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História À espera de Kathleen - Lightly Married... and in Love


Escrita por: AnnaWrou

Notas do Autor


💠💠Título do capítulo: Ligeiramente Casados… e Apaixonados.💠💠

Boa leitura <3

Capítulo 18 - Lightly Married... and in Love


Fanfic / Fanfiction À espera de Kathleen - Lightly Married... and in Love

 

 

Tudo muda e eu queria te falar...

Depois que te conheci, tento achar um pensamento, mas só penso em você...

Sinto algo

É tão forte, já tomou conta de mim

E o meu coração nunca bateu tão forte assim.

Harry

 

 

 

Virei o rosto, e… o que o Malik estava fazendo ali...?

Passei a mão pelo cabelo nervosamente e Kathleen me encarou com temor, certamente a minha irritação estava visível.

- Me desculpem o atraso. — Disse ele, enquanto entrava em passos apressados.

Ele me encarou fixamente, e sacudiu a cabeça como se me cumprimentasse.

Fechei os olhos contando mentalmente até dez, buscando uma calma que eu sabia que não existia mais.

- O que ele está fazendo aqui...? — Grunhi, espumando de tanta raiva.

- Anne disse que ele será uma das testemunhas… acalme-se... — Sentia que todos os meus nervos estremeciam, mas estava incapaz de conter tal situação.

Já estávamos todos ali e mais do que nunca eu queria aquele casamento.

Não porque estou gostando da Kathleen agora...

E sim porque me vejo amando-a no futuro.




 

Kathleen

 

- Que se aproximem os noivos e as testemunhas, por favor. — Anunciou o juiz de paz.  

De mãos dadas, Harry e eu caminhamos até a frente e paramos lado a lado, esperando pelo próximo passo a cumprir.

Zayn parou ao meu lado e Liam ao lado de Harry.

Harry dirigiu um olhar furioso para o ex-melhor amigo e eu olhei-os com espanto.

Aquela competição estúpida já estava me dando nos nervos...

- Boa noite a todos... — Saudou-nos o juiz.

Sempre sonhei com o dia que me casaria.

O vestido perfeito...

Um véu longo e volumoso...

Um príncipe para casar...

E um lindo buquê de rosas brancas para jogar.

O bolo seria de três camadas, com tulipas ao redor para enfeitar… haveria uma cereja em cima sobre uma camada fina de glacê...

Todos os convidados estariam emocionados, assim como os noivos, que seriam totalmente apaixonados.

Mas eu não iria ter isso.

Bom, não exatamente assim...

O vestido perfeito…? Isso confere.

Um véu longo e volumoso…? Bem, somente amanhã.

Um príncipe para casar…? Bom… há momentos.

Um lindo buquê de rosas brancas para jogar...? Nem sei se ele lembrou desse detalhe...

Um bolo de três camadas, com tulipas ao redor para enfeitar, uma cereja em cima, sobre uma camada de glacê fina…? Esse é o padrão de todo bolo de casamento, não...? Vou torcer que sim!

Convidados emocionados e noivos totalmente apaixonados…?

Chegamos ao verdadeiro ponto.

Isso não está adequado, infelizmente.

Eu estou me casando em uma cerimônia simulada, cercada de pessoas que não me conhecem a íntimo, ao lado de um noivo por quem estou apaixonada, mas que definitivamente não me ama. Eu não poderia estar mais infeliz...

- Em princípio... o casamento não é a união de duas pessoas perfeitas, que nasceram uma para a outra... mas sim a união de duas pessoas que se compreendem, que se aceitam, e que apenas por amor desejam ser sempre melhores uma para a outra... — Ergui levemente a cabeça e tentei controlar meu nervosismo. — A vida em família é um edifício que deve ser reconstruído todos os dias. Por isso lutem para que esse amor cresça e permaneça, e que os laços de afeto nunca se quebrem. — Assentimos para ele e Harry percebera que a minha respiração havia mudado. Senti sua mão apertando a minha, mas não de uma forma grosseira, e sim com amparo. — É de livre e espontânea vontade que a senhorita aceita se casar com Harry Edward Styles...?

Umedeci os lábios e expirei lentamente. Gritaria mil vezes sim se estivéssemos em outra situação...

- Senhorita...?

Permaneci em silêncio e senti Harry se remexer inquieto ao meu lado, apertando a minha mão.

- Vou repetir novamente... — Disse o juiz. — É de livre e espontânea vontade que aceita se casar com Harry Edward Styles?

Dessa vez ele apertou minha mão com força.

- S-im. — Gaguejei nervosamente.

- Diga repetindo a frase, por favor — Pediu solicitamente o juiz.

Eu sentia a minha cabeça borbulhar como água fervente...

- Sim, é de minha livre espontânea vontade casar com Harry Edward Styles. — Esforcei-me para parecer firme.

O juiz assentiu e voltou sua atenção para Harry.

- É de livre e espontânea vontade que aceita se casar com Kathleen Monique Paulet Boyer? — Harry respirou profundamente, passando a outra mão pelo cabelo.

- Sim. É de minha livre espontânea vontade casar com Kathleen Monique Paulet Boyer. — Olhei para ele com comoção, ele pareceu sincero em sua resposta.

- Há votos...? — Nos pergunta o juiz.

- Não. — Respondemos em uníssono.

- Então já podem trocar as alianças...

Voltamos à posição inicial e eu respiro fundo, tentando conter a emoção.

Harry tira do bolso a caixinha de alianças e coloca uma delas em meu dedo.

Pego a que fica, em seguida, e coloco-a em seu dedo.  

- Assinem aqui e logo após as testemunhas — O juiz apontou no papel e assim peguei a caneta, começando a assinar a certidão. Foi um choque e tanto ver meu nome adotando o sobrenome ‘’Styles’’.

Harry assinou em seguida e logo após Zayn e Liam, como testemunhas daquela união.

- E agora porquê não...? Pode beijar sua esposa. — O juiz disse em diversão, acelerando as batidas do meu coração.

Harry virou-se para mim sorrindo e eu envolvi seu rosto com as mãos lhe dando um selinho rápido, tímida por ter que fazer aquilo na frente de todos.

Sem tardar, ele abraçou minha cintura, como se quisesse alongar cada segundo daquele momento…

Sorri fascinada, e fiz uma pequena carícia sobre os seus lábios com a ponta dos dedos...

Seu olhar continuava fixo em mim... enfeitiçado e brilhante… até ele fechar os olhos, aproximando novamente seu rosto, me dando mais um selinho adocicado…

Foi o selinho mais apaixonado que já provei…

Sua mão acariciava meu cabelo com gentileza e juntos suspiramos de prazer quando nos afastamos...

- ...você foi ótima… — Sua voz rouca sussurrou no meu ouvido, me causando arrepios pelo corpo.

