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História A Fight For Us - Come Home


Escrita por: SkyWithDiamond

Notas do Autor


Olá,
boa leitura.

Capítulo 23 - Come Home


Fanfic / Fanfiction A Fight For Us - Come Home

Alex não conseguia tirar sua atenção da tela que ainda carregava números de forma lenta, ela nunca ansiou tanto uma conclusão como aquela. Ela não se arrependia por ter usado suas visitas pessoais para resolver algo de seu trabalho, afinal, isso também poderia afetar a namorada então se convenceu de que sua atitude foi para o bem de todos. A Diretora puxou uma cadeira e ficou ao lado de Brainy, o garoto terminou de falar ao telefone e a ruiva girou os olhos com a finalização melosa daquela despedida.

— Nia disse que a redação está um caos.

— Não é exatamente o tipo de novidade que busco, Agente Dox. - Alex apontou para a tela do monitor, mas Brainy não poderia dizer nada antes do acesso finalmente chegar ao seu final.

— Não está curiosa para saber o motivo da ligação de Nia?

— Eu vou deixar você imaginar a resposta pela minha expressão - Alex apontou para seu rosto, e Brainy se viu em um desafio ao tentar ler aquela reação.

— Presumo que deve está curiosa, mas incapaz de assumir tal desejo - sugeriu ainda desconfiando - De qualquer forma, eu contarei - Brainy puxou sua cadeira para se aproximar ainda mais de Alex - Nia contou que ela foi escolhida para o evento exclusivo de Obsidian North. Haverá um anunciamento com convidados da imprensa para apresentar uma tecnologia revolucionária, e Nia será uma das convidadas. Aparentemente o evento será em um lugar de total privacidade, um motorista particular irá buscar Nia.

Alex viu uma luz no fim do túnel.

— Essa é a nossa oportunidade - Alex sorriu com os planos se formando em sua mente - Precisamos que Nia seja nossos olhos, Brainy. Podemos conseguir algo - Alex levantou deixando Brainy confuso - Me mantenha informada quando tiver acesso total as câmeras de Obsidian North.

Lena entrou naquele mesmo bar de meses atrás, ela nunca imaginou que um simples encontro com uma estranha seria por culpa de uma outra intervenção, a CEO estava para esquecer daquele nome igual ao de sua amada, ela estava decidida a encerrar aquele rápido caso, mas se viu ainda mais curiosa, afinal, como aquela criatura poderia saber sobre sua origem? Ela iria cair na tentação da curiosidade, porque era só isso que conseguia pensar.

O bar do local estava vazio, nem mesmo o bartender estava ali, Lena se perguntou se a outra havia invadido o lugar por isso estava bebendo sozinha. De longe ela conseguiu ver o sorriso sacana da estranha, como se soubesse exatamente os passos da CEO.

— Se você sabe sobre mim, então sabe que posso deixá-la de joelhos - Lena deixou sua bolsa sobre o balcão e sentou ao lado da outra mulher.

— Você sabe muito bem que não precisa usar seus poderes para me deixar de joelhos - o flerte barato veio com uma curta gargalhada ao perceber o semblante sério de Lena - Muitas perguntas?

— O que acha? - a relação das duas havia se tornado estranha, Lena tentava apagar qualquer tipo de intimidade que teve pois não queria se envolver em ainda mais problemas em sua relação.

— Antes de você dramatizar a situação, sim, eu vim até você por um interesse maior, mas não reclamo de poder ter tirado algum prazer disso - a mulher se serviu com o líquido amarelado e pegou outro copo para servir a companheira - Meu plano consistia em usar minha força para levar você, mas isso é um pouco rude, não acha?

Kara levou o drink a boca, mas antes de seus lábios tocarem no material frágil, o copo estourou deixando na mão alheia apenas o caco de vidro. Lena arqueou uma sobrancelha mostrando que não estava ali para jogos.

— Um pouco temperamental, eu gosto disso - a mulher deixou o resto do copo sobre o balcão e enxugou sua mão na calça jeans.

— O que você é? Por favor, não me diga que é uma versão de Kara Danvers porque isso seria demais até para mim - Kara sorriu e Lena deixou o espanto ser sua única reação - Não, você está brincando comigo!

— Meu nome é Kara, eu sirvo a um único deus que foi capaz de mostrar uma nova perspectiva, eu devo minha vida à ele, afinal, foi ele quem me trouxe de volta e me deu a oportunidade de servi-lo - Lena percebeu que estavam indo para algum lugar e esperou a mulher continuar - Há uma guerra a caminho.

— Por favor, não me fale em outra crise.

— Você não pode escapar do que está por vir, porque tudo gira em torno de você e do que você é.

— Você pode parar de falar em códigos? Eu sou esperta para desvendá-los, mas não estou com muita paciência para isso.

— A profecia veio cobrar o destino que entrelaça você - Kara deixou sua mão segurar a de Lena sobre o balcão - E a única forma de você mudar o final de tudo, não é lutando contra seu inimigo e sim ao lado dele… - Lena puxou sua mão ao sentir a sensação estranha que não era sua, mas sim de Kara - Lena, você deve lutar ao lado de Darkseid, você precisa escolher nosso lado caso contrário você será a culpada por uma guerra onde milhões podem morrer.

— Darkseid? - como ela poderia esquecer, ele foi o ser que teve sua parcela de heroísmo contra Anti-Monitor - Não, isso não é possível. Se eu sou uma ameaça para ele, então ele deveria ter me matado quando teve a chance.

— Ele tem planos para você, por isso lhe deu uma chance, mas ele não é tão paciente e misericordioso assim.

Lena pegou sua bolsa e desceu do banco, ela não iria ouvir mais nada daquela história que buscava seu passado para concretizar um futuro.

— Você vai aceitar, pode não ser por vontade própria, mas você vai aceitar - Kara virou-se para a mulher prestes a ir embora.

— Você não me conhece.

— Não, não conheço, mas eu sei de alguém que a conhece muito bem e eu sei que você faria de tudo por ela - Kara tirou algo do bolso de sua jaqueta e colocou dentro da bolsa da CEO sem nenhuma recusa - Quando estiver preparada veja o conteúdo, e quando decidir o que já é previsível então me encontre. Você tem uma escolha aqui, Zatara, é melhor escolher a certa.

Kara passou pela a CEO, mas não conseguiu dar um outro passo, uma barreira invisível a impediu de seguir.

— Luthor, eu sou uma Luthor - afirmou e liberou a passagem de Kara - Não volte a me procurar, e fique longe da minha Kara ou você irá se arrepender, isso serve para você e para Darkseid - Kara sorriu.

— Você buscou pela ajuda de Darkseid.

— E ele disse que eu não teria uma dívida a pagar.

