História A Faculdade - A História de Sam - Parte II

Ela tocou a campainha e a enorme porta de madeira branca se abriu quase que imediatamente. Uma senhora de aproximadamente cinquenta anos surgiu com um largo sorriso nos lábios. Olhei para Sam, que carregava uma expressão de pura saudade e alívio, se jogando com os braços abertos, no colo daquela senhora, que a recebeu com a mesma animação. 

- Minha menina, quanta saudade - ela afastou a loira e afagou seus cabelos com o mesmo carinho - o que te trouxe aqui, minha querida?

- Temos alguns dias livres na faculdade.

- Mas você sempre aproveitava para colocar os estudos em dia, meu amor - ela disse.

Eu olhei para Sam com uma expressão surpresa e um sorriso impossível de controlar. Ela me olhou, sorrindo também, entendendo o que havia pensado. 

- Dessa vez é diferente. Essa aqui - ela me puxou pelo braço, acenei um cumprimento tímido - É Ashley. Eu a trouxe pra conhecer tudo aqui.

A senhora me olhou surpresa, olhando para Sam e para mim instantaneamente. Ela se aproximou de mim, ainda trocando os olhares entre nós duas. 

- Muito prazer, menina! Espero que possam aproveitar bem. Sam, querida, sabe que parte dos empregados estão de folga de final de ano, não é? 

- Sei sim, Lara, mas não precisa se preocupar muito comigo! Fico até feliz com a ausência deles, podemos aproveitar melhor tudo sem que nos atrapalhem. Henrique está por aqui?

- Não, meu bem. Seus pais precisaram levá-lo nessa última viagem. Você quer que prepare o quarto de hóspedes?

- Não, Lara. Luís está de folga?

- Ele estará por aqui por pelo menos dois dias.

- Pede pra ele preparar a minha casa?

- A da piscina? - Sam confirmou com um aceno - Ah, menina, então aquele homem leu seus pensamentos. Ontem mesmo ele passou por lá e deu uma geral, ficou o dia todo. Agora ele está lá finalizando a piscina. Então já vou chamar ele pra levar as coisas pra lá.

- Ele sempre acerta - ela riu.

- Vocês já comeram alguma coisa?

- Nada, Lara, ficaria muito feliz se fizesse um dos seus pratos milagrosos.

- É pra já, minha querida. 

Sam beijou a face da mulher e fechou a porta atrás de si. A sala de estar era enorme, maior do que qualquer casa em que já entrei na vida. Um enorme sofá em L, em uma cor cinza puxado pro bege. As paredes em branco, enquanto a que ocupava a grande tv tinha uma decoração toda em madeira. Passamos por essa sala, atravessando uma enorme porta de vidro, que dava para uma área com piscina. Aquilo tudo me incomodou, apesar da completa surpresa com toda aquela novidade. Sam era rica? Porque diante de tudo aquilo, a garota simples, corajosa, humilde, parecia tudo, mas jamais imaginaria que seria praticamente uma princesa. Por mais que se parecesse realmente com uma princesa.

Ela segurou minha mão com carinho, me guiando até um grande jardim, muito bem cuidado por sinal, com flores, palmeiras, árvores. Logo atrás de tudo aquilo, havia uma espécie de chalé moderno, com uma pequena varanda de madeira escura, separado por vidro, coberto por uma cortina branca envolvendo ao redor. Ela atravessou a varanda, minha mão presa a dela carinhosamente, destravou a porta de vidro, empurrando-a para o lado e me dando passagem.

Tentar descrever aquele ambiente, era quase como descrever algo impossível de colocar em palavras. Havia em um dos cantos, uma cama enorme, com lençóis brancos, de forma tão bela. No outro lado, havia uma mesinha com cadeiras de madeira, para dois. Ao fundo um guarda-roupa embutido, e uma porta que dava provavelmente para o banheiro. Mas tudo brilhantemente decorado, de forma simples e elegante.

- Sam... - as palavras saíram, em uma expressão de pura surpresa e encantamento - Eu nunca vi nada tão perfeito como isso. Que lugar é esse?

- Quando eu era mais nova, sempre quis um quarto longe de casa - ela riu - E meu pai fez essa casa na piscina. Entre todo esse jardim, me senti isolada, ainda que protegida e foi aqui - ela abriu os braços - que consegui superar qualquer coisa ruim que viesse a acontecer comigo.

- E tem algo ruim? Meu Deus, Sam. Você é uma princesa? Este lugar é um paraíso.

- Minha vida pode ser confortável financeiramente, Ash, mas não foi muito fácil se tratando da cabeça - ela me segurou pelo quadril, me trazendo para perto de si - E estava bem complicado lidar com tudo, até que você chegou - beijou meus lábios com delicadeza e carinho - Você mudou tudo na minha vida, Ash. 

- Você é sim uma princesa, Sam. Você é perfeita em tudo - não resisti dizer.

- Eu não sou perfeita, Ash e é justamente isso que quero e preciso que veja. Eu te amo tanto que eu sinto uma necessidade enorme de te dizer quem sou, o que amo e quero pra mim. Eu quero que você faça parte dela de todos os jeitos.

Eu segurei suas mãos com força e carinho. Eu já estava tocada. Tudo estava muito perfeito, mesmo com a insegurança que nascia dentro de mim. Eu não tinha nada, como poderia então segurar uma menina como ela?

- Eu amo você, Sam.

Ela abriu um largo sorriso e me abraçou com carinho, antes de beijar meu rosto e puxar-me pelo braço em direção à saída daquela "suíte". 

- Sam - parei ela - Posso te fazer uma pergunta um pouco séria?

- Claro.

- Você e Jennifer tiveram algo, não foi? - ela confirmou com um aceno - Por quanto tempo ficaram juntas?

- Um bom tempo. Ash, a Jennifer é uma menina muito especial, mas ambas éramos imaturas e não fomos muito responsáveis com nosso relacionamento. Acabei fazendo besteiras por causa de atitudes irresponsáveis dela, a culpei por tudo. 

- Então foi sério o que vocês tiveram? 

- De certa forma foi sério sim - ela disse caminhando novamente para fora - Mas muito diferente do que temos e vamos ter - ela disse com um sorriso - O que sinto por você me move, me mantem aqui forte, mesmo passando por muitas situações ruins, se nelas você estava presente, eu me sentia firme, mais corajosa. 

- E não sentiu nada disso por Jennifer?

- Ashley, Jennifer é uma menina muito difícil e fomos muito imaturas. Ela era baladeira, festeira, brincalhona, sempre levou tudo na zoação. Eu não queria esse tipo de relacionamento e quando terminei, Jennifer meio que surtou. Ela achava que eu iria ficar com ela, respeitar ela do jeito que ela era e me esforçar para continuar com ela e eu não queria isso para mim. 

- Entendo - eu a abracei - Por qual razão me trouxe até aqui, Sam? 

- Por uma única razão... que não saberá agora - ela sorriu radiante e me puxou pelas mãos.

Passando pela porta e correndo em direção ao gramado.