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História A Escolha Final - Surpresa(s)


Escrita por: alexsal

Capítulo 23 - Surpresa(s)


Eu resolvi aproveitar o tempo que me restava do modo mais intenso possível, lógico que eu ainda tinha uma escolha, mas seria uma escolha extremamente difícil pra mim. Valeria à pena desistir do que eu sou, do que eu herdei, por alguém que eu conhecia há poucos meses? Provavelmente, quando esse alguém é mais importante que qualquer coisa no mundo. Mas quais seriam as consequências?

Ninguém nunca desistiu dos poderes antes, na verdade, dizem alguns relatos que isso aconteceu mas os mentores mais antigos deram um jeito pra que ninguém soubesse disso, ou pra que pelo menos isso virasse uma lenda. Algumas pessoas dizem que quem desiste apenas é expulso do grupo, outros dizem que existem punições, já que a regra é bem clara: só podem saber sobre a existência do grupo de bruxos aqueles que são bruxos ou descendentes ativos (aqueles que não tem os genes manifestrados, como os meus pais, mas podem gerar alguém que tenha). Uma vez eu lembro de ter ouvido Kyle, um garoto do meu grupo de bruxos em Nova Orleans, perguntar para Leslie, que era a que mais entendia sobre as lendas, quais eram as punições pra quem desistisse “O mestre tem o dever de pegar o seu coração, ou seja, morte”.

Nas horas livres no colégio e algumas vezes nas horas livres à tarde, nós três nos juntávamos pra conversar ou só ficarmos juntos durante toda a semana. Mesmo Chloe não tendo nada a ver com a história e com a minha secreta despedida, ela era parte da diversão. No sábado nós passamos o dia e parte da noite em uma viagem para Seattle pra assistir o show da cantora favorita de Chloe. No domingo nós passamos o dia na casa de Chloe e depois fomos aproveitar o último fim-de-semana que a pista de patinação no gelo do parque ia estar disponível.

A segunda foi um tédio, choveu muito, as aulas foram chatas e demoradas, vi Emma e Chloe apenas na hora do almoço, não nos vimos à tarde porque Emma tinha trabalhos da escola pra fazer e Chloe tinha planos de passar o dia inteiro na frente do computador checando se a inscrição dela pra competição de artes marciais ia ser aceita. Eu também tinha coisas pra fazer, resolvi terminar de ler o livro da aula de literatura. Depois de um bom tempo lendo, comecei a ficar ansioso e pensativo sobre o futuro, me perdi totalmente na leitura do livro e isso me fez decidir que era melhor parar a leitura por enquanto.

Ficar parado não ajudaria, então eu comecei a arrumar o meu quarto, comecei pela escrivanha e passei bons minutos lá. Depois arrumei a cama, depois as prateleiras. Meu armário estava arrumado, como sempre, e agora não tinha mais nada pra fazer.

Desci as escadas e Patrick estava na sala lá embaixo. Quando eu sentei do lado dele no sofá, percebi que a expressão dele era de quem estava desapontado com alguma coisa.

-Ei, Patrick, tudo bem?

-Mais ou menos. - ele falou olha do pra baixo.

-Por que?

-Você sabe que o nosso tempo está quase chegando no fim, certo?

-Quase. - eu respondi já sabendo onde essa conversa ia dar.

-Eu ainda não encontrei ninguém, isso me assusta. Talvez eu não seja um descendente ativo.

-Patrick, lógico que não, tenho certeza que você vai conseguir. - eu falei encorajando ele e desejando estar na mesma situação.

-Você não pode ter certeza, Evan. Você já encontrou o seu coração? - Patrick perguntou e eu congelei.

-Ainda não. - eu menti com a voz trêmula. Ele não precisava ser o único.

-Que chato, mas pelo menos eu não sou o único. - ele respondeu.

-A gente deveria falar de outra coisa.

-Tudo bem. - ele olhou pra cima e continuou. -Você parece bem cansado.

-Ansiedade.

-Por que?

-Problemas.

-Não seja monossilábico.

-Não é nada demais, só problemas meus.

Depois disso nós ficamos em silêncio olhando pra TV sem o menor interesse. Eu não podia falar que havia encontrado o meu coração por vários motivos como: machucaria ele saber que eu já tinha encontrado, eu não queria que ninguém soubesse disso ainda (além da minha mãe) e eu também não sabia como aquela noite se realizaria.

Poucas horas depois nós jantamos, eu não comi quase nada e percebi que Patrick não era o único que havia percebido os efeitos colaterais da ansiedade causada pelos meus pensamentos exagerados.

-Evan, vocês quase não comeu. - minha mãe falou no final do jantar.

-Sem fome hoje, mãe. - eu respondi.