— Você não tem - Kara estava presente naquele momento em Apokolips, ela ouviu Lena e seu desespero por ajuda - Mas você lembra que ele disse que no próximo encontro vocês seriam inimigos, você tem uma chance de mudar isso.

A loira seguiu para fora do bar, ela sabia o que Lena iria escolher, de qualquer forma ela teria a mulher ao seu lado.

Quando Darkseid ressuscitou aquela figura, ele fez questão de fazer a kryptoniana passar pelos piores cenários, mesmo sem sua alma cheia de compaixão, Darkseid ainda a torturou como se fosse seu passatempo favorito. Kara já não tinha nenhuma lembrança de sua vida, apenas as que Darkseid distorceu para que o ódio a consumisse ainda mais, a kryptoniana havia se tornado seu soldado mais fiel e um dos mais poderosos.

Alex seguia pelos corredores do DEO até algo chamar sua atenção, a Diretora trocou seus caminhos e seguiu para a sala de treinamento ali ela observou sua irmã prestes a destruir o restante da sala, a última vez que ela viu Kara daquela forma foi quando as Worldkillers estavam ganhando a batalha. Alex não interviu, cruzou seus braços e analisou os movimentos irracionais de Kara ao colidir seus punhos contra o material de aço da parede, seus olhos arregalaram ao ver que Kara estava danificando toda a sala.

— Wow, wow, calma aí, Rocky Balboa - Alex entrou no treinamento e sua irmã finalmente parou de atingir coisas, a loira ofegava, mas não por cansaço físico - O que combinamos hein? Treinos só com alguém que tenha capacidade de chutar sua bunda em uma luta.

— Lena não estava disponível - explicou repousando suas mãos na cintura, a roupa do DEO caía bem na repórter - Desculpa, eu deveria ter pedido permissão antes de fazer isso. Eu posso consertar depois - explicou apontando para as paredes de aço danificadas.

— Claro que você vai consertar depois - Alex se aproximou e tocou em um dos estragos que Kara havia feito, a ruiva virou-se para sua irmã e Kara percebeu que havia ido longe - Sabe, Kelly disse que terapia realmente pode ajudar em algumas frustrações.

— Eu estou bem, Alex - Kara girou os olhos e sentou em um dos bancos laterais da sala, sua irmã a acompanhou sentando ao seu lado.

— Você não deveria está trabalhando?

— Andrea me dispensou pelo restante do dia - Kara ainda imaginava que aquela ordem havia sido por ter recusado a viagem para Maine.

— Andrea não colocou você na lista? - Alex estava confusa, pelo o que Nia contava, Kara era a favorita da nova CEO - Vai haver uma pequena festa para anunciar algo da Obsidian North, Nia vai representando CatCo, achei que você também iria.

— Acho que posso dizer que as coisas no trabalho não estão muito boas - Kara se perguntou se havia feito uma boa escolha ao recusar Maine - Mas como você sabe que Obsidian North vai apresentar algo?

— Brainy está hackeando Obsidian North em busca de alguma explicação sobre o dispositivo que encontramos em Eve. Nossos olhos estão voltados para essa companhia que simplesmente brotou na cidade em um piscar de olhos, eu pedi para que Nia ficasse de olho já que CatCo parece ser a mídia favorita de Obsidian, quem sabe nesse evento seja apresentado essa tecnologia.

Kara ficou calada, o silêncio que guardava seus novos segredos. Ela queria contar para sua irmã o que havia descoberto, queria dizer que uma organização chamada Leviatã estava por trás do sumiço de Cadmus, do desaparecimento de Lillian e provavelmente tinha domínio de Obsidian North, ela queria contar tudo, mas não sabia até onde poderia ser perigoso se fizesse isso.

— Você acha que pode encontrar Lillian? - a pergunta foi inesperada até mesmo para Kara que a fez - Se alguém usou seu rosto para chegar até nós, significa que estão com ela.

— Ou que ela também pode está por trás disso. Kara, Lillian não precisa de alguém para salvá-la, você melhor do que ninguém deveria saber disso e o mais importante, não se importar - Kara voltou a ignorar o olhar de sua irmã porque ele era perigoso e poderia tirar algo dela - Por que não me fala o que está acontecendo? Você é do tipo que finge o sorriso e luta internamente consigo mesma, para você está extravasando dessa forma deve ser porque a coisa ultrapassou o limite - Kara respirou fundo - Qual é, Kara. Eu sou sua irmã, você nunca escondeu nada de mim.

— Como você consegue? - Alex esperou por um pouco mais para entender - Como consegue tomar decisões no DEO? Como sabe que suas escolhas são as certas?

— Eu não sei se são - Alex descansou sua mão sobre as costas da irmã tentando confortá-la de algo que ela ainda não sabia o quê - Quando eu preciso tomar uma decisão difícil eu sempre fico com um pé atrás, afinal, minha escolha afetará a todos que contam comigo - Alex deslizou no banco para ficar ainda mais próxima da repórter - A verdade é que não sabemos se nossa escolha foi a certa até termos de lidar com as consequências dela, mas eu conheço você e sei que qualquer decisão que vier a tomar será pensando no bem de alguém, então não deixe que as possibilidades desestabilize você.

Kara deixou sua cabeça descansar sobre o ombro da irmã e a ruiva abraçou a repórter, em um momento espontâneo ela beijou os cabelos dourados da mulher.

— Então, o que acha de me ajudar em uma missão paralela? Precisamos de Supergirl - sugeriu tentando animar a loira, Kara concordou e as duas seguiram para fora da sala de treinamento.

Lois andava de um lado para o outro na pequena sala de estar, Krypto acompanhava a nova dona apenas com o olhar, Lois disparava teorias enquanto fazia sua caminhada de um lado para o outro, as anotações estavam espalhadas pelo chão do local.

