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História A coroa - Sonhos


Escrita por: Aliceiheplme

Notas do Autor


Eu tô morrendo de ódio porque eu tô reescrevendo esse car**** pela segunda vez então desculpa se vai ficar um lixo, eu me esforcei

Capítulo 6 - Sonhos


Anna


Não, eu não planejei isso, Tyrone era a ultima pessoa que eu desejaria lutar, não por eu gostar dele, mas pelo fato dele ser o adversário mais forte com quem eu lutei, seu controle do vento chegava a ser tão impressionante, o garoto prateado poderia muito bem controlar todos os enormes tornados que assolam o oeste no outono com tamanha facilidade, ele devia ter percebido que os cristais eram difíceis de manipular, por serem um poder selvagem e seu total domínio requer muito do meu controle, e isso cansa. Mas não vi aqui para choramingar, não cheguei até aqui para desistir agora, eu sou Anna Blue e não vai ser um prateado de meia-tigela que vai conseguir me derrotar, os ventos podem ser cortantes, mas com sorte os cristais também são.

Tyrone e eu nos estranhávamos como lobos que estranham a si mesmos, sua mascara não apresentava nenhum tipo de emoção, muito menos a minha, ele não podia chegar muito perto de mim pois era péssimo em ataques de curto alcance, que era uma das minhas principais habilidades, o prateado se distanciava deixando finalmente o seu poder fluir e conjurando as forças cortantes do ar, tudo perto de seu alcance está sendo facilmente juntado ao mini tornado, a área aonde os civis prateados ficavam era protegida por enormes campos elétricos que não permitiam que nada , absolutamente nada ultrapassasse a barreira de energia, nem o próprio ar passava pela quantidade de eletricidade que fluía da barreira, sendo sua luz manipulada por sombrios da casa Atrios, eles manipulavam a luz de uma maneira tão incrível que deixavam o poder da barreira invisível, era o bastante para que os prateados conseguissem estar protegidos e assistindo a batalha ao mesmo tempo em suas poltronas confortáveis privilegiadas pela sua cor de sangue, mas o ar presente no campo de batalha era suficientemente mortal para acabar comigo, para minha sorte eu treinei um pouco quando estive em coma e aprimorei as minhas habilidades de cristalização, então cristalizar o mini tornado foi bem fácil, o controle dele era tão forte que o mesmo parecia não soar em nenhum de seus movimentos, não parecia cansado naquela batalha então tentar faze-lo cansar não era uma alternativa, eu só tinha que me aproximar dele, o bastante para eu ser mortal, e eu serei.

— Lembre-se que isso aqui não é um treinamento e eu não vou pegar leve — Tyrone deixava uma faísca de felicidade se expandir em seu rosto, eu também estava feliz por encontra-lo, embora eu gostaria de não ter lhe achado nessas circunstâncias.

— Não sou um de seus brinquedinhos para você “pegar leve” — Eu retribui gentilmente e deixei minha mascara de neutralidade cair por um pequeno instante até eu voltar para minha falsa imparcialidade externa, os meus cristais pontiagudos como facas também cortavam o ar e diversos deles surgiam em direção a Tyrone, o mesmo cria uma parede de ar e toda e qualquer coisa que decidisse chegar perto da parede de vento era imparcial aos seus movimentos, dessa vez era a vez do garoto de me contra-atacar e com sua total velocidade, uma enorme onda de brisas estava indo em minha direção pronta para me cortar como a carne de porcos prontos para o abate, consegui escapar cristalizando o ar, ele ficou feliz por eu ter aprimorado minhas técnicas de cristalização, era visível em seu sorriso, mas dessa vez o garoto de cabelos ruivos corriam em meu encontro com a velocidade do vento, era minha chance de convocar os cristais de pontas afiadas e mata-lo, mas ele desviou de todos com exceção de um que acabou em seu ombro esquerdo, o sangue prateado manchava o seu uniforme e sua reputação devia estar começando a manchar-se também, até porque ele era o futuro líder de uma das cinco grandes casas de Thinylasny, ou pelo menos seria se o garoto sobrevivesse á esta batalha.

Mas eu não sai sem nenhum arranhão, Tyrone havia convocado enormes correntes de ar, consegui cristalizar algumas mas umas delas me jogou contra a parede e senti a dor agonizante invadindo minha mente e dominando todos os meus sentidos como um todo, a raiva de ser atacada desse jeito alimentava meus sentimentos, o cristal ainda estavam alojado em seu ombro e eu ainda podia manter o controle do cristal, lhe perfurando e adentrando o mesmo, ele não gostava daquela sensação, era como se eu pudesse sentir a sua dor mas ela não doía em mim, o garoto se revirava de dor e isso de certa forma me agoniava, eu não queria mata-lo mas eu precisava... era eu ou ele e se eu tiver que sobreviver, eu irei sobreviver. Sem pensar muito para não desistir, junto todas as minhas forças e corro na direção do maior, meus punhos logo encontram seu rosto e seus lábios jorravam gotas de sangue prateado, meu soco foi tão forte que provavelmente quebrei seu dente.

— Me desculpe... eu realmente não quero fazer isso... mas eu preciso, você está bem?

— Não se preocupe... eu entendo, e apenas para te irritar, eu deixarei você ganhar...

— Você é um completo idiota — Ri ao dizer aquelas palavras, eu não quero mata-lo, mas não vou deixar Jonas sem ninguém. Um cristal pontiagudo logo aparece nas minhas mãos e eu queria não poder fazer aquilo, mas quanto mais rápido eu vencer, mais rápido será a memória que terei dele, esvaziei meus pensamentos e em um movimento rápido o cristal ia de encontro a seu rosto, mas parou no momento que um grande estilhaço surgiu na área leste da arena, área aonde estavam  o rei, pessoas nobres e extremamente arrogantes, alguns voaram para bem longe mas a maioria era resistente, os canos quebrados, as correntes elétricas, faiscas e os fragmentos de aço e metal marcavam aquela parte da arena, me senti aliviada por não ser alvo dos olhos prateados, no entanto os meus olhos também eram daquela parte que exalava uma fumaça vermelha e uma figura, ou melhor, uma mulher vermelha de cabelos escuros e cacheados, lábios carnudos e pele escura caminhava pelos estilhaços como uma passarela, nenhum prateado teve a ousadia de falar nada até que a mulher vermelha decidiu pronunciar-se.

— Meu nome é Samantha Claris, ou como os membros do governo me conhecem, capitã Claris... — A mulher que aparentava ter 25 anos soltava uma pequena gargalhada e um sorriso maldoso que se estendia em seus lábios carnudos e um tanto roxos, os prateados arrogantes se remexiam em suas poltronas, inquietos e inseguros, eu poderia mata-los e dizer que não foi minha intenção mas não duvido que tenha algum murmurador por aqui.

— Durante muito tempo o governo nos ocultou, ocultou nossa voz dos holofotes, de vivermos uma vida digna e de igualdade, mas estamos cansados de ficar calados! Não vamos mais nos render a seus caprichos prateados, vocês não podem calar nossa voz! Nosso sangue! Prateado ou vermelho, junte-se a nossa guarda, ajude nossos irmãos e contribua para o futuro das nossas crianças! A resistência vermelha começa aqui!

Depois das palavras de Samantha, uma grande onda de explosões assolou toda a arena, tropas vermelhas saiam entre as carcaças que as explosões deixavam, algumas faíscas de eletricidade rastejavam-se perto de tubos eletrificados, prateados civis eram deixados em paz e corriam aos prantos para os portões de cristal do palácio, os gritos abafavam o lugar, junto com o cheiro de sangue, vermelho e prata  que enfeitavam o piso da arena, os nobres eram tão poderosos, mas não invencíveis, gladiavam com outros vermelhos que pareciam anjos caídos tentando retomar o seu patamar que já estiveram antes, por um momento imaginei a rainha vermelha e me pergunto qual a sua história completa, todos os detalhes da única vermelha no poder em Thinylasny. Me distrai por alguns segundos até o canto agudo de um cantor começar a assolar o canto de meus ouvidos, meu corpo não era mais meu naquele momento, meus movimentos eram controlado pelo canto de um prateado, mas aquele prateado não sabia controlar meus poderes, que cristalizavam tudo o que estava no meu alcance com seu espirito selvagem, o cristal tomava praticamente todo o piso da arena e era tudo tão profundamente mortal, a minha cabeça doía completamente por sentir o controle se alastrando e o cristal começar a percorrer as paredes mecanizadas, eu não conseguia suportar o cristal tentando dominar minha mente e assumir o meu controle, eu caia em direção ao chão com o pouco domínio que eu conseguia juntar, mas não senti o fresco impacto com o solo, apenas tudo se borrar em uma escuridão sombria e os meus sentidos se perderem novamente, como quase sempre acontece.





Jonas






Uma enorme quantidades de prateados invadia a ala de enfermagem, os curandeiros e curandeiras tratavam de atende-los com a maior pressa possível, eu cedi meu lugar a um nobre que praticamente expulsou de minha cama e resmungou algo que eu não tinha vontade nenhuma de saber, sai da sala me sentindo um pouco confuso, pela janela eu conseguia enxergar uma pequena onda de fumaça avermelhada que saia da arena, me pergunto se minha irmã está lá, eu mordia meus lábios para segurar a maldita vontade de saber o que estava acontecendo, mas não quero imaginar, sinto um mal pressentimento da mesma forma que sentia quando algo ocorria com Anna, como se algo ruim estivesse acontecendo, eu possuía esse sentimento desde a minha infância, mas a sensação apenas aumentou quando eu transformei o telec em um bebê de aparentemente 6 meses, eu não sei usar meu poder, aquela seria a última e única vez que eu iria usar, a sensação de possuir e o prazer que senti foram apagados no momento em que poderia haver sangue em minhas mãos, eu não sou um vilão, não mato como Anna ou Augustus, eu nunca fui feito para matar e não importa se em algum dia eu serei obrigado a assassinar, mas eu não vou fazer isso, não usando algo tão mortal quanto o meu poder, nem os cristais de Anna ou a manipulação da mente de Augustus poderia causar tanto estrago quanto o tempo, e eu não sei controla-lo, não sei porque o tenho, e não sei para que serve se nunca lhe usarei, ter essa coisa dentro de mim era mais como um pequeno fardo que eu era obrigado a carregar, essa era a sensação que Anna carregava?

Quando entrei em meu quarto eu não esperava encontrar o garoto de cabelos castanhos e olhos azuis como safira andando para um lado para o outro, até que seu rosto e seus olhos se direcionavam aos meus, ele praticamente correu para entrelaçar seus braços ao meu e o frio de seu toque era tão bom, a suavidade de sua pele e a forma como deixa cada momento em sua companhia mais intenso, dessa vez nossos lábios não se tocaram mas eu ainda podia sentir o quanto ele estava segurando para não os beija-lo.

— Oh meu deus Jonas, eu estou tão feliz por saber que está seguro... — O seu perfume tinha o mesmo aroma dos lírios brancos que assolavam as sacadas do castelo, a maneira como me abraçava me fazia questionar o porque dele estar assim, Augustus dificilmente mostraria sua insegurança, a menos que tenha acontecido algo

— Espere, onde está Anna? O que está acontecendo lá for... — O garoto tampava meus lábios e minhas falas com os seus, o seu beijo era parecido com seu toque, era frio, suave e intenso, intenso como o modo que agarra meu traseiro ou como sua língua se entrelaçava na minha, me deixei levar por sua lábia e por um momento esqueci o que eu estava fazendo exatamente, o que eu me perguntava, mas isso durou tão pouco até os lábios do rei se distanciarem dos meus

— Eu tenho que ir... não posso responder nada agora e não espere por mim no meu quarto, provavelmente vou passar semanas discutindo o “ocorrido” — Dessa vez o seu beijo foi tão rápido que mal chegou a ser um beijo, seus passos em direção a qualquer lugar que não fosse um que eu estava foram rápidos, ele estava escondendo algo de mim, e eu preciso descobrir o que é, nem que eu tenha que perguntar para todos os prateados que me odeiam.

