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História A Estrela da Solidão - Céu iluminado como testemunha


Escrita por: MelindaInu

Capítulo 29 - Céu iluminado como testemunha


Fanfic / Fanfiction A Estrela da Solidão - Céu iluminado como testemunha

☆☆☆☆☆

 

O que Neji disse foi como uma pedra jogada na superfície calma de um lago, causando ondulações que perturbaram Naruto por alguns dias. Ele nunca negou ou fez pouco caso do carinho que sente por Neji, Naruto estava ciente da diferença entre o que ele sentia por Sasuke, por exemplo. Era mais suave, mais terno e meigo em comparação.

 

Mas também era diferente do que ele sentia por Itachi.

 

Se fosse necessário comparar, Naruto diria que o primeiro seria como o orvalho da manhã, revitalizante e bem proporcionado. Todos os dias pequenas gotas eram o bastante para manter as folhas verdes e frondosas, seu valor era inestimável, porém passageiro com o surgir dos primeiros raios de Sol no céu das manhãs.

 

Ele gostava de Neji, mas não conseguia elevar o nível do gostar, não tinha forças o suficiente.

 

Agora, tudo o que envolvia Itachi era mais intenso, marcante, uma chuva forte e duradoura que alimenta as flores no jardim, lhe dá forças suficientes para crescer e amadurecer, que enche os rios com vida e esperança, um cortejo silencioso à preguiça, à diversão. Os trovões e relâmpagos fazem o coração palpitar com vida, e você sabe que no fim haverá o calor gracioso do Sol e céu limpo.

 

Então, quando as ondulações causadas pelo peso daquelas palavras foram se dissipando, Naruto voltou a pensar em Itachi. Seu aniversário já tinha passado, o dele também. Itachi já era um adulto, já tinha feito seu juramento e em breve partiria para a sua primeira missão.

 

Pensar na distância que seria imposta entre eles deixou Naruto apressado, imprudente e ganancioso.

 

Não existia nenhum compromisso entre eles, Itachi estava fora do seu alcance e ele não gostava disso. Secretamente, Naruto tinha medo que a distância entre as idades deles se tornasse cada vez maior com o amadurecimento e sua convivência amável fosse levada pela correnteza, uma folha fraca e leve demais para ficar no lugar.

 

A pressa, imprudência e ganância são coisas que jamais devem agir juntas, num impulso ele mandou uma mensagem para Itachi, pedindo para o ver antes da sua viagem. Ele respondeu que só teria tempo para conversar pessoalmente no dia anterior a sua viagem, Naruto tinha pouco tempo.

 

Ele tinha acabado de chegar do trabalho na confecção e os pensamentos voltaram, não que ele tivesse parado de pensar em primeiro lugar, mas pelo menos quando estava costurando as mangas dos uniformes e fazendo a manutenção nas máquinas mais antigas, ele se distraiu por algumas horas do seu martírio. Parado sozinho na cozinha, Naruto estava alternando entre olhar o celular e beber a água da garrafa fria em sua mão ligeiramente sensível pelo contato com os alfinetes, chegando se o preço do presente que escolheu para o aniversário do seu pai ainda era o mesmo quando ele viu um anúncio, uma ideia iluminando seu rosto.

 

O Shino sai é o último festival realizado dentro da base naval. Antes da base ser construída, havia um santuário para o deus Shennong da medicina e por respeito, o templo foi mantido, sendo o centro das construções que se seguiram. Havia uma história por trás disso, sobre como durante uma epidemia severa décadas atrás, os moradores locais construíram esse templo diante do mar, de onde vinha os navios com remédios e ajuda médica.

 

Não é um grande festival, mas acontece no final do outono, onde as folhas das árvores douradas combinam com as iluminações colocadas no santuário e os bolinhos doces vendidos nas ruas junto com bebidas quentes. Para um primeiro encontro - como Naruto estava chamando secretamente - seria perfeito, o único problema foi…

 

-Não!

 

Ele nem terminou sua pergunta e Kushina, que estava mais deitada do que sentada no sofá, negou seus planos. Ele piscou duas vezes aturdido antes de entender o que tinha acontecido e ficou indignado.

 

-Por que não?