— O que eu devo fazer, Krypto? - perguntou parando diante do cachorro, o animal latiu duas vezes e Lois suspirou - Você é como Clark, sempre nega minhas ideias - Lois havia feito uma regra para o cachorro, um latido para sim e dois para não - Conner e Clark estão voando pelo mundo em busca de alguém chamado Zatara. Sabe, na Terra 90 eu cheguei a conhecer uma Zatara, eu não fui muito sua fã, mas a garota era irritantemente maravilhosa - a mulher sentou no chão e buscou as folhas soltas com anotações - Ela não poderia ser a versão ligada a Tess, então eu descarto 100% essa possibilidade - Lois bateu no chão ao seu lado e Krypto se aproximou - Eu sei que Tess separou as filhas por um motivo, e eu sei que não deveria intervir nisso - Krypto latiu uma vez e Lois girou os olhos - Mas você não acha que tanto Lena quanto sua irmã merecessem se conhecer? Eu sei que minha irmã era irritante, mas você não tem ideia do que eu faria para poder trazê-la de volta, eu arriscaria tudo só para que Lucy pudesse me irritar mais uma vez - Lois lembrou de todos que perdeu na Terra 90 e de repente a melancolia a quis levar para um lugar sombrio - Elas são gêmeas e devem ter uma ligação ainda maior, elas merecem se conhecer e isso com certeza seria um motivo para Tess me matar, mas eu não vou desistir - Krypto pulou nas pernas de Lois e latiu uma vez, dessa vez a jornalista gargalhou com a aprovação do animal - Sabe, Chloe sempre foi a melhor da família com essas coisas de hacker e assuntos ilegais, como ela já não está aqui eu preciso de uma fonte como ela para encontrar algo mais sobre Zatara - Lois beijou o animal e levantou para organizar suas anotações - Eu sou Lois Lane e eu - de repente uma luz acendeu na cabeça da jornalista - É ISSO, KRYPTO! - o sorriso da jornalista ficou ainda mais largo - Eu posso saber da história da minha terra, mas preciso de uma jornalista boa o bastante para saber tudo sobre a sua. Preciso falar com Lois Lane - Krypto inclinou sua cabeça para o lado - Eu sei como isso soa, mas é sério, Lois pode saber algo sobre o Zatara e se houve algum Zatara por aqui. Eu preciso ir até National City, me lembro que aquele garoto ajudante da Lena na crise é bem inteligente, talvez ele possa me ajudar a encontrar Lois. Vamos, garoto. Temos uma viagem a fazer! - Lois estava animada, e isso não acontecia há tempos.

Alex olhou para o relógio na escrivaninha ao lado de sua cama e viu o exato momento em que o minuto deu uma nova hora, ali sentada na ponta da cama ela observava sua namorada se preparar para o evento que a Diretora já estava familiar. Kelly sorriu ao ver o reflexo de Alex pelo espelho.

— Você tem certeza de que não quer me acompanhar?

— Bem que eu gostaria - Alex se aproximou e se encostou na mesinha onde alguns produtos de Kelly já se misturavam com os seus - Você sabe que eu não recuso um open bar, mas eu vou ter que voltar ao DEO. Estamos com uma boa pista e não posso perder nada, só passei aqui para poder encontrar você antes de ir.

Kelly pegou seu batom e antes de dar uma nova cor aos lábios, ela puxou Alex pela jaqueta para um rápido beijo.

— Obsidian North é diferente de tudo que já vi - Kelly voltou para seu reflexo e Alex continuou a observar a namorada - Eu nunca fui uma pessoa de colocar muita fé em tecnologia, mas aprendi que há um lado bom - Alex cruzou os braços, ela estava interessada no que estava por vir - E eu realmente acho que isso pode ser algo bom se for usado de forma consciente - os olhos de Kelly foram até Alex e neles a ruiva viu uma certa culpa e até medo.

— O que está querendo me contar?

— Eu não posso dizer porque isso precisa ser oficialmente apresentado no evento de hoje a noite, mas - Kelly descansou sua mão sobre a perna da ruiva - É algo extraordinário.

Alex foi até sua escrivaninha e tirou algo, a caixinha negra de veludo guardava algo importante. Ela voltou para a namorada e Kelly levou uma mão ao peito não sabendo como reagir.

— Não é um pedido de casamento, pelo menos não agora - a ruiva abriu e tirou um anel delicado, sua mão não pediu permissão e segurou a de Kelly para guardar o objeto - Eu não confio em Obsidian North, pelo menos não depois de descobrir que havia um chip implantado em Eve com o mesmo nome da empresa, eu não vou estar sempre ao seu lado então quero que você use isso - o anel se encaixou perfeitamente, Alex fez uma pequena pressão na pedra do acessório e tirou o celular do bolso mostrando um chamado - Ele serve como uma chamada de emergência, se algo acontecer não hesite em pressioná-lo, só assim eu saberei que você precisará de mim.

— Alex, não acho que seja necessário.

— Por favor, aceite. Não podemos correr o risco - Alex beijou a mão do anel e depois depositou um beijo na testa da mulher - Eu tenho que ir.

— Ei, tome cuidado ok? - pediu ainda segurando a mão de Alex - Você faz de tudo para manter todos seguros, mas sempre esquece de você mesma.

— Do que está falando? Eu sempre tomo cuidado - Alex piscou para a namorada e soltou a mão da mesma, em seguida deixou o local. 

Conforme ia se distanciando Alex foi perdendo o sorriso, já Kelly não parava de sorrir ao observar o perfeito anel em seu dedo.

...

Alex tirou a chave da moto do bolso e parou os passos quando viu a mulher parada na entrada de seu prédio, Alex franziu o cenho e a outra acenou animada.

— Lois? - a mulher que segurava o cachorro pela coleira sorriu - O que faz aqui? Como me achou?

— Da última vez que sua irmã me visitou ela deixou três endereços, um deles era o seu - era para ser usado em caso de emergência, e bom, Lois viu aquilo como emergência - Eu preciso encontrar aquele garoto inteligente, preciso de discrição e a promessa de que meu pedido não será compartilhado com ninguém, nem mesmo com sua irmã.

Alex pensou em recusar, mas lembrou que o marido daquela figura esteve o tempo inteiro com Kara e ela precisava agradecê-lo por isso.

— Isso vai me meter em confusão? - perguntou seguindo para sua moto e sendo acompanhada por Lois.

— Não exatamente.

— Estou com muitos problemas, Lane. Não preciso encontrar outros.

— Eu prometo que não vai afetar sua vida, mas eu preciso encontrar a outra Lois, é importante e acredito que seu amigo inteligente possa encontrá-la para mim.

Alex suspirou e entregou seu único capacete para a mulher, o cachorro latiu e a ruiva tentou ignorar o animal.

— Eu sei onde Lois está, vamos. Eu posso dar uma carona - Lois subiu na garupa e colocou Krypto em seus braços, o cachorro lambeu a nuca de Alex assustando a mulher - Lois!

— Desculpa - pediu em meio ao sorriso desconfortável.

Kara entrou pela varanda e quando Lena sentiu o vento repentino esboçou um sorriso contido sabendo de quem se tratava, era fácil se acostumar com a paz que sentia sempre que estava na presença da namorada.

— Amor? - Kara colocou as sacolas sobre o balcão e esperou por Lena aparecer - Eu trouxe sua comida favorita.

Lena saiu do quarto e caminhou até a namorada, os pés descalços e as roupas casuais fizeram Kara sorrir com a intimidade gostosa daquele momento, Lena abraçou as costas de sua heroína e depositou um beijo na altura do ombro da repórter.

— Você foi até Milão? - perguntou ao reconhecer o nome na sacola.