Meu corpo percorria todos os lugares desertos do enorme palácio, as coisas que eu poderia fazer foram drasticamente reduzidas, eu não poderia ir para o jardim ou qualquer lugar aberto pois não era “seguro”, eu muito menos poderia ir para a corte que estava cheia de nobres de todas as cinco regiões, eu não encontrava Anna em lugar nenhum, todos com quem eu cruzava no corredor eram prateados que não gostavam de minha presença por eu ser uma ameaça vermelha, dessa vez não havia nenhum homem dos meus sonhos e minha vontade de ir para meu quarto novamente era mínima, o único lugar que eu havia encontrado era em uma mesinha em um canto isolado da grande biblioteca real, cheia de aventuras e lugares distantes que talvez não existam, desertos tão quentes, ilhas tão frias e Países de fogo, no entanto eu começava por livros tão entediantes que falavam sobre a história de Thinylasny, o primeiro se chamava “O antigo reino”, era tão antigo que estava protegido por uma pequena teia de aranha que retirei rapidamente, o livro falava sobre a era vermelha quando a mesma era dominada pelos vermelhos, prateados eram uma minoria tão fraca e pequena, mas eram aceitos e as vezes estudados, usados como armas de guerra, alguns deles eram capturados por outras nações pois a quantidade de pessoas prateadas que surgiam era imensa, não se sabe a origem do primeiro prateado, mas estudos apontam que surgiu no extremo sul, em terras que nosso território desconhece, Thinylasny faziam negócios com pequenos reinos mas era frequentemente visto como um inimigo por certas nações, por ser uma grande potência, isso causava inveja aos países vizinhos, o período do antigo reino só terminou quando os prateados resolveram fazer um golpe de estado, quebrando o domínio vermelho e instalando o regime prateado, começando assim o período denominado O segundo reino.

Todas aquelas histórias dos tempos antigos já foram decoradas por mim, eu conhecia todos os detalhes das velhas histórias do passado vermelho, éramos obrigados a saber destas coisas, quem tivesse as melhores notas poderia virar um servo de algum prateado importante, lembro que Anna havia tirado notas boas e tinha a oportunidade de viver como mais uma serva em alguma pequena casa do Norte, mas recusou pois não queria que nossos destinos juntos terminassem tão rápido como o outono de dezembro, embora sempre sabíamos que eles terminariam algum dia, eu iria morrer na terra provavelmente devastada nas trincheiras da ilha sul, o calor iria corroer o meu corpo tão rapidamente, mas isso mudou, o meu mundo, o meu destino mudou quando meu nome apareceu naquela maldita lista, e agora eu serei provavelmente o marido do rei, do garoto mais bonito que eu já havia conhecido, eu vou estar perto das duas pessoas que mais amo, mas... ainda há pessoas que amo que não posso encontrar agora, mas daqui a alguns dias poderei sentir novamente a sensação da brisa do oeste, as visões cativantes do céu estrelado e a bela noite me chamando para aprecia-la, tudo isso acontecerá em breve... eu decidi continuar a leitura em outro livro, procurei inúmeros livros que fossem interessantes naquele canto isolado e empoeirado da grande biblioteca, parecia que ninguém se mete em meio a essa parte do lugar á anos, eu diria décadas, meus olhos procuravam incansavelmente algum livro tão interessante como o titulo, até que eles pararam num caderno de capa avermelhada com um pequeno rubi bem no seu meio, abri o livro que parecia ser tão antigo... tão velho quanto o próprio canto, havia um nome com uma caligrafia perfeita, pintada do vermelho sanguíneo, Misty Clorest Berganott,

14 de dezembro
“Eu não acredito que cheguei até aqui, estou na véspera de meu casamento com Leonard Clorest Diamos, largarei o nome da minha mãe e viverei no aconchego dos lençóis reais, junto com a pessoa mais incrível que conheci, seus olhos eram castanhos como as pequenas gotas de chocolate no bolo da cozinheira real, tinham uma profundidade que deixaria todas as pessoas curiosas e escondia sua enorme inteligência, queria poder escrever cartas para minha mãe mas ela com certeza faria de tudo para me visitar, mas estamos em um período de pequenos tornados, são facilmente controlados, porem não sei se gostaria de vê-la, continuando, eu estou apaixonada, apaixonada pelo seu cheiro, seus lábios e cabelos castanhos escuros como a água dos rios se misturando com a terra fértil, eu poderia ama-lo de todas as formas possíveis, poderia querer ele mais que tudo, eu amaria ficar para sempre, ficar ao seu lado nos lençóis de seda e caros como o valor de uma vida, pertencentes ao rei recém-coroado, faz alguns dias que fundei a guarda vermelha, é claro que ele não sabe disso, eu temo muito larga-lo quando for a hora, mas a minha ambição e o amor pela minha causa é mais incontrolável pelo o que eu sinto por ele”  — Misty Clorest Berganott


Há uma pequena foto da mulher de olhos verdes e pele um pouco queimada pelo sol, não prestei muita atenção no rei prateado e sim na mulher, que tinha o mesmo olhar ambicioso de Anna, a mesma forma de olhar, o mesmo perigo e veneno visíveis a quem pode enxergar, eu conseguia imaginar a sua voz, ela poderia ser parecida com a voz de Anna, até que estranhamente eu poderia sentir o som que saia de seus lábios minutos antes de sair aquela fotografia.

— Só mais uma foto e paro de importuna-lo e lhe deixo com seus assuntos! — A voz doce saia da fotografia como uma melodia, me lembrava um pouco da voz de minha irmã, era uma consequência do meu poder, podia enxergar o passado em coisas tão bobas

— Por que você se importa tanto com fotos? Teremos muitas quando chegar a hora da nossa cerimonia — A voz firme do príncipe tinha um tom calmo, parecia cansada e sonolenta, mas um pouco entediante ao mesmo tempo, combinava com a voz da garota

— E por quê eu preciso de um motivo? — A garota gritava, antes que o príncipe e ela começassem a discutir, o príncipe apenas abriu a boca por um instante e se calou, logo depois acabou concordando com ela, isso me lembrava quando eu e Anna discutíamos e ela fazia de tudo para ser sempre a vencedora, e ela sempre conseguia, eu não havia me tocado que a sensação do meu poder havia voltado, que eu estava lhe usando naquele exato momento, eu podia ver um pouco do passado daquela imagem, mas o meu poder me assusta, em movimentos rápidos eu apenas fechei o livro com força total e lhe coloquei na prateleira que lhe encontrei, isso chamou atenção de todos, até mesmo de Anna.
 

— Meu deus eu lhe procurei por todo o canto... — A garota me abraçava com a maior força que ela podia ter, não apresentava nenhum tipo de cicatriz ou qualquer coisa que identificasse que ela havia lutado, os curandeiros realmente tinha um ótimo trabalho, as vezes eu me pergunto o quão bem o castelo fez á Anna, seus cabelos loiros estão mais vivos, junto com a maciez de sua pele, ela parece mais viva e o seu bom humor é sempre bem visível para mim, ela não teria o mesmo desempenho se estivesse no oeste, eu não vou conta-la sobre a minha viagem daqui á alguns dias, não vou atormenta-la com o seu antigo lar, o lar de Lisa, a mesma garota que quebrou o coração de minha irmã sem a intenção, mas também quebrou sua própria vida.

— Você está estranho... algo está acontecendo? — A garota perguntava

— N-Não... está tudo bem...

— Tem algo errado, você sabe que pode me contar, certo? — Eu queria realmente desabafar com ela e falar de como foi a minha noite, como foi voar entre as estrelas em um pássaro mecânico e o quanto eu estava começando a amar Gus, mas não, eu não posso e eu não vou, não vou falar da minha viagem ao oeste, não ainda, ou talvez nunca.

— Me desculpe... mas eu não posso contar para você, é para seu bem.

— Eu sei cuidar de mim mesma, você pode me contar — Eu odiava o jeito que Anna me manipulava, eu quero realmente contar, ela vai ficar insistindo alguma hora, até eu mesmo falar, mas ela me protegeu de tantas coisas, de pessoas querendo arrancar o sangue de minha pele e que teriam o prazer de me ver morto, ela me protegeu de tantos perigos e da realidade horrível do mundo, não seria justo eu lhe protege-la pelo menos disto? No entanto eu não sou Anna, ela não precisa de proteção e sempre foi ela que enfrentou os nossos problemas, foi sempre ela o escudo dos irmãos Blue, talvez não seja um fantasma do passado que vai acabar com tudo isto.

— Eu irei visitar o Oeste daqui á alguns dias... e sei que pode ser um pouco duro para você ver o mesmo lugar que... bom...






Anna






A menção do nome dela me causava algumas feridas, meu coração ainda não estava totalmente preparado para a repetição de seu nome, para as doces lembranças que salpicavam na minha mente como uma grande explosão, eu queria chorar, queria desabar-me na frente de todas aquelas pessoas que esperam enxergar minha dor, enxergar minhas fraquezas, e cicatrizes podem ser fraquezas poderosas quando cutucadas

— Eu preciso ir... me encontre no quarto depois...

A menção ao nome dela me fazia querer chorar pelos corredores, percorri o caminho mais longo até o meu quarto, pois era o mais isolado, as lagrimas imploravam para escorrer minhas bochechas e cair no piso de mármore, não quero ser alvo das câmeras ou de algum prateado que procure fraquezas, fui rápido até meu quarto e encontrei Tyrone, o ruivo se virava para mim com seus olhos verde-água, analisando a minha volta a meu aposento.

— O que você está fazendo aqui?

— Bom... eu só vim pedir desculpas pela batalha... eu realmente não queria lhe machucar e não lhe odeio nem nada... — O garoto segurava algumas flores vermelhas, provavelmente rosas, seria engraçado pois eu sou uma vermelha tão perigosa quanto os espinhos das mesmas flores, mas eu não vou rir, preciso apenas de um tempo sozinha na qual eu possa me enfrentar, enfrentar o que me assola por dentro agora.

— Me desculpe, mas podemos conversar depois?

— Você está chorando?

— Pode apenas sair? — O garoto iria provavelmente tentar insistir, mas apenas respeitou o meu momento de fraqueza e finalmente me permiti lembrar de todas as lembranças com a garota de cabelos vermelhos e olhos acinzentados, me permiti lembrar dos seus lábios vermelhos e de sua grande inteligência, meus olhos ficavam cada vez mais vermelhos com o tempo que minhas lagrimas escorriam, Lisa sempre foi o amor da minha vida, e ninguém poderia negar isto, sentávamos na grama de outono e fazíamos piadas com as folhas alaranjadas pelo período histérico dessa época.

— Você está chorando como um bebê, isso não é momento para fraquezas.

— E quando será o momento para fraquezas Lisa?

Meu rosto estava direcionado ao meu próprio reflexo no espelho, até eu me virar e observar a garota de olhos acinzentados e cabelos de fogo com sua personalidade, ela olhava friamente para mim com um ar de decepção, queria poder tocar seus lábios vermelhos mas eu sabia que não era real, seria apenas uma falsa sensação de tê-la, e eu não quero isso se não for para sempre.

— Nenhum momento é para fraquezas, tem uma grande quantidade de prateados que amariam lhe matar, então levante-se como você tem que se levantar!

— Não! Eu sempre seguro meus próprios sentimentos, uso mascarás todos os dias e tudo isso piorou quando você foi embora então não venha me dizer o que fazer!

— Por que está gritando comigo? Eu sou apenas uma imagem de sua cabeça, francamente Anna... você é fraca!

