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História A Deusa Sobre a Lua - A Dona do Parque


Escrita por: WanBuna

Notas do Autor


Eu queria ter feito essa ser só sobre a Yeojin, Haseul e Vivi pra apresentar as personagens logo, mas decidi manter um ritmo mais confortável e manter o mistério.

O cenário da cidade também, eu sei que vai ser importante pra história, então não quero sobrecarregar, vou soltando as informações aos poucos.

Eu espero que gostem desse. Tava cansado de ver Yeojins fofas nas fanfics kkkkkkkk.

Boa leitura.

Capítulo 2 - A Dona do Parque


Um grupo de adolescentes conversava alto em uma das quase extintas praças de Witherea, enquanto um technorock bombava de um auto falante provavelmente hackeado por algum deles ali perto. Yeojin estava sentada sozinha um pouco mais afastada em cima de um escorregador, observava o grupo da mesma idade com um ar de superioridade, lembrando-se de quando vinha naquele lugar quando era criança. Aquilo era um parquinho, e em menos de dez anos se tornara algum tipo de ponto de encontro de garotos e garotas problemáticos demais para as escolas. Quase não haviam vestígios mais dos brinquedos, mesmo assim a memória da infância a deixava um pouco melancólica. Tudo ali agora parecia uma mistura de cimento, aço e cabos onde penduravam decorações e cartazes da militância rebelde. Reparou as pichações nas paredes (algumas de sua autoria) e como contrastavam com os anúncios luminosos mais distantes.

    As coisas mudavam rápido demais naquela cidade, e Yeojin fazia parte da cidade. Temia não acompanhar as próprias mudanças.

    De seu ponto de vigia notou um veículo se aproximando. Um Vector azul-marinho, pilotado por um robô. O alívio passou rápido pela sua mente. Ainda não haviam descoberto que ela havia faltado na escola logo no primeiro dia depois da sua “volta às aulas”. Haseul estava ficando lerda ou se importando menos com suas atitudes ultimamente, e isso de alguma forma também a entristecia. E a irritava.

    Notou que o Vector havia estacionado e uma mulher mais velha que ela havia descido e se encaminhava em direção à praça. Logo que os outros adolescentes notaram a figura se aproximando, viraram o rosto em direção à Yeojin, que se lembrou do seu papel de liderança ali e com um rápido aceno com a cabeça indicou que ela mesma iria resolver o assunto. Puxou a máscara sobre o rosto com medo que a expressão pudesse ter sido tomada pelos recentes sentimentos tristes, deixaria que lhe vissem apenas os olhos. “Os olhos nunca metem” era uma das coisas mais valiosas que havia aprendido com Haseul.

    Desceu e foi se encontrar com a mulher que não ousava chegar mais perto do bando juvenil. As mãos no bolso do moletom personalizado, combinando com a calça larga presa nas botas pretas, fruto de um roubo na delegação policial. Sorriu por debaixo da máscara, mas não transmitiu a expressão aos olhos. Tinha consciência da idade e não queria ser vista com menos seriedade.

    _Você é a Yeojin? - perguntou a voz da menina mais velha, mas que provavelmente não tinha muito mais de vinte anos.

    _Você é a estranha que invadindo a minha área? - o tom sério e incisivo com o qual fazia negociações continuava bem treinado.

    _É, pode ser - respondeu a outra com desdém.

    _Então pode ser que você esteja muito longe de casa, e que seja uma boa ideia eu pedir pra minha galera detonar aquele teu Vector junto com a latinha que dirigindo ele - o ameaçar estava em dia também. Pelo jeito o tempo fora das ruas não tinha tido um efeito tão negativo quanto temia.

    Um suspiro. Heejin não estava com tanta paciência para ser ameaçada por uma menina cinco anos mais nova. Mas o dinheiro que ia receber valia o esforço. Resolveu ser breve, talvez pudesse ensinar alguma coisa ou outra ainda para a menina que se fazia de durona na sua frente.

    _É o seguinte, garota. Disseram que você é rápida, e que é competente. Preciso que alguém faça a entrega de uma coisa, no High Plate, Zona 1. E preciso que seja feita antes do meio-dia. Consegue fazer?