— Claro, onde mais eu poderia encontrar seu panzerotto favorito? - Lena gargalhou ao ouvir o sotaque italiano que Kara colocou na única palavra. Lena deu a volta no balcão, Kara sentou em um dos bancos altos e aproveitou para observar a namorada - Como foi seu dia depois do ataque? Como está sua mão? - Kara viu o novo curativo ainda na mão frágil.

— Notícia de última hora - Lena colocou a garrafa sobre o balcão para poder abrir o curativo, Kara abriu a boca em espanto - Pelo que parece eu posso me recuperar rápido, estou começando a ver vantagem nesses poderes - havia apenas pontos vermelhos, mas nenhum corte como deveria aparecer - Eu ficarei uns dois dias trabalhando em casa porque vai ser necessário para a nova reforma do meu escritório - Lena voltou a fechar o curativo, já desnecessário, e abriu a garrafa de vinho - E você? Pode me contar por que me evitou pela tarde inteira? E não adianta dizer que estava ocupada com CatCo, porque Alex me ligou dizendo que você estava estranha.

— Aquela fofoqueira - Kara semicerrou os olhos.

— Com foi seu dia? - Lena estava curiosa, não só por aquele dia, mas por qualquer interesse de Kara.

— Supergirl ajudou com alguns chamados, eu estava entediada e precisava de alguma distração - Kara tentou lembrar de algo animador que não a levasse para o encontro com aquela velha traiçoeira - Ajudei os bombeiros com alguns chamados de incêndio, impedi um assalto ao banco, ajudei uma senhorinha a atravessar a rua porque ela estava de óculos escuros e atravessando no sinal aberto, achei que ela era cega, mas então ela disse “obrigada Supergirl” então percebi que ela poderia ver muito bem - Lena gargalhou imaginando a cena - Ah, e eu salvei um cachorrinho, coitado, ele estava ferido em um dos incêndios e sozinho...

— Não me diga que você o adotou, Kara… - Lena poderia amar a ideia se fosse em outra ocasião - Ele está aqui, não está?

Kara queria ter feito isso, mas não sabia a reação da namorada.

— Não, infelizmente um dos bombeiros disse que iria adotar, quem sabe da próxima vez - a loira deu de ombros.

Kara voltou ao silêncio como se algo tivesse incomodado seus pensamentos repentinamente, Lena pegou a garrafa e duas taças, a CEO deu a volta no balcão e parou ao lado da namorada para roubar um beijo da mesma, apenas para tirar aquele semblante triste que apareceu de repente.

— Você quer conversar? - sussurrou entre os lábios da outra, Kara ainda tinha os olhos fechados com o beijo, ela não podia evitar - Eu posso sentir que há algo aí, algo que a aflige, fala comigo...

Kara abriu os olhos e ao encarar Lena tão de perto ela pôde despertar a sensação de segurança e paz que os olhos mágicos traziam.

— Ainda está chateada por conta da outra Kara? Porque eu já não sei o que dizer para fazer você entender que ela não é ninguém importante.

— Eu sei, eu acredito em você - afirmou reconhecendo seu outro temor, aquele que a fez reviver as mortes da CEO - É só que eu tive um péssimo dia na CatCo e acho que Andrea está a ponto de me demitir.

Lena pareceu surpresa.

— Não se preocupe, amanhã mesmo eu farei uma proposta para Andrea, será um valor irrecusável então CatCo será minha novamente - Lena caminhou para sala e Kara pegou as sacolas.

— Por mais que a ideia seja tentadora, você não pode sair por aí comprando e vendendo companhias por minha causa, Lena - Kara colocou as sacolas sobre a nova mesa baixa de vidro que ficava no centro da sala próxima ao sofá.

— Claro que posso - brincou apenas para conseguir tirar um sorriso de Kara, já de mãos vazias Lena se aproximou da namorada e seus braços seguraram o rosto da loira - Seja lá o que tenha acontecido Andrea sabe que você é a melhor jornalista da cidade, e nós duas sabemos que ela é esperta demais para deixar você ir.

 — Eu sou a melhor jornalista da cidade? - perguntou, o sorriso bobo e grande fechando seus olhos em um momento gostoso, Lena se apaixonava ainda mais quando Kara fazia isso.

— Claro que é, ninguém nunca escreveu tão bem sobre mim quanto você. Você é minha favorita.

Lena notou o rosado natural tomar conta das bochechas de sua namorada, ela ainda estava se acostumando a ter a criatura mais adorável e a mais sexy sendo a mesma pessoa, e tendo olhos apenas para ela.

— Oh… - Kara então entendeu o que estava acontecendo - Você está me fazendo ficar ainda mais apaixonada para que eu ceda? - Lena não respondeu e Kara sumiu dos braços alheios em um piscar de olhos, quando Lena voltou a encontrar a figura Kara já estava com o controle na mão e bem sentada no sofá - É minha vez de ficar com o controle - a loira ligou a grande TV e Lena sorriu para em seguida negar com um balançar de cabeça.

— Podemos não assistir O Mágico de Oz, novamente? Eu juro que se eu ouvir mais uma vez Dorothy dizendo “totó” eu jogo essa televisão pela janela.

— Ah, por falar em TV, Alex está bem brava por você ter queimado a nova TV que ela comprou - Lena estava tirando as caixas da sacola quando ouviu o absurdo - O blackout? Nós duas sabemos que a culpa foi sua.

— Assim como sua, Zor-El. Era você quem estava entre minhas pernas quando eu me descontrolei, você deve uma TV a sua irmã e não eu - respondeu sem nenhuma vergonha do que havia feito.

Kara abriu a boca, mas nenhuma palavra desafiou a namorada.

Lena voltou para o sofá e dividiu aquele jantar com a namorada, Kara ainda procurava algo para assistir e sem que a repórter notasse, a CEO sorriu pois apesar de tudo ela conseguia terminar o dia bem, estar ali com Kara e de forma tão íntima e confortável a fazia acreditar que nada mais importava, nem mesmo seus piores problemas que eram como demônios em seus ombros, estar com Kara era conseguir calar os péssimos conselhos.

Lena olhou para a TV quando a namorada finalmente encontrou algo para assistir, ela arqueou uma sobrancelha ao questionar a repórter.

— Não é minha culpa se a única coisa boa passando é Procurando Nemo, você adora peixes, vai adorar o filme - Kara se inclinou para capturar um selinho da namorada e roubar o prato em sua mão.

— Eu nunca disse que adorava peixes, de onde você tirou isso?

— Você nunca disse que odiava então eu imaginei que você amava - Kara deu de ombros e abocanhou o primeiro pedaço daquele pão italiano que ela não fazia ideia de como se chamava.

Lena estava condenada, estava condenada a se apaixonar por aquela figura um pouco mais a cada novo encontro, e ela aceitaria esse destino.

