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História A Divina Comédia - No sonho você veio provocante


Escrita por: Kashi_

Notas do Autor


Att de hoje dedicada para @Licelancia, minha grifinória maravilhosa que eu tanto amo!
Boa leitura!

Capítulo 5 - No sonho você veio provocante


5 — No sonho você veio provocante

DRACO POV

Harry me deu a chance perfeita para ir embora, para sair de perto dele e fugir daquela situação.

Para me preservar.

Eu admirei a sinceridade dele em me lembrar que ele ficaria pouco tempo, e que sentimentos não deveriam ser envolvidos na nossa relação.

Porque ele tinha charme o suficiente para me conquistar e iludir com facilidade, então sua sinceridade foi o que me fez permitir entregar.

Harry não queria corações partidos ou drama, então eu sabia que ficaria bem.

Ou ao menos tentava me convencer disso, afinal eu sentia ele levar um pedaço do meu coração a cada vez que me chamava de ‘mi amor’.

Tentava não sorrir de sua espontaneidade, nem ficar admirado demais com a maneira que ele fazia incontáveis flores aparecerem como magia, as estendendo para qualquer criança que passasse pela rua.

Ele sempre sorria, piscava um dos olhos para elas, e parecia contente quando as fazia gargalhar, ou quando os pais dessas crianças o agradeciam.

Ele mal parecia perceber os próprios atos, porque era tão automático, que ele o fazia enquanto conversava comigo.

Por duas vezes, eu o vi fazer isso enquanto me explicava sobre todos os espetáculos que haviam dentro do show.

Enquanto andávamos juntos, ele até mesmo parou quando viu uma criança chorando enquanto a mãe tentava acalmar, empurrou as sacolas para mim e fez uns gestos engraçados com as mãos, causando faíscas vermelhas e verdes.

Isso atraiu a atenção da mãe e da criança, que se calou para ver o que ele fazia, e as pessoas passando na rua sempre paravam para olhar ele sendo espontâneo, e com mais algumas faíscas inexplicáveis, Harry abriu a mão e havia um pirulito ali.

Ele estendeu para criança, que bateu palmas para ele, e a mãe sorriu em agradecimento, enquanto ele parecia distraído ao voltar a andar ao meu lado.

— Como você faz isso?

— O que?

— Esses truques. Do nada. De onde saem as flores?

— É mágica, Draco.

Franzi o cenho, e ele pediu um pouco das sacolas com um gesto, então aproveitei que livrei uma das mãos, passando por trás dele, alisando suas costas e sua cintura, vendo ele erguer os olhos para mim.

— Precisa de alguma coisa? — Ele perguntou divertido, e eu bufei.

— Onde você estava guardando o pirulito? Não vi em nenhum momento onde...

— Draco, não posso te dar meu pirulito no meio da rua, as pessoas vão presas por coisas assim, sabia disso?

O encarei exasperado, vendo ele gargalhar da minha expressão, balançando os ombros com leveza.

— Se você sabe como funciona, não tem graça.

— Não ligo. Só quero saber como é.

— Você não acredita em mágica?

— Não — Rebati, vendo ele abrir o sorriso maldoso em seguida.

— Vai acreditar, depois de tudo o que eu fizer com você, mi amor.

Sorri, sem conseguir me conter.

Ele não perdia qualquer oportunidade, e isso sempre me fazia perguntar como conseguia pensar em tanta depravação para dizer.

Eu não sabia como desviar daquele assunto e voltar para o casual, porque agora tinha deixado subentendido que iríamos ficar juntos. Era como concordar, e dizer que ele podia continuar dando em cima de mim, e que eu acabaria em sua cama e provavelmente no meio de suas pernas, como ele disse que queria.

— Então... me fala mais sobre seus pais — Murmurei, certo de que isso o faria voltar para a aura fofa ao tagarelar, e obviamente funcionou.

— Papi manuseia facas. Ele é muito bom nisso, bota medo em qualquer um. Consegue fazer malabarismo com onze ao mesmo tempo, sabia?— Disse com orgulho, e eu se quer tive vontade de dizer que era um pouco difícil entender de qual dos três ele estava falando, se os chamava da mesma coisa.

Mas estava começando a conseguir entender um pouco de cada um, então sabia que aquele era Remus.

— Foram eles que te ensinaram tudo?

— Sim, me ensinaram muitas coisas. Mas o manuseio de facas e o globo da morte, nunca me deixaram tentar.

