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História A domadora do meu coração - Uma luz no final do túnel


Escrita por: gisely2000

Capítulo 27 - Uma luz no final do túnel


Fanfic / Fanfiction A domadora do meu coração - Uma luz no final do túnel

POV REGINA

NOITE ANTERIOR 

O clima dentro daquele carro era o pior possível. Um silêncio ensurdecedor. Zelena segurava minha mão gelada numa tentativa tola de me acalmar. Quando chegamos, minha mãe saiu do carro e bateu a porta com força. Ao entrarmos todos os casa, ela guardou sua bolsa e virou-se para nós.

- Estou esperando os dois no escritório. Falou a mim e ao meu pai. Deu as costas e saiu.

- Tenha calma, minha filha. Nós vamos resolver da melhor forma possível. Disse Henry antes de ir atrás dela.

- Boa sorte, é só o que posso te desejar. Zelena me deu um beijo no rosto. Segui para o escritório como se estivesse indo para o matadouro. Meu coração batia tão forte que poderia até sair pela boca. Fechei a porta atrás de mim já esperando uma enxurrada de acusações, mas tudo o que tive foi mais silêncio e aquele olhar de decepção de Cora.

- Mãe, pai, eu preciso que acreditem quando digo que nada disso foi premeditado. Eu sei que deveríamos ter sido mais cuidadosas, mas…

- Mas não foram, Regina e o resultado é esse tormento crescendo dentro de você. Disse minha mãe.

- Cora, não fale dessa forma. Meu pai falou firme, mas o olhar intimidador da minha mãe o fez se calar de imediato.

- Por que fez isso comigo, Regina? Por que destruir tudo o que construímos ao longo desses anos e desgraçar sua vida com uma gravidez tão precoce? Você tem alguma ideia do que é ter um filho, garota?

- Em primeiro lugar, mãe, eu não vou admitir que a senhora me trate como uma qualquer. Minha gravidez não muda todos os anos de dedicação que tive aos SEUS anseios. E eu não fiz nada com a senhora. Estou tão assustada quanto você.

- Assustada?!?! Riu com deboche. - Estou perplexa com tamanha irresponsabilidade. Não só comigo, mas com tudo o que projetamos. O dinheiro, Regina, você sabia muito bem o quanto precisávamos dele para saldar as dívidas que adquirimos por você.

- Adquiriram porque são inconsequentes.

- Não seja ingrata. Nós investimos alto para que você nos trouxesse resultados nos campeonatos.

- E eu trouxe de todos os que participei, mas nunca foi suficiente para senhora. Ela deu dois passos à frente e ficou cara a cara comigo.  

- Você vai montar aquele cavalo e vai competir nem que para isso eu tenha que te obrigar. Disse em tom de ameaça.

- Cora Mills Andreatta, eu não vou deixar você falar assim com a nossa única filha. Meu pai interveio com mais seriedade. - Se ela não puder montar ninguém aqui irá obrigá-la.

- Se não tivermos mais uma criança não haverá empecilho. Você deve estar com o quê? Um mês? Tempo perfeito para pararmos isso antes que seja tarde demais. Arregalei os olhos sem acreditar no que acabara de ouvir.

- Mulher, está louca? Isso já está indo longe demais. É monstruoso o que acabou de dizer. Cora fez cara de paisagem e ergueu as mãos.

- Foi só uma sugestão. Regina não seria a primeira e bem menos a última que faria isso.

- Mãe, a senhora está extrapolando todos os limites. Não vou abortar o meu filho.

- Regina, uma criança na sua idade seria…

- PARE AGORA MESMO, MÃE! JÁ CHEGA! Gritei em alto e bom tom. - Sua insanidade não vai mais dominar minhas atitudes. Eu terei esse filho queira a senhora ou não e nunca mais conte comigo para nada que diz respeito ao hipismo. Ela riu com ironia.

- E você pensou que poderia ser diferente? Por mais idiota que seja sua namorada, ela tem razão, você está impossibilitada de competir e essa é a maior desgraça de todas.

- Não fale da Emma como se a conhecesse.

- Ah, mas isso vocês garantiram para que não acontecesse… Mais uma maluquice das duas. Onde já se viu namorar escondido?!?!