Brainy parou de digitar quando sentiu a respiração próxima de seu rosto, o homem olhou sorrateiramente e viu Lois bem próxima de si. O jovem empurrou sua cadeira para frente tentando se separar e Lois puxou a sua para ficar na cola do garoto, Krypto permanecia quieto ao lado da cadeira de Lois.

— Os humanos me ensinaram algo que se chama “espaço pessoal” e que não devemos invadi-lo pois é desconfortável em certas ocasiões - comentou voltando a digitar, ele estava tentando estabelecer uma conexão com Waverider.

— Nem me diga, há pessoas que não sabem quando estão passando dos limites - respondeu Lois acompanhando o garoto naquela rápida conversa - Então? Está tendo alguma sorte com a conexão?

— Entrar em contato com uma nave espacial é um trabalho difícil, principalmente se eles estiverem viajando no tempo e não em seu estado de inércia pelo vácuo, mas eu vou conseguir.

Lois deixou suas costas descansarem na cadeira e girou sua cadeira dando uma boa olhada naquele departamento, ela imaginou o quão fácil deveria ser conseguir informações sobre qualquer coisa por ali.

— A frequência está falha, não vai aguentar por muito tempo pois eles estão em - Brainy jogou as informações na tela maior e Lois sorriu - 1835, conexões em tempos diferentes tendem a ser inconsistentes, então seja rápida - Brainy se afastou e Lois tomou o lugar do garoto.

A mulher acenou e por um momento ela assistiu a cena.

Alguns do time estavam no centro de comunicação da nave, Superman do Reino do Amanhã segurava Lois pela cintura enquanto a mesma tentava se soltar e agredir o homem que parecia calmo ao fumar seu cigarro, Lois 90 não conseguia ouvir nada, mas sua conhecida parecia gritar e gesticular para Constantine. Sara estava entre os dois e não parecia nada feliz com aquela discussão.

— John, já chega! - gritou Sara apontando para o homem de sorriso convencido - Quantas vezes eu vou precisar dizer qu - Sara notou a intervenção no lugar que deveria ser Gideon - Lois? - perguntou ao ver a imagem da conhecida no lugar de Gideon.

— Hey - Lois 90 acenou para os colegas da nave - Desculpa interromper, mas eu preciso de uma palavrinha com Lois.

— Seus amigos da terra parecem sentir sua falta, amor. Você deveria voltar para eles - comentou Constantine implicando ainda mais com a amiga, Lois conseguiu sair da prisão de Clark, mas Sara puxou a jornalista pela jaqueta.

— Eu cuido de John, você atende sua ligação e você, bonitão - apontou para Clark - Volte para a Time Bureau, Ava vai ajudá-lo a encontrar Nate. - Clark concordou e seguiu, Sara olhou para sua jovem encrenqueira e Lois cruzou os braços - Eles realmente dizem que a adolescência é o pior estágio para os pais, e agora eu entendo - comentou - Sem gracinhas, Lane - Lois concordou, Sara voltou para a convidada e acenou - Foi bom revê-la, Mama Lane.

Lois 90 abriu a boca em espanto ao ver Sara deixar o lugar.

— Ela acabou de me chamar de velha?

— Provavelmente - disse Lois 38, a mulher se aproximou do holograma e sorriu ao rever a mulher - Tenho que dizer que é uma visita inesperada.

— E necessária - Lois 90 ignorou a companhia ao seu lado e foi direto ao assunto - Eu sou nova na sua terra, você é a única que posso contar no momento.

— Claro, em que posso ajudá-la?

— Você já ouviu falar de alguém chamado Zatara? Esse nome é familiar para você? National City, Metropolis ou em alguma outra cidade? Zatara foi um grande mestre da magia e

— Um homem que sempre terá meu respeito - Constantine tirou um novo cigarro e acendeu, Lois olhou para o homem que quis matar segundos atrás, mas resolveu não intervir - Zatara morreu anos atrás, por que a curiosidade, amor?

Lois 90 tentou não se incomodar com o “amor”.

— Você o conhece?! 

— Eu só conheci um Zatara, ele pertenceu a Terra 0 - a fumaça que saiu dos lábios do homem incomodou Lois 38, a jornalista tirou o cigarro da boca desconhecida e pisou na bituca - Eu posso fazer isso o dia todo - Constantine voltou a colocar outro cigarro entre os lábios, mas não o acendeu - O que alguém como você pode querer com alguém de uma terra tão mística quanto a 0?

Lois queria se parabenizar pela bela ideia de falar com Lois, pois ela acabara de conseguir exatamente o que queria, alguém que soubesse sobre os Zatara. Era ele, era Zatara da terra 0 que se apaixonou por Tess.

— Zatara teve uma filha

— Claro que teve, Zatanna Zatara a mais poderosa feiticeira que o universo conhecerá, aliás, sem sua ajuda não poderíamos ter derrotado aquele exército de sombras malignas.

— EU PRECISO FALAR COM ELA!

Constantine e Lois 38 se assustaram com o entusiasmo repentino da mulher.

— Calma aí, amor. Primeiro você precisa me dar um grande e suculento motivo para querer invocar Zatanna novamente.

Lois viu que estava perdendo o contato, a conexão falha aos poucos deixando difícil manter a conversa.

— Porque Zatanna não é a única filha que Zatara teve, e ela precisa conhecer sua irmã. Por fav-

A conexão falhou e Lois olhou para Brainy, ela precisava falar com aquele homem, precisava explicar o motivo.

— Eu preciso voltar.

— Eu sinto muito, mas como eu disse a conexão é fraca quando se tenta uma frequência em um tempo diferente. Não se preocupe, tenho certeza de que eles receberam a mensagem principal.

— Eu não posso ficar em National City - lamentou sabendo que precisava voltar.

— Não se preocupe, se eu receber alguma notícia das Lendas eu pessoalmente entrarei em contato com você, me parece que é algo importante.

— E é, Brandon - disse tentando manter o entusiasmo.

— Brainy - corrigiu um pouco baixo, ele talvez temia um pouco aquela figura - Vamos, eu vou pedir à um dos agentes que a leve em segurança de volta para casa.

Lois aceitou, ela iria acreditar que Lois 38 e aquele homem estranho poderia ajudá-la, ela só iria precisar de algo que geralmente lhe faltava, paciência.

Pela primeira vez Lena não terminou sua garrafa de vinho, ela esqueceu da bebida em meio às conversas de diferentes tópicos e as sessões de beijo naquele sofá, a CEO não iria cansar de sentir aqueles lábios contra sua pele, contra seu pescoço e contra seus doces lábios, ela deveria ter arriscado antes, ter beijado Kara meses ou anos atrás. 

