História A Dança - Especial

Nico sorriu ao ver que já estava tudo arrumado para o Natal. A árvore já estava enfeitada, a comida já estava na mesa e Will já tinha se sentado no pequeno sofá da sala para esperar dar a hora.

- Vem aqui, meu anjo. – pede com um sorriso brilhante, digno dele.

Will vê o namorado se aproximar e sentar ao seu lado, depositando um beijo casto em sua bochecha.

Quem diria que eles já estariam morando juntos depois de tão pouco tempo. Claro, não estavam ali oficialmente, mas já era um começo. Era o primeiro Natal que eles iam passar juntos e aquilo era muito especial.

Nico encostou no namorado e ficou observando as luzes da árvore piscarem seguidamente, uma após a outra. Logo ele se lembrou dos Natais em sua casa e acabou sorrindo mais ainda. A essa hora todos deveriam estar fazendo uma oração antes da ceia, onde seus pai estaria na ponta e Hazel de frente pra sua mãe.

Will colocou o rosto no pescoço do namorado e o cheiro, as luzes e o momento o fizeram lembrar do baile. Aquela sensação que, mesmo de tanto tempo, ainda permanecia lá. Aquela sensação de estar bem e confortável com alguém que se gosta era maravilhosa pra Will.

- Sabe o que eu estava lembrando agora? – pergunta Will baixinho no ouvido do namorado.

Nico apenas solta um murmúrio perguntando o que era.

- De como nos conhecemos, Angel Dark. – sussurra fazendo Nico rir.

- Eu ainda não acredito que usei um apelido desse. Tão óbvio. – brinca.

É a vez de Will rir.

- Eu gosto. Combina com você, meu anjo. – elogia.

Nico sente o rosto esquentar e sorri um pouco, abraçando o namorado com carinho e apoiando a cabeça em seu ombro. Will beija a testa do outro e se levanta, deixando Nico confuso.

- Vem, vamos dançar. – chama.

Nico franze as sobrancelhas, dando a mão para Will o ajudar a se levantar do sofá.

- Sem música?

Will apenas sorri.

- Só preciso de você colado a mim, anjo. O resto é consequência.

A resposta clichê faz Nico sorrir e acompanhar o namorado, colocando as mãos em seus ombros. Will repousa as suas na cintura do moreno e o traz para bem perto de si, encarando as íris negras de Nico.

- Meu anjo. – sussurra carinho.

Nico apenas sorri.

Jason estava prestes a se afastar quando Percy pegou sua mão suavemente. O coração do louro bateu rápido e sua respiração falhou, já imaginando o pior.

- Eu juro que se você se afastar de novo de mim, vou atrás de você nem que esteja no inferno, entendeu? – diz Percy em tom de ameaça. – Você não vai ficar longe de mim de novo.

Jason olha para os olhos de Percy e o vê sorrir um pouquinho. Ele solta um leve suspiro de alívio e aperta um pouco a mão do moreno com a sua, sentindo o peito se aquecer.

- Isso quer dizer que ainda somos amigos? – pergunta incerto, mas esperançoso.

Percy ri, achando-o um fofo. Ele toca o rosto de Jason com carinho e encosta suas testas, deixando que as suas respirações se misturem.

- Isso quer dizer que, apesar de você ser um idiota, babaca e imbecil, eu ainda amo você. E por isso quero tentar de novo. – Percy sorri de leve. – Só não pense que vai ser tão fácil me conquistar de novo, Jay. Sou uma pessoa difícil. – brinca.

Jason ri sem evitar, trazendo Percy para mais perto de si e o abraçando ainda no banco. Ele afunda o rosto no pescoço do moreno e suspira longamente, tendo certeza que aquele era o lugar que ele queria estar. Podia ser egoísta, mas tudo o que ele queria era Percy. E dessa vez ele faria tudo do jeito certo.

- Prometo ser o melhor namorado que eu puder ser. – sussurra sincero.

Percy acaricia os cabelos loiros do garoto e sorri de leve.

- É só isso que estou pedindo, Jay. – sussurra beijando a testa de Jason. – Só quero que tente.

Jason levanta os olhos e somente sorri um pouquinho, deitando a cabeça no colo de Percy em seguida.

O moreno passa a acariciar com carinho os cabelos do louro e então fica olhando para os seus olhos. Talvez ele devesse ter sido mais difícil ou ter demorado mais para concordar em voltar, mas Percy simplesmente não sentia a necessidade disso. Conhecia Jason e conhecia a si mesmo também, logo sabia que agora era pra valer.

Percy não conseguia sentir raiva do garoto, apenas sentia saudades, por isso não podia evitar querer ficar perto dele. E, mesmo que essa não fosse a decisão mais sensata do mundo, ele sentia que era certa.