Olhei-o com um misto de entusiasmo e tristeza. A grande farsa tinha se concretizado...

Logo vieram nos parabenizar, e ultrapassando todos, Andy pulou em meus braços, abraçando-me radiante.

- Obrigado por ter se casado com meu papai, KaKath...! — Ele disse me sobrecarregando de beijos pelo rosto.

 

Eu fiz isso por você, meu pequeno… foi por você…!

 

Devolvi-lhe alguns beijinhos, acariciando-o por entre alguns fios de cabelos.

- Mas ei, rapazinho, e o meu abraço de comemoração...? — Perguntou Harry, colocando as mãos na cintura, fingindo indignação.

Ele sorriu para o pai e saltou do meu colo para o dele, fazendo-os irem para trás com o encontro.

Suas perninhas rodearam-o na cintura e Andy encheu o pai de beijos, fazendo-o sorrir realizado.

Inclinei levemente a cabeça e senti meu coração derreter com a cena...

Ambos ficaram conversando baixinho, roçando a ponta de seus narizes de leve…

Meu coração parecia querer explodir em tantos sentimentos misturados… era tanto amor, tanto, que não cabia...

Senti mãos me tocarem e de súbito fui arrancada daquele encantamento com abraços de Anne, Liam, Zayn e do meu pai, quase que ao mesmo tempo.

- Tio Zayn! — Andy estendeu os bracinhos, o convidando para um abraço.

- Hey, afilhado... — Zayn disse indo abraçá-lo.

 

Afilhado…?

 

Vi Harry e o amigo trocarem olhares quase assassinos, entretanto não atreveram-se a dizer nada, certamente por causa de Andy.

Aproveitei isso para puxar Harry para longe.  

- Afilhado…? — Perguntei-lhe e ele mexeu os lábios repetidas vezes, erguendo um (adorável) bico emburrado.

- Sim. Eu fiz a burrada de convidá-lo para ser padrinho do Andy... — Resmungou ele.

- Por que está assim com ele…? — Ele me olhou desentendido. — Ele é o seu melhor amigo...

- Era. — Seu tom de voz soou duro e frio. — E isso faz muito tempo.

- Mas o que realmente aconteceu entre vocês? — Perguntei de uma vez.

Seus olhos me fuzilaram com irritação.

- É melhor irmos embora, nosso circo já terminou mesmo. — Disse, dando o assunto por encerrado.

-  Mas… — Disse ao vê-lo se afastando.

- Agora, Boyer!

Ele não estava esperando que eu o obedecesse, estava? Não é porque me casei que abaixarei a cabeça para tudo que ele disser!

Vendo que estava sozinho, ele virou a cabeça e me olhou irritado.

- O que ainda está fazendo aí parada?

- Você não manda em mim, sabia? — Ele cerrou os dentes e esforçou-se para sussurrar. Havia tanto em jogo para um escândalo...

- Quer parar de espetáculo e vir logo comigo? — Proferiu num tom áspero.

- Como é que se diz mesmo...? — Questionei, cruzando os braços.

- Agora! — Disse enfurecido.

- Resposta errada. — Sorri sarcástica, rebatendo.

No mesmo instante ele se aproximou, ficando cara a cara comigo.

- É melhor que venha comigo… — Sibilou, irritado. — Ou então

- Filho, seus tios já estão indo, venha! — Anne foi a minha salvação.

Ele a olhou impaciente e virou-se para a mesma.

- Já estou indo, mãe — Se manteve firme para não demonstrar a raiva que sentia.

Então se aprumou e me olhou fixamente.

- É melhor que se despeça de todos agora mesmo, ou então conhecerá o pior de mim. — Disse em um tom frio e bem pausado, sua expressão firme fez com que eu estremecesse.

Encarei-o de volta, dessa vez calada. Não queria testar seus limites.

- Eu te odeio, sabia, com todas as minhas forças! — Retruquei-lhe em sussurro.

Ele pareceu esboçar um sorriso antes de ir até seus parentes.

Bufei e cruzei os braços, percebendo que estava sendo manipulada e não gostei nada da sensação. Mas também não gostava do fato de ter que contrariá-lo perante todos, principalmente de Andy. Então caminhei silenciosamente até Zayn e Liam para despedir-me.

- Meninos — Ambos me olharam. — Já estou indo...

- Mas já…? — Disse Zayn.

- Tem certeza de que está bem…? Por que ir embora assim tão cedo...? — Liam perguntou, preocupado.

- Tenho. Estou bem, apenas cansada, foi um dia cansativo... — Então ele esboçou uma expressão compreensiva.

- Foi bom revê-la — Zayn sorriu, com um brilho atrevido nos olhos.

- Igualmente... — Tentei me afastar dele, para fugir daquele olhar tão masculino e sedutor, mas Harry nem me deu tempo ao se aproximar com rapidez.

- Pronta para irmos, tesouro...? — Colocou-me atrás dele, ao encarar Zayn seriamente. Sua possessividade e ciúmes estavam gritantes.

- Ainda preciso me despedir da Anne, meu amor... — Ele me olhou estranho, mas logo caiu em si do que eu estava fazendo. Nossa encenação...

- Claro... — Ele concordou, pegando a minha mão ao entrelaçar nossos dedos. — Até mais, pessoal — Ele disse macio, numa voz quase musical, mas eu sabia que para Zayn ele queria dizer: suma da minha vida para sempre!

Descontroladamente, estava cada vez mais consciente da importância de Harry na minha vida. Sua presença me transmitia um calor prazeroso, cada vez mais gostoso de apreciar...

Eu gostava daquele contato da mão dele macia, gelada, e grande, na minha... me acalmava de maneira inexplicável, meu coração sempre disparava alcançando novos picos...

Vi que Anne estava conversando com o meu pai próximo a porta, mas infelizmente tivemos que interromper a conversa.

- Estamos indo, mãe... — Ele disse quando nos aproximamos.

- Ora, mas por que, querido...?

- Estamos cansados, foi um dia cheio — Ela fez uma careta e depois sorriu com simpatia.

- Tudo bem, amanhã teremos outro casamento para compensar... — Ela disse me abraçando, fazendo o meu coração acelerar com tal afirmação.

- É, amanhã... — Ele murmurou, inesperadamente pensativo.

- Ainda nem acredito… O meu bebê cresceu e se tornou um homem maravilhoso... — Disse nostálgica e as covinhas de Harry apareceram subitamente em suas bochechas.

- Mãe, não me envergonha na frente de todos... — Percebi seu rosto corado ao resmungar com ela. Eu sorria abobalhada o apreciando...

Ela riu para ele e o abraçou amorosamente, afundando o rosto em seu pescoço, enchendo-o de beijos.

