História A Dança - Capítulo XIII

Will

Para ele era mais doloroso ver Nico sofrer do que se fosse ele próprio a sofrer. E mesmo depois de adormecer, os olhos do moreno continuavam inchados e vermelhos. O coração do louro se apertava ao ver aquilo, ainda mais quando ele sabia que tinha culpa parcial no sofrimento do menor.

Will permaneceu ali ao lado de Nico, deixando que o moreno dormisse em seu peito. Já se tornara comum pra eles o menor dormir nos braços do louro, como se ele fosse seu porto seguro. E o maior não ligava de ser o apoio do moreno quando necessitava.

A noite começou a esfriar e Will percebeu que eles precisariam de uma coberta, então com cuidado retirou Nico de cima de si, levantando-se para pegar no armário o edredom, mas uma mão o segura.

- Fica comigo – pede Nico baixinho abrindo um pouco os olhos e encarando Will.

- Eu vou, só me deixe pegar uma coberta. Está frio, meu anjo – o menor assente levemente o soltando.

O louro vai até o armário e pega uma coberta, logo voltando pra cama. Will deita na cama os cobrindo e sente quando Nico abraça sua cintura, apoiando a cabeça em seu peito novamente. O menor o olha com carinho.

- Boa noite, Will – sussurra.

- Boa noite, pequeno – o moreno sorri fracamente com isso, dando-lhe um selinho e depois fechando os olhos.

Will ficou velando Nico dormir durante algum tempo, até que caiu no sono com a sensação de estar com a felicidade nos braços. Ao acordar percebeu que não haviam se movido muito durante a noite, apenas Nico que agora tinha o rosto em seu pescoço, aspirando seu cheiro e arrepiando Will.

O louro sorri tirando uma das mechas do cabelo do menor do rosto e beija sua testa. Ele adorava ver o outro dormir, porque sempre podia ficar o olhando por quanto tempo quisesse sem envergonhar Nico, mesmo que amasse quando as bochechas do menor ficavam vermelhas.

Depois de alguns minutos o moreno começa a abrir os olhos, sonolento. Ele sorri para Will sem sair de seus braços e aperta um pouco mais o louro.

- Bom dia, meu anjo – diz Will selando seus lábios rapidamente.

- Bom dia, Will – responde com a voz rouca de sono.

- Como se sente, meu amor? – pergunta. Nico suspira desviando os olhos dos seus.

- Meu peito ainda dói, mas fico melhor quando estou com você. Obrigado Will, por estar aqui – diz agora com os olhos nos seus. Will sorri.

- Sempre estarei aqui por você, quero que saiba disso – diz pegando no queixo do menor e o beijando levemente.

- E eu por você – sussurra.

Nico então coloca o rosto em seu pescoço e beija sua pele, fazendo com que Will estremeça e aperte mais o menor em seus braços.

- Nico... – diz em tom de aviso, fazendo o moreno rir.

- Eu amo você – diz olhando em seus olhos intensamente. O coração de Will gira e dá uma cambalhota com aquilo, porque ele sabia que aquilo não era apenas dá boca pra fora, ele sabia que com Nico isso realmente era verdade. Nico o amava e o jeito como lutava pra que ficassem juntos era uma prova disso. Will apenas sorri.

- Eu amo você – diz sorrindo também.

Então os dois se beijam novamente, mas dessa vez é diferente, era como se seus lábios se encaixassem. Dessa vez parece que nada mais os impede de se entregar um ao outro. Não existe mais dúvidas ou impedimentos para que o amor deles aconteça. Agora nada mais podia os separar e isso era algo que fazia o maior ligeiramente feliz.

Will se vira na cama, subindo por cima de Nico e aprofundando aquele beijo doce e viciante. Suas mãos apertam a cintura do menor e depois se infiltram por dentro da sua blusa preta, tocando levemente sua pele. As línguas brincam e se enrolam dentro de suas bocas, causando arrepios constantes no louro.

Nico puxa seu cabelo levemente, o que apenas o faz gemer no fundo da garganta. Will então se separa do menor com a respiração ofegante e o coração acelerado. Suas mãos afastam Nico levemente, sem o deixar muito longe.

- O que foi? – pergunta Nico parecendo confuso.

- Só acho que devemos ir devagar – diz Will com a respiração mais normalizada. Ele vê então Nico abrir um pequeno sorriso, tímido e divertido.

- Você é tão adorável comigo – diz o menor acariciando a bochecha de Will – Eu realmente não achava que você se importasse com isso – confessa.

Will cora escondendo o rosto no cabelo de Nico, então apenas ouve quando o menor solta uma pequena risada.

- O que foi? – pergunta Will com um leve bico e franzindo o nariz.

- É que eu nunca imaginei você envergonhado – diz com um sorriso, aquele sorriso raro que Will amava. O louro não pode evitar sorrir com isso. Nico era tão verdadeiro consigo, que ele nem se importava dele o envergonhar naquele momento.

- Você é a única pessoa que me faz corar e sorrir ao mesmo tempo, meu anjo – diz o louro timidamente, mas honesto.

Nico abre um sorriso sincero, dando-lhe um selinho. De repente, algo surge na mente de Will e ele ri.

- Que foi?

- Você percebeu que nós invertemos os papéis? – pergunta divertido.

- Percebi sim. Agora você sabe como eu me sinto toda vez que você me faz corar – o moreno faz um biquinho sem perceber, o que apenas faz o sorriso de Will aumentar.

- Você é tão fofo. E se você se sente exatamente como eu me sinto, então eu não vou parar de te envergonhar – responde o louro passando os dedos entre os fios negros do cabelo do menor.