- Meu Jay. – sussurra mais pra si mesmo do que para o louro.

Enquanto dançavam, a mente de Will estava trabalhando avidamente. Os pensamentos iam e vinham e ele sentia o coração acelerado e aquecido, como sempre se sentia quando estava com Nico.

O que ele tanto pensava era simplesmente algo que seu irmão brincara alguns dias antes e que agora, de repente, tinha voltado para a cabeça de Will.

- Nico, você quer formar uma família um dia? – pergunta repentinamente.

Nico se afasta um pouco do namorado, encarando-o confuso e um pouco surpreso pela pergunta. Ele morde o lábio inferior e pensa em uma resposta sincera.

- Quero. – diz simplesmente. – Por quê?

Will engole em seco, sentindo o rosto ficar quente. Ele sabia que não tinha motivos para ficar desse jeito, afinal Nico era seu namorado e amigo, logo não precisava esconder as coisas dele.

No entanto, isso só tinha passado por sua cabeça naquele momento. Formar uma família, ter filhos, casar... Tudo isso nunca tinha, realmente, passado por sua cabeça.

- Michael brincou um dia desses que queria ser o padrinho do nosso casamento. – diz Will soltando um suspiro. – E isso me fez pensar que... Bem, me fez ver que eu quero isso. Quero estar com você, casar, ter filhos e tudo mais. E isso é um pouco novo.

Nico acaricia os cabelos do namorado e encosta suas testas, abrindo um leve sorriso. Ele não pode deixar de se sentir feliz com aquelas palavras, porque aquilo era tudo o que ele queria.

- Desde que me descobri gay, eu decidi que queria adotar uma criança um dia. – confessa Nico ainda com um leve sorriso. – Porque eu via o quanto uma família podia fazer diferença em uma criança órfã. Hazel não é minha irmã de sangue, mas eu a amo mais do que qualquer coisa.

Will sente o coração se aquecer com as palavras, imaginando onde Nico era frio. Talvez ele fosse reservado e distante, mas não frio. Nem um pouco, porque Will podia ver claramente cada camada de Nico e nenhuma delas apresentava frieza e indiferença. Nico era humano. Um ser humano incrível.

- Eu amo você. – diz de repente. – Pelos deuses, eu amo muito você. – exclama sorrindo.

Nico ri com isso.

- Eu sei. Também amo muito você.

E antes que ele possa pensar em qualquer outra coisa, os lábios de Will já estão nos seus, tomando-os em um beijo carinhoso e intenso. Nico sente um arrepio percorrer sua coluna e tudo parece ficar ainda mais certo.

Os toques, a respiração, os lábios e tudo o que os envolve. Tudo o que os traz aquele momento parece certo e perfeito. Não um perfeito de contos de fada, mas um perfeito deles. Somente deles.

O que eles sentiam era perfeito.

Percy levanta o queixo de Jason e o faz olhar em seus olhos, fazendo aquilo que ele esteja com vontade desde que o viu. Percy o beija. Simplesmente o beija, com carinho e saudades. Ele não precisava de palavras pra descrever o que ele estava sentindo, só aquilo bastava. Apenas os dois.

Jason puxa o garoto para mais perto de si e corresponde ao beijo com entusiasmo, sentindo tudo dentro dele se acender. Era como se tudo dentro dele tivesse apagado até aquele momento e agora estivesse soltando fogos de artifício.

- Nunca mais, Jay. – sussurra quando se separam. – Nunca mais saia de perto de mim.

- Nunca mais, peixinho. – murmura. – Meu peixinho.

O apelido faz Percy sorrir. Ele apoia a cabeça no ombro de Jason e relaxa, sentindo-se feliz. Aquilo era tudo que ele queria. Tudo que ele precisava.

- Senti falta disso. – confessa Percy.

Jason sorri. Ele sabia que aquilo não era a solução de tudo, sabia que ainda tinha mágoas e dúvidas ali, sabia que precisaria de tempo para tudo voltar a ser como antes, sabia e sabia. Mas ele estava disposto a tudo apenas para voltar àquele momento e estar ao lado de Percy. Seu Percy.

- Também senti, amor.

A palavra aquece o coração de Percy. Talvez sua mãe estivesse certa ao dizer que amar sempre teria dois lados. Podia machucar, mas também podia ser a melhor coisa do mundo. Para a sua sorte, naquele momento, ele estava vivendo a segunda opção.

E era como se aquilo compensasse as coisas ruins. Fazia as coisas valerem a pena, por mais difícil que fosse. Eles podiam ficar separados, mas Percy sabia que quando se encontrassem valeria a espera.

- Espero que me leve a lugares legais quando for te visitar em São Francisco. – diz Percy casualmente.

Aquilo faz Jason rir.

- Peixinho, você não vai me visitar em São Francisco.