- Não tínhamos obrigação nenhuma de expor nosso relacionamento na hora em que a senhora quisesse. A gente planejou assim.

- E foi um ótimo planejamento. Deu tão certo igual a essa gravidez. Disse com desdenho. - Eu não tenho mais nada a dizer e nem quero ouvir mais nada também. Espero que seja mulher suficiente para lhe dar com isso sozinha, Regina, porque comigo você não vai contar.

- Mãe, se toca, a única coisa que senhora só visa em mim é um medalha no meu peito. Nem quando fiquei super mal por Daniel me trair com quase metade da cidade a senhora olhou pra mim como uma filha que estava sofrendo. Não, a senhora dizia que a melhor forma de superar uma decepção amorosa é se enfiar no trabalho. Quantas vezes chorei sozinha em meu quarto.

- Você poderia ter me pedido ajuda. Não tenho como adivinhar as coisas, Regina.

- Não precisava adivinhar, mas ter um pouco de sensibilidade não faria mal algum.

- Você era jovem e logo esqueceria deste rapaz. A propósito, foi por meu incentivo que você o superou, caso contrário ficaria enfurnada na cama choramingando pelos cantos.

- A senhora não tem coração, mãe. A cada palavra que prefere eu me decepciono mais.

- Então está experimentando a mesma sensação que eu estou sentindo. Pelo menos, ao contrário de Daniel que não tem onde cair morto, resolveu garantir o seu futuro com uma pessoa que tem poder.

- Está me chamando de interesseira agora?

- Não, Regina. Nisso você foi inteligente.

- Cora, já chega, você está sendo inescrupulosa e inconsequente. 

- E você é um banana, Henry. Fica aí com essa banca de papai bonzinho, mas sabe muito bem que estamos falidos e precisávamos do dinheiro do prêmio para saldar nossas dívidas.

- Temos preocupações maiores do que pensar em dívidas. Nós seremos avós e isso não pode ser motivo de desordem nesta casa.

- Olha, eu não aguento isso. Caminhou em direção a porta. - Saiba, Regina, que, se não montar aquele bendito cavalo, não vai ter uma herança para contar no futuro. Abriu a porta. - E, como eu disse, não conte comigo para mais nada. Saiu, batendo a porta com força. Sentei no sofá e só conseguia chorar.

- Filha, escute seu pai, dê um tempo pra sua mãe digerir tudo isso, por favor…

- Mas, pai, ela só fez me destruir até agora.

- Ela ficou muito abalada, meu amor, mas a ficha dela vai cair.

- A Emma me chamou pra morar com ela. Ele olhou surpreso.

- Olha filha, entendo que a senhorita Swan quer cuidar de você e, como seu pai, eu fico muito aliviado em saber disso, mas somos seus pais e é nosso dever cuidar de você. Além disso, o namoro de vocês está tão recente e qual garantia terei para entregar minha única filha assim?

- O senhor é um fofo, sabia? Sorri fraco e ele me abraçou. - Como será nossa convivência dentro desta casa, pai?

- De início não será fácil, mas eu te prometo que sua mãe e eu vamos conversar novamente e te garanto que, desta vez, vou mostrá-la que ela não se casou com um banana.

- Desculpe o senhor ter que ouvir isso dela.

- A culpa não é sua. Sou eu quem deu muita corda para sua mãe e agora ela tenta me enforcar, mas posso te garantir que isso não vai acontecer. Beijou minha testa. - Agora vá para o seu quarto e tente dormir um pouco.

- Eu preciso falar com a Emma primeiro.

- Deixa isso pra amanhã, meu amor. Já está tarde e você também precisa colocar sua cabeça no lugar antes de tomar qualquer atitude.

- Sobre o que está falando?

- Regina, por Deus, não passou pela sua cabeça tirar essa criança, não é? 

- Claro que não, pai. Emma e eu teremos nosso filho, sim. Henry respirou aliviado.

- Graças aos céus. Agora quanto a montar, eu te conheço e sei que, independente da sua mãe, sempre foi seu desejo ganhar esse campeonato, tem certeza de que não vai montar?

- Eu não sei, pai. Emma é totalmente contra e não posso ignorar sua opinião sobre isso.

