História A doença de hanahaki. - A décima primeira pétala.

Jimin chora.

Chora por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdeu de si, pelo ontem, pelo hoje e talvez, pelo amanhã. Pelo muito que amou e não o amaram, pelo que tentou ser correto e não foram consigo. Teu coração sangra com uma dor que não consegue comunicar a ninguém, recusa todos os toques e ignora todas tentativas de aproximação. Tem vergonha de gritar que esta dor é só sua, de pedir que o deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.

Taehyung manda uma mensagem para Jimin com o endereço do local e assim vai, em passos firmes, tomando coragem o suficiente para fazer a melhor de suas caras e apenas aproveitar a festa.

Jimin não quer o preocupar mais, encher sua cabeça de frases autodepreciativas que era para ser o momento mais belo de suas vidas; a juventude.

Ansiava por sua independência, por conseguir ir a lugares que seus pais nunca o levariam. Sair por sua primeira vez sozinho, ter seu primeiro porre’, seu primeiro beijo...

São poucas coisas que fez, mas se sente feliz por isso.

Agora, Jimin finalmente entende.

Não irá mais chorar, irá aguentar e apenas tentar sorrir mais vezes. O drama que fez foi o suficiente. Se Jungkook não o ama de tal forma, para quê se queixar? Vá por aproveitar mais, sair mais e se divertir mais.

Ainda pretende ir a Seul em uma viagem breve e conhecer lugares novos, sorrisos e histórias novas. Quer sair com Taehyung e Yoongi;

Este que foi algo mágico que apareceu em sua vida, lhe deu as respostas para algo que nasce dentro de si e tentou o ajudar da melhor maneira possível. Deu os melhores conselhos que até faz alguns dos psicólogos de Busan se tornarem módicos em comparação às palavras reconfortantes deste.

Mas para agradecer, ele só lhe deu duas semanas.

Duas semanas para decidir o quê irá fazer com sua vida.

[...]

Recebe uma nova mensagem de Taehyung assim que para na entrada do apartamento.

“Taetae: é o terceiro andar, apartamento doze.”

“Jimin: Mas eles vão me deixar entrar? Aqui tem seguranças.”

“Taetae: Eu já avisei que um garoto baixinho chegaria”.

“Jimin: Vá se foder”.

“Taetae: Também te amo”.

E assim desligou a tela do celular, passando pelos seguranças e apertando o botão do elevador, esperando a porta se abrir.

— Jimin!

Aquela voz...

Olhou para trás para checar se não era algo de sua cabeça, e assim confirmou; Jungkook estava ali.

Jungkook parou seus passos bruscamente ainda a alguns metros de Jimin. Seus cabelos com alguns fios soltos lhe perturbando a vista; Jimin adorava quando o cabelo de Jeon estava assim.

Vestindo quase o mesmo que o mais baixo; um moletom preto e uma calça, só que essa era um jeans escuro e bem apertado.

— O que... O que você tá fazendo aqui? E a sua namorada? – Pergunta nervoso, mas não irritado.

— As suas amigas chamaram-na para ir ao shopping, ela foi. – solta um risada.

— E eu vim correndo até aqui, pedi o endereço a Taehyung, por pouco ele não me passa. – se aproxima de Jimin.

—Por que ele passou, então?

— Digamos que eu o subornei com... Sorvete. – sussurra nos ouvidos de Jimin, o fazendo estremecer.

A porta do elevador se abre e Jimin nada responde, apenas entra seguido por Jungkook.

Aperta o botão do andar e assim a porta se fecha; mantendo os dois sozinhos naquele cubo.

Jimin não é claustrofóbico*, mas estar em um silêncio constrangedor perto da pessoa que queria beijar intensamente igual aos filmes de comédia romântica, que o casal sempre se beijava no elevador e alguém acaba vendo; era frustrante.

Jungkook pigarreia como se fosse iniciar uma conversa.

— Bem...

— Por que saiu chorando de lá? – pergunta descaradamente. Outro ponto: Jungkook às vezes fazia perguntas constrangedoras, como se aquilo fosse algo simples.

Jimin engoliu seco e orava para que a porta abrisse naquele momento, mas falho.

— O perfume da sua namorada estava me sufocando, eu apenas lacrimejei.

— Ah, é... Minha namorada. – suspira.

A porta finalmente se abre e assim Jimin sai, suspirando aliviado por ter chegado logo.

— Jiminnie. – o mais novo o chamou.

— Uh?

— Se um dia ficar triste por algo ou alguém, promete me contar, certo?

— Claro, Kook. – responde com um sorriso fraco e abraça o mais novo de lado.

Jimin acabara de falar uma mentira absurda.

[...]

Taehyung cola com fita adesiva alguns balões brancos na parede enquanto Jimin e Jungkook ajeitam os doces na mesa.

— Acho que os balões deveriam ser de cor rosa. – Exclama Jin enquanto prepara a carne que Yoongi mais gosta.

— É o aniversário do Yoongi, não seu, princesa. – Namjoon solta uma risada e leva um tapa soltando um resmungo.

— Branco é a cor preferida de Yoongi.  – Taehyung exclama.

Jimin e Jungkook se mantem quietos, apenas soltam risadas pelos tapas que Jin dá a Namjoon.

Escutam o barulho do interfone e Taehyung corre para atender.