— O globo da morte é a gaiola gigante onde seu pai anda de moto — Testei para ver se estava entendendo, e ele assentiu.

— Si, papito Sirius.

— Então... um deles mexe com facas, o outro com motos. E o outro...

— É o showman. Meu pai tem muita facilidade em falar com o público, em se apresentar e conduzir. Mas ele também faz a corda bamba, nós temos facilidade com isso. A corda bamba está com os Potters desde sempre, assim como ilusionismo.

— Mas... vocês tem um número fixo? Algo que sempre faz além do ilusionismo?

— A verdade é que cada um de nós tem mais de um número. Em alguns somos coadjuvantes, em outro somos a estrela principal. É uma união. Nunca foi ao circo?

— Não — Contei, vendo ele negar com a cabeça.

— Nós estamos pensando em fazer um espetáculo no final das nossas férias, antes de partirmos... Então não perca, ok?

— Isso é um convite?

— Uma intimação — Disse sério, sorrindo ao indicar que eu o seguisse pela estrada calma.

Eu já estava cansado, porque havíamos caminhado muito e nos afastado do centro.

— Então... esses Weasleys... Acha que tudo bem se eu aparecer sem ser convidado?

— Molly ama pessoas aparecendo na casa dela — Ele garantiu — E ela me adora, jamais brigaria comigo. Mas você vai adorar eles. São incríveis! Estamos bem perto.

— Tudo bem — Falei um tanto ansioso, observando como ele parecia suave.

Mesmo que se vestisse de maneira extravagante, e chamasse muita atenção, Harry passava aquela sensação de leveza incrível.

— Então... — Ele murmurou distraído, com um dos braços enroscados ao meu — Eu sou bem versátil na cama. Bem, sou muito mais passivo, mas também gosto de ser ativo às vezes. Depende do momento, então...

Eu arregalei os olhos, virando o rosto para ele com choque e indignação.

— Porque está falando isso?! — Bradei, olhando ao redor, mesmo que soubesse que estávamos sozinhos naquela rua.

— Você disse que queria saber coisas sobre mim, estou contando coisas sobre mim! — Disse, me encarando de volta, e eu me sentia totalmente constrangido.

— Você é um absurdo, Potter!

— Mas você gosta, não gosta?

Ergui os olhos para ele, deixando-o encontrar a resposta e a sinceridade ali, porque não iria simplesmente dizer o quanto estava fascinado.

Ele pareceu satisfeito, abrindo um sorriso animado.

— Você tem jeito de que come bem — Murmurou pensativo, ainda com aquele sorriso totalmente não condizente com o assunto, e isso me arrancou uma risadinha de lado.

— Depois você me diz o que achou — Murmurei, sem conseguir me conter, e isso fez os olhos dele mostrarem uma nova onda de animação, quase eufórica.

— Então... você faz a linha tímido na frente das pessoas, mas é só estar em uma rua vazia que começa a dizer baixaria. Eu adorei! — Disse sincero, com muita animação, chegando a bater palmas com as mãos cheias de sacola em comemoração.

Nós trocamos um olhar, e de repente nossos braços se moveram juntos, conforme nossas mãos livres se entrelaçavam, e continuamos caminhando dessa forma.

Eu estava satisfeito, para ser sincero.

Harry estar sendo tão safado e nitidamente assanhado me fazia sentir tesão, e enquanto eu estivesse com vontade de transar com ele, não corria o risco de pensar no quanto era bonito ver a luz do sol bater contra seus cabelos negros.

— Nenhum de vocês é palhaço? — Me vi desesperado a voltar a conversa casual ao perceber como estava admirando sua beleza.

— Eu era quando criança — Confessou, e eu arregalei os olhos, vendo ele rir e assentir — Não toque no assunto perto de mis papitos, especialmente Sirius. Eles tem milhares de fotos para mostrar — Recamou ao revirar os olhos — Mas... sim, comecei como palhaço, com cinco anos. Eu era o palhaço Pottinha.

— Pottinha? — Falei rindo ao tentar imaginar, e ele revirou os olhos.

— Arthur, pai de Ronald, é palhaço. Ele me ensinou, e eu gostava de ser o ajudante dele nos shows, quando era novo demais para aprender outras coisas. Foi só com doze que meus pais me deixaram começar a corda bamba, então... — Ele balançou os ombros, e isso me fez dar um pequeno sorriso, imaginando a cena — Agora chega de falar de mim, fala alguma coisa sobre você!

