História A Era dos Tronos - A Brasa Ascendente

Tyrion encara o mar apreensivo, imaginando uma série de coisas que se desenrolaram até ali, o momento onde retornava à Brasa Ascendente outra vez na companhia de Daenerys Targaryen. Imaginar que ter aquela situação resolvida o livraria da decapitação o deixava muito empolgado. Ele passa uma mão no pescoço enquanto imagina sua cabeça pendurada em uma estaca, o que o lembra ser um fato irônico já que sua cabeça é a parte que melhor seria vista em caso de exposição. Nesse momento ele percebe que a rainha dragão está ao seu lado, observando o horizonte compassiva antes de colocar sua mão sobre a proa.
— Quem poderia dizer que estaríamos novamente em tal posição? - Indaga Daenerys se voltando para o anão com uma expressão de quem implora por algo.
— Eu compreendo. Ficar em sua presença não é fácil, mas pretendo chegar vivo ao final disto - O pequeno Lannister abaixa a cabeça ao perceber o que tinha falado, mas a Targaryen simplesmente sorri em resposta antes de deixá-lo sozinho, o que aos poucos leva Tyrion a pensar em como estariam os irmãos sulistas. Em breve, Daenerys e suas tropas terão invadido e dominado tantos condados em Westeros que não restará nada aos Lannisters senão lutar até a morte. Aquilo parecia uma medida tomada por Cercei, que a deixaria com uma ficha pior ainda para o nome da família Lannister.

O Doutor e Rose observam os mares, com o senhor do tempo impressionado com tamanha beleza daquela água e o belo por do sol que a segue.
— É tão belo, pena que seja uma das poucas coisas certas - Comentou o Doutor sem encarar a parceira.
— Como assim, Doutor? - Questiona Tyler sem compreender nada do que o sujeito falava.
— Eu também não entendo direito - Declarou o Doutor rindo de si mesmo.
— Já chega, Doutor. Explique de uma vez o que está acontecendo - Pede a jovem cansada de tantos debates.
— Eu também quero saber - Afirmou Arya colocando sua espada à frente do pescoço do senhor do tempo, que ri de nervosismo.
— Não adianta muita coisa ameaça-lo com uma espada - Avisa Rose inconformada com o fato do Doutor continuar achando graça na situação.
— Na verdade adianta.
— Que papo é esse, Doutor? - Indagou a loira fitando o senhor do tempo extremamente confusa.
— Essa é minha última regeneração, minha cara Tyler. Se esse corpo for atingido, é adeus pra mim - Ao ouvir essas palavras, Rose segura a emoção enquanto uma lágrima se prende em suas pupilas.
— Como assim, regeneração? - Questionou a Stark incrédula - Você é como aqueles seguidores do senhor da luz?
— Não. Eu sou um senhor do tempo, já que perguntou.
— O que vem a ser um senhor do tempo?
— Somos seres que vagam através do tempo e espaço continuamente para evitar ameaças que aflijam a existência.
— Como essa guerra - Afirma Arya convicta antes de devolver a espada à bainha.
— Essa guerra está longe de ter proximidade com eventos cataclísmicos espaço-temporais - Afirma o Doutor cheio de si, pegando sua chave sônica para mirá-la no ar - Esperem um pouco - Ele deixa as duas a sós enquanto segue em direção à Daenerys e Tyrion, que volta e meia trocavam olhares e frases aleatórias em meio à maré - Com sua licença, minha rainha e meu caro sábio, em qual direção se localiza a Brasa Ascendente?
— A nordeste daqui - Indicou Tyrion com a mão apontada na direção correta.
— Ah certo, perfeito - O senhor do tempo aponta sua chave de fenda sônica, que emite sons estranhos mais altos a cada instante, o que o deixa ansioso - Isso é fascinante - Afirma o homem admirado com a própria descoberta quando Arya, Clara e Rose se aproximam para entender a euforia do Doutor.
— Doutor, o que aconteceu? - Questionou a jovem arrumadeira e atual dama de companhia da rainha dragão.