— Cale a boca! — Eu peguei um objeto de vidro que estava perto do espelho e joguei em direção a ilusão e ela logo desapareceu, por um momento pude respirar, mas não durou muito tempo até que a mesma ilusão apareceu no reflexo do espelho, os seus olhos não desgrudavam dos meus e eram tão vazios, não carregavam nada mais que a minha própria vergonha em lidar com a ilha de sentimentos que sempre ignoro, eu não quero ser mais fraca quebrando o nosso contato visual.

— Você não pode escapar da verdade!

Sem pensar muito, um cristal logo se cria em minha mão e jogo o mesmo em direção ao espelho, a preda se joga com o vidro que logo se estilhaça em pedaços e voam em algumas direções ao chão, a noite já havia chegado e com ela o azul tão escuro e negro, decidi que eu estava bastante cansada e com todas as coisas que aconteceu eu precisava de um pouco de descanso, meu corpo não pensou muito e eu rapidamente cai na minha cama, os tecidos confortáveis e caros amorteceram minha queda e tornaram-me o ser mais confortável no maior conforto que eu poderia ter, a lembrança árdua do meu passado eram um pouco benevolentes, eu não estou preparada para lhes enfrentar, não agora.

Não demorou muito para eu acordar, o dia já havia ganhado o seu azul perfeito e o mais belo azul que todos os outros azuis de qualquer oceano, quando eu era criança o meu desejo era poder nadar no azul do céu, mas isso se foi assim como tantas coisas que perdi, deixei que a água quente do banho deixasse que meu corpo tivesse alguns segundos de tranquilidade e foram mais relaxantes que qualquer minuto do dia anterior, senti a leveza dos meus sentimentos voltando e o meu equilíbrio restaurado, eu não encontrei Jonas dessa vez, nós realmente estávamos bem distantes e isso iria mudar, claro que eu não vou para o oeste, não quero mais uma lembrança da minha antiga vida, minha nova vida já começou e eu não preciso de vestígios da antiga eu, mas era principalmente pelo meu medo de Lisa e do seu fantasma que eu mesmo criei, eu não sou forte o suficiente para enfrenta-lo, não agora.

Depois que terminei o banho as criadas vermelhas trataram-se rapidamente de me vestir, eu notei que as rosas estavam agora em um pequeno vaso e foram regadas por alguma das minhas criadas, no total eu tinha apenas 4 criadas, não sabia seus nomes pois nenhuma delas havia trocado alguma palavra comigo, nunca ouvi sua voz pois provavelmente elas não foram treinadas para manter conversas com “nobres”, seria assim minha vida se eu aceitasse aquela vaga como uma importante criada de uma família prateada de nortistas?

— Quem foi que colocou e regou as flores? — Nenhuma das criadas se atreveu a dizer algo e ficaram totalmente eretas, eu era boa em ver através das pessoas e elas tinham medo de mim e do que eu poderia fazer, eu não era uma vilã mas não era assim que elas pensavam, seu medo foi treinado e os vermelhos sempre foram ensinados a temer desde o período do segundo reino, derramamos sangue como escravos pois temos medo de nos levantarmos como a aurora.

— F-Fui eu... s-senhorita Blue — A criada se curvou fazendo uma referência idiota que todos os criados deveriam ser ensinados a fazer, antes que eu possa falar alguma palavra a criada recuava-se com medo de mim, eu não entendi sua reação mas ignorei, peguei a mais bela flor do buquê de rosas e fiz um pequeno colar com um coração de cristal apenas com o meu poder, aquilo não gastava uma enorme quantidade de controle então foi de certa forma fácil de fazer.

— Qual o seu nome?

— E-Eu me chamo Amanda, s-senhorita... — Peguei o colar de cristal avermelhado e lhe entreguei em seus dedos e fiz a mesma coisa com a rosa, mas com um pouco mais de cuidado para não machucar sua mão, fiz a mesma coisa com todas as outras 3 mulheres que se chamavam Andine, Isadora e Eva, ambas as garotas pareciam não ter mais medo de mim e passaram a não me ver como uma tirana como foi com os outros prateados.

— Me chamem apenas de... Anna, sem sobrenomes e todo esse puxa-saco real, quero que saibam que não sou um monstro e não irei escravizar vocês, apenas... me levem para o café da manhã pois estou atrasada e faminta, além de que vocês devem conhecer como os outros prateados vão comentar mostrando o quanto eles são uns cretinos — As quatro garotas riam das minhas palavras antes de fazer o que havia sido mandado, em poucos minutos as criadas me arrumavam com seus mais extravagantes tecidos no meu novo guarda-roupa, as minhas peças de roupa consistiam em um vestido preto sem muitos detalhes, que escondia minhas pernas e meus pés ao ponto de eu não precisar usar as sapatilhas horríveis  e desconfortáveis das outras concorrentes, meu cabelo ficava preso com um coque, eu não usava camadas de maquiagem e muito menos a própria maquiagem pois chegava a ser muito desconfortável, não demorou muito para que a minha presença incomodasse uma grande quantidade de prateados, o fato de ser uma vermelha no mesmo patamar que eles já devia ser agoniante, mas sinceramente eu pouco me importava com o que os outros prateados falariam de mim, eles eram apenas uma parte da população que tinha medo de terem seus privilégios perdidos, agora que eu estava no poder eles não faziam diferença, eram apenas idiotas se incomodando por estarem respirando o mesmo ar que eu, não encontrei o príncipe e muito menos Jonas, eu sabia que o príncipe estaria bastante ocupado nos próximos dias e Jonas devia estar dormindo agora, os únicos que pareciam gostar da minha companhia eram Tyrone e Grace.

— Me desculpe,  não foi minha intenção lhe expulsa-lo daquela maneira... — Sussurrei ao maior

— Não há problema algum, eu lhe entendo e preciso respeita-la... — Os nossos sussurros pareciam incomodar os prateados, eles tinham nojo de mim, só eram proibidos de ter nojo de Tyrone pois era um importante membro das cinco grandes casas de Thinylasny, a única que poderia ter o prazer de sentir nojo seria a ninfoide Layla Satorni, filha do lorde do leste, seu pai foi um dos nobres quase mortos no incidente da guarda vermelha de ontem e as 5 casas mantém um grande rancor entre si ao ponto de debocharem uma da outra sem perder nenhuma oportunidade.

— E então vermelha de merda, como está a putinha do rei? Aposto que deve estar sentado nele agora... — A garota perguntou diretamente para mim, alguns até riram disto pois a maior parte dos prateados estavam do lado dela, apenas Tyrone e Grace estavam me apoiando, eu poderia transformar a água do seu corpo em cristal se me deixassem, mas vou me controlar, não é a primeira vez que escuto insultos e nem será a última.

— O que foi vermelha? Você me dá nojo, deveria estar trabalhando como as outras vermelhas de merda como vocês deveriam estar! — Aquelas palavras foram a gota d’água para eu me levantar da mesa e tentar lhe ameaça-la, uma faca de cristal afiada estava pronta para eu cortar a garganta daquela garota maldita.

— Oh, a garotinha prateada e ignorante está com raiva porque meu irmão tem mais afinidade com o rei do que com todos vocês juntos? Eu sinto muito mas quando eu virar rainha vai ter que beijar meus pés, vadia! — Cuspo em sua direção e a garota surge como um raio, pronta para manipular cada elemento de água e me afogar apenas pelo prazer de me ver morta.

— E nem tente me atacar, você seria sentenciada a morte! Alias, eu cristalizaria seu corpo até seus ossos virarem cristal puro! — Aquilo foi o bastante para a garota sentar-se na mesa, do seu lado estava seu irmão mais velho que apenas ignorava minha presença, o seu jeito frio me dava nojo e mostrava apenas o quanto esses nobres são repugnantes e nojentos, logo me retirei quando terminei minha refeição e fui seguida por Grace, Tyrone continuou lá, eu devia agradecer pelas flores mas não ali, não na frente de prateados importantes.

— Depois do baile de finalização... a guarda quer falar com você, vai ocorrer um apagão durante uma hora no palácio quando todos estiverem dormindo, nessa pequena hora será o bastante para a capitã Samantha discutir assuntos importantes com você, tenho que ir agora, esteja preparada. — A menina de cabelos crespos e negros desapareceu em meio aos corredores brancos de mármore, tentei não importuná-la pois minha raiva dela não havia passado, embora eu precise lidar com isto, eu não estou com vontade nenhuma no momento.

A manhã e a tarde foram típicas, passei o dia inteiro no meu próprio quarto, sem ver Jonas ou qualquer pessoa que me faça interagir, não quero ter contato com pessoas por dias, a noite foi apenas um pequeno reflexo do belo céu e das imagens paradisíacas do sul, eu não sinto saudades da minha antiga vida, das pessoas que deixei apenas por uma lista, ou sinto? Mas não, eu não estou pronta para enfrentar o tumulo de Lisa e lembrar do que a morte dela me causa, eu não quero sentir dor então não vou voltar, não pretendo voltar nunca ao antigo palácio, minhas criadas serviram meu jantar, e eu agradeci a elas e pedi para que se retirarem, deixei novamente que as gotas de água inundassem meu corpo como lagrimas e limpasse todo o sujo presente em minha pele, não demorou muito para eu dormir novamente, eu estava cada dia mais perdida e mais perto de ser um monstro, mas o mundo havia me tornado naturalmente fria e por isso meus sonhos estão mortos, em todos os sentidos, apenas sentimento que causava o pesar dos meus olhos me voltando novamente para a escuridão de minutos, que na verdade eram horas predominava

O sol logo havia iluminado meu rosto com a luz forte da região sulista, não sei se vou ficar na cama hoje, mas eu precisava sair, precisava usufruir do ar fresco do jardim, mas ao mesmo tempo eu não quero, estou perdida entre o que preciso e o que quero fazer.

Minhas criadas me vestiram como nos outros dias, com roupas extravagantes e chegavam a ser bufantes perante a onda de calor de Clydesthim, a brisa é minha única amiga agora, o vento é tão forte e refresca minha pele e bagunça meus cabelos, me acostumei com o bater do ar em minha pele, me dando uma situação tão desestressante e o melhor de tudo era que eu não precisava pagar para lhe ter, ele era livre mas me deixava lhe usufruir, era confortável e me trazia paz, por um breve momento escutei uma voz, a voz da brisa sussurrando em meu ouvido de um jeito tão calmo e quase imperceptível de ouvir.

Você consegue





Jonas




Dormi preso ao seu cheiro e ao aconchego de Gus, era estranho ele não estar ali para me importunar, para tentar ler minha mente ou beijar meus lábios com os seus, tudo era estranho, estranho o gosto de estar no topo e de ainda não me sentir como algum membro real, tudo era tão novo, desde o gosto das frutas até o céu cheio de estrelas, não havia nuvens no céu, era tipicamente um dia ensolarado de primavera, mas decidi lembrar de seus lábios, da sensação que é estar com ele, mas aquilo não era real, ele não estava comigo, nem sequer apareceu em seu próprio quarto embora eu já sabia que seria assim, mas ainda podia ser sufocante a sensação, a sensação de não ter o frio do seu toque, a única coisa que eu possuía era seu cheiro impregnado em seus lençóis, depois da noite e da manhã as noites se tornaram dias e os dias semanas, e eu continuava com o seu cheiro, com a lembrança de seus cabelos castanhos, as horas passavam tão rápidos e a falta por ele aumentava a cada pequeno minuto, eu não pensei sentir isso por ele, não pensei sentir isso por ninguém, nenhuma pessoa em especial pois essa é a primeira vez que minha mente se importa com apenas uma pessoa que me causa um sentimento novo, esse é o gosto do amor? é a primeira vez que sorrio quando repito seu nome e como descobri que adoro repetir seu nome no silencio da noite, os dias estão cada vez mais normais, as refeições, o banho e o resto do dia eu passo na biblioteca ou preso nos aposentos reais

Isso mudou quando pediram a minha presença na corte prateada, meus criados me arrumaram tão rapidamente que mal deu tempo suficiente para eu imaginar como seria finalmente ver o mesmo novamente, o meu coração saltitava e acelerava apenas com o pensamento de lhe ver novamente, eu estava tão feliz e minhas bochechas se avermelhavam e meu sangue aquecia quando vi o reflexo de sua presença, embora todos prestava atenção nas palavras do rei, os seus olhos safiras estavam direcionados ao meus, junto com o sorriso bobo de seus lábios que muitas garotas e garotos gostariam de possuir.