— O que quer saber? — Perguntei, e ele pensou por um instante.

— Você tem vinte anos — Conferiu, e eu assenti, vendo ele concordar — Sua mãe me disse que estava na universidade...

— Administração — Concordei, com um pequeno sorriso — Deveria me formar ano que vem, mas quando a saúde da minha mãe fiou ruim... eu tranquei e voltei. Se tudo estiver melhor, volto para terminar os estudos no próximo ano.

— Administração — Ele murmurou, franzindo o cenho — Parece chato.

Isso me fez rir, sem me importar. Estava acostumado a ouvir aquilo.

— Às vezes é. Acho que para você, todas as outras devem parecer entediantes, mas... não sei. É uma coisa de família. Temos muitas coisas para cuidar, e ter uma formação na área ajuda a manter tudo nos trilhos.

— E o que faz além disso?

— Eu só... estava fazendo isso — Falei sem jeito, erguendo os olhos para ele — Hã... estudando, e fazendo um estágio com meu pai.

— Mesmo? Nenhum hobbie bizarro? Algum vício estranho, ou....?

— Não! — Falei rindo, e ele pareceu surpreso.

— Sempre tenho essa impressão que gente da cidade tem hobbies estranhos ou vícios — Disse pensativo — Eu não conheço muita gente da cidade — Confessou, e chegamos em uma rua tranquila, e ele pareceu muito íntimo ao empurrar um portão de madeira e indicar que eu entrasse.

Seguimos por um caminho de pedras até a entrada, e ele abriu a porta, soltando as sacolas no chão, indicando que eu fizesse o mesmo.

Havia um cheiro ótimo no ar, o som de uma panela de pressão no fogo, e Harry enroscou a mão na minha ao me puxar para dentro, parecendo muito feliz e distraído.

Nós atravessamos uma sala muito aconchegante, com tom de humildade. Haviam muitos porta retratos espalhados nas paredes, mantas coloridas no sofá, e tapetes de crochê.

Finalmente chegamos à cozinha, e havia uma mulher ali, baixinha e de aparência gentil, na frente do fogão.

Tão logo nos viu, abriu um sorriso enorme para Harry, acolhendo ele nos braços com afeto.

— Parece que ela não me vê há anos, mas jantei aqui ontem — Harry disse para mim enquanto retribuía o abraço, e ela riu.

— E você deve ser Draco! Eu sou a Molly, querido — Disse, me deixando sem jeito ao assentir — Harry nos falou sobre você! Espero que não se importe com a bagunça! O almoço deve ficar pronto logo. Harry, as crianças estão nos fundos.

— Crianças — Ele disse rolando os olhos, indicando que eu o seguisse — Ela nunca vai deixar de nos chamar assim — Suspirou, e finalmente passamos pela porta, chegando no quintal.

Era um lugar enorme. Muito maior do que a casa.

Haviam três ônibus estacionados no canto perto do muro, uma cama elástica enorme no meio do quintal, e algumas árvores com frutas.

O que chamava a atenção era que dentro da cama elástica haviam pessoas sentadas conversando, e gargalhadas puderam ser ouvidas.

— Harry! — Um ruivo saudou, e eu observei ele indicar que subíssemos ali também.

Me deixou impressionado ver Harry chutar os sapatos dos pés de qualquer jeito e saltar com precisão, passando por cima da tela de proteção, caindo sobre o ruivo simpático.

Eles riram, e eu lentamente removi os sapatos para subir, passando pelos degraus, vendo Harry se sentar e bater ao lado indicando que eu fosse me acomodar ali.

Tentei andar devagar, porque tudo ali se movia, e me sentia cada vez mais curioso sobre as pessoas ao redor.

— Esse é o Draco! — Apresentou, e eu girei os olhos entre todos eles, forçando um sorriso simpático.

— Rony — O ruivo ao lado de Harry disse com um sorriso.

— Forge e Gred — Os ruivos falaram em uníssono, e Harry esticou a perna para chutar eles, que estavam sentados de frente para nós.

— Fred e George — Indicou de forma vaga — Não sei quem é quem, mas esses são os nomes certos.

— Então... Você é o riquinho da cidade — Um dos gêmeos disse, jogando os cabelos para trás, com olhar curioso, e eu achei graça de ver seu irmão imitar o gesto tal como um espelho.

