História A descendente de Merlin - Uma conversa interrompida

Ao ver Hugo se aproximando, a menina sentiu um reforço na coragem que estava sentindo. A ideia se tornou mais fixa em sua mente. Seu crush estava alí, vindo. Ela não poderia estar mais feliz.

  - Oii- disse Celeste.

  - Oi- disse Hugo.

  A mente do garoto, por um mísero instante, teve uma pane. E uma chama de felicidade brotou nele. Torcendo para que um maldito rubor não dominasse suas bochechas, o jovem Weasley se deu conta disso. Embora ele tinha tomado a coragem de ir até ela, não pôde deixar de ficar feliz por isso. Ela havia lhe dito oi.

  O que Celeste não sabia é que Hugo também tivera seu momento de epifania.  Ao conjurar o patrono, Hugo notou a semelhança de seu Pégaso com o Unicórnio de Celeste, ambos equinos e raros. Depois olhou a menina. Percebeu como sua pele brilhava a luz do patrono. Adimirou o rosto da menina, e logo percebeu que ele era bonito. Embora ficasse nervoso perto da menina, o garoto percebeu que ela lhe proporcionara uma paz de espírito sublime.

  Ao sair daquela sala, o rapaz percebeu. Estava gostando de Celeste. 

  O jeito que estava lidando com aquilo não diferia muito do de Celeste. Hugo acreditava que a menina estava em um patamar muito acima do seu. Ela era a Descendente de Merlin. Havia conhecido outras dimensões. Ele pensava que ele era incrível demais para ele.

  Mas, naquela hora, Hugo não pôde deixar de ficar feliz. A menina estava querendo falar com ele.

   - Vim ver a casa dos gritos- disse o menino. 

   - Ah- disse Celeste, se virando para a construção- Vitória me disse que é a construção mais mal-assombrada da Grã-Bretanha.

  - Realmente é- disse o garoto, se pondo ao lado da menina- meu pai me disse que até os fantasmas de Hogwarts evitam a casa.

  Ah sim. Celeste havia descoberto isso antes das aulas voltarem. Em Hogwarts haviam fantasmas.

  Mariana havia explicado:

  - Em Hogwarts temos 6 fantasmas. Temos primeiro os fantasmas de cada casa. Na Grifinória, tivemos Sir Nicholas de Mismy Porpington, o Nick Quase Sem Cabeça. Ele tem esse nome porque quando ele foi decapitado o machado estava cego, e não cortou a cabeça dele direito. Dois centímetros de pele e um tendão ainda prendem a cabeça dele. Daí na Sonserina tem o Barão Sangrento, que é coberto de sangue prateado. Na Corvinal tema a Dama Cinzenta, uma bruxa alta. E na Lufa-Lufa tem o Frei Gorducho, um fantasma de um frei muito simpático. E temos também o Professor Binns, o professor de história da magia, e a Murta que Geme, que assombra um boxe no banheiro das meninas do primeiro andar.

  A conversa se seguiu. Foi de fantasmas para Quadribol.

  - É uma pena que a Copa de Quadribol não esteja sendo feita por causa do torneio- disse o rapaz- você iria adorar.

  - Pois é. Com certeza.

  Celeste dizia isso, mas sua mente pensava:

  - Como ele é lindo.

  Ao pensar isso, um sorriso não pôde deixar de brotar em seus lábios. 

  Foi aí que uma coisa que a menina não estava esperando aconteceu. 

  Sentiu-se sonolenta. Lutou para isso não acontecer. Estava conversando com o garoto que amava. Não, uma visão agora não....

  Mas foi inevitável. Quando viu, estava indo para uma visao.

  Depois daquela sensação conhecida de visão, a menina acordou. Se viu em um lugar conhecido.

  Lembrou-se da primeira memória que se passava em Storybrooke que viu. Estava em um lugar conhecido. 

  Estava na loja de penhores e antiquário do Sr.Gold, ou melhor, Rumplestilstkin. Ele estava atrás do balcão, arrumando em algumas coisas. E parecia extremamente feliz.

