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História A Deusa das Ruas - Infelizmente somos humanos


Escrita por: Nevasca_113

Capítulo 7 - Infelizmente somos humanos


No dia seguinte ela acorda, se sentindo totalmente curada. Após alguns segundos sem reagir, ela salta da cama e corre até a sala, encontrando sua amiga calmamente tomando seu café da manhã.

Ongaku: Ah, oi...

Kurama: Oi...

Ongaku: Foi mal...

Kurama: Pelo que?

Ongaku: Eu sei que a gente marcou de se encontrar, foi mal pelo bolo!

Kurama: Não foi culpa sua, aquele demo-

Cronan surge da cozinha com uma tigela de cereais.

Cronan: Bom dia, Kurama. Trouxe o seu café.

Ele lhe entrega a tigela.

Kurama: Ah, valeu?

Ongaku: Seu primo é muito fofo, ele fez o café e me ajudou com os meus machucados.

Ongaku mostra sua mão com uma faixa ao redor do pulso.

Kurama: Ongaku, sua mão!

Ongaku: É, eu exagerei na vodka e me machuquei feio, sorte que você me achou e me trouxe pra cá, obrigada.

Kurama: Mas como...

Cronan sorri enquanto toma seu café.

Kurama: Saquei. Que bom que você já está melhor, mas acho que você devia parar com as bebidas.

Ongaku: Por que? Você bebe o tempo todo, e me parece ótima!

Kurama se senta ao lado dela.

Kurama: Essa vida não é pra você, Ongaku. Você é uma boa garota, não vá por esse caminho. Eu fiz várias escolhas erradas na minha vida, e não posso deixar você fazer fazer o mesmo!

Ongaku: Hein? Quem é você e o que fez com a Kurama que eu conheço?

Kurama: A Kurama que você conhece corre risco de vida toda noite, além de ter uma saúde fodida e viver numa espelunca!

Ongaku: Você nunca pareceu se incomodar com isso...

Kurama: Porque eu joguei tudo pela janela, e agora essa é a minha vida. Foi o caminho que eu escolhi, mas você não aguentaria!

Ongaku: Eu consig-

Kurama: Não! Você vai pra casa, vai pedir desculpas aos seus pais e parar de beber, eu tô falando porque sou sua amiga, você entendeu?

Ongaku: Sim... Obrigada, acho que você tá certa!

As duas se abraçam.

Kurama: Claro que eu tô, eu tô sempre certa!

Ongaku: Haha, não estraga o momento!

Kurama: Foi mal. Bem, vamo nessa?

Ongaku: Mas já? Eu não tô com pressa pra levar bronca.

Kurama: Quanto antes melhor! Vêm, eu te levo.

Cronan: Eu vou junto, só pra ter certeza de que vocês não vão beber nada.

Os três saem de casa, caminhando pela rua em direção a casa de Ongaku.

Kurama: Ongaku...

Ongaku: Sim?

Kurama: Você me acha... Machista?

Ongaku: Porque você só pega garotas o tempo todo? Ah, depende...

Kurama: Eu não pego SÓ garotas...

Ongaku: Então você ficaria com um cara?

Kurama: Claro, por que não?

Ongaku: Então você não acha que todas as garotas são presas e que todos os garotos são sedutores?

Kurama: N-Não...

Ongaku: Então você não pega garotas por achar "mais fácil"?

Kurama: Tá, talvez eu seja...

Ongaku: Não disse nada, senhora "eu como garotas o tempo todo".

Kurama: Tá, e como eu mudo isso?

Ongaku: Sua visão de que toda garota pode ser seduzida?

Kurama: É...

De forma inesperada, a garota de cabelos azuis se aproxima, segurando a jovem deusa pela cintura e pescoço, colando seus rostos de forma intima.

Ongaku: Pode começar deixando uma garota te seduzir!

Kurama sem reação só consegue sentir o rubor nas bochechas, mas sua amiga a solta bruscamente e volta a caminhar.

Ongaku: Ou pode parar de enxergar garotas como objetos pra te satisfazer, como você fez comigo naquela festa!

Kurama: E-Eu não fiz isso! Quer dizer, a gente fez, mas eu não te usei como-

Ongaku encara sua amiga, que fica vermelha de novo.

Ongaku: Eu sei que não.

Ela caminha enquanto Kurama está logo atrás envergonhada.

Ongaku: É isso, chegamos... Meus pais vão me matar.

Kurama: Eu iria com você, mas é melhor eles não me verem.

Ongaku: Acho que sim, mas se você também sair dessa vida, talvez eles...

Kurama: Acho difícil, eu já estou presa ao lado negro da força, Darth Vader é meu mestre!

Ongaku: Haha, idiota. Bom, até mais!

Kurama: Até...

Ela entra em casa, sumindo atrás da porta. Os dois dão meia volta, em direção de volta a casa de Kurama. A mesma parece estar em transe, segurando seu rosto queimando de vergonha.

Cronan: Você...

Kurama: Ah?

Cronan: Está bem?

Kurama: Ah, sim, sim. É só que... He, eu não ficava corada a séculos.

Cronan: Fiquei impressionado com a forma madura com a qual você aconselhou a sua amiga. Por que?

Kurama: Eu só que eu lembrei como a vida mortal é frágil e não queria ela em perigo!