— É assim que você fala de mim para as pessoas? — Reclamei ao me virar para Harry, que gargalhou de forma divertida.

— Ah, você não faz ideia de como eu falo de você para as pessoas, princesa — Disse com malícia no olhar.

— Harry, ainda não é nem meio dia. Está cedo demais para agir como um tarado — Ronald disse indignado, e Harry riu ao passar os braços ao redor dele, deitando a cabeça contra seu ombro — Ele tem esse jeito assanhado, mas é boa pessoa — Me informou, correspondendo o abraço, pousando um beijo sobre os cabelos de Harry.

— Se conhecem há muito tempo? —  Perguntei, querendo criar algum assunto que fizesse Harry parar de lamber os lábios sempre que me olhava.

— Crescemos juntos. Melhores amigos de circo, desde sempre — Disse com orgulho, e eu sorri ao ver que Harry estava sendo manhoso com ele.

— Amigos de circo?

— Nossas famílias sempre foram próximas, apresentamos juntos várias vezes. Eles assumiram o show solo por um tempo, mas agora estão de volta e já fizemos varias viagens juntos. Molly é nossa figurinista. Arthur, já te contei, é o palhaço. Rony cuida de toda a parte técnica. Palcos, montagens, trilhas sonoras, equipamentos. Ele é ótimo manuseando ferramentas.

Pisquei surpreso com a frase, novamente maliciosa, e Ronald negou com a cabeça.

— Pare de agir como um pervertido, ninguém gosta disso — Ronald reclamou, e Harry riu.

— Nossa maninha pareceu gostar — Um dos gêmeos disse, e eu me virei para eles, que até então estavam em silêncio nos encarando, e Ronald torceu o nariz.

— Não diga isso, ainda é assunto delicado para Roniquinho — O outro gêmeo disse.

— É, parem de falar disso! — Ronald reclamou, soltando os braços de Harry — Esse sem vergonha pegou a minha irmãzinha! — Ronald me disse, com revolta.

— Odeio ter que discordar de você, Roniquinho, mas eu tenho certeza que foi a nossa irmãzinha que pegou ele — Um dos gêmeos voltou a dizer, fazendo todos rirem, e Harry revirou os olhos.

— Vocês falam como se não tivessem pego ele também — A voz feminina veio de trás de nós, e eu me virei a tempo de ver a garota ruiva.

Ela era deslumbrante, com ar sério, mas ao mesmo tempo havia alguma malícia em sua expressão.

Vestia moletom confortável em tom verde escuro, e subiu na cama elástica conosco, passando ao meu lado e se jogou entre os irmãos gêmeos.

Ronald voltou a torcer o nariz, e eu arqueei o cenho para Harry com curiosidade.

— Eles são gêmeos idênticos! É difícil saber quem é quem! — Se defendeu, fazendo todo mundo rir.

Ele parecia muito a vontade falando disso, mas eu me senti levemente desconfortável com a percepção de que ele já havia beijado a maior parte da população ruiva naquela cama elástica.

—  Eu sou Ginny —  A garota disse, jogando os cabelos ruivos para trás, abrindo um sorriso cheio de simpatia, e se virou para Harry —  Então é esse o cara que você disse que quer...

— Só um minuto — Harry disse ao puxar o celular, atendendo-o — Buenos dias papi! Estoy en la casa de los Weasley. Sí, sí, volveré a tiempo para ayudar-te... — Murmurou, se  erguendo e saiu da cama elástica distraído, tão charmoso falando espanhol daquela maneira natural.

Quando ele se afastou, voltei a olhar para os ruivos, e me constrangi ao ver que todos me encaravam com curiosidade, com sorrisos muito estranhos e quase bizarros.

— Então... já se pegaram? — A ruiva disse, com um sorriso maldoso.

— Gina, não seja indiscreta! — Ronald repreendeu, se virando para mim — Mas... já se pegaram?

Eu ri, negando com a cabeça.

— Não! Só... estamos passeando como amigos. O estilo de vida é diferente para mim, fiquei curioso, e ele é divertido então...

— Nem vem! — Ambos gêmeos falaram juntos, negando com a cabeça.

— É cara! — Gina disse, um tanto indignada — Ontem Harry disse que estava louco para pegar o loiro fabuloso que iria trazer aqui hoje. Você é loiro. É fabuloso. E está aqui — Pontuou, e isso me fez rir.