  - Trabalhando justo hoje, meu amigo?- disse uma voz conhecida de Celeste. 

  Rumpelstiltskin ergueu os olhos. E sua expressão mudou.

  - Não sabia que você me considerava tanto, Merlin- disse o antiquário.

  Celeste virou-se para trás. Merlin estava lá. E não estava sozinho.

  - Lady Viviane- disse o antiquário- a quanto tempo.

  - Olá Rumple- disse Lady Viviane- realmente, faz muito tempo.

  Rumple disse, a Merlin:

  - E então? Da primeira vez que veio aqui, você disse que podia vir aqui pois a morte não chegava onde o tempo está parado. Na segunda, você e sua esposa obteram uma permissão especial de Anúbis. E agora, como está aqui?

  - Bom- disse o feiticeiro, de uma maneira cortês- se quiser saber a quem devemos agradecer por isso, saiba que é a você mesmo.

  O senhor das trevas não entendeu:

  - Como?

  - Eu explico. Ao contrário do que você e Regina pensam, essa dimensão tem magia. Ela é diferente da sua. Ela mais...técnica, mais fluída. Por isso você não pode controlar ela. Mas, quando você trouxe a sua magia para essa dimensão, você trouxe também um pouco da sua dimensão para essa. A intersecção dimensional acabou abrindo uma passagem para mim e para minha esposa em Storybrooke. 

  - É um caso raro entre os andarilhos dimensionais- disse a dama do lago, com seu jeito vigoroso- pois, graças a você, meu marido e eu agora podemos visitar Storybrooke sempre que quisermos.

  Viviane fez uma cara de felicidade sarcástica ao falar isso. A expressão de seu interlocutor se enrijeceu. Mas as palavras de Viviane chamaram a atenção da menina.  Andarilho dimensional? O que significaria isso? 

  - Se estão aqui, imagino que souberam. Emma quebrou a maldição. 

  - Sim, soubemos. E ficamos felizes. Nossa afilhada é uma mulher incrível.

  - É uma pena que não tenham conseguido oficializar. E também gostaria de saber se você, Merlin, vai tirar o feitiço que pôs em mim.

  Feitiço? Merlin continuou:

  - Se serve de consolo, eu pûs o mesmo feitiço em Regina. E eu vou tirar sim, mas não será agora. Assim como eu, você pode ver o futuro. Então veja qual momento será. 

  Rumpelstiltskinenrijeceu mais ainda, como pedra. Uma ligeira raiva surgiu no rosto dele.

  - Se irritar conosco não vai adiantar nada- sentenciou Viviane.

  O senhor das trevas foi poupado de responder pela chegada de uma moça. 

  O primeiro detalhe que Celeste notou na recém chegada foi seus cabelos longos, com um tom de castanho bonito. A moça tinha um rosto delicado, como uma rosa, e seu nariz era pontudo. Seus olhos eram verdes. Suas roupas lembravam as de Ruby Kane.

  - Desculpa, não sabia que estava com visitas- disse a moça. 

  - Não faz mal, querida, fique- disse Rumplestilstkin.

  Enquanto ele dizia isso, Merlin olhou para Rumpelstiltskin com uma cara que pedia apresentações.

  - Bela- disse o penhorista- presumo que já tenha ouvido falar do mago Merlin e de Lady Viviane. Merlin, Viviane, essa é Bela.

  - Encantado, Senhorita- disse o mago. Viviane disse o mesmo.

  - Então você é Merlin, o mago? E você é Lady Viviane, a senhora do Lago? 

  O mago assentiu. Viviane começou a dizer alguma coisa, mas a tão conhecida sensação de se estar despertando de uma visão logo se apresentou. A menina dormiu.

  Quando despertou, estava em seu quarto. Vitória e Baltazar estavam lá. Ambos perguntaram se a menina estava bem. 

