindo-se de desentendido.

- Me ignorando! - disse dando a volta na cama para se aproximar do maior. - Se isso é raiva porque  provavelmente vou ter que ir embora logo, você deveria se manter próximo! Deveríamos aproveitar os últimos momentos, não evitá-los...!

Harry puxou o livro que Tom tinha no colo com força. Riddle não esperava por isso e não conseguiu evitar. Engoliu em seco quando viu o menino ler sobre o que se tratava.

- Horcruxes...? - Riddle conseguia ler a decepção nos olhos de Harry. O menino ficava olhando do livro para Tom e de Tom para o livro. O garoto tinha os lábios trêmulos – Não acredito que ainda vai tentar criar uma dessas coisas... ainda mais depois do que aconteceu....

Tom suspirou antes de responder:

– Eu nenhum momento eu disse que não faria mais.

Harry olhava para ele incrédulo. Nem sua quase morte poderia impedir a ambição pela imortalidade que queimava dentro do peito de Riddle? Não podia acreditar que aquilo era tão importante assim.

- Por que você insiste tanto nisso...?

Riddle respirou fundo para evitar ser agressivo, tentando manter a promessa que tinha feito para Christopher. Esticou a mão pedindo silenciosamente pelo livro. Harry ficou receoso e afirmou que só devolveria depois que Tom explicasse o motivo por trás daquilo.

O sonserino riu ironicamente e respondeu como se fosse óbvio:

– Porque você vai embora em breve. - Potter abriu a boca para responder, mas não conseguiu. Apenas suspirou, transparecendo a culpa que sentia. Outra vez aquele assunto. Tom se apressou em continuar. – Harry, eu não deposito mais a culpa em você. Você tem todo o direito de querer ir pra casa...

Riddle olhou para o menor com compreensão. O jovem Potter tremia um pouco, não acreditando na veracidade total daquelas palavras.

– Então, se acha isso mesmo por quê...?

– Eu quero te ver outra vez, é claro! – respondeu com certa mágoa na voz. – já conversamos sobre isso. Existe a chance de você voltar pra casa e manter tudo como antes no futuro, fazendo essa dimensão seguir o curso do mesmo ponto em que parar, ou seja a sua partida. Essa costumava ser a melhor possibilidade pra você, certo?

- Mas...

– Eu não existirei no seu tempo. Não essa versão minha pelo menos. Não... Eu! Apenas um monstro que você se recorda com alguma frequência! – continuou, sem dar a chance do menor falar. – aqui uma versão sua nascerá. Mesmo que não seja você, Harry... é o mais perto que terei. E que sentido terá se quando você tiver essa mesma idade de agora, eu for um idoso caquético? Um caduco de bengala ou um ancião com a barba de Dumbledore?

Tom tentou usar uma voz mais descontraída nas últimas frases, para tentar amenizar a tensão do amigo. Ele esperava que o menor percebesse a importância que tinha ao ponto de Riddle estar disposto aquilo.

– Se você acha que criar horcruxes irá te manter jovem, está enganado...! Estou certo de que fez isso no meu tempo... E sinceramente lá você tem uma aparência asquerosa!

– Posso garantir, Harry, que isso são consequências de outros feitiços que esse “eu” resolveu fazer no futuro. Não sei o que você sabe sobre horcruxes ou o que acha que sabe... Mas elas conseguem fornecer algo similar à imortalidade. E a juventude eterna. No seu tempo, a versão que conheceu de mim não deve ter nenhum motivo especial para permanecer jovem. Apenas imortal. E julgando pelo modo repulsivo com o qual você acabou de me olhar... Temido.

Harry não conseguiu evitar. Lembrar de Voldemort, do que aconteceu nos primeiros anos em Hogwarts e em seus pais... era muito delicado pra ele. Quase podia esquecer que Tom e Voldemort eram a mesma pessoa.

– Mas e os sentimentos? Eles serão destruídos!