Não precisei responder, porque Harry voltou no instante seguinte.

— Papi está elaborando uma festa, para celebrar a união de vocês ao nosso circo — Harry contou para os ruivos, sutilmente se recostando em mim, distraído ao pousar a bochecha contra meu ombro.

Isso me fez sorrir, passando o braço ao redor dele, sentindo-o se aninhar melhor contra meu corpo, pousando suavemente uma das mãos sobre minha perna.

Durante todo o percurso até ali, várias vezes nos esbarrávamos, nos tocávamos, e ele tinha deitado contra meu ombro uma vez. Mas era sinceramente o primeiro momento que tínhamos para curtir aquela intimidade, e eu gostei e tê-lo abraçado em mim.

— Qual dos? — Ronald perguntou, e isso me fez sorrir ao perceber que não era o único a nunca saber de qual pai Harry falava.

— Sirius — Explicou — Ele está começando a pirar, acho que todo esse tempo em casa está deixando ele enjoado.

— Vocês não chegaram só há quatro dias? — Perguntei surpreso, e Harry ergueu os olhos verdes para mim com um sorriso.

— Sim, não aguentamos mais — Revelou com um suspiro — Ontem lavamos todas as lonas, e hoje vamos mexer nas motos, tentar fazer que fiquem mais bonitas. Compramos umas tintas loucas para testar, com gliter. Eu já estou enjoado. Não vejo a hora de cair na estrada de novo!

— Sinto falta do picadeiro — Um dos gêmeos disse com o mesmo ar de melancolia.

— Vocês... fazem o que no picadeiro? — Perguntei, vendo eles sorrirem.

— Somos mímicos!

— A cenas deles é ótima! São como um espelho no palco — Harry disse agitado, se sentando melhor, quase todo virado na minha direção — Usam roupas idênticas, e fazem números muito legais.

— E você...? — Perguntei para a ruiva, que sorriu.

— Corda bamba, e alguns números com fogo.

— Nós temos um número juntos — Harry me contou, e os dois trocaram um sorriso.

— Você pode assistir um treino nosso qualquer dia, podemos te mostrar tudo! — A ruiva disse, me olhando de forma firme nos olhos, e eu estava prestes a dizer que isso seria legal, quando Harry ergueu o dedo do meio para ela.

— Se você quer um loiro gostoso, vá atrás do seu. Esse eu achei primeiro! — Reclamou, e ela riu ao balançar os ombros.

— Eu só estava sendo legal!

— Todo mundo sabe que você usa acrobacia para seduzir os outros, Ginevra — Reclamou com um tom muito rabugento que me fez sorrir.

Era legal ver Harry sair um pouco daquela energia pervertida de quem me faria subir pelas paredes.

— Olha quem fala, com seu espanhol barato e florzinhas na manga, seu bosta! — Reclamou, e antes mesmo que Ronald abrisse a boca, ouvimos a mãe deles gritar que fossemos almoçar.

De qualquer forma, nenhum dos dois pareceu ofendido, porque trocaram uma risada enquanto desciam da cama elástica, e eu notei como Harry pareceu demorar para sair, nos atrasando alguns minutos para deixar que fossem na frente, enquanto calçávamos os sapatos.

— Eles parecem legais.

— Eu disse, são todos ótimos. Hã... falando nisso, eles estão sempre brincando, sabe, me chamando de vagabunda, e falando sobre pessoas que posso ou não ter beijado ao longo dos anos — Disse sem jeito ao bagunçar os cabelos.

— Então você não beijou a garota e os gêmeos? — Rebati,e ele riu.

— Beijei! — Respondeu rindo — Mas Gina estava tentando descobrir se gosta de caras, ou só de mulheres — Explicou balançando os ombros — Foi um teste, nada pervertido e nojento como eles fazem parecer.

— Ela descobriu?

— Não ajudou em nada, para ser sincero. Somos amigos demais para que alguma coisa funcione, foi um fiasco — Riu, e eu o acompanhei apenas porque sua gargalhada era contagiante — Os gêmeos... bem, era um jogo de verdade ou desafio. Foi legal beijar, seja lá qual deles eu beijei primeiro. Então depois da festa, fomos nos beijar atrás do palco. Acontece que eu chamei o gêmeo errado para beijar atrás do palco, então... bem, decidimos nunca mais repetir a experiência. Foi traumático demais para Ron. Acho que ele tem pesadelos com isso o tempo todo.

