EU TINHA UMA MÃE DENTRO DE MIM, mas e se ela não fosse a Taeyeon que eu achava que era? No fundo, eu sabia a resposta. Por isso mesmo talvez tudo aquilo parecesse tão assustador. Ainda refletia sobre isso quando entrei em casa e dei de cara com meu pai. Acho que ele notou algo na minha cara, parecia que estava adivinhando, pois fez uma proposta que havia muito não fazia:
- Por que a gente não prepara alguma coisa juntos?
Esse era um ritual nosso. Um momento que eu adorava, onde conversas de verdade surgiam entre os diálogos sobre a comida. "Pai, você acha que desse tamanho está bom? Vou cortar." "Dá uma provada, tá bom de sal? Mais um pouquinho, né?" "E se a gente colocasse uma folha de louro?" Outras vezes, a conversa acontecia através dos ruídos da faca ou do ralador de queijo, nos nossos braços se encontrando - ops!
Foi assim nessa noite em que cozinhamos juntos. O momento de proximidade me ajudou a criar coragem para lhe contar que eu tinha conhecido o Hwan. Estávamos jantando e, dessa vez, meu pai não deixou o garfo cair nem saiu da mesa. Pareceu até emocionado quando ouviu o nome dele.
- O Hwan é uma pessoa legal, pai. A gente se deu bem, logo de cara.
Ele olhava fixo para o prato. Ficamos em silêncio até que soltou a frase que eu não esperava:
- Sempre gostei muito dele, filha. Queria revê-lo.
Senti um frio na barriga. Pela primeira vez meu pai explicitou alguma vontade de se aproximar do mundo da minha mãe. Buscar um amigo daquele tempo depois de tantos anos...
- Quem sabe um dia, né, Sieun?
Passei a mão nos seus cabelos já meio grisalhos e depois segurei sua mão.
- Vai ser ótimo, pai.
O resto do jantar passamos em silêncio. Cada um com seus pensamentos.
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