História A culpa é sua! - Chensung ABO - Capítulo 2 - Um dia (quase) normal

Eu só lembro de acordar de manhã, nu e com vários chupões e arranhões pelo meu corpo todo. Não me lembro de nada desde que eu vi aquele idiota do Jisung beijando um ômega do lado de fora da festa. Agora estou em uma casa desconhecida. Isso porque meus amigos falaram que iriam me defender, grandes amigos eles!

E então eu tive um ataque cardíaco.

- JISUNG! – Gritei enquanto pegava um cobertor para me cobrir e tampar meus olhos, já que ele estava do mesmo jeito que eu: completamente nu e com várias marcas de chupão e arranhões por todo o corpo, o diferencial é que ele estava comendo um pão de forma com manteiga – Eu não acredito que eu vim parar aqui! Eu vou matar o Jeno e o Jaemin!

- Então o cio já passou – Jisung revirou os olhos – Já avisei o tio Kun que você está aqui – Saiu do quarto comendo o pão – Suas roupas estão para lavar, veste alguma minha e eu te entrego amanhã.

Mais essa agora! Passei meu cio com a última pessoa que eu queria ver nessa terra e ainda tenho que usar as roupas dele.

- Que dia é hoje? – Se os cios duram uma semana, era para ser domingo de manhã, mas perguntei para ter certeza, vai que meu cio durou menos tempo que o normal.

- Terça feira – Ele respondeu da cozinha.

- Meu cio durou três dias? – Perguntei depois de pegar uma camisa cinza e uma bermuda dele, que ficaram gigantes em mim.

- Seu cio durou dez dias Chenle, eu estou exausto – Se apoiou na cadeira.

- Toma e veste isso pelo amor, não sou obrigado a te ver pelado – Entreguei uma bermuda e uma camisa a ele.

- Não foi o que você estava dizendo a um tempo atrás – Riu – E eu não lembro de você ter esse bundão e essa cinturinha no ano passado.

Dei um tapa nele – O seu tapado, tenha respeito comigo! É o mínimo, depois que você simplesmente parou de falar comigo do nada – Comi o pão com manteiga que ele fez para mim

- Não vamos falar sobre isso agora, ainda são cinco da manhã e eu não tô a fim de briga – Jisung saiu em direção ao quarto – Tio Kun falou que era para você ir para a escola hoje ainda, então toma um banho e pega uma roupa melhor, você tá fedendo a sexo.

- Não só eu Park Jisung –Peguei as roupas que ele estava segurando e fui em direção ao banheiro. Após o banho, fui colocar as roupas que ele me deu, ficaram bem grandes e deixavam várias marcas a mostra. Caminhei até a cozinha.

- Jisung, seu idiota, dá pra ver um monte de marcas no meu pescoço! Me dá um cachecol – Cheguei lá e dei de cara com mais duas pessoas, um alfa que eu nunca vi na vida e o ômega que o Jisung estava beijando na festa – Oi! Me desculpa por roubar a casa de vocês – Sorri meio falso, não gosto de desgostar das pessoas sem motivo.

- Não tem problema, sabemos que o Sunggie só queria ajudar um velho amigo – o ômega sorriu.

- Que bom que vocês chegaram, só vou trocar de roupa e deixamos o Chenle na escola antes de irmos para a nossa – Jisung apareceu do banheiro do corredor e deu um selinho em cada um, antes de ir para o quarto. O Jisung estava pegando/namorando eles? Eu não me senti muito bem com isso, não só porque eu acho que talvez lá no fundo eu ainda tenha uma pontinha de sentimentos por ele, mas também porque significaria que eu passei meu cio com alguém compromissado. E na casa deles ainda!

- Antes que você estranhe, não temos nada, é só uma amizade colorida – o alfa disse – Sou o Sungchan e esse é o Shotaro.