— Você beijou todos os irmãos dele!

— Não foram todos! Ele ainda tem mais irmãos — Disse rindo e revirou os olhos — Um deles virou lixo da cidade, o outro é casado. E tem mais um, que nunca sei onde está.

— Então... você não tem muito filtro de quem beija por ai — Observei, torcendo para não soar implicante ou ciumento, porque não era minha intenção.

— E claro que tenho! Eles são meus amigos, acaba tudo sendo brincadeira. E faz muito tempo, os três casos. Mas se algum dia eles criarem um clube dos beijados por Harry Potter, você muito em breve vai poder fazer parte — Disse piscando um dos olhos ao me empurrar para a cozinha, e eu não senti vontade de responder.

Sabia perfeitamente que ter permanecido com ele significava que estava dizendo sem palavras que o queria, e embora a cada instante tivesse mais indícios de que ele realmente não se apegava a ninguém, diferente de mim...

Eu estava cada instante mais atraído por ele.

Nós nos acomodamos na mesa, e eu me sentei entre Harry e Gina, vendo os dois ainda se provocando e irritando com diversão.

Estávamos esperando as pessoas que faltavam se juntarem para almoçarmos, e em instantes o tal Arthur veio, com sorriso bondoso em seu rosto enrugado, com aquela expressão divertida.

Não sabia se o achei imediatamente simpático por saber que ele era palhaço, mas era um homem com aura gentil.

— Papai! — Uma criancinha veio correndo agitada, com os cabelos ruivos, e se atirou contra Ronald, que o puxou para o colo rindo.

— Hugo, não seja mal educado. Temos visitas — Pediu com serenidade, e o menino ergueu os olhos para mim, e sorriu.

— Oi!

— Oi — Respondi, surpreso.

— Tio Pottinhas! — Ele se atirou para o lado, plantando um beijo no rosto de Harry.

— Oi tio Harry — Outra criança apareceu, dessa vez um pouco mais velha, talvez com sete anos. Era uma menina muito bonita e veio no encalço de uma mulher.

— Draco, essa é minha esposa, Hermione. Minha filha Rose, e meu menino, Hugo — Ronald apresentou, e eu sorri para todos, vendo finalmente todos se ajeitarem para comer.

A mesa estava repleta de coisas, e todos falavam atropelados, rindo e contando baboseiras.

Eu nunca tive refeições assim, e foi legal presenciar alto tão caseiro e confortável.

— Se você quer uma dica... — Me virei quando Ginny sussurrou para mim — Pode pegar com gosto — Olhei sem entender — Harry. Ele adora mão boba, pode ir sem medo. Passe a mão em tudo. Sei que ele age como se fosse todo poderoso dominador, mas ele gosta mesmo é de que façam ele de...

— Gina, cala a boca — Harry resmungou baixinho ao encarar ela feio e a garota deu de ombros, voltando a atenção para o próprio prato.

Arqueei o cenho para Harry, e ele se inclinou para perto de mim.

— Mas se quer saber, ela não está mentindo.

Isso me fez rir, cada vez mais admirado com o quanto ele era sincero.

O almoço correu de forma confortável, e não tardou para eu e Harry nos despedirmos, recusando qualquer lanchinho que nos fosse oferecido.

Eu havia comido muito, pois Molly Weasley não cansava de oferecer comida para as pessoas.

— Foi divertido — Falei assim que pisamos na calçada, e Harry assentiu.

— Eu te disse. É um lugar incrível para estar!

— Então... fiquei curioso. Ronald já tem duas crianças. Ele é parece tão novo!

— Ele e Hermione tiveram rose aos dezoito. Eles são três anos mais velhos que eu.

— Hermione também cresceu no circo?

— Não, ela era da cidade. Passamos por onde ela morava, e eles tiveram um lance. Rose, no caso. Ele largou tudo para ficar com ela. Mas... não deu certo. Ron ficou miserável longe do circo, da família. Quando Rose nasceu, os dois se juntaram com a família de novo, e ela viaja com a gente desde então.

— Então.. ela é só uma pessoa da cidade que viaja com vocês?

— Ela é nossa maquiadora oficial. É... difícil sabe. Você começa a conviver, e sente vontade de fazer parte de tudo. Ela começou ajudando com algumas maquiagens. Depois que pegou gosto, via tutoriais na internet.... e hoje em dia é uma das melhores. Não tivemos muito tempo de você conversar com ela, mas sei que ela vai gostar de te conhecer. Você pode ver um pouco do trabalho dela e do nosso, fizemos uma página no twitter para interagir com os expectadores.

