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História A Era Mais Escura - A Cura


Escrita por: MarleyMAlves

Notas do Autor


Esse capítulo é um pouco mais curto que o normal, mas dediquei ele a desenvolver melhor personagens que não tiveram o desenvolvimento esperado mais cedo. Espero que gostem e que me deem seu feedback... Ele importa muito e me ajuda a melhorar ainda mais minha história!

Capítulo 16 - A Cura


Fanfic / Fanfiction A Era Mais Escura - A Cura

- Alyssa! – Gritou Mila ao entrar no Primadona com o jovem apoiado em seus ombros, teve de o arrastar pelos últimos metros que faltavam até a taverna, pois ele desmaiara em seus braços pela imensa perda de sangue que aquela facada causara. A mercenária até ficou impressionada com o quanto o garoto conseguiu aguentar; era incrível ver a tamanha força que alguém que quer sobreviver consegue juntar, sabia bem.

            - Alyssa, rápido! – Gritou novamente, deitando o jovem no chão de madeira do bar, e logo já erguendo a camisa dele para observar novamente o ferimento e o quanto este havia piorado durante o percurso. E ele se agravara, e muito. – Merda. – Murmurou ao olhar a carne já apodrecendo envolta de onde a lâmina havia penetrado a pele do garoto.

            Não demorou para ouvir um som de passos apressados no andar de cima, e logo uma figura apareceu no topo das escadas, mas não era Alyssa, mas sim Elena, sua filha.

            - Pelos deuses, Andris! – Exaltou-se ela ao disparar escada abaixo, e em segundos já se ajoelhava do lado oposto ao da assassina. - O que aconteceu?

            A moça com as mãos morenas e delicadas começou a passar os dedos pela ferida profunda, mordendo os lábios com apreensão, ela depois ergueu repentinamente os olhos para Mila, em seu olhar pode ver claramente o julgamento fulminar por um segundo; sentiu em sua alma a força daqueles olhos castanhos, mas assim como apareceu, aquela feição se desfez, quase como se a jovem tivesse percebido o óbvio. A mercenária não levaria uma vítima para lá, nunca o fizera e nunca faria.

            Percebeu um clima pesado se assentar pelo salão da taberna, se virou para as escadas esperando que a amiga descesse, mas ainda nada; então, se voltando para Elena, perguntou:

            - Você o conhece?

            - Sim, ele é meu amigo. – Revelou ela, ainda analisando a ferida, seu tom de voz era apreensivo, mesmo que um pouco frio. Por um segundo esqueceu-se do garoto ali deitado e quase morto, e se pegou pensando que aquela era a primeira vez que trocou palavras com a menina desde quando voltara. Sentiu um aperto no coração, pois sabia que não podia culpa-la por aquele tratamento gelado, na verdade, não podia culpar ninguém caso a virassem as costas.

            Finalmente ouviu Alyssa nas escadas, e não foram seus passos que a entregaram, mas sua voz ao berrar:

            - Santa Leia do além!

            De repente Elena falou, não para Mila, mas para si mesma:

            - Raiz da misericórdia, Pingo de malta e Mata-morte. – E assim a moça levantou-se e disparou de volta escada acima, quase atropelando a mãe, que finalmente chegava a base dos degraus. Alyssa nem se importou e correu até o jovem ao chão e ajoelhou-se onde a instantes atrás estava sua filha.

            - Minha nossa, é o Andris, ele e a mãe vinham sempre aqui, como ele levou essa facada? – Perguntou a curandeira, passando a mão pelos cabelos do garoto e depois colocando-a sobre sua testa.

            - Eu estava voltando para cá, quando ouvi gritos, estavam assaltando a joalheria.

            Interrompendo-a, a amiga disse, com grande preocupação na voz:

            - Não me diga que a mãe dele...

            - Ela está bem, ela ficou lá para bloquear a porta por essa noite. – Disse, já a acalmando.

            - Graças aos Deuses. Ele esta muito mal, não vai ter outro jeito, vou precisar usar magia. – Constatou a taverneira, passando levemente a mão envolta do lugar da facada. – Vou precisar de Raiz da misericórdia, Pin...