Ele riu encolhendo-se e quando ela o soltou, ele a beijou na testa, afetuosamente.

- Até amanhã, meus amores. — Sorrimos levemente para ela. — Tenham uma boa noite.

- A senhora também, mãe/Anne — Meu pai se aproximou de mim.

- Tchau, filha — Ele abraçou-me desajeitadamente e beijou minha bochecha em seguida. — Sua mãe sentiria orgulho de você, se pudesse presenciar esse momento — Comentou ele.

Era incontestável que não. Ela estaria horrorizada se soubesse porquê me casei.

Mas Anne achava que estávamos apaixonados, então controlei minha emoção e tentei sorrir.

- Obrigada, pai

- Gostaria de passar essa última noite comigo...? — Perguntou-me, inseguro.

É claro que ainda me sentia magoada com ele diante de como tudo aconteceu, mas no fundo eu queria mudar as coisas.

- Claro… — Ele sorriu assentindo.  

- Então vamos...

Tentei me afastar, mas Harry me segurou.

- Aonde pensa que vai…? — Perguntou ele, cochichando no meu ouvido.

- Vou com o meu pai. — Ele balançou a cabeça, dando um leve suspiro.

- Não… nós vamos para a nossa casa.

- Não essa noite. — Desafiei-o e ele me olhou tentando parecer intimidador.

- Nos dêem licença, por favor — Disse ao me puxar para longe deles. — O que pensa que está fazendo? — Desvencilhei-me de sua mão. — Você vem para a nossa casa e ponto final!

- E por acaso eu tenho alguma escolha? — Contestei ácida.

- Deixe de encrencas, garota…!

- Não permitirei que controle a minha vida!

- Não é o que eu quero! — Defendeu-se, erguendo as mãos.

- Será mesmo? — Insultei-o e ele inspirou fundo, olhando ao redor. Anne e meu pai estavam nos observando de longe, sem saberem como esconder.   

- Não é hora para acessos de raiva — Bufei esgotada. — Todo mundo está nos olhando. Só vamos embora. — Disse, querendo me puxar pelo braço.

- Me toque e eu grito. — Ele sorriu, desdenhosamente sagaz.

- Pensarão absurdos de nós dois agora que somos casados… — Arregalei os olhos chocada.

- Como ousa… — Ele grudou subitamente nossas bocas, e quando fiz menção de estapeá-lo nos ombros, ele me pegou no colo, atravessando a sala, saindo porta afora.

Movíamos nossos lábios um no outro, avidamente, mas a fúria fazia o meu sangue ferver e não aproveitar o momento.

Empurrei seu rosto vigorosamente e ele prontamente me colocou no chão, sorrindo vitorioso.

Olhei-o indignada, mas com o coração disparado.

- Você vai sair de mãos dadas comigo, sorridente e agora mesmo. — Ele disse segurando meu rosto.

- Peça por favor ou não o acompanharei a lugar nenhum. — Ele tinha que aprender a ser gentil.

Surpreso, ele provocou:

- Nem um passo?

- Nem um passo.

Ele me olhou com admiração e demorou o olhar de propósito em minha boca, livre de qualquer batom, mas contraída de solidez.

- Eu amo que seja tão geniosa… — Seus olhos brilharam de satisfação. — Toda mulher insubmissa causa curiosidade… e você continua a me espantar, sabia…?

- Aonde quer chegar? — Questionei-o na defensiva.

- Marrentinha… — Ele sorriu, apertando-me contra ele. Estremeci completamente. Principalmente pelo peso daquele sotaque gostoso que ele sempre tinha. — Adoro você... — Ele apertou minha cintura carinhosamente e eu ergui o olhar para os seus olhos. — Você também…? — Olhava-me profundo, fazendo o meu coração bater feito louco.

- Eu...? — O observava assustada.

- Sim… o que sente por mim...? — Tornou-se almejante e eu lutei para reconquistar a respiração.

- Vamos indo, por favor…! — Proferi inquieta, negando-lhe o contato visual.

- Só quando me responder. — Disse erguendo meu rosto e um arrepio percorreu minha espinha, fazendo-me estremecer.

- Eu te odeio. Está feliz? — Agora ele me encarava com uma expressão presunçosa de diversão. Ele sabia o que eu sentia. De alguma maneira, ele sabia.

- Não odeia — Negou abertamente com a cabeça. — Você me ama e precisa admitir. — Senti a respiração acelerar.

Antes eu estava firme e impetuosa, e de repente me sentia vulnerável e exposta, nua perante o homem que amava…

- Não amo nada! — Retruquei-lhe depressa. — E quanto a você?! — Confrontei-lhe de frente.

Ele sorriu com prazer.

- Posso dizer alguma coisa, sim, mas só depois de você. — Dei de ombros, desviando o olhar do seu.

- Sinto muito por não ter nada a dizer. — Eu nunca admitiria alguma coisa antes que ele admitisse!

Ele soltou uma risadinha baixa, passando a mão pelo cabelo.

- Tudo bem, algum dia sei que irá me dizer — Bufei olhando-o, a raiva só crescia em meu peito. — Eu gosto de vê-la assim… — Ele agarrou o meu queixo, aproximando nossos rostos. — Tão zangada… e por minha causa.

Rosnei com os dentes travados.

- Será que pode me deixar em paz ao menos uma vez na vida...?! — Ele riu divertindo-se. Eu amo de verdade aquele som.

- Filho, venha, o fotógrafo já está chamando!

- Por Deus… a minha mãe pensou mesmo em tudo… — Ele murmurou, fechando os olhos.

Voltamos para a sala e logo o fotógrafo se apresentou.

- Bom, primeiro eu quero uma foto de todos juntos — Disse o mesmo. — Depois vamos ao book do casal, certo?

- Será ótimo…! — Harry incentivou sorrindo, parecendo divertir-se com a minha momentânea perda de voz.

- Juntem-se todos, por favor, mas vocês dois no meio, por gentileza

Harry e eu nos posicionamos ao lado do outro e logo ele chamou Andy, pegando-o no colo. Olhei ao meu redor, vendo todos se aproximarem para participarem da foto também.

- Sorriam todos, por favor… — Sorrimos diretamente para a lente até avistar o flash. — Vamos mais duas — Todos pareciam descontraídos e felizes, enquanto eu me sentia um peixe totalmente fora d’água. — Acho que está bom. Agora vamos ao casal

Minhas mãos começaram a tremer, eu não sabia ao certo o que fazer.

- Ajam naturalmente, mas lembrem-se de darem alguns beijos perante a câmera — Disse o fotógrafo, ajeitando a lente, enquanto Harry dilatava suas pupilas ao olhar para mim.

- E agora…? — Sussurrei-lhe.