- Nós dois namoramos, só que pegamos o Sung de vez em quando – Shotaro sorriu. Ele parecia ser uma pessoa incrível e eu aqui, com minhas paranoias.

Jisung reaparece com um cachecol para mim e vamos em direção à escola. Chegando lá eu peguei minhas coisas no meu armário e fui para minha sala, enquanto ouvia diversos burburinhos sobre a festa e sobre eu ter pego o alfa mais desejado da cidade. A última parte eu não entendi muito bem, seria Park Jisung o alfa mais desejado da cidade? Esse povo tem mal gosto hein? Que seja, não queria papo com ninguém, não depois de tudo aquilo.

Me sentei colocando fones de ouvido, puxei as mangas da blusa de frio um pouco mais para baixo, já que o senhor bonitão fez questão de marcar até o meu pulso. Senti alguém me cutucando, e quando olho para trás, vejo Jeno, Jaemin e Renjun parados e eu como muito maduro que sou, apenas viro para frente e os ignoro.

Jaemin veio para minha frente, com os olhos cheios d’agua (às vezes eu me pergunto o motivo dele não ser ômega) e eu não consegui ignorar, a cena partiria o coração de qualquer um. Retirei meus fones.

- Me desculpa Lele, por favor – Ele falou baixinho, de cabeça baixa – Nós tentamos de tudo, mas não conseguimos te tirar de lá a tempo.

- Pode ficar tranquilo Nana, você sabe que eu perdoo fácil – o abracei e chamei os outros dois para participar também – Mas eu preciso que vocês me contem tudo o que aconteceu depois que eu bebi o primeiro copo.

- Sabia que ele não ia lembrar de nada! – Renjun disse rindo.

- O Hendery te deve cinco reais. – Disse Jeno

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Na hora do intervalo, nos sentamos na mesma mesa de sempre e eu estava ouvindo o Renjun contar a história de como eu acabei passando meu cio com o Jisung.

- E você chegou na pista com mais um copo cheio de vodka e um pingo de refrigerante, com raiva, porque ele estava pegando um alfa na cozinha – Então ele também pegou o Sungchan naquela noite! – Daí pra frente eu também não entendi mais nada

O outro trio resolveu se juntar a nós, bem na hora que o Renjun acabou de falar.

- Eu assumo a história daí – Hendery respondeu – Eu estava com meus namorados no canto da pista de dança, quando eu sinto seu cheiro muito forte, até mais do que o do Yangyang. Aí eu soube que você estava entrando no cio, seu cheiro estava enlouquecendo todos os alfas daquela casa e eu fui tentar te levar para fora, antes que desse merda, mas você tava tão bêbado que não quis sair.

- Aí foi quando o Dery chamou o Winko que você pulou no colo dele e começou a se esfregar nele – Disse Yangyang cruzando os braços – Mas eu te empurrei, antes que você fosse para a cama com o meu homem. – Comecei a me lembrar vagamente disso – Tadinho do Hendery, quase te marca sem querer, as presas dele desceram na hora, se eu não acabasse com essa palhaçada, sabe-se lá o que seria de nós agora. 

- Só que com o baque no chão, você deve ter sentido muita dor, e começou a gritar pelo Jisung -  Nana continuou. Essa parte eu não lembro – Nós estávamos na cozinha com ele, tentando enrolá-lo pra ele não ir até você, mas assim que você começou a gritá-lo, o lobo dele apareceu por completo, com presas e tudo mais. Tava tudo sob controle até que você grita ele de novo, aí ele passou por cima de nós como se não fossemos nada e te levou em bora. Você não sabe o quão preocupados nós ficamos.

- Ligamos para o tio Kun de manhã e ele informou que você estava na casa do Jisung e que ele ia cuidar bem de você – Jeno disse, com um tom de tristeza na voz – Queria ter conseguido te defender Lele.

- Nós também. Nem fomos afetados pelo seu cheiro, mas não demos conta de ajudar – Hyuk disse, sendo abraçado por Mark.