– Não é bem assim, depende de quantas horcruxes eu criar e no intervalo de tempo entre elas.  No início, eu planejava fazer sete, hoje pretendo começar com uma e ver o que o futuro me aguarda. Depois quem sabe... e além disso, depende também da motivação para fazê-las. Como a minha envolve você, a amizade que temos e as boas lembranças permanecerão, Harry... - o menino de óculos parecia nauseado com aquilo. Mesmo que Tom segurasse seu braço e pedisse para que se tranquilizasse, dificilmente conseguiria pensar em algo positivo saindo daquilo. - Pensa que... é porque você se tornou muito importante pra mim. E que isso vai ser uma prova de amizade... Eu ficarei bem, Harry. E você poderá voltar pra casa em paz...

– Já parou pra pensar que talvez eu não queira ir pra casa?

Tom calou a boca abruptamente. Até soltou o braço do menino que mantinha a expressão séria e impassível. Tomou o livro das mãos de Harry e simplesmente voltou a ler, claramente irritado, ignorando completamente a discussão que estavam tendo. O menor voltou a questioná-lo dessa vez com mais intensidade. Riddle ergueu os olhos perigosamente:

– Você nunca faria isso! Para de repetir! Está mentindo pra mim e pra você mesmo! Você jamais trocaria tudo que conheceu por treze anos pelo que conheceu em apenas um! E tentar me convencer disso apenas para que eu não crie uma horcrux é extremamente egoísta!

– E o que te faz pensar que me conhece melhor do que eu mesmo, Riddle?!

Harry fechou os punhos com raiva. Tom percebeu, sabia que a teimosia do garoto iria insistir naquilo. Respirou fundo e, apesar de ter soltado uma risada irônica, amenizou a voz:

– Porque você é um garoto muito bonzinho que sempre faz a coisa certa. E a coisa certa nesse caso é voltar pra casa, para perto dos seus amigos originais e seus poucos familiares. Simples assim. - Tom levantou o rosto e encarou o menino que continuava olhando-o incrédulo - É isso mesmo, Harry. Você é a mesma criancinha bondosa de quando chegou. E por mais que eu tenha tentado, e como eu tentei... não consegui te passar para o meu lado. Eu falhei em transformá-lo em um verdadeiro aluno do nobre Salazar Slytherin... seu coração é puro demais.

– Olha só, idiota, eu não...

– E eu tenho consciência Harry, que você tentou fazer o mesmo comigo. Mesmo que tenhamos feito um acordo, você também tentou me passar para o seu lado ideológico, certo? Vai negar? Foi como uma aposta silenciosa. Mas você também falhou. - o menor abriu a boca para responder, entretanto, Tom havia falado como uma pergunta retórica e não deixou-o falar antes de completar. - Eu ainda tenho os meus ideais e você os seus.

– Eu não sou o mesmo nem fodendo... - Potter não havia parado de encarar o jovem de modo agressivo em momento nenhum. Tom entendeu que o menino não levou seus leves toques de sarcasmo na esportiva como havia pensado que levaria.

Tentou negociar com aquela teimosia mais uma vez:

– Harry... vamos dizer que se fosse pra anunciar um ganhador desta... aposta nas entrelinhas... seria você. - falou mais baixo, segurando novamente o braço do menor, já de pé outra vez. - Bom, mesmo tendo minhas convicções, aprendi algo importante: o valor de uma amizade. Algo que eu tanto desprezava... E isso é mais do que eu fiz por você. Vale à pena lutar por uma. E fazer o sacrifício que for... mesmo que isso signifique partir a alma em dois. Já você manteve seu coração puro e isso não é necessariamente ruim, Harry... mas quer dizer que não seria capaz de...

Harry soltou-se do braço de Riddle e empurrou-o com raiva de volta para a poltrona:

– Ninguém vai falar porra nenhuma sobre o que eu sou ou o que decido fazer além de mim mesmo! A minha opinião não importa?! E o egoísta dessa merda sou eu?! - Potter ficou com a respiração ofegante e começou a se lembrar de quando chegou ao passado. Se recordou completamente do que sentiu quando Tom tentou manipulá-lo, chamando-o de criança indefesa e patética. - Se você realmente acha que eu não mudei nada, é porque nunca me viu irritado de verdade. E acredite... não vai querer ver... o último que viu não gostou!

Tom começou a ficar confuso com a voz sombria que o menino assumiu. Ia perguntar sobre o que ele estava falando quando foi interrompido por um grito vindo da cama.

Chris acordou.