-Mas você não se alimenta bem há dias, você está com algum problema? - ela perguntou.

-Nenhum. - eu vi pelo canto do olho que Patrick virou a cabeça na minha direção nesse momento.

Nesse momento eu lembrei de algo que eu queria fazer há um tempo e era algo que seria essencial ser feito essa semana, algo que completaria tudo.

-Mãe, eu quero pedir uma coisa. - eu falei.

-Pode falar, Evan. - ela falou com um sorriso no rosto.

-Eu vou direto ao ponto. Eu voltei com a Emma e eu quero que ela venha jantar aqui. - eu falei sério, olhando nos olhos da minha mãe.

-Evan, você sabe a minha opinião...

-Você disse que ficaria feliz com qualquer coisa que me deixasse feliz. - eu interrompi ela e ela suspirou.

-Sim, eu disse mas...

-Ela me faz feliz. - eu interrompi ela outra vez.

-Eu também sei disso, e também gostaria de não ser interrompida. Eu disse que ficaria feliz se você estivesse feliz, e você sabe a minha opinião sobre esse namoro, ou sei lá o que é. Mas eu não posso opinar em relação à isso, é a sua vida e seus sentimentos. Se ela faz você feliz, então ela me faz feliz também. - ela terminou com um sorriso e eu sorri em resposta.

-Eu posso convidar ela pra vir jantar aqui, então? - eu perguntei ainda sorrindo.

-Claro, quando você pensa?

-Amanhã.

-Meio em cima, mas tudo bem por mim. - ela respondeu.

Eu subi pro meu quarto, tomei banho e depois tomei um remédio pra alergia com a intenção dele me fazer dormir.

Na terça-feira também chovia, porém menos que o tem. Eu estava animado pra contar pra Emma a novidade. Chloe estava sozinha na mesa, aquilo me fez ficar preocupado.

-Cadê a Emma? - eu perguntei pra Chloe antes de sentar.

-Ela foi ao banheiro antes de vir, já deve estar chegando. - Chloe respondeu.

-Eu vou atrás dela. - eu falei me levantando.

-Evan, calma, não é o fim do mundo. - ela falou quando percebeu a ponta de preocupação.

-Eu já volto.

Eu sai em direção aos banheiros o mais rápido que eu pude, mas a área interna da cafeteria do colégio estava cheia por conta da chuva. Quando eu finalmente cheguei na porta, eu vi ela e a abracei.

-Tudo bem? - eu perguntei quando percebi que ela estava um pouco assustada.

-Ficar no mesmo ambiente que Erick não é muito bom. - a mesa dele era próxima à porta da cafeteria.

-Eu odeio ele.

-Ele é passado.

-Mudando de assunto... - eu falei enquanto nós andávamos em direção à nossa mesa. -Você tem alguma coisa pra fazer hoje à noite?

-Tenho? - ela perguntou rindo.

-Se você aceitar, sim. 

-Então eu tenho. O que é?

-Lembra daquela ideia que eu tive um tempo atrás?

-Lembro. 

-É justamente isso. Você quer jantar na minha casa hoje? - quando eu falei, Emma chutou sem querer uma cadeira do lado direito e eu ri.

-Eu tenho muita coisa pra estudar.

-Emma, minta melhor. Não é nada demais, você vai adorar. 

-Eu realmente não acho que isso é uma boa ideia. - Emma falou enquanto sentava na mesa.

-Você viu um fantasma? - Chloe perguntou quando viu Emma.

-Não, eu só convidei ela pra jantar na minha casa e ela se acovardou. - eu respondi.

-Quando você vai me chamar? - Chloe perguntou brincando.

-Você não precisa de um convite. - eu respondi. -Eu só queria que Emma conhecesse a minha família e vice e versa. 

-Qual o problema, Em? - Chloe perguntou.

-A mãe dele me odeia. - Emma resoondeu e Chloe ficou séria.

Aquilo me deixou triste, tanto pelo tom de voz e a expressão triste dela, como também porque eu sabia que isso no fundo era verdade.

-Eu conversei com ela, ela disse que era uma boa ideia, ela disse que se você me faz feliz, ela fica feliz. - eu falei.

-Mas isso não muda o que ela sente por mim. - Emma respondeu.

-Mas o jantar pode mudar isso. Emma, por favor, isso me deixaria muito feliz. Dé uma chance. - eu falei.

-Eu tenho medo das coisas piorarem. - ela respondeu.

-Eu vou estar lá também, você não confia em mim?

-De olhos fechados, mas eu...

-Se você confia, você vai. - eu interrompi.

-Certo. - ela faloi e eu dei alguns beijos nela e depois ela continuou. -Mas Chloe tem que ir.

-Eu não tenho nada a ver. - Chloe respondeu.