 

-Seu pai e eu temos planos, não vai dar para nenhum de nós te acompanhar.

 

Kushina explicou preguiçosamente, pensando que o assunto acabaria ali, mas Minato, que estava se esforçando para assistir o noticiário, sabia melhor do que a esposa que o filho herdou, entre outras coisas, a teimosia dela e se preparou para a discussão que seguiria.

 

-Eu posso ir sozinho.

 

-É muito perigoso andar sozinho à noite.

 

-Mãe, o negócio fica a três ruas de casa - Naruto apontou para o leste, em direção ao dito santuário.

 

-E daí? Nós não sofremos um acidente na rua de casa?

 

-Isso foi a muito tempo, e desde então não teve mais nenhum acidente de carro aqui.

 

Kushina rolou os olhos e ajeitou a postura, deixando o celular repousar na sua perna antes de virar para o filho com as sobrancelhas apertadas preparada para discutir.

 

Minato odiou ter razão. Discretamente, ele aumentou o volume da televisão.

 

-E se você passar mal?

 

-Eu ligo para o SAMU.

 

-E se tiver uma briga?

 

-Eu caio fora.

 

-E se te roubarem?

 

-Eu chamo a polícia.

 

-E se você se perder?

 

-Aí eu banco o ET e ligo para casa - Naruto retalhou, revirando os olhos.

 

-Não fale com esse tom comigo! - Kushina beliscou o braço de Naruto - Está achando que só porque está mais alto que eu que não vai apanhar?

 

-Vocês podem falar mais baixo? - Minato pediu educadamente, mas foi ignorado.

 

-Eu não falaria nesse tom se você não me tratasse como uma criança.

 

-Você é uma criança!

 

-Uma criança mais alta que a senhora - Resmungou audivelmente e Kushina jogou uma almofada em Minato, como em outras vezes, forçando ele a participar da discussão.

 

-Você vai deixar o seu filho falar assim comigo?

 

-Mas ele é mais alto que você - Minato reagiu a tempo de se defender de outra almofada que mirava seu rosto.

 

-Dois centímetros! - Kushina ergueu dois dedos e apontou na direção de ambos - Dois centímetros!

 

-Eu digo que sou três centímetros menor se a senhora me deixar ir - Naruto não estava disposto a desistir - Eu vou chegar na hora que vocês mandarem, prometo não falar com estranhos, prometo comer poucos doces para não passar mal, não vou beber nada alcoólico, eu prometo seguir todas as regras!

 

-Até que horas você queria ficar fora de casa?

 

-Eu queria ver a queima de fogos, então… umas dez e meia?

 

Kushina arregalou os olhos - Nem pensar!

 

-Mãe, por favor. Eu nunca te pedi para sair de casa antes, só dessa vez, por favor!

 

Kushina olhou para ele com o canto dos olhos, ainda incerta sobre permitir ou não, mas Naruto não era alguém que se importasse com seu orgulho e decidiu apelar. Quando ficou apoiado sobre um dos joelhos e pedindo infantilmente - Por favor, por favor, por favor - Suas bochechas não estavam vermelhas por vergonha, mas sim pela imprudência, pela pressa em ter permissão. 

 

Minato riu e bufou da cena, suspeitando que Itachi era a motivação dessa teimosia, mas no fim, escolheu confiar em Naruto e Itachi, já que até agora nenhum dos dois descumpriu os termos que ele estipulou - Kakashi e Obito eram seus olhos quando ele não estava perto. Minato achou justo dar a eles algumas horas fora da sua vigilância.

 

-Deixe ele ir, Kushi. Como um teste - Minato disse numa pausa de Naruto para respirar - Se ele aprontar alguma, trancamos ele no sótão até ele completar dezoito anos.

 

Uma sugestão de sorriso malicioso tomou conta do sorriso bonito de Kushina, houve uma troca de olhar entre ela e o marido até que por fim, Kushina cedeu e um sorriso contendo o brilho das estrelas iluminou o rosto bonito de Naruto.

 

-Obrigado! Obrigado! 

 

Cada obrigado era acompanhado de um beijo estalado no rosto de Kushina que a fez rir animadamente e depois de nervoso. Ela empurrou o rosto de Naruto para longe dela - Me solte, carrapato! Você não me irrite ou eu mudo de ideia!

