História A descendente de Merlin - Os pais de Morgana

  Celeste e Morgana passearam pelo acampamento. Uma leve brisa soprava. Morgana mostrou alguns campos de morango, onde algumas pessoas tocavam flautas.  

  - Sátiros- falou Morgana- aquelas criaturas de pernas de bode. Eles são exímios em magia dos bosques e são servos daquele idiota do Dionísio. Os sátiros têm duas funções nesse acampamento: cuidar dos morangos, que eles vendem pro Olimpo e para alguns restaurantes de Nova York, e identificar novos meio-sangues, filhos de um deus com mortal, e traze-los para cá.  

  - Como? 

  Celeste só havia conseguido dizer isso. Não conseguiu entender tudo. Ok, magia era até mais fácil de acreditar que existia, mas deuses antigos? 

  - Sei o quê está pensando- falou Morgana- e como prometido vou explicar.  

  Um sátiro veio trazer morangos para Morgana e Celeste. Morgana disse: 

  - Obrigada, Animeu. Me diz, Grover está por aqui? 

  - Não senhora- respondeu Animeu- saiu com Percy. Agora, se me dá licença tenho que voltar ao trabalho. Morgana, senhorita Celeste, até mais. 

  O sátiro saiu correndo de volta pros morangos. Morgana estendeu alguns morangos para Celeste. Enquanto comia e andavam, a professora foi explicando: 

  - Os deuses, não só os gregos mais todos os antigos, mudam de local. Eles não são tolos para se deixarem morrer. Eles sempre se mudam para o coração do ocidente, onde a chama brilha mais. Em resumo: para a maior potência do ocidente. Não só eles como todos os aspectos mitológicos em que eles estão incluídos.  

  - Ainda não entendi- falou a menina. 

  - Veja desse modo: os deuses gregos nasceram na Grécia. A Grécia, por muito tempo, foi o coração do Ocidente. A maior potência do ocidente. Mas chegaram os romanos e os dominaram. Os deuses gregos então, migram para Roma, onde mudaram seus nomes. E assim foram indo. França, Alemanha e muitas outras. Eles passaram um bom tempo na Inglaterra.  

  - E agora estão nos Estados Unidos? 

   - Sim. E não só eles mas todos os aspectos possíveis das mitologias antigas. O Monte Olimpo, por exemplo. Tem o Monte Olimpo lá na Grécia, e tem a casa dos deuses gregos que, por respeito as tradições antigas, é chamado de Olimpo. Ele fica no andar N°600 do Empire State Building. 

  A menina se lembrou de uma coisa: 

  - O Magnus...ele tinha falado algo sobre... 

  - Exato. Ele estava se referindo ao novo Monte Olimpo. E ao centauro Quíron.  

  Passaram pelos campos de tiro, no qual vários campistas treinavam com arcos e flechas. Morgana continuou: 

  - Não é só os deuses gregos que fazem essa migração. Todos os deuses antigos também fazem. Veja a Bastet, que você conheceu. Ela está morando no Brooklyn. 

  - E os gregos?- perguntou Celeste. 

  - Em Nova York. A presença dos antigos se percebe em muitas coisas por todo o país. Olhe as fachadas dos edifícios governamentais. Olhe o símbolo do país, a águia. Isso são provas da influência dos deuses gregos. E quanto aos egípcios: o obelisco chamado Agulha de Cleópatra e a pirâmide na nota de um dólar são bons exemplos. Os nórdicos seguem a mesma linha. Há varios monumentos mostrando vikings e detalhes arquitetônicos que lembram barcos vikings em Boston. 

  Passaram por um estábulo cheio de pégasos, magníficos cavalos com asas. Eles relincharam quando Morgana passou por eles.  

  - Sempre tive facilidade com pégasos- falou Morgana- é por causa do meu pai. 

  Morgana, na primeira aula que deu a turma de Celeste, havia dito que seu pai foi um reconhecido marinheiro. Mas o que isso tinha a ver com os cavalos? 

  As duas chegaram aos chalés. Morgana disse: 

  - Esses são os alojamentos dos campistas. Cada chalé é apadrinhado por um deus olimpiano, e apenas os filhos desse deus podem dormir nele. 

  - Como se sabe que campista é filho de que deus? 

  - O deus tem que mandar um sinal, reclamando seu filho.  

  Morgana apontou um imponente chalé branco. Falou: 

  - Esse é o chalé de Zeus. 

  Apontou um, fora dos doze que estavam no U: 

   - O chalé de Hecáte, deusa da magia. 

   Apontou outro: 

  - Afrodite. Deusa do amor. 

  Apontou mais dois: 

  - Hera, deusa do casamento, e Ártemis, deusa da lua e dos animais. São honorários. Hera é a deusa do casamento, por isso não tem casos com mortais, e Ártemis jurou se manter virgem. O chalé dela só é ocupados pelas Caçadoras dela.  

  Morgana apontou mais alguns. E por fim apontou dois chalés, também em direções opostas. Um era azul-marinho, e incrustado com diversas pedras do mar. O outro é cinzento, com uma coruja imponente.  

  - Esses são os de Poseidon e Atena- continuou a feiticeira- meus pais. 

  Celeste não consegiu reprimir uma expressão de surpresa. Morgana, a mulher que havia dado aula de história na maior parte de sua vida escolar é filha de Poseison e Atena? A menina começou: 

  - Mas você disse que seus pais eram... 

  - Um marinheiro e uma bibliotecária. Foi uma analogia. Sabe, a maior parte da minha vida se resumiu ao Olimpo, onde aprendi magia com Hecáte e a lutar, com Ares. Também ía com meu pai em seu reino submarino. Passei um tempo aqui, no acampamento, embora eu não seja uma meio-sangue. Sou tecnicamente falando, uma deusa menor. E estou até hoje no mundo dos mortais. 

  Celeste ainda não havia conseguido assimilar. Morgana sorriu e disse: 

  - Você se acostuma com a idéia. Percy e Annabeth se acostumaram com a idéia de serem meios-sangues. Percy é filho de Poseidon e Annabeth é filha de Atena. 

  Celeste disse: 

  - Você tem muitos meio-irmãos. Aqueles caras das histórias... 

  - Pois é. Dá para acreditar que eu tenho parentesco com o Polifermo? Aquele ciclope da história do Ulisses. Cruzes. Dá até uma crise existencial. 

 Um galope ressoou. Quíron veio até elas. Falou: 

  - Venham comigo. Vamos ver a amiga de vocês. Ela está melhor.