Cronan: "Lembrou"?

Kurama: É-É, eu tinha esquecido, eu acho...

Cronan: Se você diz.

Kurama: ...

Cronan: ...

Kurama: Não...

Ela para de andar.

Cronan: ?

Kurama: Eu não queria que ela se machucasse, não queria correr o risco de perder ela...

Cronan: É natural essa preocupação, eu...

Kurama: NÃO, EU NÃO POSSO ME APEGAR A ELA, EU NÃO POSSO!!!

Cronan: Kurama, o que houve?

Kurama: Eu não quero perder ela... Eu não quero perder outra... Eu não posso...

Cronan: Perder quem? Quando?

Kurama: ...

Silêncio.

Cronan: Kurama?

Kurama: Foi mal, eu só tava pensando alto. Vamos pra casa... Pra MINHA casa!

Cronan: Ah, tudo bem...

Os dois caminham em silêncio até a casa, onde Kurama vai até a geladeira e pega uma garrafa.

Cronan: Vai beber? Achei que...

Kurama: "Que" o que? Que eu só bebo quando estou frustrada? Acha que me conhece? Acha que eu ligo pra uma mortal? Achou errado, otário!

Ela começa a beber, o garoto só observa quieto, quando Kurama de repente para.

Kurama: Ei, moleque!

Cronan: ...

Kurama: EI, EU TO FALANDO COM VOCÊ!!!

Cronan: O que foi?

Kurama:: O que você fez?

Cronan: O que?

Kurama: O que fez quando começou a achar os humanos repetitivos? O que fez quando achou que as coisas seriam sempre iguais?

Cronan: Eu não sei se-

Kurama: Me fala... Na moral...

Cronan: ...

Kurama: ...

Cronan: ...

Kurama: FALA!!!

Cronan: Eu matei todos eles.

Silêncio. Mantendo o olhar baixo, ela solta a garrafa na mesa.

Kurama: Como assim?

Cronan: Depois que eu tentei todas as opções de diálogo, todo tipo de interação... Eu resolvi tentar causar dor. "E se eu matar esse cara as 14:35 do dia 7 de Outubro em 435 E"? "E se eu o matar um minuto antes?" "E se eu matar a mãe dele antes dele nascer?" "E se eu matar sua futura esposa?". Eu comecei a testar cada possibilidade, cheguei aos maiores extremos... No começo eu hesitava... "Eu não posso fazer isso, já fomos amigos incontáveis vezes!" Eu me dizia... Mas acho que depois da centésima morte... Eu peguei gosto pela coisa. Cheguei a repetir alguns experimentos apenas por diversão, mas sempre acabava igual. Com o tempo, todas as possibilidades sempre levavam ao mesmo futuro...

Kurama: ...

Cronan: Comigo sozinho... Um planeta vazio... E uma pilha de cadáveres.

Ela começa a se aproximar com olhar baixo.

Cronan: Eu nunca disse que era uma pessoa boa ou que defendia algum ideal... Esse sou eu. Não sou bom ou mal, eu apenas usei todos ao meu redor como se isso tudo fosse um jogo onde eu posso salvar e resetar...

Ela para em sua frente.

Cronan: Você vai me matar?

Kurama: O que te fez parar?

Cronan: Hum? Ah, eu acho que apenas fiquei entediado e resolvi apenas assistir ao lado de Omni, que nunca me julgou.

Kurama: Omni não te julgou porque nunca interfere... Mas ele te colocou sob minha guarda...

Cronan: Você vai me matar?

Kurama: Só quando você me disser porque não me deixou morrer.

Cronan: Já disse, foi um instinto primitivo do meu... Bem...

Kurama: "Corpo mortal"?

Cronan: ?

Kurama: Era o que ia dizer? Corpo mortal? Acha que eu caio nessa? Acha que eu nasci ontem?

Cronan: Do que...

Kurama: Esse instinto vêm da sua alma. Você ainda tem ela aí, você tentou se livrar das suas emoções e socou todas elas pra dentro!

Cronan: Eu não...

Kurama : Você tentou se desprender da sua mortalidade e ser totalmente racional, mas não pode fugir disso, cada vez que você tentou matar o que te machuca você só se matou por dentro, mas não conseguiu matar tudo, se não você não teria me salvado ou curado a Ongaku!

Cronan: Como você...

Kurama: Você não pode evitar de agir como um mortal idiota mesmo quando acha que jogou tudo pela janela, eu sei porque... Porque... Porque essa sou eu...

Cronan: Kurama...

Kurama: Me diz, você tenta me impedir de beber porque se preocupa comigo... Ou porque tem medo que eu te trate como o seu pai?

Cronan fica em silêncio, sem expressão. Aos poucos, sua neutralidade é substituída pelo choque.

Cronan: Eu não... Eu não tenho medo do meu pai... Eu não tenho medo de você... Eu posso parar o tempo e...

Kurama: Então como pode ter medo de demônios?

Cronan: ...

Kurama: Você tentou matar a sua empatia e sensibilidade, mentiu pra você mesmo sobre como matar era apenas por experimento... Você é só uma criança, Cronan... E eu também sou...

Cronan: Mas... Nós somos... Deuses...

Kurama: Não irmão, somos humanos... Somos dois humanos patéticos num planeta de merda!


Notas Finais


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