 

-Sim, senhora!

 

Naruto fez uma continência antes de correr as escadas e se jogar na cama, a mente correndo em planos e expectativas para o fim de semana, o coração acelerado e batendo alegremente no peito. Numa coincidência do destino, seu celular tocou com o alerta de mensagem especial que ele colocou para Itachi - um sininho similar ao doce som do chaveiro.

 

Está muito ocupado?

 

Não estou não. E você?

 

Também não. 

 

Quer conversar um pouco?

 

Pode ser.

 

Naruto esperou um pouco, mas Itachi não digitou mais nada, estava esperando ele iniciar uma conversa, o que era um tanto triste e um tanto engraçado. A maioria das conversas por mensagens entre eles eram iniciadas por Naruto, ele sentiu agradavelmente doce por ele ter tomado a iniciativa em puxar conversa, mesmo ele não sendo muito bom nisso. Naruto então contou sobre os planos para o fim de semana e conversaram sobre várias coisas, até que Naruto não conseguiu mais resistir ao sono e dormiu com o celular nas mãos e uma emoção quente e aconchegante no peito.

 

☆☆☆☆☆

 

Itachi olhou para sua imagem refletida no espelho por um longo tempo, insatisfeito e com dificuldades de descobrir o que estava o incomodando, possivelmente era a vozinha da sua consciência dizendo para ele deixar de se preocupar tanto, não era um encontro, eles só… iam sair juntos. Sozinhos.

 

Mas não era um encontro.

 

-Você vai a um encontro ou a um velório?

 

Desde quando Sasuke estava na porta era algo que Itachi não sabia, mas seu irmão estava o observando com um sorrisinho brincalhão no rosto, os braços cruzados.

 

-Nenhum dos dois.

 

-Escute o seu irmãozinho, coloque a camisa branca que a mãe te deu, aquela com botões.

 

Itachi franziu o cenho - Eu não gosto de branco.

 

-Mas você fica bonito de branco, e vai ficar legal com esse jeans - Sasuke deu as costas e acenou  - Eu sou apenas o melhor amigo do seu namorado, não ligue para a minha opinião.

 

-Ele não é meu namorado!

 

Sasuke fingiu não escutar as ofensas de Itachi e continuou acenando tranquilamente. Itachi murmurou consigo - Esse pirralho perdeu a noção.

 

Apesar de resmungar, ele trocou a camisa preta pela branca e saiu escondido, a última coisa que precisava era ouvir mais das piadas de Sasuke.

 

Itachi não sabia bem o que esperar, isso o deixou nervoso a ponto de sair um tanto cedo da sua casa, o céu estava escurecendo preguiçosamente, conspirando para estender um pouco mais as três horas que eles teriam.

 

O Shino sai não era um dos festivais mais populares, a rua do santuário estava praticamente vazia, poucas barraquinhas de comida montadas debaixo de árvores centenárias delicadamente envoltas por luzes amarelas. Apesar de simples, era uma bela visão.

 

Seu plano era esperar Naruto perto do torii de acácia tingida de vermelho, perto do templo, mas tinha alguém ali. Não qualquer pessoa, Itachi jamais o confundiria com outra pessoa, o que aconteceu é que nunca tinha visto Naruto assim, com as mão cruzadas atrás da cabeça. Os fios loiros não estavam tão rebeldes como sempre, jogados de lado com naturalidade. Uma camiseta preta sobreposta com uma social aberta esvoaçante ao redor do seu corpo, e um olhar divertido, despreocupado.

 

Não era o caso dele não saber que Naruto tinha uma beleza exótica, ele já tinha visto esse rosto ferido e preguiçoso, cansado e irritado, mas foi a primeira vez que o viu assim, asseado e bem cuidado. Enquanto se aproximava, Itachi observou melhor aquele rosto bonito com traços únicos, marcados pela jovialidade e indisciplina da idade e não pode deixar de sorrir.

 

-E eu pensando que iria chegar cedo.

 

Naruto ergueu seu sorriso no canto direito dos lábios, pontuando mais ainda o ar jovem dele. Itachi parou um pouco à sua frente, as mãos que estavam formigando dentro dos bolsos do jeans. O peso do seu corpo foi apoiado em uma das suas pernas, na forma que ele via, parecia uma atitude tão descontraída quanto a de Naruto, o disfarce perfeito para o seu nervosismo interno.