- Aja como a esposa apaixonada que é — Sorriu convencido.

Meu rosto já estava corando e o senti me envolver pela cintura, me puxando contra seu corpo cada vez mais, enquanto eu tentava detê-lo, empurrando-o, contidamente, durante as fotos.

Meu coração batia ainda mais rápido quando ele colava nossos rostos amorosamente ou me dava infinitos selinhos, quase como se aquele fosse o melhor momento das nossas vidas. Eu até mesmo podia sentir seus batimentos cardíacos acelerados nas palmas das minhas mãos trêmulas…

- Perfeito. Eu já tenho um material ótimo. — Disse o fotógrafo. — Obrigado e felicidade aos dois! — Assentimos para ele, sorrindo.

Meu cérebro ainda se recusava a aceitar que tudo aquilo havia sido apenas fingimento...

- Daddy! Daddy! Daddy! — Era Andy, puxando Zayn pela mão.

- Hey, amor — Harry sorriu para ele e acariciou seus cabelos, ignorando a presença de seu amigo.

- Daddy, daddy, o senhor me deixa passear com o tio Zayn?? — Ele estava eufórico.

Harry ficou sem reação alguma àquela pergunta.

Nenhuma expressão foi esboçada por ele, apenas de uma nova decepção. Ele estava desapontado...

- O que…? — Reagiu ele, sem acreditar. Zayn só estava parado, tentando não olhar diretamente em seus olhos, e nem nos meus.

- Por favor, eu quero ir com o tio Zayn… — Murmurou Andy, com um olhar suplicante. — Eu tenho saudades… — Harry abaixou a cabeça, mas depois voltou a olhar para Andy.  

- Filho, amanhã você tem aula cedo... — Ele se manteve firme para não demonstrar o desgosto que sentia. — Quem sabe um outro dia…? — Tentou negociar.

- Então posso ir com ele pra casa...? Deixa, papai, quase nunca vejo o tio Zayn... — Harry massageou a nuca, tentando se livrar da tensão.

- Está bem, Andy... okay… — O pequeno soltou a mão do padrinho e agarrou-se as pernas do pai.

- O senhor é o melhor papai do mundo! — Harry brevemente sorriu e abaixou-se para abraçá-lo e beijá-lo.  

- Comporte-se, okay? O caminho será longo — Andy assentiu beijando-o na bochecha. — Te amo…  — Eles sorriram um pro outro.

- Eu também te amo, daddy...

Fitei silenciosamente Zayn, que apesar de estar desconfortável com a situação, parecia contente por poder passar um tempo com Andy.

- Cuidado com ele.  — Harry o encarou seriamente.

- Não se preocupe — Assentiu Zayn.

Harry despediu-se outra vez de Andy e não deixou o sorriso desaparecer até que os dois virassem as costas, indo embora.

Ele passou as mãos pelo cabelo e encostou a cabeça na parede, murmurando:

- Mas que droga…

Em um impulso protetor, segurei em suas costas e o abracei, unindo nossos corpos, confortantemente.

Seu cheiro inebriante invadiu os meus sentidos e eu senti seu braço sobre o meu abraçando-me de volta…

-  ...tudo bem…? — Sussurrei calmamente.

Ele negou com a cabeça, ainda sem soltar meu braço.

- Não… — Fiz carinho em suas costas usando o nariz. — Eu não confio naquele cara e tive que deixar o que tenho de mais precioso ir com ele…

Imensamente tocada, virei-o para mim e segurei seu rosto entre as mãos, alisando sua bochecha macia.

- ...quando irá me contar o que houve entre vocês…? — Com medo de ter sido rude, acariciei sua bochecha novamente.

Seus olhos fecharam-se ao sentir o meu toque e delicadamente ele pegou minha mão, beijando a ponta dos meus dedos com doçura.

- Está bem... você ganhou... — Disse em sussurro, ao tomar uma decisão, percebendo que não conseguiria mais esconder tal situação. — Mas aqui não... — Assenti tranquilamente. Não era o local ideal... — Vamos... — Dessa vez não protestei quando ele segurou a minha mão e nos dirigimos para o seu carro.

Eu tentava não olhar para ele, diante do meu inelutável alvoroço interno. Ele me deixa tonta, meio besta e nervosa. É incrível como nos atraímos e nos repelimos como um ímã...

Enquanto andávamos de mãos dadas, endireitei minha postura, forçando-me a parar de agir como uma adolescente ingenuamente apaixonada.

Uma vez que chegamos ao carro, ele abriu a porta do veículo e me ajudou com a cauda do vestido para só assim ir para o seu lugar.

Era lindo ver que debaixo daquela "casca grossa" que ele tinha, havia uma pessoa gentil e amável...

Fiquei olhando pela janela, enquanto o carro corria pela pista pouco movimentada.

- Estou faminto... — Disse ele, depois de um longo silêncio entre nós dois.

- Eu também… — Confessei e ele me encarou brevemente.

- O que acha de comermos alguma coisa...? — Concordei sem hesitar. — Se bem que, na verdade, estou desejando o salmão com brócolis da minha mãe — Fez bico, despertando em mim uma imensa vontade de apertar ou morder suas bochechas.

- Serve o de outra pessoa...? Eu sei fazer — Ele sacudiu a cabeça, voltando a prestar atenção em mim.

- Sério...?

- Sim, eu cozinho desde os meus doze anos ou dez — Ele riu com desdém.

- Isso eu quero experimentar

- Desafio aceito. — Ele mordeu o lábio assentindo.

- Okay, só preciso encontrar um supermercado — Disse ao olhar pelas proximidades.

- Há um perto da minha casa — Apontei na direção leste.

- Ex-casa — Murmurou ao me corrigir.

- Está bem, ex-casa — Ele assentiu continuando o caminho. — Dobre aqui, por favor — Ele prontamente dobrou na rua e seguiu por mais três quarteirões até chegar ao Supermarket. — Ah droga… por que não trouxe outra roupa...? — Resmunguei comigo mesma fazendo-o rir da minha cara.

- Ao menos está linda como uma boneca — Senti meu rosto corar e vi um sorriso brotar em seu rosto. — Você não muda mesmo... — Ele riu baixo e negou com a cabeça, sorrindo.

- Podemos entrar logo? — Questionei-o irritada, mas contente com o elogio.

- É claro… — E assim descemos do carro.

Entramos no estabelecimento, subitamente atraindo olhares de todos. Claro que não era comum recém casados irem ao supermercado logo após o casamento.

- Existe algum tipo de melancia ou abacaxi no topo da minha cabeça...? — Perguntou-me ele, enquanto eu pegava um dos carrinhos.

Mas que espécie de pergunta era aquela...?

Só então entendi.

- Não… mas há uma garota com um vestido de noiva bem ao seu lado... — Ele soltou um risinho nasal.