Potter se forçou a caminhar para o outro lado, para poder ficar perto de Lestrange, mesmo sentindo seu coração pesar pela revolta que sentia. O castanho estava ofegante e levou as mãos ao rosto como se estivesse tentando controlar o medo. Tom se levantou da poltrona e sentou na borda da cama para acalmá-lo:

– Está tudo bem. Está seguro, foi só um pesadelo...

Christopher levantou a cabeça e suspirou aliviado ao se lembrar de que estava na ala hospitalar. Porém, sua respiração dessincronizada não normalizou.

– A-Agora é um pesadelo... M-Mas meses atrás foi real... -  A voz baixa e apavorada indicava o esforço que ele fazia para não cair no choro por causa de presença de seus amigos. Tom fala que ele pode desabafar, que isso fará bem. – É m-muito vergonhoso...

Harry indicou para Tom não insistir, porém o moreno maior garantiu a Chris que aquela conversa não sairia dali.

– Não vale à pena guardar tudo o que você passou... divida conosco...

Chris olhou para Tom e reparou no cuidado que emanava dos olhos dele. Mais uma vez o moreno lhe dizia silenciosamente que iria ficar tudo bem, que o protegeria. Harry, mesmo discordando de Riddle, também transmitia o mesmo cuidado. Lestrange respirou fundo:

– Foi só uma lembrança cruel... - decidiu contar. - a p-primeira vez... em que f-fui... torturado...

– É sério, Chris, se for muito pessoal... – interrompeu Harry ao ver o estado melancólico do rapaz ao tocar no assunto.

– Não, Harry... Tom está certo... não aguento mais manter tudo só pra mim... – respondeu tocando no ombro do menino com dificuldade. Depois voltou a alternar o olhar entre os dois amigos, antes de começar o relato – No início... eu só ficava amordaçado com pouca água e comida... mas chegou um dia em que... ele... estava muito irritado. Eu piorei a situação... estava frustrado por ter sido pego tão facilmente... e o chamei de s-sangue-ruim b-bastardo... ou algo desse tipo...

Tom reparou quando o rapaz se interrompeu para encará-lo fixamente e triste. 

– O que foi?

– E-Ele estava irritado por sua causa, Tom... alguma coisa sobre ter feito-o voar pela sala no meio da aula de DCAT... – Riddle desviou o olhar, sabendo  do que se tratava. Quando Avery estava em coma, teve que ir disfarçado com polissuco para a aula. Charlus e Hyde o provocaram lançando um patrono nele e Tom revidou sem pensar duas vezes. Sentiu-se mal por não saber na época que as consequências de suas ações poderiam recair em Christopher. – E-Ele achou que seria apropriado me assustar... assim eu não ousaria desafiá-lo e nem daria mais trabalho dali pra frente. E se eu tinha t-tanta a-aversão a trouxas... só me c-castigaria com métodos trouxas... para eu ter um bom motivo pra isso...

Christopher derramou algumas lágrimas e fechou as mãos em punho antes de continuar. Começou a encarar o nada, assustado. A cena deixava Harry com mais raiva do que já sentia por conta da discussão que estava tendo com Tom.

Afinal, Hyde tinha conseguido: Assustar Lestrange foi um jeito eficaz de mantê-lo na linha.

– Era um... j-jogo d-doentio. P-Perguntas... e r-respostas... – continuou Chris.

– Como exatamente isso funcionou? - perguntou Tom confuso, porém tomando cuidado para sua curiosidade não assumir sua voz. Perguntas e respostas? Não parecia muito cruel. Harry olhou feio pra ele.

– Não eram simples perguntas... e-ele sabia que as chances de eu acertá-las eram b-baixas... – Lestrange piscou algumas vezes, engolindo a vergonha antes de continuar –  “Qual o nome da nascida-trouxa que senta na sua frente em todas as aulas de DCAT...?”... “Qual o nome do goleiro da lufa-lufa que você arremessa balaços em todos os jogos de quadribol só porque ele é adotado por trouxas....?”

Chris olhou para Harry, interrompendo-se, derrubando mais lágrimas antes de voltar ao relato:

– “Pelo menos o nome do novato mestiço da sua casa você sabe...?” – todas as perguntas que o castanho revelou foram ditas em um tom de imitação realista, sem deboche, como se fosse desrespeitoso narrá-las de outro jeito. E o medo falava mais alto, ele não queria ser mais desrespeitoso. – e-eu só acertei essa última... haviam mais algumas...mas n-não me l-lembro...!

