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História A Faculdade - Jennifer


Escrita por: trishakarin

Capítulo 9 - Jennifer


Meu sangue fervia de raiva. Meus olhos faiscavam, tamanho ódio que nascia dentro de mim. Jennifer ainda estava a minha frente, parada, olhando-me com a mão em seu rosto. Eu sabia que havia pegado pesado, mas não tanto quanto ela. Eu não conseguia entender o que se passava em sua cabeça para que ficasse daquela forma. Que perdesse o controle daquela maneira, de tal forma, que não importava mais a educação com a qual a tratei ou até mesmo o respeito. Sam incomodar tanto ela, me causava até curiosidade. 

Ela deu um passo para trás e saiu do quarto, batendo a porta com força. Eu sabia que teria problemas com ela. Mas agora já era. Peguei minhas roupas e vesti com pressa. Não queria ficar muito tempo ali, eu precisava espairecer. O que diabos acontecia naquela Faculdade? Eu nunca pensei ter tantos desprazeres e prazeres em tão pouco tempo. Coloquei uma roupa confortável e sai do quarto, descendo as escadas de dois em dois degraus. No final me esbarrei com Luciano. 

Senti meu coração pesar ao ver as marcas em seu rosto. Tudo minha culpa! Sequer fiquei para lhe dar assistência. Fui tão egoísta ao ponto de sair correndo. Ele me olhou surpreso e visivelmente aliviado, me puxando para um abraço apertado e me deixando ainda mais culpada do que estava, tamanho carinho.

- Ash, menina, fiquei preocupado demais contigo! - ele disse tocando meu rosto com carinho - Onde esteve?

- Lu, eu não sei nem como te pedir desculpas. Te deixei lá...

- Calma, mulher - ele sorriu - Eu estou bem, isso não foi nada - ele apontou para as marcas do rosto - Mas certas feridas doem mais. Aquele cara era o que seu?

- Namorado... ex-namorado - disse firme.

- O que aconteceu? Isso é, se quiser falar sobre o assunto.

Eu passei um minuto olhando para seus olhos e a segurança que senti vindo dele, me fez sorrir e pegar suas mãos puxando para o Café do outro lado da rua. Ele me acompanhou obediente, nada disse, apenas saltitava ao meu lado feito criança pequena. Sentamos próximo a vitrine, tínhamos a visão da rua e do movimento. Os sucos não demoraram a chegar.

- Agora me conte...

- Lu, desde que eu cheguei aqui, faz tão pouco tempo e parece que já faz tanto tempo. Parece que eu te conheço há tanto tempo, parece que já falo com a Sam há anos. Até a Jennifer, com quem briguei hoje cedo, parece que sempre dormimos no mesmo quarto. Parece que eu já vivi tudo isso antes e tudo não é nada mais, além da continuação normal da vida - disse tudo atropeladamente, ele sorria, tamanha minha euforia - E Alan fez parte de um outro momento, que parece ter sido esquecido assim que coloquei meus pés aqui. 

- Posso ser-lhe sincero? - confirmei - Quando eu vim pra cá senti a mesma coisa. Fiz amigos tão rápido. Foi uma delícia - disse malicioso - Como tem sido delicioso para você...

- O que? 

- Como você manteria um namoro fora daqui, com tantas novidades dentro daqui, Ashley?

- Eu conseguiria. Mas Alan mudou muito, de repente...

- Não foi de repente, Ashley - ele me interrompeu - Me desculpe, mas acho que você nunca prestou atenção no seu namorado. Aquela atitude não acontece da noite pro dia. Talvez estava tudo bem porque ele estava sempre por perto, tomando conta, monitorando. Agora que está longe, ele sente dificuldade em te observar, em tomar conta. Isso deve ter sido um soco no estômago, de tal forma que ele ficou louco sem ar. 

Eu parei por alguns segundos, tomando um longo gole de suco. Ele tinha total razão no que disse. Eu não conhecia Alan. Claramente eu não o conhecia. 

- E depois que Sam apareceu, você mudou completamente, não é mesmo?

Foi o suficiente para eu quase cuspir todo o suco em seu rosto. Engasguei, tossi e quase desmaiei. Eu encarei ele chocada com o comentário e sem saber direito o que responder.

- Como é?

- Querida, sei de tudo o que aconteceu naquele quarto - ele abanou si próprio - Sem riqueza em detalhes, mas sei bem o que houve. A Sam é praticamente minha irmã, você já deve ter percebido - confirmei com um aceno - Então... e aí? O que achou?

- Lu...

- Ai, menina. Pára com essa timidez toda. Vocês duas já são grandinhas, transaram, foi maravilhoso, eu sei. Mas e aí? Tava toda cheia de dúvida, toda cheia de medos. E agora?

- Eu... eu não sei o que te dizer.

- Sabe, conversar com alguém ajuda bastante você a ouvir si própria. Digo por experiência!

