Lola ficou atônita por alguns segundos, tentando recuperar o dom da fala.
- Vim buscar a minha mochila mas já estou indo embora...
- Você ficou me espiando? - perguntou horrorizada.
- Não se preocupe, eu já estou indo embora. Nunca mais voltarei a te perturbar.
- Não! Espere!
Lola estava dando meia volta e indo em direção a sala quando a frase dita por Miranda a fez parar e acelerou seu coração.
- O que você quer comigo?
- Me espere na sala. Quero conversar com você.
A professora pegou uma toalha que estava próxima e cobriu o corpo nu. Levantou da banheira e fechou a porta novamente.
Lola resolveu obedecê-lá e resolveu esperar para ver o que ela tinha para lhe falar e então a aguardou na sala.
Depois de ver Miranda quase nua a fez mudar de ideia com relação a esquecê-lá. Por pior que as circunstâncias parecessem era melhor ter Miranda como apenas uma amiga do que não tê-lá jamais por perto. Ao vê-lá na banheira, percebeu que a queria por perto de qualquer maneira. Somente ao olhar para a professora a fazia se sentir melhor. Fazia com que se sentisse protegida na presença dela. Então a jovem seguiu seu coração novamente e sentou no sofá da sala de Miranda enquanto aguardava-a ansiosamente.
*****
Não demorou muito e Miranda surgiu na sala onde Lola a aguardava.
Miranda havia colocado um vestido florido na altura dos joelhos e seus cabelos ainda estavam molhados.
- Lola, nós devemos conversar sobre...
- Eu sei, eu sei. Estava completamente errada em entrar em sua casa sem ter me anunciado e ainda por cima abrir a porta do seu banheiro e ficar te espionando.
Miranda arregalou os olhos devido a sinceridade de Lola.
- Olha, eu já entendi que você não me quer por perto e eu...
Miranda levou o seu dedo indicador aos lábios fazendo um sinal para que ela se calasse. Lola ficou boquiaberta e interpretou mal o gesto da professora e então, resolveu levantar do sofá com raiva e decidiu ir embora mas ao fazer isto foi surpreendida por Miranda a segurando pelo braço a impedindo de ir embora.
- Onde você pensa que vai?
Lola ficou parada sem reação alguma e sentiu seus pêlos do braço se arrepiarem pelo toque da professora.
- Temos que conversar. Sente-se! - pediu a mulher.
Lola engoliu em seco o orgulho e se submeteu às ordens dela.
- Olha, me desculpa. Eu não fiz por mal...
- Calma, Lola. Eu já a compreendi e a perdôo.
- Me perdoa de verdade?
- Sim, é claro.
- Eu não voltarei a fazer aquilo, eu sei que foi...
- Lola, respira! Eu já entendi que está arrependida de ter me espionado.
Lola arregalou os olhos ao ouvir tais palavras.
- Sério mesmo? Porquê as pessoas não costumam me perdoar, sabe... Tipo o meu pai.
- Mas eu não sou como essas pessoas e seu pai é um caso à parte. Ele é o seu pai, oras. Ele só quer o seu bem.
- Se você vai ficar defendendo o meu pai, é melhor eu ir embora.
- Esse é o seu problema.
Lola estava se levantando novamente do sofá quando desistiu de ir embora novamente por ter sido surpreendida por tal frase dita por Miranda.
- Qual é o meu problema, posso saber? - Lola disse arqueando uma das sobrancelhas.
- Você foge da verdade. Na realidade você gosta de jogar a verdade nas pessoas mas quando ocorre o oposto você fica muito brava.
Lola abriu a boca em forma de "O".
- É sério que você pediu para que eu ficasse aqui para me dar lição de moral? - disse cruzando os braços.
Miranda soltou um suspiro longo.
- Não estamos realmente nos entendendo...
Lola revirou os olhos como sempre fazia.
- Eu quero que saiba que a única coisa que o meu coração anseia é cuidar de você, por isso eu entendo o lado de seu pai.
Tal frase atingiu Lola em cheio e o coração da pobre menina se acelerou ao ouvir tais palavras e foi difícil acreditar que seus ouvidos haviam captado tais palavras.
- O problema é que eu não estou acostumada com alguém cuidando de mim e se preocupando de verdade comigo. - desabafou a jovem.
a confissão de Lola atingiu Miranda em cheio. Ela sentiu seu coração amolescer e sua garganta ficar seca. Ela sabia que apesar dos problemas que teve com a menina, ainda assim ela conseguia ver a bondade no interior da garota. Apesar de saver que uma reaproximação das duas, seria algo arriscado ela se arriscaria pois ao se deparar com uma Lola indefesa e sincera e criando espinhos em seu exterior, sabia que no seu interior existiam belas flores ansioando para serem descobertas para desabrochar . Bastava alguém para ajudar a regar tais flores com carinho e atenção mas antes teria uma missão árdua de atravessar os espinhos para chegar em seu anterior.
Ao perceber que a professora tinha ficado muda, Lola perguntou:
- O quê houve?
Miranda não encontrava palavras para dizer, então resolveu mostrar o que sentia por gesto.
Se aproximou da menina e a abraçou. Ela por sua vez ficou sem entender nada mas resolveu retribuir o abraço.
Quando Lola iria retribuir o carinho de Miranda dizendo algumas palavras, algo a impediu. Enquanto as duas estavam abraçadas um barulho as alarmou. Era a porta sendo aberta por alguém.
- Olha quem chegou mais cedo...
Era Henrique, marido de Miranda.
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