— A mídia inteira sabe que estamos passando por um momento muito perigoso, desde o ultimo incidente dos terroristas denominados “Guarda Escarlate de Thinylasny”, ou GVT, a ideia de ocorrer outras batalhas seria uma enorme falta de ética de minha parte pois eu estaria expondo milhões de suas vidas em risco — O garoto fazia uma pequena pausa.

— Então eu mesmo me darei o prazer de escolher a dupla de irmãos que serão os meus aliados mais confiáveis até o fim do meu reinado como rei, e de acordo com todas as análises feitas nas batalhas e toda a sua força, poder e controle foram julgadas e até que nós nos decidimos... — Os seus olhos cor de safira não desgrudavam dos meus, ele não parecia ter descansado pois passou longos dias na corte, discutindo sobre o que havia acontecido, a ideia de escolher certamente foi dele, mas sei que nem todos ficarão feliz com a sua escolha.

— Hoje iremos organizar o baile de finalização, e todos vão dar as boas-vindas ao seus futuros soberanos... —           Ele mordia seus lábios, a corte inteira saberia quem ele iria escolher, mas a empresa estava sedenta por um nome, o meu nome, se corroíam em não saber quem é, ainda mais que o mais odiado é o escolhido.

— Um representante dos irmãos Blue, por favor caminhe até a minha graciosa presença — Eu me controlava para não pular em seus braços ou beijar seus lábios nas frentes de todos, eu sou a pessoa mais feliz existente e lagrimas quase caiam de meus olhos, naquele momento tudo pareceu tão perfeito, não havia câmeras, não havia barreiras, não havia pessoas que me odiassem, apenas eu e Gus, o Gus que me ama desde a primeira vez que me viu, e quem eu aprendi á amar com o passar do tempo.

— Caros Blue, eu imploro por esta nação, pela sua força e pelo seu poder, e por todas as pessoas presentes no nosso país que habitam em nossas terras, você me daria a honra de ser meu aliado, até nossas respectivas mortes para reinar com sabedoria e domínio?

— Sim! Eu aceito mais que tudo e você me faz ser a pessoa mais feliz do mundo com suas belas palavras! — Estávamos cheios de câmeras e pessoas querendo me matar por “fazer a cabeça do rei”, já consigo até ouvir o que os outros vão dizer, só espero que os vermelhos não sofram com o meu reinado e o nojo que pegarão de mim e de outros como eu, mas isso vai mudar, eu vou mudar isto quando a coroa for também, minha.

Depois disso todos os outros lordes e nobres saíram da corte, sem nada mais que eu e Augustus, isso demorou duas horas mas eu finalmente podia pular em seus lábios que eram meu único refúgio, sem barreiras entre nós, claro que vamos enfrentar diversas coisas como a xenofobia vermelha, mas agora sou a pessoa mais feliz do mundo, sem ninguém para mudar meu destino, o nosso destino, o seu beijo era sempre tão profundo e intenso, cada parte dele carregava uma grande quantidade de intensidade que eu não conheço em mais ninguém a não ser no prateado.

— Espere

— O que foi? — O garoto se ajoelhou em meio a minha presença e segurava uma pequena caixinha, eu queria chorar, queria que as lagrimas caíssem de meus olhos pois meu coração acelerava a cada pequeno movimento seu, ele também parecia nervoso, mas não estava tanto quanto eu.

— Bom, não é novidade que eu me apaixonei por você desde que despertou minha curiosidade, e eu não pensava que você fosse ficar ou chegar até aqui, e ainda mais causar todo esse tornado de sentimentos que eu sinto por você, e um deles é o amor, então Jonas Blue, você me daria a honra de ser totalmente meu? E de me fazer a pessoa mais feliz do mundo com um sim? — Suas palavras eram o toque final para me fazer a pessoa mais sorridente de todo o continente, eu queria poder dizer o quanto eu lhe amava mas minhas palavras nunca seriam o suficiente para demonstrar tudo o que sinto por Gus.

— Você realmente está falando sério? Eu... quando eu estava na minha antiga vida, eu nunca imaginava viver um conto de fadas, que minha vida seria típica de um vermelho da minha idade, mas agora? Você é o meu próprio conto de fadas e eu nunca seria tão grato com o seu amor, então Augustus Clorest, a minha resposta é sim, sim e sim! — Aquilo foi suficiente para ele encher meu rosto de seus beijos, eu podia sentir a vibração que a sua felicidade trazia, sua barba estava mal feita e o maior deixava suas olheiras bastante visíveis, mas detalhes como aquele não me importava, esse era o dia mais feliz da minha vida e o meu verdadeiro conto de fadas, e ninguém vai estragar isso, ninguém.

Nós não tivemos muito tempo juntos, a decoração na corte e em boa parte do palácio já havia começado, as cores prateadas misturadas com o vermelho escarlate inundava o castelo com sua beleza e a bela combinação desses tons, gostaria de ver a cara dos prateados vendo isso, eles iriam explodir de raiva apenas por eu estar no topo, ninguém vai me derrubar, não irão me machucar pois Augustus vai ser meu escudo agora, meu escudo contra todos os males do mundo e eu nunca poderei dizer o quanto eu serei grato ao seu amor.

— Eu não acredito nisso, eu acabei de receber a noticia e eu estou em choque, você... você está morrendo de felicidade, não é? — Eu me distrai um pouco e vi o reflexo de Anna, não percebi que a mesma estava lá, eu não queria pensar na nossa distância ou o quanto ela parece guardar segredos de mim, tantos incontáveis segredos, eu não lhe julgo, as vezes a antiga Anna realmente me deixava apenas o sentimento de lembranças e a falta da minha irmã, mas estou feliz com essa cópia, também não lhe culpo, depois de tudo que ela passou eu não podia exigir nada de minha gêmea

— Isso é tão parecido com um conto de fadas, não é?

— Contos de fadas não existem, e você sabe disso.

— Como isso não é um conto de fadas? Esse é o momento mais especial do que toda a minha vida inteira!

— Você não enxerga? ele é um monstro, nem sequer se importa com o nosso povo enquanto diversos de nós estão sendo feitos de escravos por pessoas como ele!

— ... Como você pode dizer isso?

— Dizer o que?

— Esse simplesmente é o momento mais especial que eu já tive, uma história realmente feliz, onde eu tenho um final feliz, nós temos um final feliz, e você ainda lhe chama de monstro por nos ter dado isso? — Eu me aproximava da garota vermelha tentando analisar algo nela, o porque de estar me dizendo essas palavras, ela é a pessoa mais especial para mim, ela devia me apoiar, não me julgar como um idiota, eu pensava que minha irmã iria me apoiar, que iria me consolar e falar “mantenha o controle”.

— Se você acha que ele realmente é um monstro, então não me veja no baile com ele, ou melhor, fique em seu quarto.

Não esperei sua resposta e tão pouco queria saber, mas o fato dela não me apoiar me magoava de certa forma, mas hoje seria o grande baile e o primeiro em que estou a um passo de ser eternamente de Gus, talvez minha irmã não apoie isto, mas sinceramente ela vai aceitar com o tempo, e o que realmente importa é que ele me ama, e eu nunca me senti assim, nunca me senti tão feliz em pertencer a um nome, ele era meu próprio refúgio agora, e seremos eternamente nossos próprios refúgios.

Os mesmos criados do rei tratavam de me arrumar com roupas parecidas na qual eu usei no ultimo baile, mas desta vez eu não daria um tapa em seu rosto e perguntaria o porque ele é meio idiota, eu tinha que me controlar pois eu seria o centro de tudo e de todos, ainda não caiu a ficha que agora eu sou um membro da realeza, que sou alguém importante, eu ainda vejo meu reflexo no espelho e me pergunto o que o meu antigo eu acharia de tudo isso, talvez ficasse triste por causa de Anna, mas iria me apoiar por saber que ele estaria feliz no futuro, meu sorriso brilhava mais que tudo e ninguém poderia tira-lo, e saber que ninguém pode me machucar agora é algo tão inacreditável! os criados foram embora quando terminaram pois eu pedi um pouco mais de tempo, talvez eu só precisasse de um pouco mais de tempo, mais do que eu posso ter agora.

— Ainda é bem estranho, e a realidade pode não ter caído totalmente, mas eu preciso me acostumar com ela...

Eu estava começando a discutir internamente e um pequeno desespero interno nasce mas consigo lhe controlar, eu tinha que sair daquele quarto no entanto abrir a porta era como ir para uma nova vida, como se um novo alguém estivesse nascendo, eu poderia estar louco mas eu tinha que abrir uma hora ou outra, hesitei ao tocar a mão na maçaneta da porta mas logo lhe empurrei para frente, não prestei atenção nas pessoas que estavam ali mas eu sabia que todos os olhos estavam querendo me corroer vivo, cada passo parecia uma grande eternidade e cada olhar caia em mim como uma pedra pesada presa em meus braços, porem eu não aparentei, caminhei até as portas do grande salão e todos os prateados eram praticamente obrigados a abrirem caminho para a sua nova “majestade”, eles odiavam se curvar perante um vermelho, mas quando eu usar a coroa, farão isso todos os dias, não que eu sinta prazer em ver o nojo deles, no entanto eles não poderão mais me chamar de qualquer coisa parecida como “O escravo sexual vermelho do rei”, essas palavras não iriam mais chegar em meus ouvidos pois nada era mais importante como esse momento, com o momento que Augustus pegava minha mão e a minha outra eu colocava em seu ombro direito, a musica era a mais doce melodia que eu já escutei, eu fazia realmente parte daquele conto de fadas e da noite que nunca esquecerei.

— Há algo de errado? — O garoto perguntava para mim, sem precisar ler minha mente ou procurar nela, ele não me manipulava ou usava seus poderes em mim, e eu ficava feliz por ele confiar em mim, por não possuirmos nenhum tipo de desconfiança.

— Nada... é que, isso não parece real, sabe? Ainda acho que vou acordar na minha cama no oeste e toda essa noite vai acabar tão rápido quanto começou...

— Por que você acha isso? Você sabe que merece cada pedaço desse sonho sendo realizado.

— Não é isto, ainda é estranho ter sonhos depois de todas as coisas que os vermelhos foram ensinados a rejeitar...

— Eu posso lhe mostrar que tudo isso é real...

Seus lábios foram em direção aos meus como um relâmpago e foram tão dóceis como um doce, não havia intensidade neles, apenas o leve toque de nossas peles, parecia tão inocente, me fazia esquecer de todos os outros beijos ardentes que já tivemos o prazer de conhecer, era tão agradável tanto quanto qualquer beijo que pertença a sua boca.

— Você merece isto e até as estrelas se eu as possuísse, você será sempre, não importa o que aconteça, o meu pequeno raio de sol, e nunca se esqueça disso.

Aquelas palavras foram suficiente para arrancar o meu centésimo sorriso apenas naquele dia, queria que aquela dança durasse uma vida ou um sonho eterno, minhas reações sempre seriam as mesmas e ninguém vai poder arrancar meu sorriso que se estendia entre meus lábios, e nada vai estragar isso, essa é minha história e nada pode quebrar esse momento agora, nem mesmo o confim dos universos pode quebrar o que estou sentindo agora, pela primeira vez eu posso dizer que lhe amo, e NADA pode destruir isso. 