- Eu não estava muito em mim, quando... com a Sam - disse envergonhada - Eu não lembro de detalhes, eu não saberia te dizer exatamente o que senti...

- Mas sabe que foi bom.

- Sei. Sei sim! - sorri - Mas ontem... de cabeça cheia... eu acabei saindo, Lu. 

- Eu vi, inclusive, o que houve com você?

- Eu fui para o Pub que tem no centro... e eu conheci alguém... nada sério - ergui a mão antes que ele comentasse alguma coisa - Nada sério mesmo. Mas eu ainda estou bem confusa quanto o que quero...

- Nossa, que homem foi esse?

Esbugalhei os olhos, coisa que não deveria ter feito, pois agora tinha acabado de entregar-me.

- Meu Deus, Ashley - ele levou as mãos a boca - Foi uma mulher? Você pegou outra mulher? Menina - deu um gritinho entregando-se - Meu Deus. 

AHHHHHHHH

Um grito oco do outro lado da rua, fez com quem diversas pessoas se levantasse assustadas. Outras se abaixaram, outras nem se moveram, diferente de mim e Luciano.

Luciano se abaixou na mesa, eu não, eu levantei o pescoço no vidro e olhei em direção ao grito. Avistei Jennifer sendo empurrada a força dentro de um carro vermelho, do outro lado da rua. Me levantei da cadeira correndo, saí em disparada do Café em direção ao carro. Que já havia engatado a marcha e saído cantando pneu rua abaixo. O homem que a colocava para dentro do carro estava  encapuzado, mas aparentemente tinha um porte atlético devido ao tamanho e aos braços. Corri, até onde aguentei, mas o carro virou a direita no fim da rua. Peguei meu celular com rapidez e disquei o número da polícia. Eles não demoraram muito a atender, contei o ocorrido e corri de volta para o Café, onde Luciano já estava de pé com as duas mãos cobrindo a boca.

- Ashley...

- Era Jennifer - minhas mãos tremiam.

Ela havia sido sequestrada. Claramente se tratava de um sequestro. Meu coração estava disparado, meu corpo inteiro tremia e as lágrimas desesperadas subiam aos meus olhos. Levei a mão ao cabelo, tentando acalmar-me. Inútil.

- Meu Deus, Luciano - olhei em pânico - Era a Jennifer...

Ajoelhei-me no chão e desatei a chorar. Eu não sabia o que fazer.

Ele se aproximou de mim, pousando sua mão em minhas costas carinhosamente. Eu estava com raiva dela. Claro que estava, mas eu não queria que acontecesse algo tão horrível como aquilo. Enterrei meu rosto, choroso, onde as lágrimas já caiam sem cessar, em minhas mãos. 

A polícia não demorou, algumas pessoas contaram para o onde o carro havia ido e apontaram para mim, pois havia sido a única a correr atrás do carro até onde pude. Um policial negro e enorme se aproximou de mim, estendeu a mão me ajudando a levantar e pediu desculpas, mas deveria me interrogar. Sentei na mesa onde estava e ele sentou-se a minha frente, enquanto Luciano falava com outro rapaz.

- Temos dois carros procurando pelo automóvel vermelho - ele disse tentando confortar-me - Mas eu preciso de mais algumas informações - acenei confirmando - Pode descrevê-los?

- Eu não vi quem dirigia, rapidamente só vi o mais alto, grande, braços fortes, estava todo de preto, incluindo um capuz também preto. Ele desceu do carro, pegou Jennifer e dispararam sabe lá pra onde. 

Ele anotou algumas coisas, perguntou outras, como o carro, algum detalhe. Mas eu fiquei tão preocupada com o fato de ter sido minha colega de quarto dentro daquele carro, que eu não teria a menor condição de sequer notar algum adesivo, ferrugem, placa, do carro. 

Ele pediu desculpas mais uma vez e saiu, junto com os outros. Todos deixaram o Café e seguiram pela rua. Claro que encontrariam ela. Foi tudo muito, mas muito rápido. As chances de encontrá-la eram enormes. Era algo bom em uma cidade pequena. Todos se conhecem e se protegem. 

- Mais uma - eu disse - Mais uma - olhei para Luciano que ainda estava visivelmente assustado - Mais uma merda, Luciano. O que essa cidade tem? Qual o problema daqui? Desde que eu cheguei só acontece merda.

Joguei o copo no chão, revoltada. Só poderia ser uma cidade assombrada pelos demônios. Não tinha outra explicação. Nunca, em toda minha vida, passei por tantos momentos difíceis como naqueles dias. Eu preciso mesmo lembrar que haviam apenas quatro dias e três noites que eu estava naquela Faculdade? Em apenas quatro dias, um garoto foi morto, meu namorado surtou de vez, transei com duas mulheres e agora minha colega de quarto havia sido sequestrada. Em apenas quatro dias a minha vida virou de cabeça para baixo. 


Notas Finais


Se fossem só 4 dias!!


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