História A filha do meu padrasto (Camren) - Meu pai

~Lauren

(08;30)

Essa foi a pior madrugada da minha vida. O que Camila aconteceu; Alejandro descobriu sobre nós e eu sinto que isso seja culpa minha. Ela desde o início não queria se envolver, não queria seguir seus sentimentos só para não nos colocar em encrenca.

Infelizmente, só fui abrir os olhos tarde demais. Eu deveria ter apoiado sua decisão desde o início, ela só queria nos proteger de encrenca. Todos esses pensamentos passavam a todo o momento pela minha cabeça enquanto eu colocava remédios e gelo no meu olho, o sangue que saiu foi só um corte na região logo abaixo da sobrancelha, mas não foi no olho em si. Meu olho só ficou roxo por conta do soco de Alejandro.

O telefone começou a tocar e eu com muita dificuldade o peguei, agradecendo constantemente por eu não ter perdido a visão daquele olho.

- Oi, Jarbas – respondi com desânimo

- Bom dia, senhorita Lauren, eu só queria dizer que seu pai já está chegando na sua casa, acabei de autorizar a sua entrada – ele falou gentil como sempre.

- Obrigado, Jarbas – agradeci e ele desligou em seguida.

Fazia um bom tempo que eu não via o meu pai. Eu o chamei para me ajudar a cuidar do meu olho e também para conversar sobre esse assunto, já que ele também sabia sobre, mas não contei nada sobre ontem por enquanto.

Minha campainha tocou fazendo eco pela casa, me levantei com dificuldades e abri a porta com uma bolsa de gelo no olho.

- Oi, pai... – abri um sorriso fraco e ele me abraçou.

- Ah... Lauren! – ele me apertou feliz em me ver – Esse seu olho parece péssimo – disse enquanto me analisava.

- É... – dei espaço para ele entrar e ele foi de cara procurando o sofá para se sentar.

Fechei a porta e fui andando em passos de tartaruga até a sala, a mochila enorme do meu pai já estava sobre o chão denunciando que ele veio para passar um tempo. Fico feliz em tê-lo aqui, pelo menos não ficarei sozinha.

- Você conseguiu esse olho roxo treinando, foi? – ele sorriu fraco negando com a cabeça – você e essa sua guarda baixa.

Fiquei calada e ele fez uma careta ao ver o olho mais de perto, meu pai tratou logo de fazer um curativo com pomadas e algodão. Eu menti sobre o motivo do olho porque não queria que ele chegasse logo indo tirar satisfações com o Alejandro, quero que ele ouça o que tenho a dizer primeiro.

- Pai... – o chamei mansa.

- Calma, deixa só eu terminar o curativo... – logo em seguida ele terminou e deu uma boa olhada no curativo antes de olhar para mim – Pronto, pode falar.

- Não consegui o olho roxo treinando... – abracei o meu joelho olhando para o chão, mas senti que ele ficou preocupado – Na verdade, aconteceu algo entre eu e a filha do meu padrasto – o encarei e ele me olhou desconfiado.

- Hum... Sabe que eu não gosto de mentiras, Lauren.

- Eu sei que não, mas eu precisava fazer isso para que você me escutasse – meu pai ficou calado e eu continuei – Se lembra quando eu disse que estava me envolvendo com a filha do Alejandro? – ele ficou calado, provavelmente já deve estar imaginando o que aconteceu – Bem... Alejandro descobriu sobre nós – disparei.

- Puta merda, Lauren... – disse esfregando o rosto e suspirando profundamente – E o que aconteceu depois? Pra você ter ganhado esse olho roxo, não foi coisa boa.

- Isso foi ontem. Camila estava afastada de mim porque achou melhor dar um tempo para que o pai dela parasse de desconfiar de nós, passou um mês e nada. Então, eu decidi ir vê-la escondida de madrugada porque estava com saudades dela, aí o pai dela pegou a gente se beijando.

Enquanto eu contava tudo, meu pai permanecia imóvel e inexpressivo. Provavelmente estava odiando tudo aquilo.

- Daí... Eu e Alejandro começamos a brigar e... – ele me interrompeu.

- Espera, ele bateu em você? Foi ele que te deu esse olho roxo? – disse irritado.

- Sim, foi... – falei e eu via que ele estava tentando manter a calma – Nós saímos no soco mesmo e a mamãe junto com a Camila tentavam cessar a briga, foi quando a minha mãe trancou ele no quarto e eu consegui fugir, apesar dele ter corrido atrás de mim e ter desistido depois.

- Lauren... – ele suspirou de novo e parecia agitado – Eu não sei nem o que falar, você está ciente da merda que você fez?! Quer dizer, era óbvio que isso iria acontecer uma hora ou outra e você sabia disso, não é?

- Sim... – acenei com a cabeça.

- E por que diabos continuou com isso?! O sujeito te bateu, você acabou com a vida da menina e sua mãe está puta com você.

- Eu continuei porque eu a amo, pai.

- Amores vem e vão, Lauren! Pelo amor de Deus! – ele berrou, mas logo abaixou o tom – Se você a amasse, deveria ter entendido o seu ponto de vista desde o início, você disse que ela não queria se envolver para justamente não acontecer essa merda. Você forçou ela a continuar?

- Não! Por que eu faria isso? Digo, quando eu saí de casa e voltei para cá, eu já tinha desistido e foi ela que veio atrás de mim.

Depois que me justifiquei, meu pai ficou um tempo calado pensando.

- Então foi ela que lhe procurou? – ele perguntou e eu afirmei com a cabeça – Então isso explica tudo, se você estivesse forçando ela não teria conversa. Vocês duas quiseram, logicamente ela também amava você...

- Sim.

- Lauren, pensa comigo. Mesmo que vocês se amem, vocês sabiam que isso era muito arriscado de se fazer. Agora que vocês foram descobertas, terão que arcar com a possível consequência; o divórcio da sua mãe com esse sujeito.

Por um momento fiquei triste, meu relacionamento com a minha mãe sempre foi bom e estou com medo que isso mude as coisas entre nós, eu amo a minha mãe e ela merece um cara melhor que o Alejandro.

- De qualquer forma, ele bateu em alguém que nem filha dele é. Acho que nem com a filha dele, ele tem o direito de fazer isso – meu pai parecia pensativo – Vou amanhã lá conversar com ele.

- O que? – arregalei os olhos.

- Não vou brigar, vou apenas conversar e se ele não me ouvir, sua mãe vai – disparou determinado.