Anna


Não, eu não planejei isso, Tyrone era a ultima pessoa que eu desejaria lutar, não por eu gostar dele, mas pelo fato dele ser o adversário mais forte com quem eu lutei, seu controle do vento chegava a ser tão impressionante, o garoto prateado poderia muito bem controlar todos os enormes tornados que assolam o oeste no outono com tamanha facilidade, ele devia ter percebido que os cristais eram difíceis de manipular, por serem um poder selvagem e seu total domínio requer muito do meu controle, e isso cansa. Mas não vi aqui para choramingar, não cheguei até aqui para desistir agora, eu sou Anna Blue e não vai ser um prateado de meia-tigela que vai conseguir me derrotar, os ventos podem ser cortantes, mas com sorte os cristais também são.

Tyrone e eu nos estranhávamos como lobos que estranham a si mesmos, sua mascara não apresentava nenhum tipo de emoção, muito menos a minha, ele não podia chegar muito perto de mim pois era péssimo em ataques de curto alcance, que era uma das minhas principais habilidades, o prateado se distanciava deixando finalmente o seu poder fluir e conjurando as forças cortantes do ar, tudo perto de seu alcance está sendo facilmente juntado ao mini tornado, a área aonde os civis prateados ficavam era protegida por enormes campos elétricos que não permitiam que nada , absolutamente nada ultrapassasse a barreira de energia, nem o próprio ar passava pela quantidade de eletricidade que fluía da barreira, sendo sua luz manipulada por sombrios da casa Atrios, eles manipulavam a luz de uma maneira tão incrível que deixavam o poder da barreira invisível, era o bastante para que os prateados conseguissem estar protegidos e assistindo a batalha ao mesmo tempo em suas poltronas confortáveis privilegiadas pela sua cor de sangue, mas o ar presente no campo de batalha era suficientemente mortal para acabar comigo, para minha sorte eu treinei um pouco quando estive em coma e aprimorei as minhas habilidades de cristalização, então cristalizar o mini tornado foi bem fácil, o controle dele era tão forte que o mesmo parecia não soar em nenhum de seus movimentos, não parecia cansado naquela batalha então tentar faze-lo cansar não era uma alternativa, eu só tinha que me aproximar dele, o bastante para eu ser mortal, e eu serei.

— Lembre-se que isso aqui não é um treinamento e eu não vou pegar leve — Tyrone deixava uma faísca de felicidade se expandir em seu rosto, eu também estava feliz por encontra-lo, embora eu gostaria de não ter lhe achado nessas circunstâncias.

— Não sou um de seus brinquedinhos para você “pegar leve” — Eu retribui gentilmente e deixei minha mascara de neutralidade cair por um pequeno instante até eu voltar para minha falsa imparcialidade externa, os meus cristais pontiagudos como facas também cortavam o ar e diversos deles surgiam em direção a Tyrone, o mesmo cria uma parede de ar e toda e qualquer coisa que decidisse chegar perto da parede de vento era imparcial aos seus movimentos, dessa vez era a vez do garoto de me contra-atacar e com sua total velocidade, uma enorme onda de brisas estava indo em minha direção pronta para me cortar como a carne de porcos prontos para o abate, consegui escapar cristalizando o ar, ele ficou feliz por eu ter aprimorado minhas técnicas de cristalização, era visível em seu sorriso, mas dessa vez o garoto de cabelos ruivos corriam em meu encontro com a velocidade do vento, era minha chance de convocar os cristais de pontas afiadas e mata-lo, mas ele desviou de todos com exceção de um que acabou em seu ombro esquerdo, o sangue prateado manchava o seu uniforme e sua reputação devia estar começando a manchar-se também, até porque ele era o futuro líder de uma das cinco grandes casas de Thinylasny, ou pelo menos seria se o garoto sobrevivesse á esta batalha.

Mas eu não sai sem nenhum arranhão, Tyrone havia convocado enormes correntes de ar, consegui cristalizar algumas mas umas delas me jogou contra a parede e senti a dor agonizante invadindo minha mente e dominando todos os meus sentidos como um todo, a raiva de ser atacada desse jeito alimentava meus sentimentos, o cristal ainda estavam alojado em seu ombro e eu ainda podia manter o controle do cristal, lhe perfurando e adentrando o mesmo, ele não gostava daquela sensação, era como se eu pudesse sentir a sua dor mas ela não doía em mim, o garoto se revirava de dor e isso de certa forma me agoniava, eu não queria mata-lo mas eu precisava... era eu ou ele e se eu tiver que sobreviver, eu irei sobreviver. Sem pensar muito para não desistir, junto todas as minhas forças e corro na direção do maior, meus punhos logo encontram seu rosto e seus lábios jorravam gotas de sangue prateado, meu soco foi tão forte que provavelmente quebrei seu dente.

— Me desculpe... eu realmente não quero fazer isso... mas eu preciso, você está bem?

— Não se preocupe... eu entendo, e apenas para te irritar, eu deixarei você ganhar...

— Você é um completo idiota — Ri ao dizer aquelas palavras, eu não quero mata-lo, mas não vou deixar Jonas sem ninguém. Um cristal pontiagudo logo aparece nas minhas mãos e eu queria não poder fazer aquilo, mas quanto mais rápido eu vencer, mais rápido será a memória que terei dele, esvaziei meus pensamentos e em um movimento rápido o cristal ia de encontro a seu rosto, mas parou no momento que um grande estilhaço surgiu na área leste da arena, área aonde estavam  o rei, pessoas nobres e extremamente arrogantes, alguns voaram para bem longe mas a maioria era resistente, os canos quebrados, as correntes elétricas, faiscas e os fragmentos de aço e metal marcavam aquela parte da arena, me senti aliviada por não ser alvo dos olhos prateados, no entanto os meus olhos também eram daquela parte que exalava uma fumaça vermelha e uma figura, ou melhor, uma mulher vermelha de cabelos escuros e cacheados, lábios carnudos e pele escura caminhava pelos estilhaços como uma passarela, nenhum prateado teve a ousadia de falar nada até que a mulher vermelha decidiu pronunciar-se.

— Meu nome é Samantha Claris, ou como os membros do governo me conhecem, capitã Claris... — A mulher que aparentava ter 25 anos soltava uma pequena gargalhada e um sorriso maldoso que se estendia em seus lábios carnudos e um tanto roxos, os prateados arrogantes se remexiam em suas poltronas, inquietos e inseguros, eu poderia mata-los e dizer que não foi minha intenção mas não duvido que tenha algum murmurador por aqui.

— Durante muito tempo o governo nos ocultou, ocultou nossa voz dos holofotes, de vivermos uma vida digna e de igualdade, mas estamos cansados de ficar calados! Não vamos mais nos render a seus caprichos prateados, vocês não podem calar nossa voz! Nosso sangue! Prateado ou vermelho, junte-se a nossa guarda, ajude nossos irmãos e contribua para o futuro das nossas crianças! A resistência vermelha começa aqui!

Depois das palavras de Samantha, uma grande onda de explosões assolou toda a arena, tropas vermelhas saiam entre as carcaças que as explosões deixavam, algumas faíscas de eletricidade rastejavam-se perto de tubos eletrificados, prateados civis eram deixados em paz e corriam aos prantos para os portões de cristal do palácio, os gritos abafavam o lugar, junto com o cheiro de sangue, vermelho e prata  que enfeitavam o piso da arena, os nobres eram tão poderosos, mas não invencíveis, gladiavam com outros vermelhos que pareciam anjos caídos tentando retomar o seu patamar que já estiveram antes, por um momento imaginei a rainha vermelha e me pergunto qual a sua história completa, todos os detalhes da única vermelha no poder em Thinylasny. Me distrai por alguns segundos até o canto agudo de um cantor começar a assolar o canto de meus ouvidos, meu corpo não era mais meu naquele momento, meus movimentos eram controlado pelo canto de um prateado, mas aquele prateado não sabia controlar meus poderes, que cristalizavam tudo o que estava no meu alcance com seu espirito selvagem, o cristal tomava praticamente todo o piso da arena e era tudo tão profundamente mortal, a minha cabeça doía completamente por sentir o controle se alastrando e o cristal começar a percorrer as paredes mecanizadas, eu não conseguia suportar o cristal tentando dominar minha mente e assumir o meu controle, eu caia em direção ao chão com o pouco domínio que eu conseguia juntar, mas não senti o fresco impacto com o solo, apenas tudo se borrar em uma escuridão sombria e os meus sentidos se perderem novamente, como quase sempre acontece.





Jonas






Uma enorme quantidades de prateados invadia a ala de enfermagem, os curandeiros e curandeiras tratavam de atende-los com a maior pressa possível, eu cedi meu lugar a um nobre que praticamente expulsou de minha cama e resmungou algo que eu não tinha vontade nenhuma de saber, sai da sala me sentindo um pouco confuso, pela janela eu conseguia enxergar uma pequena onda de fumaça avermelhada que saia da arena, me pergunto se minha irmã está lá, eu mordia meus lábios para segurar a maldita vontade de saber o que estava acontecendo, mas não quero imaginar, sinto um mal pressentimento da mesma forma que sentia quando algo ocorria com Anna, como se algo ruim estivesse acontecendo, eu possuía esse sentimento desde a minha infância, mas a sensação apenas aumentou quando eu transformei o telec em um bebê de aparentemente 6 meses, eu não sei usar meu poder, aquela seria a última e única vez que eu iria usar, a sensação de possuir e o prazer que senti foram apagados no momento em que poderia haver sangue em minhas mãos, eu não sou um vilão, não mato como Anna ou Augustus, eu nunca fui feito para matar e não importa se em algum dia eu serei obrigado a assassinar, mas eu não vou fazer isso, não usando algo tão mortal quanto o meu poder, nem os cristais de Anna ou a manipulação da mente de Augustus poderia causar tanto estrago quanto o tempo, e eu não sei controla-lo, não sei porque o tenho, e não sei para que serve se nunca lhe usarei, ter essa coisa dentro de mim era mais como um pequeno fardo que eu era obrigado a carregar, essa era a sensação que Anna carregava?

Quando entrei em meu quarto eu não esperava encontrar o garoto de cabelos castanhos e olhos azuis como safira andando para um lado para o outro, até que seu rosto e seus olhos se direcionavam aos meus, ele praticamente correu para entrelaçar seus braços ao meu e o frio de seu toque era tão bom, a suavidade de sua pele e a forma como deixa cada momento em sua companhia mais intenso, dessa vez nossos lábios não se tocaram mas eu ainda podia sentir o quanto ele estava segurando para não os beija-lo.

— Oh meu deus Jonas, eu estou tão feliz por saber que está seguro... — O seu perfume tinha o mesmo aroma dos lírios brancos que assolavam as sacadas do castelo, a maneira como me abraçava me fazia questionar o porque dele estar assim, Augustus dificilmente mostraria sua insegurança, a menos que tenha acontecido algo

— Espere, onde está Anna? O que está acontecendo lá for... — O garoto tampava meus lábios e minhas falas com os seus, o seu beijo era parecido com seu toque, era frio, suave e intenso, intenso como o modo que agarra meu traseiro ou como sua língua se entrelaçava na minha, me deixei levar por sua lábia e por um momento esqueci o que eu estava fazendo exatamente, o que eu me perguntava, mas isso durou tão pouco até os lábios do rei se distanciarem dos meus

— Eu tenho que ir... não posso responder nada agora e não espere por mim no meu quarto, provavelmente vou passar semanas discutindo o “ocorrido” — Dessa vez o seu beijo foi tão rápido que mal chegou a ser um beijo, seus passos em direção a qualquer lugar que não fosse um que eu estava foram rápidos, ele estava escondendo algo de mim, e eu preciso descobrir o que é, nem que eu tenha que perguntar para todos os prateados que me odeiam.