— Mesmo?

— Sim, usamos muitas redes sociais. É divertido, todos somos responsáveis sobre as páginas, então às vezes rola briga ao vivo. Na última vez teve quebra pau no facebook porque alguém postou uma foto onde papito aparecia sem camisa no fundo, e papi Sirius é muito ciumento. Foi divertido! Mas ele disse tantas coisas, que tivemos que deletar e ficar só no twitter.

— O alguém que postou a foto foi você?

— Sim, mas ninguém sabe disso — Revirou os olhos —  É CircusMarauders, tudo junto. Acho que vai gostar, as fotos são incríveis.

—  Estou ansioso para ver as fotos —  Concordei, sincero e ele ergueu os olhos verdes para mim, com aquele sorrisinho.

—  También puedo enviarte fotos especiales mías, si quieres —  Ofertou, e eu o encarei com um sorriso, vendo ele ceder e começar a rir.

Eu já havia notado que grande parte das perversões que ele dizia era apenas para lhe dar o poder de me constranger.

— Foi legal conhecer todos eles. Não sei se vai soar preconceituoso, mas fiquei surpreso. Você é todo diferente, com suas roupas malucas e jeito estranho. Mas eles são pessoas tão...

— Comuns? — Ele disse divertido — A maioria das pessoas acha que sou assim e me visto assim porque sou criança de circo. Mas... não tem nada a ver. Esse é meu estilo — Sorriu com simpatia.

Caímos em um silêncio confortável, enquanto caminhávamos e eu passei a reconhecer que estávamos indo para minha casa, o que me deixou ansioso.

— No sábado de noite, vai ter essa grande festa para comemorar a união dos dois circos. Você quer vir? — Perguntou ansioso, e era evidente que queria minha presença, porque Harry tinha sempre aquela sinceridade no olhar.

— Ainda não cansou de ter alguém da cidade te enchendo de perguntas?

— É sempre divertido. Você vai conhecer a turma toda, se quiser vir.

— Eu gostaria muito — Concordei, e ele assentiu, enquanto eu me esticava para espiar se havia algum sinal da minha mãe por perto, e suspirei ao ver as luzes do andar de baixo acesas.

— Espera — Pediu,e eu olhei sem entender vendo-o pular, escalando o muro como um gato, cheio de agilidade, sem fazer nenhum barulho.

Ele pulou para dentro, e instantes depois veio para fora, mas trazendo o sobretudo que eu havia jogado para trás de alguns arbustos antes de sair.

— Eu vi você tirando antes de me encontrar, não vai querer que ela desconfie, certo? É melhor cobrir as roupas.

— Minha mãe vai começar a falar coisas que não quero ouvir — Falei apenas, e ele assentiu.

— Eu sei o quanto ela é teimosa — Me estendeu a peça, e eu vesti, pensando que poderia passar correndo pela entrada e talvez ela nem notasse a barra da calça diferente.

— Sábado, que horas? — Perguntei com necessidade de mudar de assunto, por não saber se ele estava pensando em sua infância e o que minha mãe havia feito.

— Vou passar no centro para pegar as encomendas do meu pai, então... quatro? Venho de carro, e vamos juntos.

— Combinado.

— Então... acho que planejei coisa demais pra nosso dia, nem tivemos tempo de nos pegarmos casualmente. É triste, queria aproveitar os beijos para sentir se sua bunda é tão redondinha quanto parece — Contou, e eu o olhei indignado, mas tentando não rir — Você não parece ser do tipo que me deixaria pegar sua bunda no meio da rua então... Podemos deixar para sábado?

— Você é sempre tão direto — Observei, e ele concordou.

— A vida é curta demais para embolação — Explicou casualmente, enquanto contornávamos o muro da minha casa, e eu ergui os olhos para ele, totalmente rendido por seu jeito — A menos que queira me beijar aqui e agora — Ofereceu, arqueando as sobrancelhas, de um jeito sacana.

Eu sabia que ele estava me provocando constantemente para me ver constrangido.

E estava começando a me incomodar ver que ele pensasse que eu iria apenas recuar o tempo todo, ainda mais com o fato de passar o dia com ele ter me feito decidir que não seria má ideia me render.