- Conversem amanhã e tentem ser razoáveis com as opiniões das duas. Agora eu vou subir antes que a sua mãe volte aqui achando que estamos confabulando contra ela. Ele saiu e encontrei Zelena me esperando na porta do meu quarto.

- Pelo menos está viva. Brincou, mas eu não ri. - E aí, como foi?

- Horrível. Ela me odeia e odeia essa criança. Chorei e ela me abraçou.

- Tenha calma, prima, ela vai cair em si e ver o quanto está errada.

- Eu preciso fazer algum contato com a Emma, ela deve estar em aflição.

- Tomei a liberdade pegar o número no seu celular e ligar pra ela. Omiti as atrocidades que sua mãe falou e pedi pra ela dar um tempo hoje. 

- Obrigada. Realmente não estou com cabeça para mais conversas. Ela estendeu uma xícara na minha direção.

- Fiz um chá de ervas calmantes pra você conseguir dormir. Amanhã vocês se falam. Boa noite e qualquer coisa me chama. Deixou um beijo na minha testa e se foi. O chá, por sorte, fez efeito e apaguei geral. Acordei com Zelena batendo na porta. - Bom dia, prima. Eu tive uma ótima ideia.

- E que ideia é essa que não poderia me esperar acordar, Zelena?

- Vamos até um obstetra e lá nos informamos se você pode ou não montar. Esfreguei os olhos ainda tentando absorver a informação. - Olha, eu conheço uma ótima que pode te atender hoje mesmo. Já até marquei.

- Será que isso vai dar certo, Zelena? A última coisa de que preciso é dar esperanças falsas pra minha mãe.

- Não vamos falar nada, por enquanto. A gente vai na consulta e, dependendo do que ela disser, a gente conta.

- Eu tenho que avisar a Emma disso.

- Aqui está o endereço e o horário. Peça que ela nos encontre lá mesmo.

- Você vai comigo?

- É claro que sim. Estou mais envolvida do que tudo com o meu futuro afilhado. No horário combinado chegamos até o consultório e logo no estacionamento já vi a picape de Emma parada. Assim que entramos ela veio até nós, me tomou em seus braços e beijou meus lábios como se não houvesse mais ninguém além de nós.

- Eu estava morrendo de saudades e preocupação. Disse baixo quando paramos o beijo.

- Me perdoa por não ter ligado ontem, mas foi uma conversa muito desgastante.

- Eu posso imaginar. Zelena me ligou e explicou tudo. Abracei seu corpo com toda a minha força porque só ali eu conseguia me sentir protegida.

- Eu vou avisar que chegamos para a secretária. Zelena se encaminhou até a recepção enquanto Emma e eu nos acomodamos num canto mais afastado.

- Amor, eu sei que você já se posicionou quanto a isso, mas eu também quero deixar claro o meu desejo. Comecei a falar, mas meu nome foi chamado para entrar no consultório.

- Depois a gente termina o assunto. Ela disse antes de entrarmos.

- Boa tarde, senhoritas. Sou a Dra. Wanessa Helt e em que posso ajudar vocês?

- Elas estão grávidas, doutora. Disse Zelena e a médica olhou com surpresa.

- Tecnicamente, doutora, quem está grávida é a minha namorada. Emma falou e a médica continuou confusa. - Eu sou intersex e não, a gente não se preveniu como devia. Enfim ela pareceu compreender o que estava acontecendo.

- E essas carinhas de preocupação são porque terão um filho não planejado? Disse divertida. - Um conselho. Quando se tem amor, à vida se encarrega de colocar tudo nos eixos.

- A mãe dela não aceita de jeito nenhum. Emma falou com tom de tristeza.

- Algumas vezes isso acontece também, mas, com o tempo, a aceitação chega.

- A coisa é mais séria doutora. Zelena voltou a se intrometer. - Regina iria competir no campeonato nacional de hipismo, mas neste estado a gente imagina que não será mais possível. É por isso que a mãe dela está uma fera. A médica parou e olhou para mim.

- Por que está tão calada, minha querida? Comecei a chorar.

- Porque estou desesperada. Minha mãe agora me odeia, odeia minha namorada, odeia meu filho, odeia meu pai…

- Jesus, é muito ódio acumulado. Por que tudo isso?

- Eu não posso negar, mas ela depositou todas as fichas na minha vitória neste campeonato e agora…

- E agora, o quê?