Seu braço sobre meus ombros era romântico e acolhedor. Atravessávamos os corredores como um típico casal harmonioso e apaixonado.

- Vamos entrar aqui — Eu disse antes de puxá-lo para um dos corredores.

Ele franziu a testa para a minha seleção interminável de produtos e ingredientes.

- O que foi...? — Perguntei sob os seus olhares impacientes.

- Nada. Só passei a maior parte da minha vida evitando fazer compras — Murmurou ranzinza.

- E como fazia...?

- Pedia para a minha secretária ou para a Anastacia — Respondeu dando simplesmente de ombros.

- Nunca fez a feira da sua própria casa...?

- Sou um homem ocupado, sabia? — Disse cruzando os braços.   

- Mas que decepção, hein, Styles? — Ele estava sorrindo.

- Ah, cala a boca, garota…! — Ele empurrou meu ombro com seu braço, rindo.

Eu amo fazê-lo rir mesmo que só por um instante. O som do seu riso me desliga totalmente do mundo...

- Pode pegar duas latas de molho de tomate, por favor? — Elas estavam no alto da prateleira, eu não alcançava.

Ele assentiu e estendeu a mão para pegá-las.

Era notável que ele se sentia como um alienígena em uma terra estranha...

Havia uma criança chorando em algum dos corredores, e uma idosa acabou batendo em nosso carrinho, tendo o desaforo de culpá-lo, quando na verdade estávamos parados e ela que não estava prestando atenção no caminho.

Ele murmurou um ''desculpe'', mesmo sem ter tido culpa, e em seguida resmungou baixinho:

- Que raios, os homens definitivamente não foram feitos para fazerem compras em supermercados. — Mordi os lábios para conter o riso.

- Estamos quase no fim, Styles — Tentei confortá-lo, mas ele apenas virou os olhos sabendo que isso era mentira.

Voltei minha atenção para a prateleira e peguei uma das caixas.

- Hey, farinha de rosca não consta na lista de ingredientes — Disse ele.

- Eu sei, mas é bom ter em casa. E essa é da melhor marca — Disse, entregando-lhe a caixa azul. — Tem baixo teor de sódio e carboidratos, e é mais crocante do que a farinha de rosca comum.

Ele piscou repetidamente, como se processasse o que eu havia dito.

- Mulher adora mesmo gastar com tudo...

- Você não disse que é bilionário e que o dinheiro é para ser gasto com tudo que a felicidade pode nos proporcionar...? — Provoquei-lhe e ele virou os olhos.

- O que é meu é seu agora, então… eu sei que você sabe o que faz — Rendeu-se o irredutível.

Sorri realizada e segui pelo corredor, surpreendendo-me com o alto preço de algumas especiarias exóticas. Lancei um olhar na direção dele e seus grandes olhos verdes estavam fixos em mim, acompanhado de um sorriso tranquilo nos lábios.

Aquele homem era suficientemente capaz de fazer qualquer mulher perder a cabeça somente por olhá-lo. Quando o conheci, imediatamente percebi isso.

- Por que está me olhando assim…? — Ele desviou o olhar das minhas pernas e o dirigiu para o meu rosto, sorrindo de lado.

- Nada. É só que… acho que nunca tinha reparado no quanto você é realmente linda...

Não sei como descrever o que senti naquele momento, a não ser como o melhor sentimento que eu já havia experimentado. Especialmente porque se ele vira a cicatriz em minha perna, enxergou em mim uma beleza além dela. Diferente de todos que já conheci…

- Obrigada… eu acho... — Disse sentindo as minhas bochechas arderem.

- Não me entenda mal! — Logo ele tentou se explicar. — Eu sempre te achei linda, mas hoje… sei lá, deve ser o vestido… ou... sei lá... alguma coisa... — Ele se atrapalhou todo com as palavras. — Vamos continuar — Ele tropeçou em uma das prateleiras e parou para se recuperar do desequilíbrio.

- Você está bem...? — Me aproximei dele velozmente, colocando a mão em seu ombro.

- Estou. Estou bem — Disse com um suspiro.

- Por favor, não se machuque mais…okay…?  — Ele sorriu de modo divertido, como se sentisse deleite perante o meu cuidado.

- Tudo bem, minha esposinha preocupada... — Meus olhos se arregalaram e ele caiu na gargalhada.

- Ora… Styles! — Segui andando com o carrinho e ele veio rapidamente atrás.

Olhando para a longa prateleira lotada com dezenas de tipos de azeites, ele parecia completamente perdido.

- Qual é o melhor?

- Sempre o extra virgem — Respondi-o.

Ele pegou um dos vidros e colocou-o dentro do carrinho.

- Sabe que até que estou gostando da nossa primeira compra como casados...? — Fiquei, sem dúvidas, encantada.  

Ele não estava sendo sarcástico ou brincalhão, ele foi sincero. Eu pude ver isso em seus olhos.

- Isso quer dizer que começará a fazer suas compras…?

- Se for com você, sim... — Maravilhada, sorri, lhe dando um selinho seguido de um tapa no ombro.

- Vamos, Styles — Ele sorriu e mordeu o lábio antes de me selar novamente.

- ...como eu queria que esse lugar estivesse vazio… apenas nós dois... — Murmurou durante o selinho, mas senti sua língua roçar levemente por meus lábios. Ele certamente queria me beijar devidamente.

Então uni suas bochechas, apertando-as entre as mãos, finalizando o selinho de modo rápido. Ele apenas sorriu e por fim cedeu.

- Acho que posso lidar com isso — Eu ri, ajudando-o a empurrar o carrinho até o final do corredor.

No açougue, tentei manter a mente voltada para os cortes do peixe e a retirada de suas espinhas, e não no nosso quase beijo de língua.

Foi quando ouvimos uma voz feminina ao nosso lado:

- Harry?

Girei a cabeça e vi uma loira voluptuosa, usando um sensual vestido apertado e calçando saltos pretos, com um enorme sorriso no rosto. Havia um pequeno cesto em seu braço, com alguns tomates e um abacate dentro.

- Julie — Disse Harry, subitamente tenso. — É bom ver você.

Suas palavras foram simpáticas e acolhedoras.

- Eu jamais poderia imaginar que o encontraria em um supermercado — Murmurou ela, inclinando-se para dar-lhe um beijo na bochecha.

Tentei não ferver de ciúmes.

E tentei dar um passo atrás para dar aos dois um minuto de privacidade, mas Harry me deteve pousando um dos braços em meu ombro. A loira sequer notou… seus olhos azuis estavam tão fixos em Harry, como se ele fosse uma bolsa Prada em uma loja de liquidações...

- Qual é, não é tão surpreendente assim me encontrar em um lugar como esse — Mencionou ele.