Agora Kara assistia um noticiário qualquer enquanto dava uma boa massagem nos pés de sua namorada, Lena sorriu ao observar Kara ouvir atentamente as notícias daquela noite, ela nunca imaginou que um dia compartilharia um momento como aquele, mas era grata por está tendo a oportunidade de vivenciá-lo.

— Então era disso que Andrea estava falando sobre Maine - Kara continuava sua atenção na TV, a loira gargalhou achando bobo - Uma mulher que pode controlar a água? O que ela pode ser? Aquawoman, Aquagirl? - Kara não deu muita atenção a suposta aparição, os moradores da Baía da Anistia afirmavam que uma mulher de longos cabelos vermelhos controlava a água - É só reportagem sensacionalista - Kara mudou de canal e sua mão voltou para a massagem agradável. Lena olhou para a TV e os âncoras do jornal davam uma outra notícia, Kara continuava séria ao ver a matéria.

— O que você pretende alcançar? - questionou Lena conseguindo trazer a atenção da namorada para si - Você ama o que faz na CatCo, certo? - Kara concordou - Mas é só um bom disfarce para Supergirl? Você quer continuar como repórter? Qual segmento você almeja?

Kara sorriu com as perguntas inesperadas.

— Por que está perguntando isso?

Lena, delicadamente, puxou seus pés e sentou-se diante e bem próximo de sua namorada ao sofá.

— Eu quero saber sobre você, eu sei que nos conhecemos bem, mas há sempre mais o que explorar, como por exemplo isso, você estaria bem sendo apenas uma repórter pelo resto de sua vida?

Kara sentiu uma certa animação, era algo novo, cada vez mais ela se sentia próxima e confortável com Lena e era algo bom, porque era quase como uma afirmação de que elas estavam seguindo pelo caminho certo.

— Promete não comprar nenhum jornal ou mídia depois que eu responder sua pergunta?

Lena levantou sua mão direita fazendo seu juramento.

— Eu quero me tornar editora chefe, mas quero fazer isso direito, Cat Grant viu algo em mim e me deu a primeira oportunidade como repórter, e depois disso eu vi que tenho potencial para isso, sabe?

— Você ganhou um Pulitzer, Kara. Você com certeza tem potencial - Kara não respondeu, em vez disso corou não sabendo como reagir - James era seu amigo e deixava você solta, mas acho que com Andrea é diferente, algo me diz que seu comando na CatCo vai fazer você alcançar o que quer e vai conseguir isso por seu talento - em uma atitude espontânea Kara abaixou a cabeça e negou depois de um sorriso envergonhado.

— Ela definitivamente pega no meu pé.

— Então ela vê algo em você, assim como Cat um dia viu.

Kara voltou a se perder na sua paisagem favorita.

— O que foi? - perguntou Lena curiosa, Kara gargalhou e Lena não conseguiu evitar fazer o mesmo - Do que está rindo? - perguntou querendo saber o motivo.

— É fácil com você - explicou ainda sorrindo - Eu nunca estive em um relacionamento onde fosse tão fácil me fazer sonhar com um futuro, mas com você eu consigo imaginar tudo - Lena arqueou uma sobrancelha - Eu não quero assustar você, mas eu já tenho tudo planejado e você não pode acabar com meus sonhos, Lena. Isso seria cruel - Lena gargalhou, Kara tinha esse efeito na CEO, o sorriso frouxo e seu olhar apaixonado.

O olhar apaixonado de Kara era o que hipnotizava Lena, mas foi o que também a alertou, os olhos azuis ficaram marejados e aos poucos o sorriso da outra foi se perdendo com o pensamento que abalou a mente da repórter.

— Aí está… - a mão fria de Lena tocou o rosto de Kara e foi quando a primeira lágrima foi liberada - A leve angústia que senti em você e que agora voltou a atormentá-la… - Lena não podia negar o que sentia, os sentimentos da namorada eram fáceis de absorver, de conhecer - Há algo que você não está me contando e que é importante já que está guardando isso de mim - Lena soltou o rosto de Kara e segurou sua mão - Está tudo bem, quando você estiver pronta eu estarei aqui para ouvi-la, ok? - Kara concordou aliviada, pois não sabia explicar o que ainda não sabia - Maldita hora que você me convenceu a frequentar terapia - reclamou sabendo que sua atitude racional era por culpa de suas sessões.

Kara sorriu e puxou Lena para um beijo, a morena sentou nas pernas da repórter ficando um pouco mais confortável, Lena sentiu a mão de Kara subir por suas costas e continuar pela nuca, deixando a mão segura ali, ao fazer isso a repórter pôde sentir o sorriso tímido nos lábios alheios enquanto continuava o beijo.

Quando a loira ouviu o coração acelerado da namorada, separou seus lábios da outra e suas testas se encontraram, ambas ainda de olhos fechados aproveitando a gostosa sensação passear por todo o corpo.

— Eu não irei cometer o mesmo erro, Lena. Por favor, não pense que estou enganando você. - pediu com medo de que Lena buscasse pelo fracasso do primeiro segredo entre elas.

— Eu confio em você - Lena abriu os olhos e segurou o rosto bem próximo do seu, ela precisava que Kara olhasse em seus olhos e entendesse tais palavras - Eu confio no que conseguimos reconstruir, Kara. Eu só quero que saiba que eu estarei aqui e que não importa o que você esteja guardando, eu estarei ao seu lado para o que precisar.

— Promete? - pediu deixando suas mãos firmes nas costas da CEO.

— Sempre, não lembra? Você me prometeu isso e agora eu posso fazer o mesmo - Kara deixou sua cabeça descansar sobre o colo de Lena em um abraço necessitado, Lena beijou os cabelos dourados e suspirou - Ok, você venceu. Vamos assistir O Mágico de Oz.

— Diretora Danvers… - chamou Brainy ainda olhando para o que acabara de descobrir - Diretora Danvers… - repetiu e girou sua cadeira para procurar algum sinal da figura superior - DIRETORA DANVERS! - gritou chamando atenção dos que passavam por ali no momento.

Alex desligou a ligação e seguiu até o agente, a ruiva observou os cabelos bagunçados do garoto e se perguntou o que havia acontecido, se era descontrole ou frustração que havia levado o jovem a extravasar tal sentimento.

— Me diga que conseguiu algo.

Brainy girou sua cadeira e olhou para a superior que necessitava de respostas.

— Nia está a caminho, ela disse que precisava nos contar pessoalmente o conteúdo abordado nessa festa particular - Alex fechou os olhos, ela não aguentava aquela ansiedade - Ela disse que não iremos gostar.

— Por que não estou surpresa? - Alex sentou na ponta do painel de controle e cruzou os braços - E quanto a Obsidian North? Conseguiu entrar?