Tanto Tom quanto Harry sabiam quer ele se lembrava muito bem das outras perguntas e que preferiu não dizer. O Lestrange fungou alto, com o choro acumulado escorrendo sem dar trégua.

Tom fez a pergunta que mais assustava os outros colegas:

– E o que acontecia quando você... errava?

Christopher esticou um braço com receio. Tremia fortemente. Levantou a blusa hospitalar que usava timidamente até as mangas.

– I-Isso...! – Várias queimaduras de cigarro ficaram à mostra. Tom nunca às tinha visto, porém Harry sim, quando cuidou do castanho na sala precisa. A maioria estava perto do pulso e parecia que os cigarros não foram apenas encostados na pele de Christopher, mas sim apagados na carne, permanecendo em contato com ela durante dolorosos segundos... talvez mais de um minuto. – Se eu errava... era queimado c-cinco vezes. Se a-acertava... d-duas. E se eu não r-respondesse... e-ele era... criativo...

Tomando cuidado com a escolha da última palavra, e sem aguentar mais expor seu sofrimento e humilhação, não pela presença dos colegas mas sim pela dor ao relembrar daqueles momentos, Christopher começou a chorar mais alto, passando a mão nos cabelos desesperado. Tom segurou seus braços, evitando os ferimentos e forçando-o a encará-lo, mesmo que Chris negasse com a cabeça qualquer coisa que Riddle pudesse dizer para tranquilizá-lo.

– Se acalme...

– Não! Ele pode vir aqui a qualquer momento e terminar o que começou...! Se me manteve escondido por meses, entrar aqui vai ser fácil...! – Sussurrou, quase que implorando, mesmo sem dizer nenhuma palavra em forma de pedido,  que o outro dissesse algo que comprovasse que estava errado. – Ele vai me pegar... vai me pegar... vai me pegar...

Harry observava Chris naquele estado de paranoia incomodado. O castanho olhava fixamente para um ponto, entretanto não encarava nada em particular. Era como se tentasse expulsar os pensamentos ruins e teorias cruéis de quando e como Pettigrew apareceria ali. O ex-grifinório sentia que estava ficando possesso, sem suportar ver Christopher em um estado catatônico enquanto o rapaz machucado era abraçado por Riddle, sem esperança. O choro ficou abafado contra o ombro do amigo. Tom encarou Harry um pouco culpado e fez um movimento com os olhos e disse, sem emitir nenhum som, que agradecia ao menino por ter estado lá para Chris, mas que poderiam ter evitado aquilo.

Aquela foi a gota d’água para Harry.

Tom não havia falado por mal, no entanto, o jovem Potter já estava com raiva por outros motivos e entendeu errado. O simples mencionar de “poder evitar aquilo”, em sua mente, havia sido outra indireta para mencionar que Harry era uma criancinha patética e indefesa. O mesmo menino de quando chegou.

Não pela bondade em salvar Chris. Mas pela ingenuidade, considerada por Tom, em defender nascidos-trouxas.

Como Hyde Pettigrew.

– Chega! Eu o matei! Ouviram?! Eu o matei! Está me entendendo, Christopher?! Eu o matei! Com as minhas próprias mãos! – Tom ficou perplexo, em um estado de inércia sem saber se estava ouvindo certo. O estado catatônico que Lestrange estava foi amenizando com sua audição entrando em contato com aquelas palavras mesmo sem perceber o grande e real significado delas, e o rapaz, apesar de ainda abraçar Riddle, encarava paralisado o menino de óculos. Harry, completamente enraivecido e de pé, alternava o olhar entre os dois enquanto sua voz assumia um tom psicótico e cruel. – Sim, eu o matei... mas não sem uma pequena vingança antes! Foi um verdadeiro prazer ver partes da pele dele transformarem-se em uma massa molenga e asquerosa antes de se converter em carne podre e cheirar a queimado! E foi divertido vê-lo sufocar pateticamente com as lágrimas que se acumulavam na garganta! Mas eu não tive saco para ouvi-lo implorar com aquela... voz irritante! Calei aqueles lamentos ridículos com um simples feitiço...! Sim, eu o queimei vivo!