- Por quê? – pergunta Nico um pouco confuso.

- Porque eu me sinto amado quando isso acontece e você, meu anjo, merece todo o amor do mundo – diz com sinceridade. Nico sorri e cora, o que apenas comprova que os dois se sentem amados quando estão um com o outro.

Eles passam um tempo quietos, apenas ouvindo o som que vinha de fora da casa. Era um pássaro que Will estava ouvindo cantar do lado de fora? O louro deixa essa pergunta de lado, assim que a porta do quarto é aberta e uma garota de cabelos cacheados entra com o rosto preocupado. Will sabe quem é, Hazel, a irmã mais nova de Nico.

- Ah, desculpa. Achei que estivesse sozinho Nico – automaticamente o rosto dela cora, o que faz Will sorrir. Talvez a fofura fosse de família, porque Hazel era uma graça corando.

- Não tem problema, Haz – diz o moreno olhando para a irmã a tranquilizando com os olhos.

- Tudo bem – ela faz uma pausa sem olhar os dois diretamente, como se ainda tivesse muito constrangida por vê-los juntos – Hãn, vocês querem almoçar? Eu chamo quando ficar pronto – diz por fim.

- Vai ser ótimo, Haz. Tenho certeza que Will está com fome – diz Nico atencioso beijando a bochecha do louro.

- Eu posso ajudar se quiser – diz Will pela primeira vez. Ele meio que aprendera na marra a cozinhar, afinal era apenas seu pai e ele na casa, então o louro mais novo gostava de fazer as coisas para o pai.

- Realmente não precisa – diz Hazel com certo afeto, como se tivesse gostado de Will. Ela sorri levemente pra ele, aprovando-o com os olhos, que o louro percebe não ser pelo fato da ajuda para o almoço. O maior sorri de volta.

- Da próxima vez eu faço – propõe Will para Hazel que concorda.

- Contanto que você não nos envenene – diz Nico em tom de brincadeira, fazendo-os rir. Will tenta não sorrir e faz uma cara de bravo para o menor.

- Não duvide de mim, Nico Di Ângelo. Você verá que sou ótimo pra fazer certas coisas – diz com o semblante falsamente sério, que apenas faz Nico sorrir ainda mais.

- Você já faz. Você me faz feliz, Will – então um sorriso apaixonado toma conta do rosto do louro. 

Como ele poderia não sorrir quando o menor falava esse tipo de coisa? Ainda mais tão raro como era?

- Ah, vocês são tão fofos! – solta Hazel animadamente, fazendo os dois rirem e um clima suave percorrer o ambiente.

E Will vendo Nico sorrir daquela forma, tão verdadeiramente, isso fazia tudo valer a pena. Naquele momento os dois eram um reflexo um do outro, porque a ligação que eles tinham desenvolvido era tão forte que os fazia sentir as emoções um do outro.

***

Depois do almoço, o qual foi extremamente agradável e divertido, Nico e ele estavam sentados conversando sobre banalidades, até que eles voltam no assunto “Bianca “.

- Você está preocupado? – pergunta o louro.

- Um pouco, ainda tenho medo dela não querer me perdoar – diz inseguro.

- Você sabe que não tem o que perdoar. Nós nos apaixonamos e isso não é algo que se possa evitar – diz Will com sinceridade e olhando nos olhos do menor, que suspira.

- Eu não sei se ela vai me perdoar por ter a machucado – murmura esclarecendo os seus sentimentos, mesmo que não fosse culpa de Nico realmente.

- Você a ama e se ela te ama, coisa que eu sei que sim, então vocês farão as pazes – diz tranquilo para Nico.

- Você acha? – pergunta frágil. Will olha pra ele e concorda, ele odiava ver Nico daquele jeito, perdido e frágil, não aquele garoto de atitude que o beijou no baile, que ele sabia que o menor era.

- Eu não conheço Bianca tão bem, mas ela te ama muito Nico. O jeito como ela falava de você com carinho, como ela sorria quando contava algo sobre você que a orgulhava, seus olhos brilhavam. Ela te admira demais – o menor suspira escondendo o rosto no peito de Will.

- Pelo menos eu sei que ela está segura. Ethan vai cuidar dela – murmura Nico mudando de assunto.

- Sabe, eu achava que os dois namoravam, por isso nunca desconfiei que ela gostava de mim – comenta Will casualmente.

- Hazel tinha me dito que sempre achou que Ethan gostava dela, mas nunca teve coragem de admitir – diz Nico sem dar muita importância pro assunto.

- Ele olha de forma diferente pra ela. Nas poucas vezes que os vi juntos, eu via os olhos dele mudarem quando ela sorria, por exemplo. Sinceramente, ele está mais que “gostando” dela – diz Will. O louro, mesmo sem querer, era bom em observar as pessoas e saber o que elas sentiam. Não era algo que ele controlasse, mas era fácil pra ele ver, por exemplo, quando alguém estava triste.

- Hum – diz Nico pensativo.

- Não se preocupe com isso, meu anjo. Se concentre no presente, na gente – diz Will com um leve sorriso dessa vez.

- Tudo bem, você tem razão – diz o menor abrindo um pequeno sorriso.

- Tenho sim – diz o louro apoiando a cabeça sobre as pernas de Nico e sorrindo a ele. O moreno acaricia seu cabelo e lhe dá um selinho, como se dissesse “estamos bem”. Will fecha os olhos se sentindo mais leve e aliviado por Nico parecer estar bem naquele momento. Os dois estavam juntos, era isso que importava.