- Tudo bem gente, eu estava fora de mim naquela hora, acho que por conta da bebida, meu lobo assumiu o controle bem mais rápido – Disse – E me desculpa Dery, Yang e Dejunnie, não queria ter feito aquilo.

- Tudo bem, a gente entende – Respondeu o mais novo do trisal, segundos antes do sinal bater.

Depois disso as aulas passaram rápido, e eu já estava louco para ir para casa, então corri até o portão, mas fui puxado antes de cruzá-lo. Jaemin segurou a alça da minha mochila, não me deixando ir.

- Duas coisas: Passa maquiagem nesse pescoço, não tá tão frio para usar cachecol e pelo amor de Deus, vem com suas roupas amanhã, já não basta o cheiro daquele alfa misturado no seu, ainda tenho que suportar o cheiro dessa roupa ainda – Disse um Nana ciumento

- Tá bom, ciumentinho – Sorri e saí em direção ao carro do meu pai.

-Boa tarde amorzinho – Meu pai disse, me dando um beijo na testa quando entrei no carro – Preciso que você venha comigo até a empresa hoje, estamos detetizando a casa hoje e só vai acabar de noite.

- Tudo bem, mas eu posso ficar na sala de descanso? Estou exausto – Pedi, me encostando no banco do carro.

- Claro, mas preciso conversar com você depois.

Então fomos para a empresa, onde eu almocei e dormi o resto da tarde. Acordei apenas para me locomover até o carro e do carro para minha cama, eu estava muito cansado. Na manhã seguinte, acordei com meu pai fazendo um cafuné em minha cabeça.

- Preciso te contar uma coisa, mas preciso que você não surte – Me sentei na cama, o observando com uma cara meio confusa – Tente te falar ontem, mas estava com dó de te acordar depois desse cio longo.

- Você está me assustando – O que será que era tão importante?

- Calma pequeno, é que eu estava conversando com um amigo médico sobre os motivos do seu cio ter sido alongado, então descobri que tem a ver com seu lobo – Fez uma pausa – Lembra quando eu te disse que nossa árvore genealógica tinha muitos lúpus? Aparentemente esse gene foi transferido para você, por isso seu cheiro ficou mais intenso depois de você ter feito 16 anos e é por isso que seu corpo tem mudado tanto.

É oficial, meu pai enlouqueceu de vez! Como assim eu tenho genes lúpus? Eles nem existem! Tudo bem que meu corpo realmente mudou muito nesses seis meses, de alguma forma eu adquiri traços mais delicados como coxas fartas e uma cintura fina e com certeza meu cheiro de chocolate ficou mais intenso, mas isso não quer dizer que eu sou um lúpus.

Parece que ele leu a minha mente, pois já foi logo dizendo:

- Claro que isso não quer dizer que você seja um lúpus, se fosse eu não teria paz nessa casa de tanto alfa que você iria atrair – Ele sorriu leve, mas sua expressão logo se fechou e seu semblante se entristeceu – Seu pai também tinha muitos antepassados lúpus, acho que é por isso que você nasceu com os traços mais fortes.

Agora eu estava surpreso, é a primeira vez em anos que eu o ouço falar sobre meu pai alfa. Meu omma saiu da China enquanto estava grávido de mim, quando meus avós (por parte do meu pai alfa) descobriram a gravidez, disseram que meu omma só queria dar o golpe da barriga e ficar com o dinheiro deles.

Meu omma ficou arrasado, principalmente quando foi procurar meu appa e ele não o respondeu, então ele veio para a Coréia, onde conseguiu abrir um restaurante e cuidou de mim sozinho.

Além dessa história, tudo o que eu sei sobre meu appa é que o sobrenome dele é Zhong, porque é o mesmo que o meu, e essa informação recente: ele tinha lúpus na família.

- Mas omma, meu professor de história disse que lúpus não existem mais tem um bom tempo, como que esses tais genes podem me afetar hoje? – Perguntei confuso.