 

-Você está muito bonito. Deixa eu adivinhar, foi a tia quem te deu a camisa?

 

-Como você adivinhou?

 

-É só a tia que te compra roupa com cor.

 

Naruto desencostou do torii e parou mais perto dele, o rosto um pouco erguido para olhar nos olhos de Itachi, um dos motivos que o fazia gostar tanto de Naruto era justamente esse - Naruto nunca desviou os olhos dele, por mais ameaçadoramente que ele o encarasse.

 

-Eu sou tão previsível?

 

-Um pouco.

 

Naruto riu num sopro de ar e indicou o santuário com a cabeça - Vamos entrar antes de lotar de gente.

 

Eles então caminharam lado a lado pelo santuário frio e bem iluminado pelas chamas douradas das velas, um cheiro denso de incenso os cercando. Acenderam varetas de incenso e se prostraram diante da imagem do deus que mais se parecia um vovô amoroso, em respeito. Seus corpos refletiam sombras inseparáveis na parede quando caminharam em silêncio para fora. Eles devem ter ficado no máximo dez minutos dentro do santuário, mas encontraram uma visão diferente do lado de fora.

 

Pessoas apareceram como um enxame de abelhas, conversando baixinho e comendo doces. Algumas crianças com roupas formais estavam cercando uma piscina baixinha para brincar com os peixes dourados e vermelhos, outras estavam com fogos de mãos correndo, um rastro de luz como o corpo serpenteado de um dragão deixado para trás em meio às pessoas.

 

-Eu não achei que teria tanta gente - Itachi deixou escapar.

 

-Você não se sente bem no meio de muita gente?

 

-Eu consigo lidar bem, não se preocupe. Onde você quer ir?

 

Naruto segurou o queixo e pensou um pouco, observando o lugar atentamente até seus olhos ganharem um novo brilho. Itachi não sabia sobre os pensamentos gananciosos dele, seu corpo quase congelou completamente quando Naruto segurou seus dedos suavemente.

 

-Vamos tomar cuidado para não nos perdemos.

 

Dito isso, Naruto puxou seus dedos e o guiou pela pequena multidão de pessoas.

 

Itachi seguiu Naruto com mansidão. Nos primeiros passos, ele ficou bem desconfortável ao pensar que tipo de olhares ele iria receber e caminhou meio rígido atrás de Naruto, mas ninguém prestou atenção neles ou olhou uma segunda vez para suas mão unidas. Nessa noite, eles poderiam ser apenas dois adolescentes despreocupados, nada demais.

 

Demorou alguns passos para ele relaxar e criar coragem para entrelaçar os dedos aos de Naruto, ao invés de só deixar sua mão ser segurada. Ele não sabia sobre o motivo, mas os passos de Naruto vacilaram com esse gesto e ele puxou um pouco a mão.

 

-Desculpe - Resmungou baixinho.

 

Naruto não respondeu, não com palavras. Ele olhou para trás, prendeu melhor as mãos de Itachi junto com as suas e o puxou para ficar ao seu lado, o rosto bonito brilhando com suaves tons de rosa bem disfarçados pela pele bronzeada.

 

-Vamos ver isso aqui primeiro? Depois podemos comer alguma coisa.

 

Naruto o levou para mesas com panfletos sobre faculdades e seus cursos de medicina. Eles passaram um bom tempo lendo e conversando sobre os cursos disponíveis antes de seguirem em busca de lanches, as mãos seguramente unidas.

 

Com uma variedade de doces, crepes e takoyakis, eles se sentaram perto do santuário, em um dos banquinhos de cimento. Naruto ficou com a perna meio dobrada sobre o banco e virado para Itachi, um pouco chateado por ter que soltar a mão quente dele.

 

-Você já pensou que área da medicina quer seguir? - Itachi perguntou quando já estavam terminando de comer os doces.

 

-Ainda não. Acho legal a parte de cirurgias, mas não sei…

 

-Eu acho que você vai ser um excelente cirurgião.

 

-Sério?

 

-Sério - Afirmou outra vez - Eu confiaria minha vida em suas mãos sem medo.