- Eu a decepcionei e, por mais que eu negue, isso está me matando também porque eu dediquei anos da vida para estar lá e competir pela minha família. E agora isso tudo acabou. A médica olhava compadecida com meu desabafo.

- Primeira coisa, estão esperando um filho e isso não pode ser motivo de tristeza. Problemas de família todo mundo tem, mas volto a dizer, com amor se resolve tudo. Segunda coisa, mesmo sendo uma amazona experiente e estar às vésperas de uma competição desse porte, é natural você estar se perguntando se será capaz de montar o seu cavalo durante a gravidez. Coincidência ou não, eu já atendi uma gestante que dizia não saber andar direito se não cavalgasse também e ficou histérica com a possibilidade de ficar sem o seu hobby.

- E o que ela fez? Perguntei.

- A maioria dos médicos e até mesmo amazonas experientes recomendam que não se deve montar nesse período; o fato é que a equitação simplesmente não é segura o suficiente, ou mesmo confortável  para você e o seu bebê durante a gestação. Um dos principais problemas para quem monta a cavalo grávida é a possibilidade de um acidente. Mesmo que você tenha montado toda a sua vida e conheça o seu cavalo como a palma da sua mão, um acidente ainda é possível. O cavalo pode se assustar, você pode acidentalmente cair ou o cavalo pode até mesmo tropeçar. Se qualquer um desses cenários ocorrer, a sua saúde e a do seu bebê podem estar em sério risco. Outro problema para quem monta um cavalo durante a gravidez é que simplesmente não é confortável. Amazonas experientes que tentam montar durante a gravidez muitas vezes relatam sentir desconforto, falta de equilíbrio e náuseas. Há muita coisa acontecendo com o seu corpo neste momento para lidar confortavelmente com os rigores da equitação.

- Então está decretado. Estou fora das competições. Concluí.

- Eu não disse isso, Regina. Eu coloquei as cartas na mesa, mas estamos falando de gestações a partir do segundo trimestre e, pelo que vejo, você ainda está no primeiro. Na hora meu sorriso se abriu. - Mas, calma lá, mamãe… Minhas explanações continuam as mesmas. Se você cair poderemos ter sérios problemas.

- O que podemos fazer então, doutora Wanessa? Perguntou Emma.

- Eu vou pedir uma ultrassonografia para saber com exatidão o seu período gestacional, além de exames de sangue para dosar suas vitaminas. Depois disso voltamos a falar sobre a possibilidade de você montar. Meu choro agora era de felicidade. - Até tudo estar nas minhas mãos só te peço que não monte. Olhei para Emma e ela parecia feliz também. A médica prescreveu tudo e saímos do consultório.

- Era sobre isso que eu estava começando a falar com você. Eu queria muito poder competir, mas, também, não queria entrar em contradição com você, Emma. Falei.

- Eu não iria mais me opor ao seu desejo, meu amor. Ela disse. - Se a médica diz que há uma possibilidade disso acontecer sem colocar você e nosso filho em perigo, pode apostar que estarei lá para te aplaudir de pé. Abracei seu pescoço e ela me abraçou de volta. - Só me promete que vai seguir exatamente o que ela te orientar.

- Eu prometo. Zelena foi pra casa no carro dela enquanto Emma e eu seguimos para sua casa de campo. No caminho fiquei pensando em quantas reviravoltas tinham acontecido. - Amor, quero te pedir uma coisa.

- Estou ouvindo, minha linda.

- Se eu puder montar, não quero que minha mãe saiba de nada. Iremos ao campeonato e ela só saberá quando tudo estiver terminado. Emma parou o carro e me encarou com entender.

- Como assim, Regina? Saber que você pode competir seria a bandeira de paz entre vocês duas.

- Exatamente por isso não quero que ela saiba. Minha mãe vai aprender a amar essa criança de alguma forma que não seja por causa desse bendito campeonato.

- Está me deixando confusa…

- Só faça o que estou te pedindo e vamos avisar a todos do meu desejo.

- Que assim seja, meu amor.


Notas Finais


E aí gente, Regina está pensando direito em omitir a possibilidade de montar para mãe?
E será que elas vão morar juntas?
Comentem.
Beijos...


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