— Eu analisei as câmeras de segurança, pelo que vi ainda não há nada suspeito, mas ainda há - de repente as luzes e som do alarme de segurança despertou todos os agentes.

Alex se posicionou e sacou sua arma, Brainy ficou ao lado da superior e os agentes armados seguiram para a entrada do departamento prontos para impedir qualquer invasão. Alex olhou para seu relógio que poderia trazer Supergirl em um piscar de olhos, ela só usaria se fosse necessário.

As luzes piscaram freneticamente até se apagarem totalmente, Alex seguiu no escuro, porém parou seus passos quando ouviu tiros e gritos de derrota, não durou mais do que trinta segundos, quando as luzes voltaram a clarear o local Alex encontrou o invasor a sua frente, bem próximo sem segurança alguma, Alex apontou a arma para o ser.

Acrata.

Alex olhou ao redor e viu todos seus agentes apagados ao chão, mas não mortos, só havia restado ela e Brainy. Acrata levou um dedo aos lábios pedindo silêncio, a mulher mostrou o controle em sua mão e assim que apertou o único botão Alex pensou em atirar, mas a misteriosa invasora pediu silêncio mais uma vez. Os três ouviram o barulho se aproximando, Acrata olhava diretamente nos olhos de Alex que ainda apontava a arma para ela, os três seguravam a respiração como em um jogo letal.

— O que isso significa?! - Granny entrou com parte de seus homens.

Para Granny e sua turma o que ela estava vendo era completamente diferente, o lugar que havia entrado era apenas um galpão abandonado e não o DEO, Acrata havia usado sua tecnologia obsidiana para criar um cenário capaz de esconder DEO, o tornando em outro cenário.

— Isso deveria ser o DEO?! - Granny voltou para um dos servos e o homem abaixou a cabeça.

— Eles devem ter mudado sua localização, Mestre - respondeu um dos homens olhando ao redor daquele galpão vazio.

Acrata negou para Alex, ela precisava de total silêncio para que Granny não percebesse que era uma farsa diante dos olhos.

Granny andou pelo local, a mulher parou ao lado de Alex e a Diretora prendeu sua respiração. A senhora olhou para a Diretora como se pudesse vê-la, era perturbador assistir tal cena.

— DEO assim como Cadmus sumirá como se nunca antes tivesse existido, então em seguida poderemos fazer o mesmo com A.R.G.U.S - Acrata arregalou os olhos com a última frase de Granny, ela não esperava que Granny fosse apunhalar Amanda Waller - Vamos, estamos perdendo tempo aqui - Granny seguiu para seus servos e olhou uma última vez ao redor.

Acrata desapareceu como uma sombra e reapareceu próximo a um dos corpos ao chão, ela o puxou para longe de Granny, ela estava a um passo de pisar em uma distração.

— Eu irei encontrá-los.

Granny saiu do local junto com os servos, a mulher não poderia deixar nenhuma organização ativa, porque caso contrário isso poderia arruinar seus planos, Leviatã deveria ser a única salvação de todos.

Quando Acrata teve a certeza de que Granny estava longe, a mulher voltou e desfez sua pequena mágica tecnológica, deixando DEO visível. Brainy se aproximou da Diretora, Alex abaixou sua arma e continuou a observar a misteriosa sombra que tanto buscou capturar.

— Acrata… - disse Alex ainda surpresa.

— Você nos salvou - apontou Brainy.

De repente Alex voltou a apontar sua arma para a figura e Acrata sorriu, a máscara podia cobrir seus olhos, mas o sorriso exposto não. Acrata desapareceu diante dos olhos de Alex e Brainy, seu trabalho foi poupar DEO, ela arriscou tudo para proteger aquele departamento porque Granny estava próxima de conseguir o que queria e quando isso acontecesse seria tarde demais.

WAVERIDER

Constantine entrou na biblioteca sem permissão e parou na entrada, seu ombro se encostou nas portas magnéticas e ele acendeu seu cigarro, o barulho do isqueiro foi proposital para chamar atenção da figura que tentava se concentrar no livro já na metade de sua leitura.

— Você está atrapalhando minha leitura - acusou sem tirar sua atenção das letras do livro.

— Eu só estou admirando a bela mentirosa que você é - o homem se aproximou e Nora levantou seu olhar para o conhecido - Perdão, mentirosa não, mas uma boa guardiã de segredos. Eu devo dar crédito a você por isso, amor.

— Um dia eu ainda irei presenciar o soco que você vai levar por chamar alguém que você não tem intimidade de amor - Nora pôs seu livro na mesa e deu a atenção que Constantine desejava - O que foi dessa vez?

— Nós todos temos um passado no qual não nos orgulhamos, e eu trouxe o seu de volta quando invoquei Z da última vez - o simples nome fez Nora ficar desconfortável - Por que você a deixou naquele inferno, Nora?

— Não é da sua conta - Nora levantou, e com um simples encantamento Constantine fechou as portas da biblioteca - Você sabe que eu posso sair daqui sem nenhuma dificuldade.

— Não há motivos para estresse, amor. Eu só quero conversar - Constantine puxou uma cadeira e sentou diante da colega, ele jogou seu cigarro no chão e o pisou - Você amava aquela mulher tanto quanto eu.

— Onde está querendo chegar? - Nora sentia o medo daquele mesmo momento que ainda a atormentava.

— Você a deixou naquele inferno para protegê-la e não para que o pior acontecesse à ela - Nora não respondeu e Constantine conseguia ver o desespero interno da mulher apenas em olhar para aqueles olhos - E o motivo para você nunca ter revelado isso é porque não pode. Então qual é o segredo?

— Não é da sua conta - Nora levantou e com um movimento de mão as portas da biblioteca se abriram quebrando facilmente o feitiço de Constantine, o homem sorriu com isso - Se você voltar nesse assunto eu juro que vou esquecer que chegamos perto de ser colegas.

Constantine levantou, as mãos repousaram na cintura enquanto ele se deliciava ao ver que estava chegando perto do segredo.

— Uma estranha que atende pelo mesmo nome da jornalista xereta que Sara colocou nessa nave, entrou em contato conosco pedindo por um favor. Ela queria informações sobre Zatara - Nora não deu muita atenção e começou a andar para fora do lugar - Antes da conexão falhar ela pediu para falar com Zatanna, e de acordo com ela Z tem uma irmã - Nora parou seus passos, mas não virou para encarar o homem - E eu estou prestes a arriscar meu pescoço ao invocá-la, porque Zatanna precisa saber disso.

— VOCÊ NÃO PODE! - disparou e ao olhar para o homem, ela mostrou seu temor - Constantine, você não pode contar para Zatanna.

— Me atinja com seu melhor tiro, amor - Constantine abriu os braços - Por que eu deveria ouvi-la e não buscar por Zatanna?