 

O par de olhos azuis brilharam de tanta emoção que ele acabou divagando.

 

-Você… isso é tão… uau! Eu fico me preocupando tanto com isso que acabo cheio de insegurança.

 

-Não precisa ter pressa, ainda há muito tempo.

 

Naruto concordou e engoliu o último pedaço do seu crepe. Talvez o tom usado, talvez sua consciência pesada deram uma aplicação a mais aquelas palavras e subitamente Naruto ficou triste. Não havia tempo o bastante, em poucas horas Itachi ficaria longe e ele estava acovardado, incapaz de falar o que tanto queria.

 

-Você vai partir amanhã cedo?

 

-Às seis da manhã.

 

-Você está com medo?

 

-Um pouco - Itachi confidenciou depois de limpar a boca nos guardanapos - O suboficial Kakashi tem fama de ser um treinador rigoroso, mas seu pai confia nele, então eu também confiarei nele.

 

-Quanto tempo você vai ficar fora?

 

-Três meses, se tudo ocorrer bem.

 

-Você não vai poder mandar mensagem para mim, né.

 

-Acho que não, ainda não sei todos os detalhes.

 

Naruto sabia muito bem o peso que os três meses podem ter. Ele pensou em forçar suas palavras a sair quando ouviu um estouro ao longe, o riso de crianças.

 

-Fogos!

 

-Uau!

 

-É tão lindo!

 

Naruto olhou para o céu, desanimado. Seu tempo estava acabando e logo ele teria que voltar para casa. Ele se recusou a voltar sem dizer o que queria, não era hora de ser covarde. Naruto segurou a mão de Itachi.

 

-Eu… estou apaixonado por você, Itachi.

 

Por um capricho mesquinho do destino, as palavras não foram ouvidas pelos estouros dos fogos e demorou para ele perceber que Itachi também tinha dito alguma coisa.

 

-Eu não te ouvi.

 

Naruto e Itachi falaram ao mesmo tempo, e foi Itachi quem cedeu.

 

-Pode falar primeiro.

 

-Eu disse que… vou sentir saudades de você.

 

Naruto não teve coragem de repetir, era vergonhoso demais confessar uma segunda vez. Ele olhou para as mãos juntas, com vontade de chorar e correr, tamanha a vergonha que sentiu, se amaldiçoando por ser um idiota medroso e…

 

-Eu também vou sentir saudades de você.

 

Naruto ergueu o rosto no mesmo instante, os olhos bem abertos, com medo de ser apenas um sonho. Itachi não estava mais o olhando, seu rosto estava virado para o outro lado, mas ele não soltou seus dedos. Naruto sentiu que isso era um bom sinal e ficou ganancioso outra vez.

 

-Você vai sentir minha falta?

 

-Vou - Respondeu olhando para longe.

 

-Então… então… prove - Naruto fechou os olhos e fez um pedido que poderia se tornar o mais idiota em toda sua vida - Me beije pelo menos uma vez antes de ir.

 

Naruto não esperava que Itachi lhe respondesse, ele estava bem ciente que foi idiota pedir um beijo, mas enquanto ele se afogava uma segunda vez em maldições, um clarão vermelho cruzou o céu acima deles e Itachi virou o rosto em sua direção e se aproximou.

 

Seu coração bateu tão rápido que parecia prestes a rebentar o seu peito, as coisas ao redor dele ficaram pequenas, fora de foco. As pessoas, o tempo e os sons, nada mais foi percebido por ele, exceto as luzes deslumbrantes dos fogos de artifícios nos céus.

 

Itachi estava o beijando. 

 

Um beijo no rosto e nada mais.

 

Simples e casto.

 

Um beijo no rosto, nada demais, o bater de asas gentil de uma borboleta em sua pele poderia ser mais forte do que aquele contado, mas foi como se um incêndio tivesse crescido em seu coração. Felizmente, estava escuro o bastante para Itachi não conseguir notar o carmesim em seu rosto, mas o tremor das mãos unidas era inconfundível.

 

O beijo durou o mesmo tempo que as luzes brancas de um dos fogos de artifício, durou o tempo exato para marcar as almas apaixonadas por toda uma vida.

 

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