- É claro que é, baby — Discordou ela, com uma risada sedutora. — Você já se esqueceu que eu conheço todos os seus horários e limitações...?

Perfeito, pensei.

Nada como estar ali testemunhando uma das companheiras de cama dele tentando seduzi-lo em um corredor de supermercado.

- Você está lindo, ótimo como sempre — Disse ela, com a voz se transformando em um ronronar sedutor.

Virando o rosto, revirei os olhos e desejei que ela afundasse em um buraco no chão.

- Ora, obrigado — Disse ele, educadamente. E em seguida, acrescentou: — Deve ser os efeitos do casamento...

- Casamento?? — Até eu me surpreendi com seu comentário. Não esperava. Não esperava mesmo...

E pela primeira vez ali, o olhar dela desviou dele para finalmente me notar. Vestida de noiva a sua frente. A surpresa percorreu seus olhos de maneira inconformada.

- Julie, esta é Kathleen Boyer Styles, minha esposa. — Percebi quando ela me olhou dos pés a cabeça.

- Olá. É um prazer conhecê-la — Eu disse polidamente.

- Aham — Murmurou ela, que então se voltou para Harry com o interesse renovado. — Como eu não fiquei sabendo disso...? — Contemplei-o suspirar irritado, diante da falta de modos da mesma comigo.

- Foi de repente — Ele disse e ela me olhou com puro ódio no olhar. — Acha que já acabamos aqui, amor...? — Olhei-o surpreendida, constrangida demais para dizer qualquer coisa. — Bom, acho que já terminamos sim — Ele ainda parecia irritado com ela, então só concluiu o assunto. — Até mais, Julie.  

Ele empurrou o nosso carrinho apenas com uma mão, ainda com o outro braço em torno dos meus ombros. Caminhei ao lado dele, tentando descobrir o que acontecera. E arriscando uma rápida olhada para trás, pude ver que a bela Julie também estava tentando entender a mesma coisa…

Depois de ajudá-lo a colocar as compras na esteira do caixa, seguimos para o estacionamento com as sacolas. Ele não me deixou levar mais que duas, lotando-se com seis ou sete.

Um vento frio soprava pelo arredores, e no céu, as estrelas brilhavam naquela noite.

Virei o rosto contra o vento enquanto Harry guardava as compras na traseira do carro e não disse uma palavra até que ele fechasse a tampa do porta-malas.

- O que foi aquilo...? Lá dentro, com a Julie?

Ele deu de ombros e empurrou o carrinho de compras até a área onde ficavam guardados.

- Ela é irritante. Nunca me deixou em paz depois que saímos juntos. — Eu sabia. — Deixá-la acreditar que estou feliz no meu casamento foi a maneira mais fácil de me livrar dela — Senti um frio na barriga.

- Então foi só fingimento…? — Ele inclinou a cabeça e me olhou com um ligeiro sorriso no canto dos lábios.

- Só pareceu uma boa ideia na hora, qual é, não precisa encrencar com isso. — Empinei o rosto de forma contrariada e saí na direção do carro. É claro que eu não deveria achar que estávamos nos aproximando. — Kathleen...? Mas por Deus, o que aconteceu? — Ele disse vindo atrás.

- Não houve nada, Styles! — Retruquei brusca, tentando abrir a porta do carro, que ainda estava trancado.

- Solte a droga da porta para que eu possa destrancá-la — Ouvi sua voz grave e apenas afastei-me, sem dizer nada. — Pode me dizer porquê ficou assim?

- Não pense que o motivo foi aquela mulher! — Ele não conseguiu reprimir um sorriso, rindo com um sarcasmo arrogante.

- Por que me sinto tão bem com o seu ciúme…?

Apenas repeli sua pergunta com uma careta e entrei no carro, batendo a porta com força em sua cara.

- QUE RAIOS DE GAROTA DIFÍCIL! — Ele gritou do outro lado do vidro.

Só revirei os olhos e coloquei o cinto esperando que ele entrasse no carro.

Ele arrodeou o mesmo bufando e adentrou em silêncio logo começando a dirigir pelas ruas de Carlisle.

Ficamos em silêncio por um tempo, até eu perceber seus olhares enviesados para mim.

- Sabe o que eu não entendo? — Ele disse quebrando o silêncio.

- Porquê é tão estúpido? — Insultei-o, ácida.  

Ele revirou os olhos.

- Não! — Disse. — Porque você não entendeu os termos do nosso acordo.

O olhei como se não estivesse entendendo.

- Mas de que termos está falando...? Tínhamos algum?

- Claro que temos. — Ele disse convicto. — O principal desse acordo é que não podemos envolver sentimentos. — Ele me olhou por cima do ombro. — Sem envolvimento, ciúmes, nem sexo, e muito menos fidelidade — Notei que apesar de absurdo, ele falava sério. — Isso estava no papel do acordo, você não leu…? — Ele franziu a testa, me olhando com incerteza.

Ri sarcástica, tornando a ficar séria.

- Fique tranquilo, Styles, jamais envolverei sentimentos nessa palhaçada. — Minha voz soou fria e direta.

Ele me olhou por alguns segundos com o olhar magoado e então fomos surpreendidos por um chacoalhão que o fez perder totalmente o controle da direção.

Meu estômago se contorceu subitamente. 

Tudo de mim quis voltar no tempo e desfazer aquela discussão boba que havíamos tido segundos antes, que provavelmente o desconcentrou completamente.

Mas era tarde demais para arrependimentos, rodopiávamos na pista, enquanto ele tentava manter o domínio do veículo, agarrando-se ao volante, sendo em vão.

- Caralho, me obedece! — Ele ordenou avidamente para a direção. 

O carro derrapava sem controle, com os ruídos altíssimos dos pneus, enquanto ele tentava evitar um possível capotamento. 

- Senhor, tem misericórdia de nós; pois em Ti esperamos! — Soltei Isaías 33:2, fazendo Harry me olhar abismado.

No desespero e no perigo, as pessoas têm de acreditar em um milagre, de outra forma, não sobreviveríamos.

Giramos outra vez no asfalto, sendo arrastados até fora da pista, onde paramos.

O medo que pairava sobre mim ainda era esmagador, e fez disparar uma onda de ansiedade por meu corpo. As minhas mãos tremiam.

- Obrigada, senhor... — Sussurrei aliviada.

Dando uma forte respiração, abri os olhos e encarei Harry, sentindo minha pulsação vibrar em todas as veias do meu corpo. 

Prontamente suas mãos envolveram o meu rosto e o senti encostar o rosto na curva do meu pescoço, me abraçando.

Ele tremia assim como eu, mas seu abraço curou tudo, acalmando meus medos e aquecendo meu coração aflito de antes...