— Simples, minha cara Oswin. Acontece que há uma quantidade espantosa de energia vindo daquela direção. Estou falando de matéria em constante expansão e simultânea contração, como um - Rose atropela o Doutor.
— Como um vórtice temporal?
— Exatamente. Uma bolha de espaço-tempo entregue a este mundo, algo pelo qual vida pode se dirigir através de meios físicos menos habituais, quase uma manifestação do que vocês chamam de alma. Todas as memórias, sentimentos e emoções da pessoa se transferem de um lugar para o outro.
— Doutor - Chama Rose impressionada com a revelação - Você quer mesmo dizer isso?
— Sim - O Doutor olha para Iarcleryn, que voa animado pelos céus, mantendo o ar quente apenas devido a sua presença - Clara, há quanto tempo percebe os comportamentos e mudanças de comportamento de sua rainha?
— Desde que a conheci.
— Então em alguns momentos ela parece uma pessoa e em outros parece outra, é isso? - Indagou o Doutor cheio de ansiedade gesticulando de Oswin para Daenerys.
— Sabe o que está acontecendo, Doutor? - Pergunta a Targaryen sentindo-se confortável com a possibilidade.
— Tenho uma ideia do que possa afligir minha rainha.
— Quantas rainhas você serve, Doutor? - O senhor do tempo corre até o timão para conversar com o navegante.
— Espero que tenha em mente que a pressa em alcançar nosso destino vai mudar essa guerra e as vidas de muitas pessoas por todos os cantos - Explica o Doutor tomado por sua determinação.
— Sim, senhor.
— Então mais depressa, meu amigo - Tomado pela euforia do senhor do tempo, capitão grita para seus marinheiros para preparar o navio para ir a todo pano em direção à Brasa Ascendente - Em resposta à sua pergunta, majestade - Começa o Doutor gritando de onde estava - Quantas eu puder para evitar uma guerra - Logo o navio se direciona mais rápido do que nunca rumo ao seu destino enquanto sua tripulação segue entusiasmada o estrangeiro que todos conhecem apenas por Doutor.

Cercei está caminhando na companhia de Sir Gregor quando o Mestre se aproxima dela animado.
— Veja só o que temos aqui se não é o mestre - Debocha a rainha sem muita paciência - Me diga senhor, o que está fazendo para me ajudar a vencer esta guerra que o Doutor não tenha feito? Por que até agora, os dois só me fizeram ficar esperando e se tem algo que não suporto é aguardar algo, ainda mais quando é uma questão de sobrevivência.
— Entendo sua postura, majestade, por isso vim lhe trazer boas notícias. Se puder chamar o guarda do rei, essa seria uma excelente hora para uma breve reunião - Jaime se encontra com o Mestre e Cercei na sala de reuniões do Pequeno Conselho, não utilizada há muitos meses. Os três se encaram e se cumprimentam com um certo isolamente interno antes do Mestre esticar à mesa um mapa de Westeros.
— Pra que isso, Mestre? - Pergunta Jaime impaciente.
— Isso? Nada demais. Pretendo mostrar as vantagens que tem sobre seus inimigos - Cercei permanece em silêncio - Seus soldados estão prontos para seguir para o norte, aqueles de Castlerey Rock. Mande-os para as Ilhas de Ferro enquanto as tropas guardam King's Landing.
— Por que deixar a maioria dos soldados em King's Landing? - Indagou Jaime Lannister indignado - Precisamos de segurança, mas isso é tolice. Precisamos de aliados mais do que nunca e você propõe essa insanidade?
— Confie em mim, guarda do rei. Tenho alguns aliados para nossas batalhas e, acredite, quando eles chegarem, tudo vai mudar - Jaime olha para Cercei em tom de aviso antes de dar um passo vacilante para trás.
— Mais alguma coisa, majestade?
— Você ficará aqui.
— Como? As tropas partirão e espera que eu fique aqui?
— Sim, para manter minha vigília e ajudar a controlar esse reino.
— Se quer mesmo fazer isso, vai precisar aparecer para as pessoas - Afirma o Mestre sem tirar os olhos do mapa - E não estou falando de passeio matinal ou volta pelo campo, estou falando de encarar o povo.