Meu corpo percorria todos os lugares desertos do enorme palácio, as coisas que eu poderia fazer foram drasticamente reduzidas, eu não poderia ir para o jardim ou qualquer lugar aberto pois não era “seguro”, eu muito menos poderia ir para a corte que estava cheia de nobres de todas as cinco regiões, eu não encontrava Anna em lugar nenhum, todos com quem eu cruzava no corredor eram prateados que não gostavam de minha presença por eu ser uma ameaça vermelha, dessa vez não havia nenhum homem dos meus sonhos e minha vontade de ir para meu quarto novamente era mínima, o único lugar que eu havia encontrado era em uma mesinha em um canto isolado da grande biblioteca real, cheia de aventuras e lugares distantes que talvez não existam, desertos tão quentes, ilhas tão frias e Países de fogo, no entanto eu começava por livros tão entediantes que falavam sobre a história de Thinylasny, o primeiro se chamava “O antigo reino”, era tão antigo que estava protegido por uma pequena teia de aranha que retirei rapidamente, o livro falava sobre a era vermelha quando a mesma era dominada pelos vermelhos, prateados eram uma minoria tão fraca e pequena, mas eram aceitos e as vezes estudados, usados como armas de guerra, alguns deles eram capturados por outras nações pois a quantidade de pessoas prateadas que surgiam era imensa, não se sabe a origem do primeiro prateado, mas estudos apontam que surgiu no extremo sul, em terras que nosso território desconhece, Thinylasny faziam negócios com pequenos reinos mas era frequentemente visto como um inimigo por certas nações, por ser uma grande potência, isso causava inveja aos países vizinhos, o período do antigo reino só terminou quando os prateados resolveram fazer um golpe de estado, quebrando o domínio vermelho e instalando o regime prateado, começando assim o período denominado O segundo reino.

Todas aquelas histórias dos tempos antigos já foram decoradas por mim, eu conhecia todos os detalhes das velhas histórias do passado vermelho, éramos obrigados a saber destas coisas, quem tivesse as melhores notas poderia virar um servo de algum prateado importante, lembro que Anna havia tirado notas boas e tinha a oportunidade de viver como mais uma serva em alguma pequena casa do Norte, mas recusou pois não queria que nossos destinos juntos terminassem tão rápido como o outono de dezembro, embora sempre sabíamos que eles terminariam algum dia, eu iria morrer na terra provavelmente devastada nas trincheiras da ilha sul, o calor iria corroer o meu corpo tão rapidamente, mas isso mudou, o meu mundo, o meu destino mudou quando meu nome apareceu naquela maldita lista, e agora eu serei provavelmente o marido do rei, do garoto mais bonito que eu já havia conhecido, eu vou estar perto das duas pessoas que mais amo, mas... ainda há pessoas que amo que não posso encontrar agora, mas daqui a alguns dias poderei sentir novamente a sensação da brisa do oeste, as visões cativantes do céu estrelado e a bela noite me chamando para aprecia-la, tudo isso acontecerá em breve... eu decidi continuar a leitura em outro livro, procurei inúmeros livros que fossem interessantes naquele canto isolado e empoeirado da grande biblioteca, parecia que ninguém se mete em meio a essa parte do lugar á anos, eu diria décadas, meus olhos procuravam incansavelmente algum livro tão interessante como o titulo, até que eles pararam num caderno de capa avermelhada com um pequeno rubi bem no seu meio, abri o livro que parecia ser tão antigo... tão velho quanto o próprio canto, havia um nome com uma caligrafia perfeita, pintada do vermelho sanguíneo, Misty Clorest Berganott,

14 de dezembro
“Eu não acredito que cheguei até aqui, estou na véspera de meu casamento com Leonard Clorest Diamos, largarei o nome da minha mãe e viverei no aconchego dos lençóis reais, junto com a pessoa mais incrível que conheci, seus olhos eram castanhos como as pequenas gotas de chocolate no bolo da cozinheira real, tinham uma profundidade que deixaria todas as pessoas curiosas e escondia sua enorme inteligência, queria poder escrever cartas para minha mãe mas ela com certeza faria de tudo para me visitar, mas estamos em um período de pequenos tornados, são facilmente controlados, porem não sei se gostaria de vê-la, continuando, eu estou apaixonada, apaixonada pelo seu cheiro, seus lábios e cabelos castanhos escuros como a água dos rios se misturando com a terra fértil, eu poderia ama-lo de todas as formas possíveis, poderia querer ele mais que tudo, eu amaria ficar para sempre, ficar ao seu lado nos lençóis de seda e caros como o valor de uma vida, pertencentes ao rei recém-coroado, faz alguns dias que fundei a guarda vermelha, é claro que ele não sabe disso, eu temo muito larga-lo quando for a hora, mas a minha ambição e o amor pela minha causa é mais incontrolável pelo o que eu sinto por ele”  — Misty Clorest Berganott

Há uma pequena foto da mulher de olhos verdes e pele um pouco queimada pelo sol, não prestei muita atenção no rei prateado e sim na mulher, que tinha o mesmo olhar ambicioso de Anna, a mesma forma de olhar, o mesmo perigo e veneno visíveis a quem pode enxergar, eu conseguia imaginar a sua voz, ela poderia ser parecida com a voz de Anna, até que estranhamente eu poderia sentir o som que saia de seus lábios minutos antes de sair aquela fotografia.

— Só mais uma foto e paro de importuna-lo e lhe deixo com seus assuntos! — A voz doce saia da fotografia como uma melodia, me lembrava um pouco da voz de minha irmã, era uma consequência do meu poder, podia enxergar o passado em coisas tão bobas

— Por que você se importa tanto com fotos? Teremos muitas quando chegar a hora da nossa cerimonia — A voz firme do príncipe tinha um tom calmo, parecia cansada e sonolenta, mas um pouco entediante ao mesmo tempo, combinava com a voz da garota

— E por quê eu preciso de um motivo? — A garota gritava, antes que o príncipe e ela começassem a discutir, o príncipe apenas abriu a boca por um instante e se calou, logo depois acabou concordando com ela, isso me lembrava quando eu e Anna discutíamos e ela fazia de tudo para ser sempre a vencedora, e ela sempre conseguia, eu não havia me tocado que a sensação do meu poder havia voltado, que eu estava lhe usando naquele exato momento, eu podia ver um pouco do passado daquela imagem, mas o meu poder me assusta, em movimentos rápidos eu apenas fechei o livro com força total e lhe coloquei na prateleira que lhe encontrei, isso chamou atenção de todos, até mesmo de Anna.
 

— Meu deus eu lhe procurei por todo o canto... — A garota me abraçava com a maior força que ela podia ter, não apresentava nenhum tipo de cicatriz ou qualquer coisa que identificasse que ela havia lutado, os curandeiros realmente tinha um ótimo trabalho, as vezes eu me pergunto o quão bem o castelo fez á Anna, seus cabelos loiros estão mais vivos, junto com a maciez de sua pele, ela parece mais viva e o seu bom humor é sempre bem visível para mim, ela não teria o mesmo desempenho se estivesse no oeste, eu não vou conta-la sobre a minha viagem daqui á alguns dias, não vou atormenta-la com o seu antigo lar, o lar de Lisa, a mesma garota que quebrou o coração de minha irmã sem a intenção, mas também quebrou sua própria vida.

— Você está estranho... algo está acontecendo? — A garota perguntava

— N-Não... está tudo bem...

— Tem algo errado, você sabe que pode me contar, certo? — Eu queria realmente desabafar com ela e falar de como foi a minha noite, como foi voar entre as estrelas em um pássaro mecânico e o quanto eu estava começando a amar Gus, mas não, eu não posso e eu não vou, não vou falar da minha viagem ao oeste, não ainda, ou talvez nunca.

— Me desculpe... mas eu não posso contar para você, é para seu bem.

— Eu sei cuidar de mim mesma, você pode me contar — Eu odiava o jeito que Anna me manipulava, eu quero realmente contar, ela vai ficar insistindo alguma hora, até eu mesmo falar, mas ela me protegeu de tantas coisas, de pessoas querendo arrancar o sangue de minha pele e que teriam o prazer de me ver morto, ela me protegeu de tantos perigos e da realidade horrível do mundo, não seria justo eu lhe protege-la pelo menos disto? No entanto eu não sou Anna, ela não precisa de proteção e sempre foi ela que enfrentou os nossos problemas, foi sempre ela o escudo dos irmãos Blue, talvez não seja um fantasma do passado que vai acabar com tudo isto.

— Eu irei visitar o Oeste daqui á alguns dias... e sei que pode ser um pouco duro para você ver o mesmo lugar que... bom...






Anna






A menção do nome dela me causava algumas feridas, meu coração ainda não estava totalmente preparado para a repetição de seu nome, para as doces lembranças que salpicavam na minha mente como uma grande explosão, eu queria chorar, queria desabar-me na frente de todas aquelas pessoas que esperam enxergar minha dor, enxergar minhas fraquezas, e cicatrizes podem ser fraquezas poderosas quando cutucadas

— Eu preciso ir... me encontre no quarto depois...

A menção ao nome dela me fazia querer chorar pelos corredores, percorri o caminho mais longo até o meu quarto, pois era o mais isolado, as lagrimas imploravam para escorrer minhas bochechas e cair no piso de mármore, não quero ser alvo das câmeras ou de algum prateado que procure fraquezas, fui rápido até meu quarto e encontrei Tyrone, o ruivo se virava para mim com seus olhos verde-água, analisando a minha volta a meu aposento.

— O que você está fazendo aqui?

— Bom... eu só vim pedir desculpas pela batalha... eu realmente não queria lhe machucar e não lhe odeio nem nada... — O garoto segurava algumas flores vermelhas, provavelmente rosas, seria engraçado pois eu sou uma vermelha tão perigosa quanto os espinhos das mesmas flores, mas eu não vou rir, preciso apenas de um tempo sozinha na qual eu possa me enfrentar, enfrentar o que me assola por dentro agora.

— Me desculpe, mas podemos conversar depois?

— Você está chorando?

— Pode apenas sair? — O garoto iria provavelmente tentar insistir, mas apenas respeitou o meu momento de fraqueza e finalmente me permiti lembrar de todas as lembranças com a garota de cabelos vermelhos e olhos acinzentados, me permiti lembrar dos seus lábios vermelhos e de sua grande inteligência, meus olhos ficavam cada vez mais vermelhos com o tempo que minhas lagrimas escorriam, Lisa sempre foi o amor da minha vida, e ninguém poderia negar isto, sentávamos na grama de outono e fazíamos piadas com as folhas alaranjadas pelo período histérico dessa época.

— Você está chorando como um bebê, isso não é momento para fraquezas.

— E quando será o momento para fraquezas Lisa?

Meu rosto estava direcionado ao meu próprio reflexo no espelho, até eu me virar e observar a garota de olhos acinzentados e cabelos de fogo com sua personalidade, ela olhava friamente para mim com um ar de decepção, queria poder tocar seus lábios vermelhos mas eu sabia que não era real, seria apenas uma falsa sensação de tê-la, e eu não quero isso se não for para sempre.

— Nenhum momento é para fraquezas, tem uma grande quantidade de prateados que amariam lhe matar, então levante-se como você tem que se levantar!

— Não! Eu sempre seguro meus próprios sentimentos, uso mascarás todos os dias e tudo isso piorou quando você foi embora então não venha me dizer o que fazer!

— Por que está gritando comigo? Eu sou apenas uma imagem de sua cabeça, francamente Anna... você é fraca!

— Cale a boca! — Eu peguei um objeto de vidro que estava perto do espelho e joguei em direção a ilusão e ela logo desapareceu, por um momento pude respirar, mas não durou muito tempo até que a mesma ilusão apareceu no reflexo do espelho, os seus olhos não desgrudavam dos meus e eram tão vazios, não carregavam nada mais que a minha própria vergonha em lidar com a ilha de sentimentos que sempre ignoro, eu não quero ser mais fraca quebrando o nosso contato visual.

— Você não pode escapar da verdade!