- Meu Deus... você está bem…? — Seu sussurro soou preocupado.

Assenti com a cabeça, tocando o seu rosto.

- E v-você…? — Ele assentiu também. 

Lentamente afastei uma mecha de seu cabelo, acariciando sua bochecha. 

Ele colou nossas testas.

- Preciso ver o estrago...

- Por que não chama o guincho...? — Ele beijou a ponta do meu nariz.

- Porque posso fazer isso sozinho. — Afirmou, já puxando a gravata e tirando o terno que vestia. — Não saia, okay...? Pode ser perigoso.

Só assenti, o nó na minha garganta não desaparecia.

Logo ele saiu do carro e enfrentou uma cobertura esbranquiçada de névoa.

Meu coração apertou-se e tentei vê-lo através do vidro, mas só vi nebulosidade e escuridão.

Tirei o cinto e assim aproximei meu corpo do vidro, conseguindo finalmente vê-lo. Ele analisava a traseira esquerda e logo agachou-se na lateral. Meu coração falhou nervosamente, mas não me deixei ser engolida pela angústia por nem mais um segundo.

Peguei a chave na ignição e desci, fechando a porta. Caminhei até a traseira e de imediato vi o pneu murcho e deformado. Mas não vi Harry.

Procurei-o desesperadamente por entre a névoa e não demorou para ouvir seu grito me chamando.

- KATHLEEN?! — Sua voz vinha da parte dianteira do carro.

- Estou aqui!

Ouvi sua respiração ofegante aproximar-se e fui surpreendida por suas mãos me virando pelos ombros.

- Você quer me matar do coração?? — Ele levou as mãos até as laterais do meu rosto.

- Porquê…?

- Eu te disse para ficar no carro, e quando não te vi lá pensei que alguém tinha te levado!

- Eu estou bem... calma… — Ele respirou fundo, soltando meu rosto.

- Porquê saiu do carro?

- Eu quis ver se você estava bem! — Ele negou com a cabeça rapidamente.

- Não devia, podia ter sido perigoso...!

- Me diga a situação que estamos... — Toquei seu rosto, usando apenas as pontas dos dedos.

- Eu tentei puxar a roda, mas ela não se mexeu... — Seu rosto veio aproximando-se do meu até estarmos com as testas coladas. Parecíamos dois ímãs, incapazes de manterem-se afastados. — Acho que o eixo quebrou… mas de qualquer forma não parece o tipo de dano que se corrige fora de uma oficina

- Viu como precisamos chamar o reboque...

- Ou então podemos ligar para o seu pai.

- Não, não podemos perturbar o sossego dele... — Me afastei levemente.

- Mas ele sabe resolver isso, Kathleen, e estamos tão perto dele

- Não, já está ficando tarde, Harry! Precisamos de um reboque! — Rebati firme e vi seus olhos escurecerem subitamente.

- Por que sempre discutimos por tudo e qualquer coisa? Que merda!

- Porque sempre quer as coisas do seu jeito, e quase sempre age como um insensível estúpido! — Ele revirou os olhos antes de olhar em seu celular.

- Onde está o seu celular? — Perguntou calmamente.

- Não achei que fosse preciso trazer… mas e o seu?

- Está sem sinal — Esbugalhei os olhos imediatamente, sentindo um gelar em minha nuca.

- Quer dizer que estamos presos nessa estrada no meio do nada…? — Ele ergueu os ombros.

- Só nos resta esperar agora.

Eu estava entrando em pânico internamente.

Como assim eu iria ficar trancada em um carro com ele sabe lá por quanto tempo…?

- Kathleen? Acorda! — Subitamente saí do meu transe — Vamos pro carro logo! Ou quer pegar um resfriado com toda essa névoa nos consumindo?

- Claro que não… vamos... — Fomos para o carro.

E mesmo que o aquecedor estivesse ligado, as nossas roupas estavam úmidas devido ao nevoeiro. Harry pegou uma mochila no porta malas e a abriu, mexendo entre os compartimentos, puxando dois casacos em seguida.

Ele estendeu-me um dos casacos e fez menção de tirar sua camisa branca, deixando a vista seu corpo esculturalmente sarado.

Acompanhando seus movimentos, tentei não encarar seu corpo seminu, mas falhei desprezivelmente.

- Vista o seu também, ou pegará um resfriado potente — Ele disse colocando o seu agasalho.

- O que…? — Ele falava sério…? — E quer que eu tire esse vestido como...?

- Eu te ajudo... — Houve malícia em suas palavras.

- Há — Bufei para não xingá-lo infinitamente.

- Vamos, estou pensando na sua saúde — Insistiu.

- Eu sei bem em quê você está pensando… — Ele riu.

- Confesso que pensei outras coisas também... — Espumei, corando.

- Quer parar?!

- Só quando trocar de roupa.

- Não há espaço para isso, Styles! — Mostrei-lhe ao redor.

- Vamos para fora do carro então — Olhei-o chocada.

- ...quer que eu fique seminua no meio da rua…?

- Não há ninguém passando mesmo

- Styles!

- Agora você é uma também, sabia? — Sorriu zombador.

Abri bruscamente a porta, só para me ver livre dele.

- Que bom que resolveu aceitar minha sugestão… — Provocou-me saindo e eu tive que contar até dez, mentalmente. — Vamos… erga os braços.

- Não. — Percebi quando ele suspirou irritado.

Logo o mesmo me fez virar de costas para ele e já foi abrindo o zíper em minhas costas.

- COMO VOCÊ OUSA?! — Ele tentava puxar o vestido para cima quando o meu grito o impediu abruptamente. — Vire o rosto!

Ele virou a cabeça para o lado contrário e com a minha ajuda foi tirando o vestido por cima.

- Eu estou vendo você me espiar! Vire o rosto, Styles! — Ele sorriu, prendendo o riso, novamente virando o rosto.

- Céus… você é tão macia… — Murmurou me deixando corada, e espalhando um calor por todo o meu ventre.

- Styles!

- Desculpa… — Ele virou outra vez. — Mas como assim você está sem sutiã…?

- HARRY STYLES!

- Foi mal, desculpa!

- Agora feche os olhos para que eu o tire completamente, e é melhor que não espie. — Ameacei-lhe friamente.

Ele fechou os olhos suspirando e esperou que eu lhe avisasse quando poderia abri-los.

- Agora pegue o casaco… — Cobri-me com o vestido. — Mas de olhos fechados! — Ele subitamente os fechou.

- Como quer que eu enxergue o carro?

- Se vira!

- Que raios! — Ele saiu de olhos fechados, apalpando por onde andava até sentir o automóvel e abrir a porta do passageiro.

O frio lá fora estava excruciante e só desejei que ele não demorasse para pegar o casaco.