            Descendo a escadaria em espiral com uma rapidez fenomenal, a moça voltava com pequenas plantas na mão, e já falando:

            - Aqui!

            Em questão de segundos a curandeira já estava com as ervas medicinais na mão e ao seu lado também se ajoelhara Elena, que segurava a cabeça do jovem com gentileza.

            Mila mal conseguiu acompanhar tudo o que aconteceu, a eficiência da menina era igual, se não melhor do que se lembrava, a força de vontade e desejo de ser prestativa sempre marcaram seu intelecto. Saber que uma tinha a outra sempre a confortou, principalmente nos últimos três anos.

            - Certo, vamos começar. – Avisou a amiga ao segurar os ramos perto ao peito e respirar profundamente. – Mila, segure os braços dele.

            Assim ela o fez, e mesmo que já tivesse a visto curar dezenas de pessoas antes, se pegou ansiosa.

            Alyssa fechou os olhos e estendeu a mão livre sobre o corpo do jovem, a outra ainda permanecia com as ervas próxima ao seu seio. Percebeu quando uma luz dourada reluziu na ponta de seus dedos, e aos poucos essa se distribuiu por toda a extensão de sua palma; por fim, linhas curvas se desenharam por seus dedos, entrelaçavam-se como vinhas e brilhavam de uma forma angelical. A mercenária viajara por muitos reinos e visitara muitos povos, mas jamais encontrara forma de magia mais linda e pura do que a daquela única gota a qual vivia dentro de Alyssa. Aquela era uma benção, uma recompensa por todas as atrocidades que aquela mulher havia passado.

            Quando aquelas vinhas douradas terminaram de envolver sua mão por inteiro, a curandeira desceu-a até a ferida apodrecida de Andris, e no mesmo momento que a palma dela tocou a pele do garoto, o corpo dele enrijeceu como se tivesse levado um choque. A assassina, que segurava seus braços, percebeu que o corpo do jovem, antes frio, se tornara quente em questão de instantes.

            Virou-se para a amiga, e a viu ainda de olhos cerrados, com uma expressão neutra que transmitia um tipo de paz que sempre sonhou em atingir, em sua mão próxima ao peito, observou as plantas curativas definharem; sua energia sendo drenada e transpassada para o garoto.

            Quando as mesmas vinhas reluzentes que envolviam a mão da mulher apareceram trançando o envolto do lugar da facada, Mila soube que estava feito. E enfim a luz dourada esmaeceu, Alyssa tirou sua mão já sem os desenhos brilhantes da ferida de Andris, e agora tudo o que havia ali era uma fina cicatriz.

            Uma última vez olhando para as plantas que estavam na mão da curandeira, constatou que agora não passavam de cinzas.

 

            - Elena já levou Andris lá para cima, ele vai ficar no sofá esta noite. – Falou Alyssa ao sentar ao seu lado no balcão do Primadona. – Amanhã acho que já esta tudo bem ele ir para casa, a mãe dele deve estar morrendo de preocupação! Foi muita sorte termos fechado mais cedo hoje.

            Olhando para o copo de vidro em sua mão, este que encheu com a bebida mais forte que a amiga tinha a disposição, disse:

            - Pode colocar ele no quarto de hóspedes; seria ridículo deixar alguém que acabou de quase morrer em um sofá, eu durmo na sala.

            - Tem certeza? – Perguntou a taberneira, semicerrando os olhos um pouco, até porque não era comum da mercenária falar coisas daquele tipo.

            Mila apenas acenou com a cabeça para ela e logo voltou-se novamente para seu copo, tomando um gole que desceu queimando deliciosamente sua garganta.

            Alguns segundos se passaram e esperava que a amiga se levantasse e subisse as escadas para ajudar sua filha a levar o jovem para o quarto, mas ela continuava ali, olhando para ela e isso não era surpresa; praticamente estava implorando para colocar algo para fora sentada ali, bebendo.

            - Elena ainda me odeia. – Constatou, virando-se para a amiga com uma expressão triste. – E eu não posso tentar me explicar ou recompensa-la pelo o que eu fiz, porque eu apenas não me importava com aquelas pessoas.