Percy levanta as sobrancelhas, levemente ofendido.

- Por que não? – indaga magoado.

- Porque eu voltei pra ficar. – diz em tom divertido. – Na verdade, fui mais intimado a voltar...

- E você só me fala isso agora?

Jason ri de novo, fazendo Percy sorrir um pouquinho também.

- Desculpa, meu amor. Você me perdoa? – brinca.

Percy sorri e entrelaça os braços ao redor do pescoço de Jason.

- Não há o que perdoar, Jay. – diz sorrindo. – Eu amo você.

- Eu também amo você.

- Isso até parece um pedido de casamento, Will. – brinca Nico quando eles se separam.

Will ri um pouco disso.

- Se fosse, isso seria um sim?

Nico morde o lábio do outro e puxa de leve, levando a boca para perto do ouvido de Will em seguida. Ele beija de leve a pele do pescoço do namorado.

- Você ainda tem alguma dúvida?

Will ri e afunda o rosto no pescoço do namorado, sentindo seu cheiro amadeirado. Eles continuam se balançando pela sala, em um ritmo imaginário e doce.

- Ainda temos tempo, meu anjo. – sussurra Will. – Quero passar o resto da minha vida com você.

Nico apenas suspira alegremente e se enrosca ainda mais ao corpo do louro.

- Com certeza temos. – sussurra Nico.

Will levanta um pouco Nico do chão e os rodopia pela sala, fazendo-os rir. Eles logo começam a ouvir os rojões que estão soltando do lado de fora.

- Está com fome, anjo?

Nico nega e apoia a cabeça no ombro do namorado.

- Vamos apenas ficar aqui agora, Will. – sussurra. – Está gostoso.

Will apenas concorda com a cabeça e volta os balançar, dessa vez mais lentamente. Um sorriso nasce em seus lábios e ele simplesmente fecha os olhos, sentindo as emoções se bagunçarem dentro dele.

Era tanta coisa que ele estava sentindo que Will nem sabia diferenciar. Ele ficava pensando e brincando com as possibilidades do que ia acontecer no futuro, mesmo sabendo que tudo era incerto.

Já Nico estava aproveitando o momento. Ele queria guardar cada impressão do que estava acontecendo dentro de si, para que um dia ele pudesse se lembrar como foi o primeiro Natal ao lado de Will. E – secretamente – ele queria poder um dia contar isso para seus filhos.

É, aquilo era apenas o início da vida que eles tinham pela frente.

Quando os fogos de artifício começam a estourar no céu, Percy e Jason olham para cima e se encaram logo em seguida, parecendo conversar apenas com os olhos. Um sorriso nasce no rosto de ambos e eles acabam rindo por algum motivo.

Era bom estar ali daquele jeito, principalmente depois de tudo o que aconteceu. Estavam matando as saudades um do outro e não planejavam mais se separar. Nunca mais.

- Você quer entrar, peixinho?

Percy nega e enrosca o braço com o de Jason, abrindo um sorriso e apoiando a cabeça em seu ombro.

- Está bom aqui pra mim. – diz suavemente.

Os dois ficam em silêncio por um tempo, apenas olhando a explosão colorida no céu. Jason inclina um pouco a cabeça para beijar a testa de Percy e o mesmo acaba vendo o colar escondido.

Percy abre um sorrisinho, erguendo a mão e tirando a corrente prateada de dentro da camisa de Jason. Ele brinca com o pingente durante um tempo.

- Ah, é, eu ainda uso. – diz Jason em tom meio constrangido.

- Fico feliz por isso, Jay. – murmura sincero.

Percy ergue um pouco a manga da blusa e expõe uma fita vermelha amarrada em seu pulso. Jason arregala os olhos assim que a vê, surpreso com aquilo.

- Por que você...?

- Porque ainda tenho um laço com você. Decidi que só ia a jogar fora quando deixasse de te amar. – diz sorrindo. – Mas acho que nunca vou me livrar dela.

Jason sente o coração acelerar e o sorriso tomar conta do seu rosto. Talvez, afinal de contas, eles nunca tivessem se separado realmente.

- Eu espero que não, peixinho.

Jason se levanta repentinamente e faz um convite mudo, indicando que ele queria dançar. Percy apenas sorri e pega a mão do outro, sentindo a alegria o percorrer por inteiro.

E eles percebem no momento que se abraçam que aquilo não é apenas uma reconciliação, mas sim uma promessa. Uma promessa de fazer tudo de novo e de não se largarem mais. Uma promessa de que agora é para sempre.

***

Quando dá a meia-noite, eles se beijam. E, assim como na primeira dança, eles não querem se soltar. Não querem deixar o conforto dos braços um do outro, mas o fazem. O fazem já esperando a próxima e sentindo que sempre vai ter uma próxima, até que a eternidade os alcance.