Aquela revelação era para ser algo que tranquilizasse Christopher? Potter estava sendo bem agressivo na forma que falava, ao ponto do castanho encará-lo sem ação e Riddle segurá-lo com mais força. Nenhum dos dois piscava. Aquele era mesmo o Harry? Os sonserinos já não sabiam responder.

Principalmente Tom, quando o jovem resolveu direcionar seus olhos e fala para si:

– E não, Riddle! Não lancei o feitiço da morte por piedade ou qualquer outra coisa que você deve estar pensando por eu ser um garoto tão “pateticamente bonzinho e ingênuo! Apenas não precisava gastar o meu tempo precioso com aquele idiota, mesmo que fosse para matá-lo! – Finalmente percebendo a intensidade e o que significavam as palavras proferidas por Harry, Christopher criou coragem e se mexeu. Tentou tocar o braço do menino, para acalmá-lo. Contudo, recuou assustado quando Harry voltou a encarar Tom. Se perguntou o que o moreno maior havia feito para o jovem de óculos dessa vez – E então, Riddle?! Ainda acredita que sou o mesmo de quando chegou aqui?! Acha mesmo que permaneci a mesma criança indefesa e patética que nunca revidava nada?! Eu pareço o mesmo pirralho ingênuo que você conheceu há meses atrás que nunca pensava em se vingar não importava o quanto pisassem em mim?!  Hein, porra?!

– Harry... – interrompe o outro moreno, tentando ignorar as perguntas retóricas do menor.

– O quê?!

– Seus olhos...

Potter olhou confuso para Tom. Ele notou quando o colega indicou a janela embaçada pela chuva de modo sutil. Harry conseguiu ver seu reflexo parcialmente e, mesmo que não tivesse muita cor, com toda certeza podia afirmar que seus olhos já não estavam verdes como sempre.

Estavam rubros.

Assustadores.

Foi quando começou a se tocar que estava sendo agressivo com os dois amigos desnecessariamente. Apesar de Riddle ter o irritado, estava indo longe demais. E Tom sequer havia falado tudo aquilo por mal e sim por mágoa e tristeza com a futura partida de Harry. Era injusto agir daquele jeito com ele. E mais injusto ainda com Christopher que necessitava de paciência e compreensão. Piscou algumas vezes recobrando a sanidade.

Ele vê Chris suspirar profundamente, como se estivesse prendendo a respiração por muito tempo. Finalmente o castanho havia aberto um sorriso aliviado. Lestrange tenta esticar a mão para Harry outra vez que quase pula no lugar com o susto do gesto que pra ele foi inesperado. Chris puxou Harry até a cama e o abraça sem saber se a palavra “obrigado” era suficientemente forte para expressar a gratidão que sentia. Porém, o menor não retribuiu o gesto por estar confuso pelo modo que agira. Encarou Tom outra vez, que se mantinha em um estado de inércia, mesmo não estando mais em uma posição defensiva.

Potter suspira e se levanta da cama, forçando o castanho a soltá-lo. Christopher fica um pouco chateado, mas não demonstra.

– Preciso ficar sozinho... – disse o menino de óculos enquanto caminhava para fora da ala hospitalar.

Os dois sonserinos o observaram-o sair do local em silêncio. Apenas quando já não conseguiam enxergar o menor pelo corredor que manifestaram alguma outra reação. Chris encarava as próprias mãos rindo, como achou que jamais voltaria a rir. Apesar disso, ainda estava assustado pela intensidade da narração do menor. Já Tom se perguntou silenciosamente em que tipo de monstro havia transformado Harry. Mas no fundo ele já sabia essa resposta.

Mas também se questionava por outra coisa:

Por que ele achava aquela situação estranhamente mais intrigante do que feliz?


Notas Finais


*O nome do capítulo é uma referência a um filme da década de 60. Isso pq o "vento" remete ao Harry que guardou um segredo que ninguém (vulgo Tom) esperaria dele.

* É claro que eu modifiquei os efeitos que as horcruxes podem proporcionar. 😝

Por favor, COMENTEM, isso é muito importante. É o modo de interagir que temos, moças e moços 😝

Além disso, favoritem, falta muito pouco para duzentos favoritos !!!!

Mil beijos de luz💗💗


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