    Yeojin julgou a urgência contida no olhar da garota mais alta. Ela parecia falar sério, mas era importante saber de quão sério estavam falando ali. Principalmente se envolvia um pagamento. Resolveu estender um pouco mais a conversa:

    _Não tenho como ir pro High Plate. Confiscaram o meu passe, e meu registro pra conseguir outro também tá bloqueado - uma meia mentira, seu registro estavam realmente bloqueado e Haseul provavelmente nunca mais devolveria seu passe. Claro que colocar dificuldades fazia com que corresse o risco de perder o pedido e, consequentemente, o pagamento. Mas ela ainda tinha um trunfo.

    A ladra suspeitou da mentira da menina, mas sabia que era provável que colocasse empecilho. Se não o fizesse, ficaria desconfiada da experiência da mesma. Felizmente tinha uma resposta pronta, economizar os minutos naquela conversa era importante:

    _Eu te arranjo um. Temporário, mas os CB's não devem te encher por uns dois dias. Tirando que me falaram que você é uma entregadora experiente, aposto que deve ter como se esconder.

    Ela tinha, e apenas a possibilidade de dar uma passada no bar clandestino que sua amiga gerenciava no High Plate, só pra ver ela novamente já seria o suficiente para que Yeojin aceitasse o serviço. Na verdade, “desafiador” e “divertido” eram adjetivos praticamente sinônimos para a adolescente, quando se tratavam de tarefas e apostas. Restava agora acertar o preço e mais alguns detalhes:

    _Quando e quanto eu recebo? - direta, mas não ansiosa. Estava indo bem.

    _Metade agora, metade depois. Qual seu preço? - Heejin odiava o fato de estar começando a gostar da menina, talvez começasse a entender porque falavam tanto da “dona do parque”. Se ela realmente fizesse esse serviço, com certeza tinha habilidade para fazer valer sua fama.

    _Meu preço é dez.

    _Dez mil? - Heejin levou a mão rápida para a carteira. A quantia era alta, mas seria um preço mínimo comparado com o pagamento pelo colar

    _Dez por cento - e Yeojin tirou a máscara para mostrar um sorriso confiante, como o de quem queria deixar claro que sabia que havia pego seu oponente de surpresa - Do pagamento que você vai conseguir com isso aí depois. Pode me pagar tudo depois, aliás.

A mão de Heejin parou. Aquilo ali realmente havia pego desprevenida. A mente foi direto aos cálculos de números e do risco que corria ali. Um xingamento percorreu a cabeça. Era sua vez de ganhar tempo.

    _Você nem sabe o que tem aqui ou quanto vale - Heejin respondeu rápido demais. Um erro.

    _Algo ilegal, provavelmente, Para você ter preparado um passe temporário, que deve ser falso, pra garantir a entrega. E também valioso o suficiente pra você ter aceitado dez mil sem pensar ou tentar abaixar o preço. 

    Se a garota fosse tão rápida na entrega quanto era de língua, o serviço estaria completo antes que Heejin voltasse pra casa se arrumar para o encontro com sua amiga. Mas por algum motivo, tudo aquilo fez ela recuar. Reparou o rosto e a altura da menina com quem negociava. Era baixa, não devia ter mais de dezesseis. As roupas e a postura faziam esforço mas não conseguiam apagar completamente o quanto poderia ser considerada fofa. Se vivesse em outra cidade, será que estaria fazendo entregas ilegais e matando aula? Quanto tempo até ela se tornar uma ladra que vivia solitária e escondia sua vida da única amiga? O coração pesou, mas Heejin fez força para levantá-lo ao lugar novamente. Aquilo era trabalho, e por respeito ao profissionalismo da menina, ia tratar como tal. Mesmo assim deixou escapar uma dúvida genuína:    

    _Você realmente vai conseguir fazer? Não é apertado?

    _Eu sou a única que vai conseguir fazer. Quanto mais rápido você decidir, mais rápido posso sair. Aliás, qual seu nome? - essa era a hora de confirmar a vitória. Pressionar e confundir.

