História A Descendência - Elise: The new friend

Naquela manhã coloquei uma meia calça preta,  um coturno vermelho escuro, uma saia preta curta, uma blusinha preta e uma flanela vermelha.

Desci as escadas e me direcionei a cozinha para o café da manhã. Todos estavam em silêncio. Papai estava sentado à mesa e mamãe estava de costas fazendo panquecas na bancada. Ninguém dizia uma palavra. Até minha mãe se pronunciar.

- Falamos com sua irmã ontem querida.

- Ela está bem?- perguntei de imediato

- Sim. Ela está com saudades! - eu ouvi sua voz embargada.Eu olhei meu pai e ele chorava em silêncio. Apenas lágrimas caiam. Sem nenhum gemido. - Assim como nós.

Minha mãe deixou o que estava fazendo e começou a chorar. Meu pai a abraçou. Logo que se acalmou um pouco disse ainda chorando:

- Eu só quero meus filhos de volta. Quero minha família reunida no café da manhã, almoço e jantar. Não posso ficar bem sabendo que meus filhos estão em Londres. Tão longe de mim. Sinto um aperto no coração só de pensar em não colocar Aiden para dormir, ou não dar um beijo de boa noite em Ariel. Falta um pedaço de mim.

Meu pai chorava. E eu chorava. Não quis abraça -los. Deixei ele conforta-la. Mesmo estando destruído, o instinto de meu pai era confortar e proteger minha mãe.  E o instinto dela era confiar nele. De repente me chamaram para o Abraço. Ambos me envolveram em seus braços.

- Também sinto falta da minha família - disse meu pai. Apertando ainda mais a mim e minha mãe - Mas temos que ser fortes por eles.

- Tem razão- disse mamãe abrindo um sorriso, enquanto papai nos soltava. Seu sorriso estava carregado de dor. Mas ainda era o sorriso mais lindo para mim- Querem panquecas.

- Mas é claro- disse papai.

Nos sentamos e tomamos café da manha juntos. Tentando descontrair. Nos livrar do peso. Finalmente eu estava entendo o que era ser uma guerreira. Era enfrentar tudo, ser afastada daqueles que ama, sofrer dores físicas e emocionais. E ainda sim carregar um sorriso. Aquilo era a essência. Fiquei imaginando a foto na minha penteadeira. Nunca pensei que a garota sorridente, talvez no dia em que tiraram a foto, estava enfrentando dificuldades. Mas ainda assim sorria sinceramente. Meus pais faziam o mesmo. E aposto que toda a Alcatéia fazia o mesmo. Até Scott, Malia e Érick. O segredo era aproveitar cada momento como se fosse o último, independente das dificuldades.

 Estacionei o carro, desci e me dirigi para dentro da escola. Cheguei em meu armário e senti um aperto no coração. Normalmente Josie estaria ali agora, rindo e falando mal do look de alguém.

- Allie - uma voz interrompeu meus pensamentos. Era Elise - como você está?

Sorri e respondi:

- Estou bem.

- Fiquei preocupada depois de ontem. Você passou por tanta coisa. 

- Estou bem mesmo. Obrigada Elise.

Ela retribuiu o sorriso.

- Sabe o que estava pensando. Não que esteja te criticando, mas percebi que você tentou usar as shurikens para uma luta corpo a corpo...

- As xxuri o quê? 

- Shurikens - ela sorriu - Érick não te disse o nome das estrelas?

- Digamos que não estavamos com muito tempo livre para falar das xxuri sei lá o que.

- Shurikens - ela ria . Mas não senti maldade em sua risada - Então você podia ir lá em casa hoje à tarde, eu te mostro as armas que minha mãe tem. Podemos achar uma que você possa usar em lutas corpo a corpo.

- Pode ser - disse cheia de empolgação - Você tem aula de que agora?

- Literatura.

- Eu também. Vamos?

- Sim. 

- Antes de ir na sua casa preciso aprender a falar aquele negócio de xxuri...

- Você não tem jeito Allie.

Seguimos para a aula. Entramos na sala e percebi que quase todos estavam lá. Érick estava sentado ao lado de Franklyn. E Clare estava sozinha bem na frente.

Elise e eu nos sentamos uma ao lado da outra. E eu esperava ansiosa para ir à casa dos Dunbar depois da aula. Mas em nenhum momento deixei de pensar no que Josie estava fazendo. Se estava segura. Aquela espera me deixava louca.

Eu sentia falta dela. Muita falta.