-Chloe vai. - eu disse sorrindo.

-Eu não disse nada, Evan, calado! - Chloe faloi séria.

-Eu espero vocês duas hoje à noite. - eu disse sorrindo e olhando pra Chloe.

-Eu até te bateria agora, Evan, mas eu preciso de torcedores pra minha competição no domingo.

-Que? Você passou? - eu falei num tom extremamente entusiasmado.

-Mas é lógico que sim, querido. - Chloe respondeu balançando o cabelo.

-E vai ganhar. - Emma adicionou.

Nós continuamos fazendo planos pro domingo e depois fomos pras nossas salas. Depois que eu saí da escola, pela primeira vez em muito tempo, eu não estava nervoso, triste ou apreensivo, eu estava animado pra o que estava por vir hoje.

Quando escureceu, nós todos descemos pra sala. Todos estavam tranquilos, mas eu estava andioso, de uma maneira boa.

-Mãe, ela sabe o que você sente por ela, pegue leve, ppr favor. - eu falei pra minha mãe no sofá.

-Pode ficar tranquilo. - ela falou e sorriu, mas não era suficiente pra mim.

-Eu gosto dela, mãe, muito.

-Ela não é a minha pessoa favorita no mundo, Evan, e nem é de longe a pessoa que eu desejo pra você. Mas quem tem que aprovar ou não é você. Se naquele dia eu disse aquilo, era porque eu estava com raiva e porque eu não sabia que você gostava dela. - ela colocou a mão no meu rosto e falou sorrindo -Eu fico feliz por você.

-Obrigado, mãe. - eu respondi sorrindo.

A campainha tocou, eu fui atender. Chloe e Emma estavam lindas. Eu convidei elas pra entrar, apresentei elas à todos, e Emma não soltou a minha mão nem por um segundo, colocando todo o nervosismo apertando com força.

Nós jantamos e conversamos um pouco. Minha irmã adorou Emma e Chloe. Minha mãe foi extremamente amigável, assim como o meu pai. Patrick, apesar de estar distante por causa da preocupação dela de não ter achado o coração dele, se comunicou um pouco. Depois do jantar, eu mostrei o resto da casa pra Chloe e Emma, e elas foram embora.

-Você gostou? - a minha mãe perguntou quando eu fechei a porta e sentei no sofá, nós estávamos à sós na sala.

-Eu adorei. - eu respondi sorrindo bastante.

-Eu também, Emma é ótima.

Eu realmente não esperava pela aprovação da minha mãe essa noite, até agora eu pensava que ela tinha sido educada com Emma pra me deixar feliz, mas aparentemente não era isso.

-Sério? Eu fico tão feliz por isso.

-Desculpa pelo o que eu disse, e por todo o meu comportamento repreensivo antes. Ela é muito educada, simpática e parece gostar muito de você também. Ah, e muito bonita.

-Ela é linda. 

-Eu também adorei a sua amiga, ela é muito carismática e sorridente.

-Sim, Chloe é uma pessoa incrível.

-Só Patrick que não parece nada bem.

-Eu fico tão triste por ele.

-Eu também. Isso me lembra que você me disse que tem novidades sobre o seu coração, eu quero saber tudo. Quem é? Ai meu Deus, é aquela sua amiga? - ela falou e eu enrijeci.  

-Não, mãe, não é a Chloe. Mas eu prefiro falar sobre isso depois, preciso descansar pra amanhã. 

-Sim, claro, você tem escola amanhã, desculpa. Boa noite, Evan. - minha mãe falou e me deu um beijo na testa.

-Boa noite, mãe.

Eu fui direto pro meu quarto. A felicidade do jantar e da aprovação da minha mãe passou, novamente os pensamentos sobre a decisão que eu precisaria tomar em algumas semanas voltaram a inundar a minha mente. Matar a pessoa que eu amo ou provavelmente morrer por me recusar a fazer isso.

Eu deitei na cama e só fechei meus olhos. Porém, menos de um minuto depois o meu celular tocou.

-Alô? 

-Evan Montgomery? Aqui é de Nova Orleans.

-Boa noite, mestre.

-Boa noite. Eu liguei pra avisar que a data da sua cerimônia foi marcada.

-Quando vai ser? - eu falei, respeitei fundo e fechei meus olhos.

-Domingo. - eu tomei um susto.

-Já?

-Você na verdade é um dos últimos.

-Certo, tudo bem então. - eu respondi sem jeito.

-Vejo você em alguns dias.

Quando eu desliguei a ligação eu estava sem reação. Eu pensava que ainda tinha algumas semanas, mas na verdade eu tinha poucos dias. Eu tentei me acalmar e respirei fundo várias vezes, depois me deitei. Não sei como, mas eu rapidamente consegui dormir.



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