— Ah, sim. Obrigado.

Desliga o interfone e grita.

— Ele tá chegando, ajeitem logo as coisas! Jimin apague a luz! Hoseok, me ajuda aqui a ajeitar o bolo!

— Tá, tá. Calma!– Hoseok corre e ajuda Taehyung.

Depois de tudo ser preparado em menos de um minuto, Jimin apaga as luzes e se esconde atrás do sofá junto a Jungkook.

A luz da janela tampada pela cortina; iluminava levemente o rosto de Jimin, este que Jungkook encarava.

Jimin dá um sorriso para o mais novo, que devolve.

Todos ouvem a porta sendo destrancada e Taehyung faz um chiado pedindo silêncio.  

Yoongi abre a porta e suspira cansado do dia cansativo que tivera em sua faculdade, acendendo a luz e vendo aquele banquete em sua mesa.

— Que caralho...

— Parabéns pra’ você, nessa data querida... Muitas felicidades, muitos livros na sua vida!

Todos saem de seus ‘esconderijos’ gritando e batendo palmas de forma escandalosa.

Yoongi sorri para todos os rostos até que chega ao de Jimin; esse que dá um sorriso aberto sendo retribuído pelo platinado.

Jungkook observa a troca de olhares de ambos sem dizer nada, mas irritado.

— Feliz aniversário, priminho que eu amo tanto. – imita uma voz feminina e o abraça, este que o olha com repulsa.

— Eu comprei uma edição especial do livro que você tanto ama; “a doença de hanahaki”. – dá o presente embrulhado em uma embalagem com vários balões coloridos estampados.

— Em breve abrirei. Obrigado, primo. – agradece e dá um sorriso simples.

Hoseok se aproxima de Yoongi singelo e sorri de lado.

— Eu sei que começamos com o pé errado, mas... Feliz aniversário. –estende a mão e o outro a aperta com um sorriso simples no rosto.

Após Jin e Namjoon se apresentarem de forma calorosa, Jungkook se aproxima.

— É... Feliz aniversário. – coça detrás de sua cabeça.

— Obrigado. – devolve com um sorriso forçado.

[...]

Não se sabe exatamente quantas horas se passaram, mas foram muitas. Todos, exceto Jimin e Yoongi; beberam e comeram feito porcos. Yoongi senta ao lado de Jimin e pigarreia pronto para começar um diálogo.

— Obrigado por hoje.

— Eu que agradeço. Tudo isso me tirou de um pesadelo. – bufa.

— Aconteceu alguma coisa? – pergunta preocupado.

— Nada demais, só tive o prazer de conhecer a namorada de Jungkook. – encosta sua cabeça no ombro de Yoongi, já com a vista pesada devido o sono.

— Ah... Ao menos ela foi gentil com você?

— Foi sim, ela tem até um nome engraçado.  Qual é o nome mesmo? Ah... Gong Min Jiiiiii – arrasta o nome rindo.

— Gong Min Ji? A baixinha Gong Min Ji? Ela tem algum apelido? – pergunta desenfreadamente.

— Sim, ela é baixa. O apelido dela é Minzy, eu acho. Por que?

—Ela é... Ela é Irmã de Yerin.

[...]

Após cochilos e conversas sem sentido, um ou outro se despede e se deixa por ir, até que por fim, só sobram Jungkook, Jimin e Yoongi.

— Fico grato por nos receber em sua casa. – Jungkook fala formalmente.

— Você também me recebeu na sua. – sorri fraco.

— Você sempre é bem vindo lá em casa, Yoongi. – Jimin responde.

— Obrigado.

— Bem, vou indo. Mandares-te algumas mensagens. E parabéns de novo.

Assim Jimin e Jungkook se despedem e deixam o apartamento.

X

E quando Jimin fecha os olhos, o rosto de Jungkook ilumina a escuridão, e quando cai à noite fria, se aquece no sorriso que guarda no coração, se o que viveu foi em vão, porque acredita que existe amor, se existe amor Jimin não sabe, mas tem certeza que amou Jungkook.

— Está muito frio. – Jungkook começa. Ambos andavam em direção a sua casa; que parecia um pouco distante.

O céu estava nublado, mas ainda havia uma linda lua a iluminar os dois; uma lua minguante.

Jimin ama o sol, mas não desfruta somente deste, aprecia também a lua. Não desfruta somente a calmaria, aproveita também a tempestade. Tudo isso enriquece a sua existência. A vida não acontece somente dentro de uma casa, de uma cidade, de um país: ela tem de ser experimentada dentro do universo.

— Sim, estou congelando. – Jimin solta uma risada baixa e se abraça em uma tentativa falha de se esquentar. Jungkook puxa o braço do outro e arrasta a palma de sua mão até deste, entrelaçando-as. O mais velho o encara assustado, tentando descobrir porquê fizeste isto.

— Que foi? Minha mão está congelando. – ri.

Jimin solta uma risada e nada responde.

Ergue a cabeça e olha o céu escuro, até que sente um floco de neve cair na ponta de seu nariz.

Jimin sorri enquanto anda de mãos dadas com Jungkook. O vento forte bate contra seus corpos, os fazendo andar apressados para se esquentarem.

Alguns pequenos flocos de neve caem sobre si, grudando em seus cabelos desalinhados.

O inverno finalmente chegou.