Trêmula, tentei dar um passo, mas estava com muito frio.

O vi voltar ainda de olhos fechados e assim peguei o moletom de sua mão, colocando o vestido em sua cabeça. Assim teria a certeza de que ele não me espiaria.

- Como você é cheirosa… — Murmurou com o vestido ainda sobre seu rosto e nariz.

- Obrigada — Disse enquanto me vestia. E amaldiçoei mentalmente o moletom bater só na altura dos meus joelhos.

- Posso respirar agora… ? — Zombou ele.

Prendi o riso por um instante, e depois lembrei de um detalhe importante que havia esquecido totalmente.

- Pode... — Comprimi os lábios. — Mas tem que prometer que não vai tentar vê-la...

- Ver quem?

- A minha cicatriz...

Ele suspirou bem fundo.

- Okay, okay! Eu prometo! — Disse impaciente e logo tirei o vestido de seu rosto.

Houve um silêncio inquietante entre nós e assim ele me olhou desentendido.

- Vamos pro carro...?

Assenti indo.

Pus o vestido no banco detrás e sentamos cada um em seus respectivos bancos.

O silêncio voltou a reinar entre nós dois e logo ouvi ele se mexer no banco, ficando de frente para mim.

Senti-o me puxar calmamente, me fazendo sentar entre suas pernas, com os seus braços me aquecendo e protegendo naquela noite fria e reclusa.

Mantendo-me aquecida e segura…

Deitei a cabeça entre o seu pescoço… meu coração batia em um ritmo descontrolado...

O barulho de sua respiração me acalmava… seu cheiro gostoso enviava arrepios por toda a minha espinha. Sentia que seu tórax era duro, mas macio, ao mesmo tempo...

Com um sorriso suave, entrelacei nossos dedos, virando o rosto e sorrindo para ele.

Ele sorriu de volta, esfregando carinhosamente as nossas bochechas...

Meu corpo precisava de um pouco daquela alegria, que só encontro quando estou nos seus braços…

Seus dedos estavam gelados e logo preocupei-me se ele estava devidamente aquecido.

- Você está bem…?

- ...muito… — Disse sorrindo. Seu sorriso tinha um charme inegável…

Sorrindo, subi minha mão para seus cabelos, acariciando-os...

Vi um calor sutil irradiar suas bochechas e os nossos rostos foram se aproximando lentamente...

Subitamente sua voz apareceu em meus pensamentos, e instintivamente recuei para trás, lembrando de suas palavras...

 

O principal desse acordo é que não podemos envolver sentimentos.

 

- ...o que foi…? — Ele abriu os olhos, me olhando.

- ...não podemos…

Aquilo foi idiotice, mas era a verdade...

Ele permaneceu calado, como se concordasse.

- ...pode me falar agora sobre o que ia me falar…?  — Apenas mudei de assunto.

- Sobre o Zayn…?

- Sim — Assenti. — Preciso entender essa bagunça e saber como agir diante de tudo...

- Que tal afastando-se dele…? — Seu hálito batia no meu pescoço, me arrepiando.

- Nós não somos amigos… — Tentei tranquilizá-lo. — ...só o vi duas vezes e a segunda vez foi hoje...

- Apenas tenha cuidado, ele é um predador nato — Fiquei preocupada.

- Por que diz isso…?

Ele fez uma pausa significativa.

- Ele e Alyssa envolveram-se no passado e totalmente embaixo do meu nariz…  

Senti meu coração apertando-se.

Eu não estava apenas chocada, eu estava irritada. Como os dois fizeram isso com ele...?

Isso explicava a origem de tanta repulsa. Repulsa talvez não fosse a palavra certa, e sim mágoa.

- Basicamente foi por causa dele, ou pelo menos depois dele, que Alyssa e eu começamos a ter problemas… — Ele disse em lembranças. — Brigávamos vinte e quatro horas por dia, as vezes até na frente de Andy… e todos os dias eu pedia que ela fosse embora…

- E aí você e Zayn também brigaram...?

- Sim… — Acariciava calmamente o dorso de sua mão. — Fui tirar satisfações com ele que ainda teve a coragem de negar. De dizer que ela estava inventando… por que ela faria isso? — Perguntou simplesmente.

- De fato não faz nenhum sentido…

- Desde então só o suporto na minha casa ainda por causa de Andy, que gosta bastante dele e acima de tudo é seu afilhado

Meu estômago roncava devido a fome, porém foi o dele que ouvir soar alto.

- Poxa, devíamos ter comprado salgadinhos… — Lamentei, encolhendo parcialmente os ombros.

- Devíamos… — Ele disse esfregando o próprio rosto. — Estou faminto… posso morder você…? — Sorri de sua bobeira.

- Harry

Ele riu contra o meu pescoço.

- Ao menos dormir aqui eu posso… — Disse apertando-me contra si de uma forma carinhosa, deitando o rosto na curva do meu pescoço.

Sorri com leveza, satisfeita com a sua atitude.

Meus dedos passeavam calmamente por seu braço, acariciando toda a sua pele enquanto os segundos corriam, levando a minutos, e de repente o silêncio fora preenchido pelo ressonar baixinho dele.

Me mexi cuidadosamente e peguei o seu celular, sorrindo para sua foto de fundo, ele junto a Andy.

 

Ainda sem sinal…

 

Nenhum carro passara até aquele momento, a estrada se mantinha escura e vazia.

Não havia muito o que fazer por nós dois…

Então aninhei-me no peito dele, acordando-o ligeiramente, mesmo que os seus olhos estivessem quase totalmente fechados.

Inclinei-me para dar-lhe um selinho e ele sorriu sonolento, em seguida abraçando-me, contra seu peito.

- Boa noite, meu amor… — Sussurrei, arrancando-lhe outro sorrisinho doce.

- ...boa noite, minha esposinha linda e apaixonada… — Toquei seu rosto e fiz carinho nas laterais dele, baixando totalmente a guarda.

Eram raros os momentos em que Harry e eu éramos carinhosos um com o outro... mas aquele momento… conseguia ser melhor do que todo o resto.

E não adianta tentar disfarçar; tá na cara, tá no olhar.

Tá estampado na testa esse amor descontrolado, esse sentimento que me rouba de todos os modos...

Ninguém consegue fugir do coração...

Pois é inútil fugir daquilo que desejamos com tanto amor.

 


Notas Finais


→ Levanta a mão quem acha que eles fariam bebês lindos...? o/

→ Não esqueçam de me contar o que acharam desse capítulo ❤️

→ ❤️❤️❤️ Música tema do casal Karry: https://www.youtube.com/watch?v=mv47k0o9h9I❤️❤️❤️
Tradução: https://www.letras.mus.br/sin-bandera/3199/traducao.html


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