            A curandeira colocou a mão em seu ombro e com seu rosto rechonchudo a fitou de uma maneira consoladora.

            - Mila, você salvou a vida dela, você enfrentou todos aqueles feiosos ridículos e salvou minha filha; e ela não te odeia, ela só esta chateado e precisa de um tempo para entender.

            - Mais do que três anos? – Questionou, levantando uma sobrancelha para a amiga.

            - Bom, talvez ela te odeie um pouquinho, mas é só questão de tempo até ela passar por cima disso. – Consolou a taberneira com otimismo e um sorriso no rosto. – Sabe que Elena, mesmo depois de todos esses anos, ainda fala em viajar?

            Um sorriso despontou nos lábios da mercenária quando lembrou de um passado distante, quando uma pequena menina falava sobre seus sonhos em caminhar pelo mundo assim como Mila, ir até onde o contrato a pedisse e ajudar quem precisasse. Mas esperava que este contrato não exigisse derramamento de sangue no caso dela.

            - É claro que fala, é uma sonhadora, me lembro de quando ela me disse que queria estudar magia em Ellia. Aquela garota tem muita força, ela me faz acreditar que ainda pode conseguir.

            As duas deram risadas discretas e a assassina tomou mais um gole da bebida, Alyssa logo colocou os cotovelos no balcão e apoiou a cabeça nas mãos, ao revelar:

            - Ela não me fala, mas sei que ainda espera a magia despertar nela, eu sei que são pouquíssimas as chances, mas ela ia ficar tão feliz. Contanto que não seja como foi comigo.

            Não era versada em feitiçaria, mas Mila sabia que era extremamente difícil magia despertar em uma família sem histórico, como aconteceu com Alyssa; quais seriam as chances dessa sorte se repetir na próxima geração?

            - Passamos por muitas coisas, não é? – Falou, sorrindo para a amiga.

            - Pois é, mas no fim até que nós nos viramos bem!

            ‘Cada um supera seu trauma de seu próprio modo’, falou uma pessoa para ela a muito tempo, e não poderia ser mais verdade. Elena, fechou-se para a mercenária, culpando-a; Alyssa, age de maneira contraria em todos os sentidos às violências que sofreu; e Mila, as reproduz de volta.

            - Aly. – Disse, ainda fitando o copo de vidro, agora vazio. – Você ouviu falar de alguma coisa, que anda atacando as pessoas por aqui ultimamente, principalmente os soldados?

            Parando por uns instantes, a curandeira semicerrou os olhos e passou a olhar para o nada enquanto pensava.

            - Não que eu me lembre, não. – Respondeu depois de algum tempo. – Mas ouvi de algo acontecendo na cidade alta, pessoas sumindo, morrendo, mas achei que tivesse alguma coisa haver com aqueles asquerosos das Aves Escuras. Por quê?

            - Nada, apenas uns boatos que ouvi. – Iria mais fundo naquele mistério nos próximos dias, Logan pedisse sua ajuda ou não, afinal, algo assim jamais havia acontecido na metrópole antes, aquela poderia ser uma chance de se provar para o general.

            Bocejando, a curandeira levantou os braços ao ar, se espreguiçando e murmurando algo impossível de interpretar.

            - Acho que vou voltar para a cama. – Repetiu ela para que Mila pudesse entender, antes de voltar a apoiar sua cabeça nas mãos.

            - Então foi por isso que você demorou para aparecer?! – Riu a assassina, com um meio sorriso.

            Já se levantando, a mulher bateu em seus ombros ao responder, jogando seus cabelos castanhos:

            - Preciso do meu sono de beleza, não é, querida? – Assim, Alyssa subiu a escadaria em espiral e Mila se viu sozinha na taberna, com um copo de vidro vazio na mão.


Notas Finais


Obrigado pelo apoio e pelos 200 views que a história atingiu recentemente, e a única coisa que ainda gostaria de pedir, são comentários... Eles me motivam e me ajudam a tornar esse drama/romance cada vez melhor!


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