- Acho que isso você deve perguntar a ele – Disse se levantando – E quando for fazer isso, fala pro Jackson que ele precisa vir nos visitar, estou com saudades do meu hyung, agora vai se arrumar que você tem escola hoje – Ele saiu do quarto.

Me levantei e fui tomar meu banho da manhã, estava me sentindo um pouco estranho mas acho que deve ser porque eu passei meu cio com alguém pela primeira vez, o corpo deve apresentar alguma mudança ou algo do tipo, claro, desconsiderando todo esse lance de lúpus que meu pai acabou de falar. Mas falando em cio, achei muito estranho que meu omma não disse nada sobre eu, com 16 anos, ter passado meu segundo cio da vida com alguém e isso é estranho. Quer dizer, se eu fosse omma, não deixaria meu filho ou filha adolescente nas mãos de outro adolescente, vai que eles são irresponsáveis a ponto de transar sem camisinha? Ainda bem que o Jisung é responsável, eu acho.

Desci e fui tomar café, encontrando meu pai fazendo panquecas.

- Senta um pouco filho, hoje eu estou de folga e te levo na escola – Sorriu enquanto colocava um prato com uma pilha de panquecas na minha frente. Achei um pouco estranho, senhor Kun não faria meu café preferido atoa, aí tem alguma coisa – Nesse tempo podemos conversar um pouco sobre a semana passada.

Bingo! Sabia que ele não ia deixar passar.

- Chenle, eu preciso te dizer que você foi extremamente irresponsável por ter ido a aquela festa, sabendo que seu cio estava próximo – Eu apenas comia calado, afinal merecia ser xingado, eu realmente fui muito irresponsável – Se não fosse o Jisung me ligando no dia, eu passaria mais de uma semana sem notícias suas! E se fosse um desconhecido te levando para casa? Seus amigos também estavam morrendo de preocupação por você, Jaemin e os namorados dele vieram até aqui no dia seguinte para saber alguma notícia sobre você! – Fez uma pausa – E você não vai me dizer nada?

Eu estava um pouco mais sensível, acho que é porque eu acabei de sair do cio, mas ver meu omma tão decepcionado me fez ficar mal, ele fazia de tudo por mim e eu o retribuo dessa forma? Com um bolo na garganta e os olhos cheios de lágrimas olhei para ele, tentando reunir forças para falar e não chorar (eu nunca fui de chorar tão fácil, não sei o que deu em mim) – Me desculpa omma, sei que eu errei e prometo não fazer de novo – Falei baixinho – Não tem nada que justifique eu ter deixado vocês tão preocupados.

- Pelo menos vocês se cuidaram direitinho, não é? – Veio me abraçar

- Eu não sei responder essa pergunta, já que eu não me lembro de nada desde a festa – Respondi meio abafado, com o rosto grudado em sua camisa.

- De qualquer forma, vou te dar esse remédio – Pegou uma caixa no meio dos outros remédios – Ixi, acabou! Vou comprar outro e você toma quando chegar da escola.

Assenti e peguei minha mochila, indo em direção ao carro, sendo seguido pelo meu pai. Chegando na escola fui recebido pelo Mark e pelo Hyuk, que estavam no portão discutindo como sempre.

- Bom dia! – Disse animado, interrompendo um possível tapa que o Haechan ia dar no Mark.

- Bom dia Lele, me salvou de ser agredido de graça! – Mark disse, se escondendo atrás de mim.

- De graça o caralho! Você não queria me levar de cavalinho para a sala... – Haechan fez bico, que logo foi beijado pelo namorado.

Depois disso nós entramos e tivemos um dia de aula comum, chato e que demorou a passar, mas que me deixou bastante aliviado quando passou. Cheguei em casa cansado e fui direto para o meu quarto, me trancando e dormindo a tarde toda. Basicamente o resto da minha semana foi assim.