ENQUANTO TODO MUNDO APRESSAVA minha viagem, achando um horror eu ter preferido ir de ônibus e não de avião, eu cuidava de ter um tempo a mais na estrada. Treze horas de paisagem ora verde, ora cinzenta, ora plana, ora de serra, atravessando cidades e estados, cruzando divisas até poder encontrar o mar na terra da minha mãe.
Entre o ponto de saída e o de chegada, eu teria tempo para processar nosso encontro e relembrar minha busca. Pensar no que haviam sido esses anos, sabendo tão pouco sobre minha mãe, as pequenas doses de informação tantas vezes roubadas, até finalmente resgatar a relação com ela.
Treze horas ou setecentos e oitenta minutos, como gotas em um copo ainda pela metade. Mas para quem está bebendo o que importa é poder matar a sede no final.
Quando me despedi do meu pai na rodoviária de Gwangju, ele deu uma carta endereçada à minha mãe.
- Tudo isso quem conquistou foi você, filha.
Sorri. Quis dizer que tínhamos sido todos nós, mas tudo o que consegui fazer foi dar mais um abraço e um beijo nele.
- Boa sorte, boa viagem. Qualquer coisa, estou por aqui. Se precisar, me liga.
Quando eu me sentei na poltrona do ônibus leito, fechei os olhos e pensei: "Está feito". O motorista fechou a porta do maleiro. Foi quando ouvi sua conversa com os companheiros de trabalho.
- E aí, Hoseok? Cidade Maravilhosa mais uma vez?
- Tantas vezes quanto puder! Tô indo matar a saudade de casa.
O Jungwon, que estava comigo, segurou firme minha mão. Juntos sentimos o ronco do motor. À medida que o ônibus se afastava, a figura do meu pai ia diminuindo na plataforma.
Algo me unia ao nosso motorista Hoseok. Eu nunca tinha estado em Daegu, mas, como ele, sentia que estava indo matar a saudade de casa.
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