    _Heejin… - respondeu instintivamente, enquanto dava um pequeno outro suspiro de frustração - Espero não me arrepender depois - tirou o colar de dentro do bolso. Estava guardado em um estojo de aço firme e com senha, como a encomenda havia pedido. Procedimento comum. Entregou a garota mais nova, sem medo de que ela ao menos tentasse abrir. Odiava admitir o quanto a menina era inteligente, e se era tanto, sabia que nesse tipo de serviço, enquanto menos se sabe sobre o produto, melhor.

     _ E eu espero ser paga. Se você tiver em qualquer grupo de rua ou bar aqui da Low Land, é só mandar três emotes de sapo que eu entro em contato com você. Não deve ser díficil, né? Sabe usar um cellpoint? - perguntou sarcástica e já completamente tomada pela excitação da aventura a frente. 

    _Vai se ferrar - foi a resposta que Heejin encontrou. Precisava melhorar sua lábia se não conseguia confrontar uma adolescente espertinha - High Plate, Zona 1. Existe uma cyberstation lá chamado Rendezvous, deixe entregue para Wirewolf e fique com a etiqueta de confirmação para qualquer coisa. 

    _Considere feito - a máscara voltou ao rosto, e Yeojin segurou o estojo com todo cuidado. A ideia de abri-lo nem passou pela cabeça - Ah, e eu vou querer o passe temporário, como um adiantamento.

    Uma já vencida Heejin entregou o pequeno disco que permitia a circulação pela zona do High Plate. Olhou para trás e o Vector alugado ainda esperava com o motor ligado. Antes de se voltar, apenas lembrou mais uma vez:

    _Seja rápida - e foi andando para o carro, rezando silenciosamente para que a Deusa protegesse o colar, a menina e ela própria. Nessa ordem.

    Yeojin desconsiderou o último aviso simplesmente por ser muito óbvio. Guardou o estojo no bolso, mas já voltava para o parque pegar alguma mochila e roupas. Um passe de dois dias no High Plate era o suficiente para garantir algum tempo fora da casa de Haseul e bem perto da sua melhor amiga Yerim, com o qual não tinha contato fazia algum tempo. O sorriso atrás da máscara, mas ela sentia que qualquer um poderia notar sua animação mesmo assim.

    Os olhos nunca mentem.

    Um garoto punk foi o primeiro a se destacar da multidão que ainda se divertia com seus videogames, música e bebidas. Yeojin nem sabia o nome dele, mas lembrava que fazia parte de seu bando por causa do moicano.

    _O que ela queria, chefe? - ele parecia mais curioso que preocupado. O substantivo no final foi a última gota de auto estima que a garota precisava para se sentir no melhor momento em semanas.

    _Nada demais - e simplesmente tirou a mochila das costas do garoto, esvaziando  o conteúdo qualquer que fosse no chão, sem ouvir protestos - Diz pra Jiheon que ela tá no comando. Vou passar um tempo fora.

    As duas últimas semanas presas dentro da mansão de Haseul haviam definitivamente sido uma grande perda de tempo. Desde que havia sido repentinamente tirada do orfanato sendo adotada por aquela garota rica, havia sentido que alguém estava tentando controlar sua vida e destino. Escola, cursos, professores particulares definitivamente não eram pra ela. Yeojin admitia que sabia pouco da vida, e até mesmo de si mesma. Mas tinha total certeza de que não era o tipo de pessoa que gostava de receber ordens e seguir regras.

 

    Por isso era a chefe ali, e por isso gostava de ser.

 

    Olhou para os outros adolescentes, mentalmente escolhendo as peças mais bonitas e do seu tamanho entre as quais eles vestiam. Tirou a máscara e, sorrindo, ordenou:

    _Alguém traz meu skate! E rápido!

 


Notas Finais


Espero que tenham pego aí o spoiler de como vão encontrar pelo menos mais duas outras garotas na história.

Eu não se alguém tá lendo essas notas, mas vocês não fazem ideia do quanto tô me divertindo escrevendo isso aqui.

Ah, por favor, se alguém tiver dúvida, comentário, crítica, sugestão, por favor, informa aí.

Valeu por ler ^^


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