Sem pensar muito, um cristal logo se cria em minha mão e jogo o mesmo em direção ao espelho, a preda se joga com o vidro que logo se estilhaça em pedaços e voam em algumas direções ao chão, a noite já havia chegado e com ela o azul tão escuro e negro, decidi que eu estava bastante cansada e com todas as coisas que aconteceu eu precisava de um pouco de descanso, meu corpo não pensou muito e eu rapidamente cai na minha cama, os tecidos confortáveis e caros amorteceram minha queda e tornaram-me o ser mais confortável no maior conforto que eu poderia ter, a lembrança árdua do meu passado eram um pouco benevolentes, eu não estou preparada para lhes enfrentar, não agora.

Não demorou muito para eu acordar, o dia já havia ganhado o seu azul perfeito e o mais belo azul que todos os outros azuis de qualquer oceano, quando eu era criança o meu desejo era poder nadar no azul do céu, mas isso se foi assim como tantas coisas que perdi, deixei que a água quente do banho deixasse que meu corpo tivesse alguns segundos de tranquilidade e foram mais relaxantes que qualquer minuto do dia anterior, senti a leveza dos meus sentimentos voltando e o meu equilíbrio restaurado, eu não encontrei Jonas dessa vez, nós realmente estávamos bem distantes e isso iria mudar, claro que eu não vou para o oeste, não quero mais uma lembrança da minha antiga vida, minha nova vida já começou e eu não preciso de vestígios da antiga eu, mas era principalmente pelo meu medo de Lisa e do seu fantasma que eu mesmo criei, eu não sou forte o suficiente para enfrenta-lo, não agora.

Depois que terminei o banho as criadas vermelhas trataram-se rapidamente de me vestir, eu notei que as rosas estavam agora em um pequeno vaso e foram regadas por alguma das minhas criadas, no total eu tinha apenas 4 criadas, não sabia seus nomes pois nenhuma delas havia trocado alguma palavra comigo, nunca ouvi sua voz pois provavelmente elas não foram treinadas para manter conversas com “nobres”, seria assim minha vida se eu aceitasse aquela vaga como uma importante criada de uma família prateada de nortistas?

— Quem foi que colocou e regou as flores? — Nenhuma das criadas se atreveu a dizer algo e ficaram totalmente eretas, eu era boa em ver através das pessoas e elas tinham medo de mim e do que eu poderia fazer, eu não era uma vilã mas não era assim que elas pensavam, seu medo foi treinado e os vermelhos sempre foram ensinados a temer desde o período do segundo reino, derramamos sangue como escravos pois temos medo de nos levantarmos como a aurora.

— F-Fui eu... s-senhorita Blue — A criada se curvou fazendo uma referência idiota que todos os criados deveriam ser ensinados a fazer, antes que eu possa falar alguma palavra a criada recuava-se com medo de mim, eu não entendi sua reação mas ignorei, peguei a mais bela flor do buquê de rosas e fiz um pequeno colar com um coração de cristal apenas com o meu poder, aquilo não gastava uma enorme quantidade de controle então foi de certa forma fácil de fazer.

— Qual o seu nome?

— E-Eu me chamo Amanda, s-senhorita... — Peguei o colar de cristal avermelhado e lhe entreguei em seus dedos e fiz a mesma coisa com a rosa, mas com um pouco mais de cuidado para não machucar sua mão, fiz a mesma coisa com todas as outras 3 mulheres que se chamavam Andine, Isadora e Eva, ambas as garotas pareciam não ter mais medo de mim e passaram a não me ver como uma tirana como foi com os outros prateados.

— Me chamem apenas de... Anna, sem sobrenomes e todo esse puxa-saco real, quero que saibam que não sou um monstro e não irei escravizar vocês, apenas... me levem para o café da manhã pois estou atrasada e faminta, além de que vocês devem conhecer como os outros prateados vão comentar mostrando o quanto eles são uns cretinos — As quatro garotas riam das minhas palavras antes de fazer o que havia sido mandado, em poucos minutos as criadas me arrumavam com seus mais extravagantes tecidos no meu novo guarda-roupa, as minhas peças de roupa consistiam em um vestido preto sem muitos detalhes, que escondia minhas pernas e meus pés ao ponto de eu não precisar usar as sapatilhas horríveis  e desconfortáveis das outras concorrentes, meu cabelo ficava preso com um coque, eu não usava camadas de maquiagem e muito menos a própria maquiagem pois chegava a ser muito desconfortável, não demorou muito para que a minha presença incomodasse uma grande quantidade de prateados, o fato de ser uma vermelha no mesmo patamar que eles já devia ser agoniante, mas sinceramente eu pouco me importava com o que os outros prateados falariam de mim, eles eram apenas uma parte da população que tinha medo de terem seus privilégios perdidos, agora que eu estava no poder eles não faziam diferença, eram apenas idiotas se incomodando por estarem respirando o mesmo ar que eu, não encontrei o príncipe e muito menos Jonas, eu sabia que o príncipe estaria bastante ocupado nos próximos dias e Jonas devia estar dormindo agora, os únicos que pareciam gostar da minha companhia eram Tyrone e Grace.

— Me desculpe,  não foi minha intenção lhe expulsa-lo daquela maneira... — Sussurrei ao maior

— Não há problema algum, eu lhe entendo e preciso respeita-la... — Os nossos sussurros pareciam incomodar os prateados, eles tinham nojo de mim, só eram proibidos de ter nojo de Tyrone pois era um importante membro das cinco grandes casas de Thinylasny, a única que poderia ter o prazer de sentir nojo seria a ninfoide Layla Satorni, filha do lorde do leste, seu pai foi um dos nobres quase mortos no incidente da guarda vermelha de ontem e as 5 casas mantém um grande rancor entre si ao ponto de debocharem uma da outra sem perder nenhuma oportunidade.

— E então vermelha de merda, como está a putinha do rei? Aposto que deve estar sentado nele agora... — A garota perguntou diretamente para mim, alguns até riram disto pois a maior parte dos prateados estavam do lado dela, apenas Tyrone e Grace estavam me apoiando, eu poderia transformar a água do seu corpo em cristal se me deixassem, mas vou me controlar, não é a primeira vez que escuto insultos e nem será a última.

— O que foi vermelha? Você me dá nojo, deveria estar trabalhando como as outras vermelhas de merda como vocês deveriam estar! — Aquelas palavras foram a gota d’água para eu me levantar da mesa e tentar lhe ameaça-la, uma faca de cristal afiada estava pronta para eu cortar a garganta daquela garota maldita.

— Oh, a garotinha prateada e ignorante está com raiva porque meu irmão tem mais afinidade com o rei do que com todos vocês juntos? Eu sinto muito mas quando eu virar rainha vai ter que beijar meus pés, vadia! — Cuspo em sua direção e a garota surge como um raio, pronta para manipular cada elemento de água e me afogar apenas pelo prazer de me ver morta.

— E nem tente me atacar, você seria sentenciada a morte! Alias, eu cristalizaria seu corpo até seus ossos virarem cristal puro! — Aquilo foi o bastante para a garota sentar-se na mesa, do seu lado estava seu irmão mais velho que apenas ignorava minha presença, o seu jeito frio me dava nojo e mostrava apenas o quanto esses nobres são repugnantes e nojentos, logo me retirei quando terminei minha refeição e fui seguida por Grace, Tyrone continuou lá, eu devia agradecer pelas flores mas não ali, não na frente de prateados importantes.

— Depois do baile de finalização... a guarda quer falar com você, vai ocorrer um apagão durante uma hora no palácio quando todos estiverem dormindo, nessa pequena hora será o bastante para a capitã Samantha discutir assuntos importantes com você, tenho que ir agora, esteja preparada. — A menina de cabelos crespos e negros desapareceu em meio aos corredores brancos de mármore, tentei não importuná-la pois minha raiva dela não havia passado, embora eu precise lidar com isto, eu não estou com vontade nenhuma no momento.

A manhã e a tarde foram típicas, passei o dia inteiro no meu próprio quarto, sem ver Jonas ou qualquer pessoa que me faça interagir, não quero ter contato com pessoas por dias, a noite foi apenas um pequeno reflexo do belo céu e das imagens paradisíacas do sul, eu não sinto saudades da minha antiga vida, das pessoas que deixei apenas por uma lista, ou sinto? Mas não, eu não estou pronta para enfrentar o tumulo de Lisa e lembrar do que a morte dela me causa, eu não quero sentir dor então não vou voltar, não pretendo voltar nunca ao antigo palácio, minhas criadas serviram meu jantar, e eu agradeci a elas e pedi para que se retirarem, deixei novamente que as gotas de água inundassem meu corpo como lagrimas e limpasse todo o sujo presente em minha pele, não demorou muito para eu dormir novamente, eu estava cada dia mais perdida e mais perto de ser um monstro, mas o mundo havia me tornado naturalmente fria e por isso meus sonhos estão mortos, em todos os sentidos, apenas sentimento que causava o pesar dos meus olhos me voltando novamente para a escuridão de minutos, que na verdade eram horas predominava

O sol logo havia iluminado meu rosto com a luz forte da região sulista, não sei se vou ficar na cama hoje, mas eu precisava sair, precisava usufruir do ar fresco do jardim, mas ao mesmo tempo eu não quero, estou perdida entre o que preciso e o que quero fazer.

Minhas criadas me vestiram como nos outros dias, com roupas extravagantes e chegavam a ser bufantes perante a onda de calor de Clydesthim, a brisa é minha única amiga agora, o vento é tão forte e refresca minha pele e bagunça meus cabelos, me acostumei com o bater do ar em minha pele, me dando uma situação tão desestressante e o melhor de tudo era que eu não precisava pagar para lhe ter, ele era livre mas me deixava lhe usufruir, era confortável e me trazia paz, por um breve momento escutei uma voz, a voz da brisa sussurrando em meu ouvido de um jeito tão calmo e quase imperceptível de ouvir.

— Você consegue





Jonas




Dormi preso ao seu cheiro e ao aconchego de Gus, era estranho ele não estar ali para me importunar, para tentar ler minha mente ou beijar meus lábios com os seus, tudo era estranho, estranho o gosto de estar no topo e de ainda não me sentir como algum membro real, tudo era tão novo, desde o gosto das frutas até o céu cheio de estrelas, não havia nuvens no céu, era tipicamente um dia ensolarado de primavera, mas decidi lembrar de seus lábios, da sensação que é estar com ele, mas aquilo não era real, ele não estava comigo, nem sequer apareceu em seu próprio quarto embora eu já sabia que seria assim, mas ainda podia ser sufocante a sensação, a sensação de não ter o frio do seu toque, a única coisa que eu possuía era seu cheiro impregnado em seus lençóis, depois da noite e da manhã as noites se tornaram dias e os dias semanas, e eu continuava com o seu cheiro, com a lembrança de seus cabelos castanhos, as horas passavam tão rápidos e a falta por ele aumentava a cada pequeno minuto, eu não pensei sentir isso por ele, não pensei sentir isso por ninguém, nenhuma pessoa em especial pois essa é a primeira vez que minha mente se importa com apenas uma pessoa que me causa um sentimento novo, esse é o gosto do amor? é a primeira vez que sorrio quando repito seu nome e como descobri que adoro repetir seu nome no silencio da noite, os dias estão cada vez mais normais, as refeições, o banho e o resto do dia eu passo na biblioteca ou preso nos aposentos reais

Isso mudou quando pediram a minha presença na corte prateada, meus criados me arrumaram tão rapidamente que mal deu tempo suficiente para eu imaginar como seria finalmente ver o mesmo novamente, o meu coração saltitava e acelerava apenas com o pensamento de lhe ver novamente, eu estava tão feliz e minhas bochechas se avermelhavam e meu sangue aquecia quando vi o reflexo de sua presença, embora todos prestava atenção nas palavras do rei, os seus olhos safiras estavam direcionados ao meus, junto com o sorriso bobo de seus lábios que muitas garotas e garotos gostariam de possuir.