— Porque se você fizer isso você só vai levá-la à morte - Nora voltou a se aproximar e Constantine perdeu a animação com a seriedade da mulher - Zatara me contou sobre a profecia, e sim, quando eu deixei Zatanna naquele inferno foi porque Darkseid estava prestes a encontrá-la e o único lugar seguro naquele momento era o inferno místico…

Constantine lembrou-se.

— Foi você… - Constantine lembrava daquele sonho que o levou a buscar por Zatanna - Você entrou em meus sonhos e me alertou sobre Zatanna.

— Quando foi seguro trazê-la de volta eu sabia que você poderia fazer isso - Nora não poderia deixar Constantine seguir aquele plano - Se você reunir Zatanna com sua irmã a profecia as levará para a morte, Zatanna nunca pode saber sobre sua irmã. Eu já perdi Ray, eu não posso perder outra pessoa que amo.

Constantine voltou a sentar na cadeira, pela primeira vez ele estava curioso.

— Me conte sobre essa profecia, talvez eu possa encontrar um jeito de ajudar Zatanna, afinal, eu devo muito àquela mulher.

— Você não pode - afirmou sabendo que era impossível, ela já havia feito isso, já havia tentando até mesmo com a ajuda de Damien, mas nada funcionou.

— Tente, amor - o homem cruzou as pernas e colocou um cigarro entre os lábios, porém aquele ele não iria acender.

Kara havia adormecido naquele conforto de Lena, a CEO estava deitada no sofá com a kryptoniana dormindo em seus braços, ouvir o aconchegante som dos batimentos cardíacos de Lena e sentir a mão da mesma fazendo um bom cafuné fez Kara adormecer como um bebê.

Lena não conseguia se entregar ao sono mesmo com o cansaço em cada parte de si, ela não conseguia parar de pensar no que estava bem ali. De seu confortável espaço Lena observava a bolsa em uma das cadeiras. Sua concentração no objeto fez a bolsa levitar, Lena sentiu Kara murmurar algo incoerente e sua concentração foi interrompida causando a queda do objeto ao chão espalhando o que tinha dentro.

A CEO usou toda sua delicadeza para sair do abraço de Kara, a loira não acordou e continuou jogada no sofá perdida em algum sonho. Andando nas pontas dos pés Lena foi até a pequena bagunça e sentou no chão, ela pegou o presente da guerreira de Darkseid. O pequeno dispositivo era em um formato de flecha verde, Lena o observou bem e tentou desvendar o aquilo poderia ser, não havia entrada para nenhuma conexão. A minúscula flecha ficou entre seu indicador e polegar segurando como um pequeno frasco, a CEO pressionou o objeto e ao fazer isso a ponta afiada espetou seu dedo deixando uma gota de sangue escorrer pelo dispositivo. Lena o soltou e um holograma apareceu a sua frente, a CEO levou a mão a boca para não gritar, para não fazer algum escândalo. As lágrimas escaparam no mesmo instante, ali no holograma estava a mulher que conhecia bem, que nunca esqueceu os traços, Tess, sua mãe.

A mulher tinha uma aparência cansada, seu rosto tinha rastros de sangue e uma nova cicatriz marcava sua bochecha.

“Acho que já não tenho a quem chamar, Ollie. Eu sinto muito, mas eu usei seu presente para remodelá-lo em outra saída de emergência”

Tess falava consigo mesma como se ainda tivesse tentando configurar sua invenção.

“Funcionou?!”

Tess sorriu.

“Funcionou!”

Tess gargalhou e em meio ao sorriso uma lágrima desceu, ela logo a enxugou e direcionou sua atenção, era quase como se olhasse diretamente para sua filha.

“Eu não sei por quanto tempo isso vai funcionar, então tentarei ser breve. Kieran? Ou melhor, você já deve está acostumada com o Lena… mas sempre será minha pequena Kieran”

Lena estava anestesiada, ela olhava para a imagem de sua mãe e em seu coração ela sentia que ela poderia estar realmente ali.

“Querida, eu não sei quando você vai chegar a ver isto, mas espero que seja quando você estiver grande o suficiente para entender o que irei falar. Meu amor, minha pequena Kieran, eu estou viva, mas não se preocupe ok?

As lágrimas de Tess clareavam ainda mais a cor dos olhos que Lena jamais esqueceria.

“Eu não vou desistir, meu amor. Eu vou lutar, vou resistir e em algum momento eu escaparei desse inferno e voltarei para você, eu voltarei para casa e então seremos novamente uma família, mas… Mas se essa mensagem chegar a você e for tarde demais, querida… Se for tarde demais, saiba que tudo o que eu fiz, tudo o que eu escolhi seguir foi para proteger você, foi para proteger 

Tess hesitou.

“Foi para proteger aqueles que amo… Eu não posso me arrepender por isso.

Tess enxugou as lágrimas, a mulher ouviu o barulho de gritos, a tortura fez seu corpo tremer, a mulher voltou para Lena e sorriu.

— Mãe? Por favor, não, por favor, não me deixa - Lena se ajoelhou diante do holograma e tentou tocar na ideia de sua mãe - Por favor…

“Querida, você lembra da história que eu lia para você quando criança? A Mágica Vida de Dra. M e Seus Feiticeiros? Você amava aquela história

Tess sorriu com a lembrança.

“Você lembra o final dela? Você lembra o que Dra. M disse quando reencontrou os feiticeiros? Eu sei que você lembra.”

Lena de repente sentiu os braços firmes a abraçarem, ela não parou de chorar mesmo nos braços da namorada. Kara não falou nada, ficou em silêncio tentando decifrar o que estava acontecendo. Tess sorriu e Kara podia jurar que ela sabia exatamente onde olhar para alcançar Lena.

“Eu vou voltar para você, minha pequena Kieran. Quando for seguro eu voltarei para minha família, só saiba que eu a amo profundamente e isso é o que me faz seguir sobrevivendo. Quando nos reencontramos eu juro que jamais voltarei a abandoná-la. Eu voltarei para meu lar”

Tess beijou sua mão e em seguida direcionou ao nada esperando que o beijo alcançasse sua filha, a mulher sorriu e de repente a conexão sumiu. Kara beijou os cabelos da namorada e continuou calada enquanto Lena lidava com o que acabara de ver e ouvir.

Lena ainda não sabia, mas estava prestes a fazer uma escolha que mudaria tudo o que conhecia, Darkseid estava com Tess, estava com a pessoa mais importante na vida de Lena, mas Leviatã… Leviatã tinha Kara Zor-El, Lena não fazia ideia do que estava prestes a se tornar.


Notas Finais


Não se preocupem com supercorp.
Próximo capítulo vai ter flashback do que aconteceu com Tess.
As irmãs Luthor-Zatara já já irão se reencontrar.


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