  Depois que obtiveram a resposta da menina, Baltazar perguntou o que ela tinha visto. A menina explicou:

  - Já é a segunda vez que você vê alguém da Terra dos Contos de fadas em uma visão- disse Vitória.

  - Realmente- confirmou a menina.

  - Mas você não viu uma cena qualquer. Viu o pós quebra de maldição. A quebra da maldição causou um rebuliço em todo o multiverso.

  Celeste assentiu. Ela então se lembrou das palavras andarilho dimensional. E perguntou para Baltazar o que aquilo significava:

  - Ah, andarilhos dimensionais são pessoas que possuem a habilidade de viajar entre dimensões sem o auxílio de portais. Em vida, um andarilho dimensional pode viajar por todas as dimensões que existem. Mas quando ele morre, sua alma não pode mais viajar para a dimensão de onde veio. 

  - Como você viu, Merlin e Viviane são andarilhos dimensionais. No nosso grupo, o único andarilho dimensional que temos é Baltazar. 

  O mago assentiu. 

  - Aprendi essa habilidade com Merlin. 

  Celeste assentiu. E disse: 

  - Merlin havia dito que Rumpelstiltskin abrira uma passagem para ele para a nossa dimensão. 

  - Ele fez isso sem querer- disse Baltazar- com toda a certeza. Mas a questão é: poucos segundos depois que a maldição foi quebrada, aquele duende velho derramou uma poção feita de amor verdadeiro em um poço de Storybrooke. Esse poço era alimentado por um lençol subterrâneo, que veio de um lago mágico da Dimensão dos Contos de fadas. E a combinação dessas águas com a poção gerou uma fumaça roxa, que trouxe a magia da dimensão de Rumpelstiltskinpara a nossa.

  Celeste se surpreendeu. E se lembrou de uma outra coisa:

  - Baltazar, naquela primeira memória que o Magnus Bane me mostrou, Merlin chamou Rumpelstiltskin de Senhor das Trevas. O que isso significa? 

  - Bem, para entender o que é o Senhor das Trevas, é necessário vermos uma parte da história de Merlin.

  Em um dia, Merlin batalhou com uma entidade chamada Trevas. Trevas é extremamente poderosa, feita de magia negra, sendo o ser com magia negra mais poderoso do universo. A batalha exigiu muito do meu mestre, mas por fim ele acabou vencendo.

  Percebendo o perigo que era deixar As trevas soltas, Merlin a prendeu em um cubo de Uru, o mesmo metal do martelo do Thor. Merlin ainda mergulhou aquilo em pó encantado, para evitar que as trevas se libertassem.

  - Pó encantado?

  - Um pó mágico- explicou Vitória- conseguido através de diamantes. É muito poderoso, pode bloquear temporariamente magia negra.

  - Exatamente- continuou Baltazar- só que o cubo foi roubado de seu esconderijo. Na época não sabíamos, mas depois eu soube que Nimueh havia roubado o cubo.

  Celeste ficou surpresa, enquanto o rosto da bruxa se mostrava e sua mente.

  - Nimueh- continuou Baltazar- sabia do que Merlin tinha feito, e queria usar o poder das Trevas para derrotar o pai dela. Mas ela precisou de muito tempo e energia mágica para quebrar o efeito do pó encantado. Precisou realizar diversas execracões.

  A explicação sobre o que era execração deixou Celeste horrorizada. Era apagar da existência um ser, eliminando tudo dele. Sua forma física, seu espírito. Tudo.

  - Ela conseguiu quebrar o efeito do pó?- perguntou a menina.

  - Conseguiu- respondeu o mago- ela então transformou o cubo em uma adaga. Aquela adaga é o principal orbe do poder do senhor das trevas. A partir dela, o senhor das trevas, também chamado de o Sombrio, pode usar a magia da entidade.

  Celeste ficou um pouco chocada. Baltazar ainda explicou que se alguém que não fosse o sombrio tivesse a adaga, poderia controla-lo. E ao matar o Sombrio com a Adaga, o assassino se tornava o novo senhor das trevas.

  Depois das explicações, eles foram comer.