— A mídia inteira sabe que estamos passando por um momento muito perigoso, desde o ultimo incidente dos terroristas denominados “Guarda Escarlate de Thinylasny”, ou GVT, a ideia de ocorrer outras batalhas seria uma enorme falta de ética de minha parte pois eu estaria expondo milhões de suas vidas em risco — O garoto fazia uma pequena pausa.

— Então eu mesmo me darei o prazer de escolher a dupla de irmãos que serão os meus aliados mais confiáveis até o fim do meu reinado como rei, e de acordo com todas as análises feitas nas batalhas e toda a sua força, poder e controle foram julgadas e até que nós nos decidimos... — Os seus olhos cor de safira não desgrudavam dos meus, ele não parecia ter descansado pois passou longos dias na corte, discutindo sobre o que havia acontecido, a ideia de escolher certamente foi dele, mas sei que nem todos ficarão feliz com a sua escolha.

— Hoje iremos organizar o baile de finalização, e todos vão dar as boas-vindas ao seus futuros soberanos... —           Ele mordia seus lábios, a corte inteira saberia quem ele iria escolher, mas a empresa estava sedenta por um nome, o meu nome, se corroíam em não saber quem é, ainda mais que o mais odiado é o escolhido.

— Um representante dos irmãos Blue, por favor caminhe até a minha graciosa presença — Eu me controlava para não pular em seus braços ou beijar seus lábios nas frentes de todos, eu sou a pessoa mais feliz existente e lagrimas quase caiam de meus olhos, naquele momento tudo pareceu tão perfeito, não havia câmeras, não havia barreiras, não havia pessoas que me odiassem, apenas eu e Gus, o Gus que me ama desde a primeira vez que me viu, e quem eu aprendi á amar com o passar do tempo.

— Caros Blue, eu imploro por esta nação, pela sua força e pelo seu poder, e por todas as pessoas presentes no nosso país que habitam em nossas terras, você me daria a honra de ser meu aliado, até nossas respectivas mortes para reinar com sabedoria e domínio?

— Sim! Eu aceito mais que tudo e você me faz ser a pessoa mais feliz do mundo com suas belas palavras! — Estávamos cheios de câmeras e pessoas querendo me matar por “fazer a cabeça do rei”, já consigo até ouvir o que os outros vão dizer, só espero que os vermelhos não sofram com o meu reinado e o nojo que pegarão de mim e de outros como eu, mas isso vai mudar, eu vou mudar isto quando a coroa for também, minha.

Depois disso todos os outros lordes e nobres saíram da corte, sem nada mais que eu e Augustus, isso demorou duas horas mas eu finalmente podia pular em seus lábios que eram meu único refúgio, sem barreiras entre nós, claro que vamos enfrentar diversas coisas como a xenofobia vermelha, mas agora sou a pessoa mais feliz do mundo, sem ninguém para mudar meu destino, o nosso destino, o seu beijo era sempre tão profundo e intenso, cada parte dele carregava uma grande quantidade de intensidade que eu não conheço em mais ninguém a não ser no prateado.

— Espere

— O que foi? — O garoto se ajoelhou em meio a minha presença e segurava uma pequena caixinha, eu queria chorar, queria que as lagrimas caíssem de meus olhos pois meu coração acelerava a cada pequeno movimento seu, ele também parecia nervoso, mas não estava tanto quanto eu.

— Bom, não é novidade que eu me apaixonei por você desde que despertou minha curiosidade, e eu não pensava que você fosse ficar ou chegar até aqui, e ainda mais causar todo esse tornado de sentimentos que eu sinto por você, e um deles é o amor, então Jonas Blue, você me daria a honra de ser totalmente meu? E de me fazer a pessoa mais feliz do mundo com um sim? — Suas palavras eram o toque final para me fazer a pessoa mais sorridente de todo o continente, eu queria poder dizer o quanto eu lhe amava mas minhas palavras nunca seriam o suficiente para demonstrar tudo o que sinto por Gus.

— Você realmente está falando sério? Eu... quando eu estava na minha antiga vida, eu nunca imaginava viver um conto de fadas, que minha vida seria típica de um vermelho da minha idade, mas agora? Você é o meu próprio conto de fadas e eu nunca seria tão grato com o seu amor, então Augustus Clorest, a minha resposta é sim, sim e sim! — Aquilo foi suficiente para ele encher meu rosto de seus beijos, eu podia sentir a vibração que a sua felicidade trazia, sua barba estava mal feita e o maior deixava suas olheiras bastante visíveis, mas detalhes como aquele não me importava, esse era o dia mais feliz da minha vida e o meu verdadeiro conto de fadas, e ninguém vai estragar isso, ninguém.

Nós não tivemos muito tempo juntos, a decoração na corte e em boa parte do palácio já havia começado, as cores prateadas misturadas com o vermelho escarlate inundava o castelo com sua beleza e a bela combinação desses tons, gostaria de ver a cara dos prateados vendo isso, eles iriam explodir de raiva apenas por eu estar no topo, ninguém vai me derrubar, não irão me machucar pois Augustus vai ser meu escudo agora, meu escudo contra todos os males do mundo e eu nunca poderei dizer o quanto eu serei grato ao seu amor.

— Eu não acredito nisso, eu acabei de receber a noticia e eu estou em choque, você... você está morrendo de felicidade, não é? — Eu me distrai um pouco e vi o reflexo de Anna, não percebi que a mesma estava lá, eu não queria pensar na nossa distância ou o quanto ela parece guardar segredos de mim, tantos incontáveis segredos, eu não lhe julgo, as vezes a antiga Anna realmente me deixava apenas o sentimento de lembranças e a falta da minha irmã, mas estou feliz com essa cópia, também não lhe culpo, depois de tudo que ela passou eu não podia exigir nada de minha gêmea

— Isso é tão parecido com um conto de fadas, não é?

— Contos de fadas não existem, e você sabe disso.

— Como isso não é um conto de fadas? Esse é o momento mais especial do que toda a minha vida inteira!

— Você não enxerga? ele é um monstro, nem sequer se importa com o nosso povo enquanto diversos de nós estão sendo feitos de escravos por pessoas como ele!

— ... Como você pode dizer isso?

— Dizer o que?

— Esse simplesmente é o momento mais especial que eu já tive, uma história realmente feliz, onde eu tenho um final feliz, nós temos um final feliz, e você ainda lhe chama de monstro por nos ter dado isso? — Eu me aproximava da garota vermelha tentando analisar algo nela, o porque de estar me dizendo essas palavras, ela é a pessoa mais especial para mim, ela devia me apoiar, não me julgar como um idiota, eu pensava que minha irmã iria me apoiar, que iria me consolar e falar “mantenha o controle”.

— Se você acha que ele realmente é um monstro, então não me veja no baile com ele, ou melhor, fique em seu quarto.

Não esperei sua resposta e tão pouco queria saber, mas o fato dela não me apoiar me magoava de certa forma, mas hoje seria o grande baile e o primeiro em que estou a um passo de ser eternamente de Gus, talvez minha irmã não apoie isto, mas sinceramente ela vai aceitar com o tempo, e o que realmente importa é que ele me ama, e eu nunca me senti assim, nunca me senti tão feliz em pertencer a um nome, ele era meu próprio refúgio agora, e seremos eternamente nossos próprios refúgios.

Os mesmos criados do rei tratavam de me arrumar com roupas parecidas na qual eu usei no ultimo baile, mas desta vez eu não daria um tapa em seu rosto e perguntaria o porque ele é meio idiota, eu tinha que me controlar pois eu seria o centro de tudo e de todos, ainda não caiu a ficha que agora eu sou um membro da realeza, que sou alguém importante, eu ainda vejo meu reflexo no espelho e me pergunto o que o meu antigo eu acharia de tudo isso, talvez ficasse triste por causa de Anna, mas iria me apoiar por saber que ele estaria feliz no futuro, meu sorriso brilhava mais que tudo e ninguém poderia tira-lo, e saber que ninguém pode me machucar agora é algo tão inacreditável! os criados foram embora quando terminaram pois eu pedi um pouco mais de tempo, talvez eu só precisasse de um pouco mais de tempo, mais do que eu posso ter agora.

— Ainda é bem estranho, e a realidade pode não ter caído totalmente, mas eu preciso me acostumar com ela...

Eu estava começando a discutir internamente e um pequeno desespero interno nasce mas consigo lhe controlar, eu tinha que sair daquele quarto no entanto abrir a porta era como ir para uma nova vida, como se um novo alguém estivesse nascendo, eu poderia estar louco mas eu tinha que abrir uma hora ou outra, hesitei ao tocar a mão na maçaneta da porta mas logo lhe empurrei para frente, não prestei atenção nas pessoas que estavam ali mas eu sabia que todos os olhos estavam querendo me corroer vivo, cada passo parecia uma grande eternidade e cada olhar caia em mim como uma pedra pesada presa em meus braços, porem eu não aparentei, caminhei até as portas do grande salão e todos os prateados eram praticamente obrigados a abrirem caminho para a sua nova “majestade”, eles odiavam se curvar perante um vermelho, mas quando eu usar a coroa, farão isso todos os dias, não que eu sinta prazer em ver o nojo deles, no entanto eles não poderão mais me chamar de qualquer coisa parecida como “O escravo sexual vermelho do rei”, essas palavras não iriam mais chegar em meus ouvidos pois nada era mais importante como esse momento, com o momento que Augustus pegava minha mão e a minha outra eu colocava em seu ombro direito, a musica era a mais doce melodia que eu já escutei, eu fazia realmente parte daquele conto de fadas e da noite que nunca esquecerei.

— Há algo de errado? — O garoto perguntava para mim, sem precisar ler minha mente ou procurar nela, ele não me manipulava ou usava seus poderes em mim, e eu ficava feliz por ele confiar em mim, por não possuirmos nenhum tipo de desconfiança.

— Nada... é que, isso não parece real, sabe? Ainda acho que vou acordar na minha cama no oeste e toda essa noite vai acabar tão rápido quanto começou...

— Por que você acha isso? Você sabe que merece cada pedaço desse sonho sendo realizado.

— Não é isto, ainda é estranho ter sonhos depois de todas as coisas que os vermelhos foram ensinados a rejeitar...

— Eu posso lhe mostrar que tudo isso é real...

Seus lábios foram em direção aos meus como um relâmpago e foram tão dóceis como um doce, não havia intensidade neles, apenas o leve toque de nossas peles, parecia tão inocente, me fazia esquecer de todos os outros beijos ardentes que já tivemos o prazer de conhecer, era tão agradável tanto quanto qualquer beijo que pertença a sua boca.

— Você merece isto e até as estrelas se eu as possuísse, você será sempre, não importa o que aconteça, o meu pequeno raio de sol, e nunca se esqueça disso.

Aquelas palavras foram suficiente para arrancar o meu centésimo sorriso apenas naquele dia, queria que aquela dança durasse uma vida ou um sonho eterno, minhas reações sempre seriam as mesmas e ninguém vai poder arrancar meu sorriso que se estendia entre meus lábios, e nada vai estragar isso, essa é minha história e nada pode quebrar esse momento agora, nem mesmo o confim dos universos pode quebrar o que estou sentindo agora, pela primeira vez eu posso dizer que lhe amo, e NADA pode destruir isso. 


Notas Finais


EU TERMINEI ESTE CARA*** AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, EU TÔ MUITO FELIZ MEU DEUS, e para quem fica confuso com esses negocios de ninfoide, telec e etc, ta aqui para vocês entenderem, aqui ta o nome e o poder
Ardente – Fogo | Cantores – Hipnose com o Canto | Murmuradores – Controle da Mente | Magnetrons – Metais | Telec – Telecinese | Forçadores – Super-força | Verde – Natureza | Silfos – Rápidos e Discretos | Oblívios – Bombas-Ambulantes |Sombrios – Luz e Sombra| Animos – Animais | Dobra-ventos – Vento | Silenciadores – Desligar Poderes | Curandeiros de pele - curam com o toque | Curandeiros de sangue - curam a si mesmos


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