Ele sorriu para mim, e ficamos por um instante nos olhando, com ar de ansiedade, e provocação na intenção de ver se um iria ceder antes do outro..

Era estranho, porque nunca tinha me ocorrido algo tão sincero, onde estamos totalmente de acordo que vamos ficar, mas sem que isso acontecesse espontaneamente, e eu me perguntei naquele instante se sempre era assim com ele.

Por fim, decidi quebrar aquela tensão entre nós e me inclinei na direção de Harry para plantar um beijo em seus lábios me sentindo desmanchar com o sorriso enorme que ele abriu pelo gesto, mas me deixando indignado ao vê-lo fugir, como um gato cheio de agilidade, jogando o corpo para trás.

Havia aquele olhar de desafio brilhando nos orbes verdes, e ele se aproximou de volta, pousando um beijo na lateral do meu rosto, e se colocou na ponta dos pés, deslizando a boca para cima.

 Eu apenas fiquei ali congelado, sentindo ele prender a ponta dos dentes no lóbulo da minha orelha, soltando um risinho que fez sua respiração quente bater contra a região que me era muito sensível.

— Te deixo me beijar todinho no sábado, mi pásion — Sussurrou baixinho, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar, conforme eu ergui os olhos para ele.

Ele estava mesmo prolongando aquilo, como eu desconfiava, apenas para me deixar mais ansioso.

E por mais que eu estivesse louco para beijar ele, para tê-lo em minhas mãos... Eu confessava que era gostoso adiar aquilo apenas para continuar sentindo aquele prazer e ansiedade.

— Sabe... — Murmurou, esticando o pescoço para me olhar, sem criar distancia entre nós — Eu vou ficar um bom tempo na cidade, então... podemos continuar nos vendo?

Sorri, surpreso pela pergunta, sentindo aquela tensão gostosa entre nós.

— Não foi você que reforçou que é temporário, e não devemos ir muito além?

— Eu disse que ter sentimentos por mim não era uma boa. Mas não significa que eu não goste de você. Então... podemos sair juntos? Aproveitar cada minuto do que temos?

A pergunta me fez o achar tão adorável, me encarando com os olhos verdes animados e ansiosos, que eu apenas pude assentir.

— Eu não vou a lugar algum, podemos aproveitar — Concordei, vendo ele assentir.

— Podemos conversar por mensagem? — Perguntou, e eu assenti.

— Claro, quer anotar meu número?

— Eu já tenho — Disse com ar exibicionista, piscando os olhos bonitos para mim.

— Onde conseguiu meu número?

— Um mágico nunca revela seus segredos — Piscou de lado, se afastando um passo, e eu apenas ri, sem vontade de insistir, e segui para o portão, vendo ele acenar de leve, e sair caminhando distraído pela calçada.

Entrei dentro de casa, subindo de uma vez correndo para meu quarto, feliz por não ter visto minha mãe pelos corredores, e finalmente fechei a porta atrás de mim, encostando contra ela.

Automaticamente, com um sorriso idiota, coloquei as mãos nos bolsos do sobretudo, surpreso ao sentir algo.

Ao tirar, apenas ri ao olhar para aquela rosa vermelha que eu não tinha visto ele colocar ali, negando com a cabeça.

Harry Potter era a pior e a melhor escolha que eu já tinha feito.

E eu ainda não fazia ideia disso.


Notas Finais


OK, MUITA INFORMAÇÃO NA ATT DE HOJE!
1 - Sigam o Marauders Circus no twitter! Vou ir postando algumas fotos por lá para ajudar vocês a visualizarem melhor, e para nos divertirmos mais!
2 - Qual Weasley fav de vocês e porque é a Ginny? Ela é a cafajeste ruiva do circo, então tenho certeza que muitos devem estar apaixonados por ela nesse momento rs
3 - Sim, caiu na rede do Harry é peixe. Ele passou o rodo nos Weasleys.
4 - Ron é mais velho, já tem toda a família formada. É super responsável, foto e protetor. Deem muito amor a ele!
5 - ESTÃO GOSTANDO DA HISTÓRIA?
6 - Aos que irão fazer Enem hoje, desejo que consigam manter a calma, respirar fundo e fazer a prova da melhor maneira possível. Sei que é um momento muito estressante para vocês, e desejo toda a sorte e sabedoria do mundo ok?
Nos vemos na próxima!


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