— Mestre, faça seu trabalho e me ajude a vencer esta guerra que eu cuido do meu povo.
— Acontece, majestade, que a verdadeira guerra não envolve armas, espadas, lanças ou poder, riquezas e terras. A verdadeira guerra começa aqui - Ele aponta para a própria cabeça - Aqui está a verdadeira guerra.

Rose olha fixamente para o horizonte, quando enfim consegue avistar a Brasa Ascendente. Depois de dois dias de viagem, alcançar tais terras no meio de uma tarde como aquela era divino, um presente do desconhecido. Ela suspira aliviada, afinal o terceiro Doutor que conhecera estava perto de resolver tudo, então a escuridão finalmente deixaria todas as realidades que restavam. A única coisa que afligia a jovem era a relação entre tudo aquilo com os acontecimentos devastadores de sua vida. Ela olha para o Doutor, sentado cheio de animação enquanto conversa com Oswin, relembrando as aventuras que tiveram juntos antes de tudo acontecer. Rose se aproxima meio retraída do casal enquanto o navio se aproxima das temidas cavernas.
— Então Clara, como foi que veio parar aqui?
— Não sei. Acho que estou aqui desde sempre - Afirma a jovem sem compreender a questão.
— Não se preocupe com isso, minha cara - Pediu o Doutor mirando a ilhota - Em breve encontraremos nossas respostas. Todas elas - Por fim, o navio desembarca o grupo em terra firme, sendo que Daenerys pede para seus soldados permanecerem no navio, assim como os marinheiros. Com o Doutor na frente, acompanhado por Arya Stark, o senhor do tempo guia e se maravilha com a beleza do local, cheio de espinhos pontiagudos que saíam das pedras, maciços como ferro. Toda as pontas pareciam formar uma espiral irregular pelas paredes antes de se avistar o centro. Ao contrário de qualquer outra caverna, no centro da Brasa havia uma aglomeração aquosa, onde pequenas refrações de energia amarela se convergiam para formar traços verdes e alaranjados, outrora alguns mais avermelhados. O Doutor se agaicha para observar maravilhado aquele lugar.
— Então essa é a Brasa Ascendente que todos tanto temem?
— Parece mesmo um vórtice temporal - Declara Rose se aproximando convicta do senhoe do tempo.
— E é Rose, sem dúvidas. Tudo o que sabemos provém daqui. Três universos se colidiram e chegaram ao ponto de estarem concisos na mesma linha, ambos correndo o risco de ser destruídos. Independente de quem vencer esta guerra, a escuridão virá e levará todos nós - O doutor toca a água, sem evitar o estranhamento das leituras.
— O que houve, Doutor? - Indagou Arya preparando a Agulha sem ideia do que estava por vir.
— Nada demais. Só estou ansioso para resolver essa questão - O Doutor mira uma segunda vez sua chave de fenda sônica na direção da água e vê uma luz vermelha se elevar dentre as demais, fazendo todo o resto brilhar e revelar um oceano de estrelas e planetas antes de Daenerys ficar tonta e cair semiacordada no chão, sendo acudida de imediato por Tyrion e Clara.
– O que está acontecendo comigo? - Pergunta a Targaryen confusa.
– Você está colapsando com este lugar. Acontece que aquela bruxa usou a energia desse santuário para fazer um encantamento. Ela trouxe sua consciência para este mundo e suas consciências se misturaram, a que pertence a este universo e a que pertence ao outro. Acontece que sua consciência deste mundo não deve ser tão boa, por isso ela iria prender nosso amigo Tyrion e matar seus aliados. Provavelmente ela deve ter uns parafusos a menos, diferente de você. Vou recalibrar essas coisas para que você tenha o controle do corpo até eu resolver uma questão pendente e partir para salvar esses mundos.
– O que vamos fazer, Doutor? - Pergunta Rose chegando perto do senhor do tempo.
– Vamos mudar a opinião da rainha, e para isso preciso da ajuda de nosso amigo Tyrion.